Buscar

direito 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 2
Teoria Geral 
do Direito 
Empresarial
Livia Regina de Figueiredo
Direito 
Empresarial
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
LIVIA REGINA DE FIGUEIREDO
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Livia Regina de Figueiredo
Olá. Meu nome é Livia Regina de Figueiredo. Sou bacharel em Direito, 
pós-graduada em Magistério Superior em Direito, cursei o mestrado em 
Direito e Desenvolvimento e atualmente curso o Doutorado em Direito 
Privado na Universidade de Salamanca, Espanha. Advogo desde 1989 
e há alguns anos presto serviços para grandes grupos econômicos na 
área de medicamentos e alimentos. Amo advogar e sou apaixonada pela 
docência. Também gosto muito de compartilhar minha experiência com 
aqueles que estão iniciando suas vidas profissionais. Em razão da minha 
experiência e qualificação fui convidada pela Editora Telesapiens para 
integrar o seu elenco de autores independentes e me sinto muito honrada 
com esse convite. Estou feliz por ajudá-lo nesta fase de estudo e trabalho. 
Tenho certeza que o seu esforço e empenho nos estudos lhe trará muito 
sucesso.
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova com-
petência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Teoria geral do direito empresarial .................................................... 11
Sociedades Empresárias ................................................................................................11
Classificação quanto à sua natureza ......................................................11
Sociedade unipessoal .......................................................................................16
Sociedade limitada entre cônjuges .......................................................19
Capacidade jurídica empresarial .........................................................22
Capacidade civil empresarial .....................................................................................22
O Capital social e a sua integralização ............................................. 29
O significado do capital social ................................................................................. 29
Alterações Contratuais e o Registro das Modificações ........................31
Administração e representação social ..............................................33
O significado da administração ............................................................................... 33
Lucros e perdas.................................................................................................................... 35
Direitos e obrigações dos sócios ........................................................................... 35
Relações jurídicas e sociais ........................................................................................ 37
Direito Empresarial8
UNIDADE
02
TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL
Direito Empresarial 9
A Teoria Geral do Direito Empresarial é de extrema importância para 
a compreensão dos aspectos jurídicos que abrangem sócios, empresários 
individuais e sociedades empresariais, sua estrutura jurídica, direitos 
e deveres, impedimentos e proibições para o exercício da atividade 
empresarial, etc. Da mesma forma a compreensão do capital social, sua 
integralização para a viabilização dos objetivos sociais e as regras legais 
para administração social são conhecimentos imprescindíveis para o 
estudante do Direito Empresarial e para o advogado. Esse conjunto de 
previsões legais é a base de toda a construção jurídica empresarial. E 
então, vamos estudar e refletir sobre estes conceitos e prescrições legais 
que se inserem na teoria geral do Direito Empresarial? Acho que irá gostar 
muito deste estudo e terá muito sucesso neste aprendizado. Bom estudo!
INTRODUÇÃO
Direito Empresarial10
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Teoria Geral do Direito 
Empresarial. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das 
seguintes competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. Compreender a Teoria Geral do Direito Empresarial e sua 
importância;
2. Identificar as regras jurídicas que norteiam o sócio, a sociedade 
empresária e o empresário individual, proibições e impedimentos para o 
exercício da atividade empresária;
3. Identificar e compreender o capital social e a sua integralização, 
a administração e a representação social;
4. Identificar e compreender os direitos e deveres dos sócios.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
OBJETIVOS
Direito Empresarial 11
Teoria geral do direito empresarial
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar quais 
são as regras jurídicas que regem as relações sociais em geral. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Sociedades Empresárias
Classificação quanto à sua natureza
Quanto à sua natureza, as sociedades empresárias se subdividem 
em sociedade de pessoas e de capital.
Em que pese inexista uma definição na letra da lei, essa distinção 
tem reflexos importantes na prática, especialmente quanto à alienação 
da participação societária, ações ou quotas, à dissolução das relações 
societárias por morte, e a penhora da participação empresarial por dívida 
particular do sócio.
IMPORTANTE:
As sociedades são constituídas por quotas ou por ações, 
prevalecendo umas ou outras na constituição de sociedade 
por pessoas ou sociedades por capital. Por isso, atenção: não 
existem sociedades constituídas por quotas e por ações a um 
só tempo. 
A sociedade de pessoas é lastreada na affectio societatis, na confiança 
mútua entre os sócios na administração do negócio e no nível de 
contribuição individual que empenham para o sucesso do objeto social. 
Ou seja, o investimento pessoal dos sócios é imprescindível para o 
sucesso do negócio e, por isso, a saída de um deles da sociedade assume 
aspecto de extrema relevância para sócios remanescentes.
Direito Empresarial12
Figura 1 - Confiança e empenho mútuo
Fonte: Freepik
É fácil identificar a sociedade de pessoas pelas “cláusulas de 
controle”, cláusulas contratuais rígidas que regulam a extinção da 
sociedade em caso de morte, retirada ou exclusão de algum sócio. São 
as Sociedades Simples puras, cujas regras de controle estão na lei, as 
Sociedades em Nome Coletivo, as Sociedades em Comandita Simples e 
as Cooperativas.
As Sociedades em Conta de Participação, em razão do seu perfil 
jurídico, não se enquadram na classificação de sociedade de pessoas.
Já na sociedade de capital inexiste a affectio societatis. O norte é 
o sucesso na concretização do fim social com boa lucratividade para a 
empresa e os investidores. O que importa é o dinheiro,o aporte financeiro. 
O envolvimento pessoal dos sócios é dispensável, pois as atividades 
administrativas ficam a cargo de diretores e administradores altamente 
especializados. Por isso, se algum acionista quiser se retirar da sociedade 
pode vender, doar ou transferir suas ações sem problema algum e sem 
necessidade de consulta aos demais acionistas, já que as características 
pessoais, culturais e/ou econômicas do adquirente são irrelevantes para 
a administração societária.
Direito Empresarial 13
Quanto à penhorabilidade é preciso atenção ao tratamento jurídico 
diferente que a lei dá aos bens móveis, imóveis e semoventes que 
integram o patrimônio dos sócios e são garantia de obrigações, daquela 
dada às quotas de sociedade limitada, classificadas como direitos e não 
como bens.
Aliado a isso, para diminuir custos operacionais, administrativos 
e tributários, bem como facilitar a transferência de patrimônio familiar 
ou sucessório, os brasileiros estão investindo mais em sociedades 
de participação ou holdings familiares, sem atividades produtivas ou 
comerciais, cujo fim social é apenas controlar outras sociedades ou 
administrar bens (Lei 6.404/1976, art. 2°, parágrafo 3°, c/c o parágrafo 
único do art. 1.053 do CC). Esse tipo de investimento altera a constituição 
patrimonial privada dos investidores, podendo impedir a garantia de 
dívidas através das quotas de capital e ser usado facilmente para blindar 
bens em divórcios, execuções cíveis, trabalhistas, fiscais e ambientais, 
criar dificuldades em disputas societárias, ocultar bens ilicitamente 
adquiridos, etc.
O primeiro aspecto a considerar é a mudança da relação jurídica 
dos sócios com os seus bens. 
Uma vez integralizados, os bens deixam o patrimônio do sócio e 
passam a integrar a totalidade do capital social da empresa limitada que, 
por sua vez, tem autonomia patrimonial. 
Há uma clara alteração de status protetivo civil, do Direito das 
Coisas, que resguardava o bem individualmente considerado do sócio, 
para o Direito Societário que, por sua vez, integra o Direito das Obrigações 
e separa direitos e obrigações dos sócios da titularidade das quotas 
empresariais.
Ou seja, o direito à titularidade das quotas garante aos sócios o 
direito sobre uma fração do patrimônio total da empresa, protegido pelo 
Direito Societário, sem distinção do que cada sócio individualmente 
aportou à sociedade, no exercício da livre disposição dos seus bens, sob 
a égide do Direito das Coisas.
Direito Empresarial14
Essa mudança de natureza patrimonial cria basicamente três efeitos 
sobre a titularidade das quotas: 
1. a administração do patrimônio da empresa passa a ser 
decisão dos sócios, nos termos do contrato social; 
2. é vedado ao Estado obstar o exercício desse direito dos 
sócios, que tem natureza personalíssima, por meio de 
constrição judicial, ou seja, por meio da penhora das 
quotas.
3. o direito do sócio à fração das suas quotas tem natureza 
de crédito subordinado, ou seja, ele é credor da sociedade 
na porcentagem das suas quotas. Porém, a dívida da 
sociedade não pode ser paga em prejuízo dos demais 
sócios-credores e nem da própria sociedade. Um sócio 
não pode exigir o valor das suas quotas em prejuízo dos 
demais, exceto quando a empresa possuir recursos em 
caixa para pagar o valor da titularidade de todos os sócios 
sobre as suas respectivas quotas. Contabilmente, as 
dívidas dos sócios para com as empresas que não podem 
ser reclamadas são denominadas “passivo não exigível”.
Quando extinta a sociedade, após pagamento dos terceiros 
credores, a universalidade dos bens da empresa é destinada a ressarcir 
todos os sócios-credores, na proporção da titularidade das quotas que 
cada um possui, independente do valor que integralizaram. 
EXEMPLO: Se um sócio integraliza R$500,00, outro R$300,00 
e outro R$100,00, totalizando 900 cotas no valor de R$1,00 cada, e no 
contrato social elas são divididas igualmente em 300 cotas integralizadas 
para cada sócio, o ressarcimento será correspondente às 300 cotas 
integralizadas e não ao valor que cada um investiu na empresa.
Ficam claros, então, os vínculos obrigacional e de garantia que 
afetam as relações entre sócios e sua titularidade sobre as quotas.
Na prática essa transferência patrimonial e de status de proteção 
jurídica dificulta a investida do credor sobre o patrimônio integralizado 
pelos sócios a uma sociedade limitada.
Direito Empresarial 15
O Código Civil limita a possibilidade da penhora e autoriza liquidação 
das quotas se o credor provar a “insuficiência de outros bens do devedor”:
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência 
de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o 
que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que 
lhe tocar em liquidação.
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o 
credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, 
apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, 
no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.
Há uma impropriedade no caput do artigo, pois o legislador 
chamou lucro ao que deveria ter denominado dividendos. Lucro é o 
bem resultante do exercício das atividades da empresa, a ela pertence 
e, não necessariamente, traduz disponibilidade de caixa. Não pode ser 
penhorado para pagar dívida particular dos sócios, sob pena de prejudicar 
as relações negociais da empresa com os seus próprios credores e quiçá 
a sua existência. O que o art. 1.026 autoriza, na realidade, é a penhora dos 
dividendos, a parte do lucro que caberá a cada sócio, ao final de cada 
exercício financeiro, e que ainda não foi distribuído.
Esta é a ordem procedimental prevista no Código Civil para cobrir 
dívidas particulares dos sócios: primeiro penhora-se os bens dos sócios, 
excetos as quotas; se não houver bens pessoais, pode-se penhorar os 
dividendos que ainda não foram pagos; se também não houver dividendos, 
penhora-se a quota para fins de liquidação e posterior pagamento do 
credor. A quota penhorada não pode ser incorporada ao patrimônio do 
credor, sob pena de ferir a affectio societatis.
O objetivo do legislador ao proteger a empresa dos encargos 
advindos das dívidas particulares dos sócios tem objetivo social e visa 
proteger os empregos e a geração de riquezas, salvaguardar a tributação, 
etc.
O Código de Processo Civil, por sua vez, estabelece regras que 
possibilitam a mantença da sociedade pelos demais sócios do devedor 
Direito Empresarial16
quando parte das quotas são penhoradas (art. 861). O objetivo, reitere-se, 
é sempre preservar as atividades da empresa e sua função social.
A exceção se aplica às sociedades anônimas. Como nelas inexiste 
a affectio societatis, as ações podem ser adjudicadas ao exequente ou 
alienadas em bolsa de valores (art. 861, parágrafo 2°).
Após os investigadores da Lava Jato descobrirem que fraudadores 
do dinheiro público investiram em holding familiares para proteger 
patrimônio ilicitamente adquirido, as autoridades públicas passaram a ficar 
mais atentas a esse tipo de investimento. O STJ, no REsp 1.098.712, pacificou 
a desconsideração da pessoa jurídica sempre que for constatado “desvio 
da finalidade empresarial ou confusão patrimonial entre a sociedade e 
seus sócios”. Ou seja, constatada a fraude na constituição ou abuso na 
finalidade das holding familiares, seja para favorecer alguns herdeiros em 
detrimento de outros, prejudicar cônjuges em partilha de bens, recuperar 
bens e valores ilicitamente adquiridos, etc, aplica-se o art. 50 do Código 
Civil para afastar a personalidade jurídica para atingir bens particulares 
dos sócios. (art. 7°, Lei 13.874/2019, alterou o CC).
Diz o artigo:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quandolhe couber intervir no processo, 
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores ou de sócios da pessoa 
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.. (Lei 
n° 13.784, de 2019).
Sociedade unipessoal
Como o próprio nome revela, a sociedade unipessoal é a constituída 
por um único sócio e pode ser de dois tipos: a Sociedade Subsidiária 
Integral e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI.
Direito Empresarial 17
1. A Sociedade Subsidiária Integral está regulamentada 
na Lei 6.404/1976. É uma forma de sociedade anônima 
permitida apenas para empresas brasileiras, constituída 
por escritura pública, por meio da aquisição de 100% das 
ações de outra empresa, ou pela incorporação de todas as 
ações do capital social ao patrimônio de outra companhia 
brasileira, para convertê-la em subsidiária integral.
São cinco os requisitos legais para a constituição de uma Sociedade 
Subsidiária Integral (art. 251, Lei 6.404):
1) Só uma única pessoa jurídica 100% brasileira (constituída 
de acordo com as leis brasileiras, com sede e administração 
no Brasil), de qualquer tipo societário, pode constituir uma 
Subsidiária Integral ou controlá-la;
2) Pessoas físicas, associações e fundações não podem ser 
sócio único de uma Subsidiária Integral. Empresa estrangeira 
só pode participar na sua constituição de forma indireta, como 
um dos sócios da empresa brasileira constituidora.
3) A criação da Sociedade Subsidiária Integral é complexa 
e deve ser feita, obrigatoriamente, por meio de escritura 
pública, lavrada por tabelião do cartório de registro de notas, 
e registrada na Junta Comercial do Estado da sua sede. No 
caso da aquisição de ações de uma Subsidiária Integral não 
é preciso escritura pública. Basta a alteração do estatuto e o 
registro na Junta Comercial.
4) A forma societária deve ser a sociedade anônima por 
imposição legal.
5) A incorporação da totalidade das ações de uma Sociedade 
Subsidiária Integral (incorporada) só pode ser feita por 
outra Sociedade Anônima (incorporadora), após submissão 
e deliberação favorável da assembleia-geral das duas 
companhias (art. 252, Lei 6.404). Em que pese mantenha a 
sua independência administrativa, a incorporada passa a ser 
subsidiária da incorporadora.
Direito Empresarial18
IMPORTANTE:
Se uma sociedade anônima passa a ter apenas um sócio 
até a data da assembleia geral ordinária do ano seguinte, ela 
deve ser dissolvida (art. 206, I, “d”, Lei 6.404). As opções para 
evitar a dissolução são: a incorporação de outro sócio antes 
da data da assembleia geral, transformá-la numa Sociedade 
Subsidiária Integral se o sócio for empresa brasileira, ou ainda 
numa Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - 
EIRELI. No caso das demais sociedades o prazo de dissolução 
é de 180 dias corridos (art. 1.033, IV, CC).
2. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
- EIRELI foi criada pela Lei 12.441/2011, no art. 980-A, 
que alterou o Código Civil com o objetivo de limitar a 
responsabilidade do empresário ao montante do capital 
da empresa e corrigir duas distorções antigas: uma ficção 
de Sociedade Ltda., no jargão jurídico a “sociedade faz de 
conta”, na qual o real empresário e administrador tinha a 
titularidade da quase totalidade das cotas integralizadas, 
não raro 99%, e o outro sócio, meramente figurativo, ficava 
com 1% das cotas; e a confusão na titularidade do capital 
integralizado quando a sociedade era formada por dois 
sócios casados sob o regime da comunhão de bens. Hoje 
o Código Civil, no art. 977, proíbe a sociedade marital 
quando o regime de casamento for o de comunhão 
universal de bens ou de separação obrigatória de bens 
por exigência legal.
Nos termos do parágrafo 7°, do art. 980-A: 
Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas 
dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, 
hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, 
com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os 
casos de fraude. (NR).
Direito Empresarial 19
No caso de morte do único sócio, o prazo para a substituição é de 
seis meses. Se outro sócio não assumir a empresa neste prazo ela deve 
ser dissolvida e os bens liquidados para partilha sucessória.
A criação da EIRELI atendeu a um fim econômico-social ao permitir 
a legalização de empresas unipessoais e também a um fim administrativo-
judicial, através da diminuição de ações judiciais envolvendo conflitos 
entre sócios de sociedades “faz de conta” e/ou brigas entre cônjuges, que 
se arrastavam por anos com prejuízo para os negócios empresariais, para 
a geração de empregos e renda.
A EIRILI se assemelha muito ao Empresário Individual, mas são 
constituições empresariais diferentes. São três a principais diferenças:
1. Tributária: o empresário individual responde por uma carga 
tributária de 27,5% retida na fonte, enquanto a EIRELI tem um encargo 
tributário de 6,15% para pagar o Imposto de Renda e as contribuições 
sociais;
2. Autonomia Patrimonial: o empresário individual responde com 
os seus bens por prejuízos advindos das suas atividades. No caso da 
EIRELI o patrimônio da empresa é autônomo e limitado ao capital social 
máximo de cem vezes o salário mínimo, não responde pelas dívidas 
pessoais do sócio, não se comunica e nem se confunde com o patrimônio 
pessoal dele.
3. Responsabilidade Previdenciária: ao contratar um empresário 
individual, a empresa contratante responde pela contribuição 
previdenciária, o que não ocorre na contratação de uma EIRILI.
Sociedade limitada entre cônjuges
Na vigência do Código Civil de 1916 havia muita discussão doutrinária 
e divergência jurisprudencial sobre a legalidade na constituição de 
sociedade limitada tendo cônjuges como sócios, sob o argumento de 
fraude contra normas do direito de família, que foi pacificada por decisão 
do Supremo Tribunal Federal em 1989.
Direito Empresarial20
Figura 2 - Aliança entre cônjuges
Fonte: Frepik
O Código Civil, no art. 977, num retrocesso à conquista jurisprudencial, 
proibiu a sociedade limitada aos casados sob o regime da comunhão total 
de bens ou sob o regime obrigatório de separação de bens. Porém, não 
há óbice legal para que conviventes em união estável, independente 
do regime que porventura tenham acordaram no pacto de convivência 
- comunhão total, parcial ou separação de bens -, e aos casados pelo 
regime parcial de bens e pela separação de bens por livre escolha dos 
nubentes, independente do acordado em pacto antenupcial sejam sócios 
em sociedade limitada.
Na prática, porém, se mesmo com a proibição legal cônjuges, 
casados sob o regime da comunhão total ou separação total impositiva, 
registrarem sociedade limitada na qual são sócios, ambos respondem 
ilimitadamente pelas obrigações sociais.
Algumas obras fazem referência apenas a marido e mulher, mas 
essa qualificação, com lastro no sexo feminino e masculino, tal qual 
prevista no CC foi superada por decisão do Supremo Tribunal Federal 
que reconheceu a existência de vários tipos de família e a possibilidade 
do casamento civil homossexual. Sendo assim, a proibição do art. 977 
se estende também aos relacionamentos homoafetivos e plúrimos 
civilmente casados. Isso porque a proteção jurídica tem por foco não o 
sexo ou o número dos indivíduos casados, mas as consequências jurídicas 
Direito Empresarial 21
advindas da confusão entre patrimônio empresarial e patrimônio pessoal 
na comunhão total e na separação total obrigatória de bens.
Por outro lado, a contrario sensu, o art. 977 deixa claro o direito 
personalíssimo, a legalidade e a liberdade de qualquer pessoa casada 
contratar sociedade com terceiros, adquirir ou alienar quotas ou ações 
independentes da outorga marital, respeitada a ressalva da integralização 
do capital por meio de transferência de bem imóvel (art. 1.647,I, CC).
A sociedade bifronte se assenta em relações jurídicas diferentes, 
familiar e negocial, que gozam de proteção jurídica distinta. Somente no 
caso de contratação societária por motivo ilícito, comum a ambos sócios 
casados, ou para fraude a lei as relações jurídicas familiar e negocial 
podem se interconectar. (art. 166, III, c/c 106, VI,CC).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido quais são 
as regras jurídicas que regem as relações sociais em geral. 
Como também aprendeu sobre a sociedade limitada entre 
cônjuges.
Direito Empresarial22
Capacidade jurídica empresarial
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a capacidade jurídica empresarial. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos 
lá. Avante!
Capacidade civil empresarial
Capacidade civil empresarial é a qualidade daquele que reúne 
capacidade civil e inexistência de impedimentos legais para o exercício 
da atividade empresarial. Ou seja, são os indivíduos que, de acordo com 
a lei, não estão impedidos, temporária ou permanentemente, de exercer 
a atividade empresarial.
A primeira delimitação para o exercício da atividade empresária está 
na restrição contida no art. 5°, inciso XIII, da Constituição Federal, sobre a 
qualificação profissional:
“Art. 5°. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer.”
A regra é o livre exercício de atividades laborais, mas algumas 
atividades empresárias exigem que seus sócios administradores tenham 
conhecimentos técnicos específicos, a exemplo da medicina, engenharia, 
veterinária, etc.
A Constituição, o Código Civil e várias leis especiais esparsas contêm 
normas que proíbem ou impedem, no todo ou em parte, o exercício de 
atividade de empresário com o objetivo de proteção da coletividade, do 
bem público, da moralidade pública ou da segurança nacional.
Diz o Código Civil:
Direito Empresarial 23
“Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem 
legalmente impedidos”.
IMPORTANTE:
A vedação legal prevista no Código Civil, como regra geral, 
atinge o exercício da atividade de empresário e não a 
participação das pessoas em empresas como sócios ou 
acionistas sem poderes para gestão e representação, exceto 
por vedação expressa na CF ou em lei especial.
Pela regra geral civil, podem ser empresários os maiores de 18 
anos, no gozo dos seus direitos civis, e os maiores de 16 e menores de 18 
anos emancipados e não legalmente impedidos.
Menores e incapazes, mesmo em caso de incapacidade civil 
absoluta (art. 3°, CC) ou relativa (art. 4°, CC) podem ser sócios de sociedades 
simples ou empresárias, pois não estão impedidos de titular direitos e 
deveres. São apenas portadores de incapacidade para exercê-los por si, 
necessitando do auxílio de terceiros.
Enquanto detentores de direitos e deveres, inexiste óbice legal para 
que menores e incapazes sejam titulares de cotas ou ações, desde que 
tenham o patrimônio pessoal preservado de riscos. Ou seja, eles podem 
herdar quotas ou ações, recebê-las por meio de doação, comprá-las ou 
participar da criação de uma sociedade, obviamente representados ou 
assistidos por apoiadores, tutores ou curadores, com a concordância dos 
demais sócios, mas não podem ter responsabilidade subsidiária pelas 
obrigações sociais, já que o patrimônio que possuem deve ser totalmente 
preservado.
Nesse diapasão, a lei estabelece que o menor ou o incapaz, 
representado ou assistido por tutores ou curadores pode continuar 
empresa da qual era sócio quando capaz, por seus pais ou pelo autor 
de herança, mediante autorização judicial. Se estes forem legalmente 
Direito Empresarial24
impedidos de exercer a atividade de empresário, o juiz nomeará um ou 
mais gerentes, conforme a necessidade, o que, entretanto, não os exime 
do dever de proteger o patrimônio dos curatelados e tutelados e vigiar os 
atos dos gerentes, sob pena de responsabilidade. (art. 974 e seguintes, 
CC).
A emancipação e a concessão ou revogação de autorização devem 
ser inscritas ou averbadas na Junta Comercial. (art. 976, CC).
Figura 3 - Pessoas com deficiência
Fonte: Freepik
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, por sua vez, espelha um 
grande avanço social ao reconhecer e estipular a inserção e a participação 
dos deficientes físicos e mentais na sociedade com acesso ao mercado de 
trabalho, inclusive ao empreendedorismo, respeitadas as suas limitações. 
Cabe ao SUS proporcionar meios para que os deficientes físicos e mentais 
possam empreender, por si ou com o auxílio dos seus apoiadores, tutores 
ou curadores. 
Menores e incapazes podem ser quotistas comanditários em nas 
sociedades em comandita simples e quotistas nas sociedades limitadas, 
acionistas nas sociedades anônimas e acionista não dirigente nas 
sociedades em comandita por ações.
As Juntas Comerciais vetavam a inscrição de menores e incapazes 
como empresário EIRELI, com base no art. 972-A do Código Civil, inserido 
em 2011, que exige o pleno gozo da capacidade civil para o exercício de 
atividades empresárias.
Direito Empresarial 25
Essa distorção administrativa ilegal foi sanada, em março de 2019, 
pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração – DREI, órgão 
do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis do Comércio – 
SIREM, a quem cabe supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os 
órgãos responsáveis pelo registro de empresas mercantis e atividades 
afins, através da Instrução Normativa 55, ou IN DREI 55.
SAIBA MAIS:
A IN DREI 55 em especial, dentre outras que regulamentam 
administrativamente as sociedades, deve ser conhecida 
por aqueles que estudam o Direito Empresarial, pelo 
impacto direto que tem em outras áreas do Direito 
(Sucessório, Família, etc.). Ela pode ser encontrada neste link: 
<http://bit.ly/2Po9VjS>. (Acesso em 06/02/2020). 
Quanto aos indígenas e descendentes, a maioria está integrada 
à comunhão nacional e tem capacidade civil. São sujeitos de diretos 
e obrigações, como brasileiros natos, e podem exercer a atividade 
empresária amplamente, em todas as sociedades, com as restrições que 
se aplicam a quaisquer outros cidadãos.
Somente aos indígenas não integrados à comunhão nacional, com 
exceção parcial para aqueles que tenham consciência e conhecimento 
dos atos praticados e da extensão dos seus efeitos, desde que não lhes 
sejam prejudiciais, são aplicadas as normas de proteção estatal previstas 
no Estatuto do Indígena e demais normas assistenciais. (art. 231, CF, Lei 
6.001/1973, Decreto 5.051/2004 - promulgou Convenção 169 da OIT)
Os índios também podem requerer judicialmente a sua liberação do 
regime tutelar estatal e serem investidos na plenitude da capacidade civil 
ao completarem 21 anos, se conhecerem a língua portuguesa, possuírem 
habilitação para o exercício de atividade útil e razoável compreensão dos 
usos e costumes da comunhão nacional. (art. 9°, Lei 6.001/1973)
http://bit.ly/2Po9VjS
Direito Empresarial26
Mas, inexiste impedimento legal, a exemplo do que se aplica aos 
menores e incapazes, para que sejam sócios ou acionistas em quaisquer 
sociedades, com eventuais restrições para as atividades de administração.
Há indivíduos, porém, independente de possuírem capacidade 
civil, que são proibidos ou impedidos por lei de exercerem a atividade de 
empresário.
São legalmente proibidos de exercer a atividade de empresário:
1. O Presidente da República, ministros, governadores, 
prefeitos e ocupantes de cargos comissionados (art. 17, 
inciso X, Lei 8.112/90).2. Magistrados federais e estaduais (art. 33, inciso I, Lei 
Complementar n° 35/1979).
3. Membros do Ministério Público da União (Federal, do 
Trabalho, Militar, do Distrito Federal e Territórios) e dos 
estados (art. 44, inciso III, Lei n° 8.625/1993).
4. O falido enquanto não for reabilitado legalmente (art. 102, 
Lei n° 11.101/2005).
5. O leiloeiro (art. 36, a, 1°, 2° e 3°, Decreto 21.981/1932).
6. O médico, para o exercício simultâneo da farmácia e vice-
versa. (art. 16, h, Decreto 20.931/1932)
7. O português com autorização de residência, com relação 
às empresas de telecomunicações. (art. 222, CF)
8. Brasileiros naturalizados há menos de dez anos e 
empresas com sede no estrangeiro não podem ser 
proprietários, principais acionistas e empresas jornalística 
e de radiodifusão de sons e/ou de sons e imagens e 
pessoas. (art. 222, CF)
São legalmente impedidos de exercer a administração de 
sociedade limitada as pessoas indicadas expressamente parágrafo 
primeiro, do art.1.011, do Código Civil:
Direito Empresarial 27
§ 1. Não podem ser administradores, além das pessoas 
impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, 
ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; 
ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, 
concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra 
o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da 
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a 
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
São também impedidos de gerir ou administrar as sociedades 
limitadas, por leis especiais:
1. o brasileiro naturalizado há menos de 10 anos em empresa 
jornalística e de radiodifusão sonora e radiodifusão de 
sons e imagens (art. 222, CF);
2. o estrangeiro sem autorização de residência que permita 
o exercício de atividade remunerada no país. (parágrafo 1°, 
art. 13, c/c art. 30, Lei 13.445/2017);
3. o residente fronteiriço sem autorização legal para o 
exercício de atividades da vida civil. (art. 23, Lei 13.445/2017); 
4. os estrangeiros na faixa de fronteira (150 Km de largura). 
Somente pessoas físicas ou empresa individual brasileira 
podem explorar estabelecimento ou indústria que 
interesse à Segurança Nacional e que se dedique à 
pesquisa, lavra e exploração de recursos minerais, exceto 
os usados na construção civil, e colonização e loteamento 
rurais. (art 3°, inciso III, da Lei 6.634/1979);
5. Os funcionários públicos quanto ao comércio e exercício 
de gerência ou administração de sociedades privadas, 
exceto quando a participação se der em conselhos 
administrativos e fiscais de empresas e entidades nas 
quais a União tenha participação no capital social e em 
sociedade cooperativa constituída para prestar serviços 
Direito Empresarial28
a seus membros. Inexiste impedimento legal para que 
sejam acionistas, cotistas ou comanditários. (Lei 8.112, art. 
117 e parágrafo único, inciso I);
6. Os militares da ativa (art. 29, Lei 6.880/1980)
7. Senadores, deputados e vereadores, a partir da posse, 
possuem impedimento parcial. Não podem exercer 
atividade remunerada, nem serem proprietários, 
controladores ou diretores de empresa que mantenha 
contrato com pessoa de direito público. (art. 54, inciso II, 
a, CF).
Finalmente, no caso de incapacidade superveniente, nas sociedades 
de pessoas, nas quais está presente a affectio societatis e o intuitu personae 
ou princípio da pessoalidade, é possível a exclusão do sócio interdito ou 
curatelado, por decisão da maioria dos demais sócios, decretada por 
sentença judicial, em processo no qual intervenha obrigatoriamente 
o Ministério Público, sob pena de nulidade, para garantia de proteção 
integral dos direitos do interdito ou curatelado. (art. 130, CC).
Deferido o pedido de exclusão dá-se a liquidação das quotas (art. 
1.031, CC)
Esta regra, porém, não se aplica às sociedades intuitu pecuniae 
nas quais a importância do capital se sobrepõe, como as sociedades 
anônimas, em razão da livre cambiariedade dos títulos.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos o que 
vimos. Você deve ter aprendido sobre a capacidade jurídica 
empresarial e a sua importância.
Direito Empresarial 29
O Capital social e a sua integralização
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
funciona o capital social. Isto será fundamental para o exercício 
de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
O significado do capital social 
O capital social é dividido em parcelas denominadas quotas, 
atribuídas a cada um dos sócios de acordo com valor dos bens investidos 
per se, para composição do capital social, ou em percentual livremente 
acordado entre eles, e individualizadas obrigatoriamente no contrato 
social.
A divisão em quotas é importante na distribuição de lucros e 
resultados, nos termos Código Civil:
Art. 1.007. Salvo estipulação contratual em contrário, o sócio 
participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas 
quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, 
somente participa dos lucros na proporção da média do valor 
das quotas.
Elas também são um divisor de águas nas decisões negociais, uma 
vez que as deliberações são tomadas por maioria de votos, segundo o 
valor das quotas de cada sócio. (art. 1.010, CC)
Patrimônio e capital social não são sinônimos. O Código Civil define 
patrimônio no art. 91, nos seguintes termos: “constituiu uma universalidade 
de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico”. Esse conceito aplica-se a pessoas físicas e jurídicas e abarca 
o patrimônio material, aquilo que pode ser valorado economicamente. 
Direitos personalíssimos como crença, honra, intimidade, habilidades, 
saberes, e outros não aferíveis economicamente, não são patrimônio 
empresarial.
Direito Empresarial30
Nessa mesma linha de pensamento, pode-se dizer que: o 
patrimônio empresarial é o conjunto de bens de uma sociedade, passíveis 
de serem valorados economicamente, e, neste universo, está contido o 
capital social (ativos e passivos); e que o capital social integralizado é um 
fundo originário indicado e detalhado no contrato social, constituído pelos 
bens, crédito e/ou dinheiro, disponibilizados pelos sócios para possibilitar 
o desenvolvimento inicial das atividades empresariais, passível de ser 
alterado para permitir o desenvolvimento e expansão do negócio ou 
torná-lo mais modesto (art. 968, III e 997, III, c/c 981, CC).
A distribuição do lucro pode ser feita como bem acordarem os 
sócios, mas cláusulas que dispensem algum deles de contribuir para o 
capital social com bens, crédito e/ou dinheiro são nulas de pleno direito. 
Isso tende a mudar.
A sociedade e o mundo dos negócios estão em constante evolução, 
e o desenvolvimento tecnológico não para de trazer novas formações 
jurídicas e conflitos para o direito analisar e resolver. 
Com a ampliação das startups, por exemplo, há empreendedores 
adotando práticas de bootstrapping, ou contribuição para o capital 
social com serviços. O problema é que apenas nas sociedades simples 
a contribuição para o capital social somente com serviços é legal. Nas 
sociedades empresárias os sócios precisam obrigatoriamente, por força 
de lei, aportar bens econômicos para a formação do capital social.
A tecnologia está rompendo práticas empresariais enraizadas 
no tempo sem que as normas legais as acompanhem. A prática do 
bootstrapping remete à velha ficção contratual da “sociedade faz de conta” 
nas antigas sociedades limitadas. Os sócios iniciam as startup “dividindo” 
o capital social no contrato social quando, na prática, uns aportam bens e 
aportam outros serviços. Mas, de alguma forma, a lei terá que solucionar 
isso, ou voltaremosàs seculares práticas comerciais costumeiras, ainda 
hoje muito usadas no mercado internacional.
Enquanto as leis não mudam, os sócios devem indicar no contrato 
social, em moeda corrente, o valor total do capital investido na sociedade, 
Direito Empresarial 31
o valor subscrito por cada sócio, o tempo e modo como os bens serão 
integralizados à sociedade.
A integralização pode se dar no ato da constituição da empresa ou 
posteriormente, mas o contrato deve conter cláusula especificando o valor 
de mercado de cada bem ou serviço e como se dará a incorporação, se 
em dinheiro, transferência de bens ou créditos ou prestação de serviços.
Não há impedimento legal para que terceiros disponibilizem bens 
para a integralização no nome de algum sócio, seja através de doações, 
de fomentos, de mútuo, etc. Os serviços, porém, se dão intuitu personae.
Na falta de previsão contratual sobre como se dará a integralização, 
a exequibilidade é imediata. (art. 134 c/c 331 e 1.001, CC). Porém, a 
constituição do sócio devedor em mora só se dará após notificação. Ao 
valor a ser devolvido na integralidade se somará perdas e danos, sendo 
facultativo aos demais sócios a exclusão do sócio remisso. (art. 1.004, CC).
Alterações Contratuais e o Registro das 
Modificações
Empresas são criadas para ter vida longa e gerar lucros por muitos 
anos. Como o mercado muda e as aspirações, desejos e capacidade de 
trabalho dos sócios variam no tempo, não são raras as alterações nos 
contratos sociais para adequá-los a modificações estratégicas ou no 
quadro societário, mas que não necessariamente implicam mudanças na 
personalidade jurídica da empresa.
Todas as alterações sociais, com ou sem mudanças na personalidade 
jurídica, devem ser levadas a registro na Junta Comercial.
Uma alteração no nome empresarial, elemento que integra os atos 
constitutivos das sociedades, por exemplo, não caracteriza alteração 
na personalidade jurídica da empresa, mas modificação em um dos 
elementos essenciais contidos no contrato social. Precisa ser registrada 
na Junta Comercial. (art. 1.155 c/c 997, inciso II e 1.054, CC).
Mudanças no quadro societário são necessárias quando sócios 
saem ou entram na sociedade, ou há transferência de quotas entre os 
Direito Empresarial32
sócios, aplicando-se, no que couber, as determinações contidas nos 
artigos 1.031 e 1.032, do Código Civil.
As mudanças mais usuais são: alterações de endereços, dentro de 
um mesmo município ou entre estados, de atividade, de quadro societário, 
mudança no capital e nas cláusulas contratuais, no enquadramento da 
empresa, migração entre tipos societários (MEI, Empresário Individual, 
Sociedade Limitada ou Eireli) ou aditamentos em razão de eventuais 
correções cadastrais na Receita Federal por equívocos nos atos de 
constituição.
Há duas formas de alteração contratual: simples, através de 
um adendo ao contrato social; e consolidada, que reúne num único 
documento todas as alterações feitas ao longo da atividade empresarial, 
compondo um contrato social novo, independente dos anteriores.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido a importância 
do capital social e da sua integralização, bem como as 
consequências advindas da sua falta.
Direito Empresarial 33
Administração e representação social
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como deve se dar a administração social, nos termos da lei, o 
lucro e as perdas, os direitos e deveres dos sócios para com 
seus pares, o Estado e stakeholders E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
O significado da administração
A administração, a cargo de um ou mais sócios, ou de terceiros 
contratados com essa finalidade, é o meio pelo qual os sócios viabilizam 
administrativamente a concretização do objetivo social.
A designação do administrador ou administradores pode ser feita 
no próprio contrato social ou em documento à parte, mas sempre na 
forma escrita, com a delimitação de deveres e responsabilidades. Se a 
for feita à parte, é preciso averbar o documento à margem da inscrição 
da sociedade na Junta Comercial antes da prática de quaisquer atos 
de gestão, sob pena de responsabilidade do administrador, pessoal e 
solidária para com a sociedade. (art. 1.012, CC).
É recomendável também, mas não obrigatório, que os sócios 
definam a forma de remoção e nomeação de novos administradores no 
próprio contato social, como forma de evitar conflitos no decorrer da vida 
da empresa.
Sobre a revogabilidade de poderes, diz o Código Civil:
Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio investido na 
administração por cláusula expressa do contrato social, salvo 
justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer 
dos sócios.
Direito Empresarial34
Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer tempo, os 
poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não 
seja sócio.
Nomeado, cabe ao administrador, sócio ou não, a responsabilidade 
de praticar todos os atos necessários à gestão do negócio, exceto a 
decisão de oneração e venda de imóveis, exclusiva dos sócios, com o 
mesmo cuidado e diligência que dispensaria aos seus próprios interesses, 
aplicando-se-lhe, no que couber, as regras do mandato e os impedimentos 
do parágrafo 1°, do art. 1.011. Em caso de uso dos bens sociais em proveito 
próprio ou de terceiros, o administrador terá que restituí-los à sociedade, 
pagar o equivalente com todos os lucros resultantes, e ressarcir todos os 
prejuízos na sua integralidade. (art. 1.017, CC)
O poder de administrar, quando previsto em contrato, não retira 
dos sócios o direito de participação nas deliberações, com prevalência da 
maioria absoluta nas decisões – metade mais um -, segundo o valor das 
cotas individualmente consideradas. Os sócios também podem impugnar 
as decisões uns dos outros. (art. 1.010 c/c art. 1.013, parágrafo 1°, CC)
O excesso na administração, porém, somente poderá ser oposto a 
terceiros no caso das hipóteses discriminadas nos incisos do art. 1.015, do 
Código Civil: 
“I. se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada 
no registro próprio da sociedade; II. provando-se que 
era conhecida do terceiro; III. tratando-se de operação 
evidentemente estranha aos negócios da sociedade.”
Se o contrato social for omisso, a administração ficará separadamente 
a cargo de cada um dos sócios. E, se houver competência conjunta de 
vários administradores determinada em contrato, todos devem participar 
das decisões, exceto em caso de urgência e possibilidade de dano grave 
ou irreparável. (art. 1.014, CC)
Em caso de empate, os conflitos entre os sócios devem ser dirimidos 
judicialmente. E, se algum sócio votar em benefício próprio contrariando 
interesses da sociedade, responderá também por perdas e danos.
Direito Empresarial 35
Todos os cuidados do legislador quanto às regras de nomeação, 
remoção e administração das sociedades têm por objetivo publicitar e dar 
transparência à gestão empresarial, preservando os interesses de sócios, 
administradores e stakeholders interessados em estabelecer relações 
negociais com a empresa.
Lucros e perdas
O contrato social deverá especificar a participação dos sócios nos 
lucros e nas perdas decorrentes da prática do objetivo social da empresa, 
na proporção das suas respectivas quotas. Qualquer estipulação em 
contrário é nula de pleno direito. (art. 1.008, CC)
A única exceção parcial aplica-se ao sócio prestador de serviços, 
pois as perdas não podem atingir o valor da sua força laboral e os direitos 
dela decorrentes, com base no art. 6° da Constituição Federal. Apesar de 
não participar nas perdas, a participação do sócio prestador de serviços, 
se convencionada em contrato, também é diferenciada e ele lucrana 
proporção da média do valor das quotas que compõem o capital social. 
(art. 1.007, CC).
Silente o contrato social, o usual na prática comercial é a distribuição 
de lucros e prejuízos na proporção das quotas sociais de cada um dos 
sócios.
Como nas relações civis é dado ao individuo fazer tudo o que a lei 
não proíbe, os sócios podem acordar outras formas de divisão de lucro 
e perdas, desde as cláusulas não sejam abusivas, pois isso ensejaria 
nulidade. (art. 187 c/c art. 166, VII, CC).
Direitos e obrigações dos sócios
Antes de se falar em direitos e obrigações é bom relembrar a 
diferença entre sócio, sociedade empresária e empresário individual.
1. Sócio: é a pessoa física que reúne condições legais para 
ser empresário. Seu patrimônio não se confunde com da 
sociedade, em que pese contribua para a formação do 
patrimônio dela.
Direito Empresarial36
2. Sociedade empresária: é a pessoa jurídica que atuará no 
mercado para concretizar o objetivo social, a atividade 
econômica organizada para produção ou serviços. Tem 
patrimônio próprio, desvinculado do dos sócios que a 
compõem. A responsabilidade patrimonial dos sócios 
é subsidiária à da sociedade, na medida das cotas que 
possuem.
3. Empresário Individual: é uma pessoa física que atua como 
titular único do seu próprio negócio, um empreendedor 
único, sem sócios. Seu patrimônio pessoal responde, 
em sua totalidade, pelo risco do empreendimento. Há 
responsabilidade direta.
Os direitos e obrigações dos sócios, em linhas gerais, estão 
elencados nos arts. 1.001 a 1.009 do Código Civil.
A primeira obrigação dos sócios é registrar o contrato social na Junta 
Comercial e integralizar o capital social no prazo contratual, sob pena de 
responsabilidade civil e/ou exclusão da sociedade, em até 30 dias após 
notificado. Do registro e integralização decorrem todos os direitos dos 
sócios, pessoais e patrimoniais, assim como os seus deveres para com a 
sociedade.
Os sócios têm direito ao lucro na proporção de suas quotas, não 
havendo impedimento legal para a distribuição de dividendos de forma 
diversa. No caso do sócio que contribui com serviços os dividendos são 
pagos pela média do montante distribuído aos demais. Entretanto, lucro 
é direito eventual, dependente de fatos incertos como o desempenho da 
empresa no mercado, qualidade da produção ou dos serviços, etc.
Os sócios têm também o direito de participar na administração da 
sociedade, direta ou indiretamente, na extensão das suas quotas, e de 
fiscalizar os administradores.
As obrigações iniciam com o contrato social, se outra data não for 
acordada entre os sócios, e terminam com a liquidação da sociedade e a 
extinção das responsabilidades sociais.
Direito Empresarial 37
Os sócios também têm a obrigação de bem cumprir as suas 
funções na administração da sociedade, não podendo ser substituídos 
sem o consentimento dos demais.
Alterado o contrato, o sócio que cede as suas ações fica responsável 
solidariamente, por dois anos, pelas obrigações que tinha enquanto 
integrava a sociedade, a contar da averbação da modificação contratual.
O sócio pode transferir o domínio, a posse ou o uso das suas quotas 
sociais sob pena de evicção. Nas transferências de crédito fica responsável 
pela solvência do devedor.
Quando a contribuição do sócio se dá em serviços, no todo ou em 
parte, exceto por acordo entre os sócios, não pode ser empregado de 
terceiros, estranhos à sociedade, sob pena de perder o seu lucro e/ou ser 
excluído da sociedade.
Finalmente, a prática de atos ilícitos, como geração de lucros fictícios, 
resulta em responsabilidade civil solidária dos sócios administradores que 
cometeram o ato e dos sócios que, conhecendo a ilicitude, dela tiraram 
proveito.
Relações jurídicas e sociais
Firmado o contrato, concretiza-se a relação jurídica entre os sócios 
na data da assinatura ou outra que tenha sido acordada, nascendo o 
direito de intervenção nas decisões societárias. (1.001, CC) Intervenção 
esta que pode se dar tanto pelo princípio da decisão majoritária, quanto 
por regras acordadas entre os sócios e estabelecidas no contrato social.
Com o registro na Junta Comercial estabelece-se a relação entre 
os sócios e o administrador, entre a sociedade e o Estado, e têm início 
relações jurídicas com stakeholders na praça de comércio na qual a 
sociedade está inserida, necessária à viabilização do seu objeto social.
Cabe ao administrador gerir a sociedade sob a fiscalização dos 
sócios que, a qualquer momento podem opinar e votar sobre interesses 
da sociedade, ou pedir a sua exclusão, acaso não atenda às regras pré-
estabelecidas entre os sócios para a gestão interna.
Direito Empresarial38
Os sócios insatisfeitos, minoritários ou não, poderão mover ação 
judicial contra o administrador e contra decisões dos sócios majoritários, 
em seu próprio nome, arcando pessoalmente com os custos judiciais 
(custas, honorários de advogados e peritos, etc.), mas, se houver 
condenação, os benefícios decorrentes do pedido vestibular, como 
perdas e danos, reverterão para a sociedade.
O dissenso entre sócios, independente da proporção das suas quotas, 
também pode ser levado a exame judicial, especialmente considerando 
que o descumprimento das regras contratadas para a sociedade pode 
impactar negativamente no patrimônio particular dos sócios. É o caso da 
não integralização do capital (art. 1.004 c/c 1.058, CC) segundo as regras 
e prazos acordados, que pode causar levar a sociedade a dificuldades 
econômicas e até mesmo inviabilizar a sua própria existência.
Da mesma forma, a obrigações decorrentes da pessoalidade não 
podem deixar de serem cumpridas pelo sócio que a ela se obrigou, sob 
pena indenização pelos prejuízos que vier a causar à sociedade.
Nas sociedades em que os sócios são investidores e não há empenho 
pessoal em serviços, a obrigação consiste em se fazerem presentes nas 
deliberações societárias, fisicamente ou através de procuradores com 
poderes para decidir e votar. (art. 115 a 120 e 653 a 692, CC).
Sendo assim, a proibição de substituição do sócio – e também 
do administrador -, no exercício das suas funções humanas sem o 
consentimento dos demais, só se aplica às sociedades nas quais é 
possível a pessoalidade no desenvolvimento do objetivo social e não 
nas deliberações societárias características das sociedades por ações. O 
exercício dos direitos sociais é interna corporis, englobando assembleias 
e votações. Ou seja, a proibição do art. 1.002, do Código Civil está 
direcionada às funções sociais e não aos direitos sociais.
Na sociedade intuito personae os sócios não têm o direito de 
transferir as suas quotas para terceiros sem autorização dos demais sócios, 
sob pena da transferência não ter efeitos jurídicos. (art. 1.003, CC) Mas, 
Direito Empresarial 39
na realidade, isso seria muito difícil, já que todos - sócio retirante, sócio 
entrante e demais sócios -, precisam assinar as alterações contratuais e 
levá-las a registro.
Nas sociedades limitadas, não há necessidade de unanimidade 
para o consentimento. Qualquer sócio com mais de 25% das ações pode 
opor-se à entrada de novos sócios, inter vivos ou causa mortis, na ausência 
de regras pré-estabelecidas no contrato social, nos termos do art. 1.057 
do Código Civil que reza:
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder 
sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, 
independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, 
se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do 
capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e 
terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, 
a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito 
pelos sócios anuentes.
Por outro lado, é preciso respeitar o direito de recesso do sócio que 
quer se retirar da sociedade, direito esse que não pode ser obstado pelos 
demais sócios em razãodo impacto que tem no patrimônio daquele 
que quer ceder as suas quotas. A exceção seria apenas a contratação 
da sociedade por tempo certo. Na ausência de consenso entre os sócios 
sobre a cessão de quotas e a retirada, a via judicial é o caminho.
Concretizado o fim do vínculo societário, persistem por dois anos 
os deveres subsidiários para com as obrigações assumidas ao tempo da 
sociedade.
As obrigações jurídicas entre os sócios terminam com a liquidação 
da sociedade. (art. 1.001, CC).
A publicidade da liquidação ocorre com o registro na Junta 
Comercial, mas as obrigações subsidiárias da sociedade, fiscais, 
Direito Empresarial40
trabalhistas, consumeristas, de sigilo ou segredo, etc., persistem no 
tempo, sejam para com o administrador, o Estado ou terceiros, até o 
cumprimento, a prescrição ou a decadência.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você certamente aprendeu a classificar as 
sociedades empresárias quanto à sua natureza, a reconhecer 
as características da sociedade unipessoal, da sociedade 
entre cônjuges e as peculiaridades sobre a capacidade jurídica 
empresarial. Aprendeu sobre o capital social e a importância 
da sua integralização para a composição do ativo empresarial 
e para o desenvolvimento das atividades de empresa. Por fim, 
aprendeu sobre as alterações contratuais possíveis e sobre a 
necessidade do registro dessa modificações, para que gere 
efeitos entre os sócios e perante terceiros; sobre a importância 
de uma boa administração para uma longa vida empresarial, 
com lucratividade e boa partilha de dividendos; os lucros e as 
perdas e suas consequências para a pessoa jurídica, sócios e 
terceiros; os direitos e obrigações dos sócios entre si e para 
com terceiros; e , finalmente, sobre as relações jurídicas e 
sociais da empresa. Agora você está preparado e entende as 
regras gerais que norteiam o Direito Empresarial
Direito Empresarial 41
REFERÊNCIAS
______ BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei Complementar 35, de 14 de março de 1979. Dispõe sobre 
a Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto 
do Índio. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.
htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as 
Sociedades por Ações. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.434, de 15 de julho de 1977. Acrescenta dispositivo à Lei 
nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, que “dispõe sobre o condomínio em 
edificações e as incorporações imobiliárias.. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6434.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.880, de 09 de dezembro de 1980. Dispõe sobre 
o Estatuto dos Militares. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L6880.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 8.112, de 11 de novembro de 1990. Dispõe sobre o regime 
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das 
fundações públicas federais. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L8112compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Institui a Lei Orgânica 
Nacional do Ministério Público, dispõe sobre normas gerais para a 
organização do Ministério Público dos Estados e dá outras providências.. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. 
Direito Empresarial42
Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 10.406, de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em 
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. 
Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação 
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade 
empresária. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera a Lei nº 10.406, de 10 
de janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constituição de empresa 
individual de responsabilidade limitada. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso em: 
26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/
lei/l13445.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 20.931, de 11 de janeiro de 1932. Regula e fiscaliza 
o exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e 
das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e 
estabelece penas. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/D20931.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 21.981, de 19 de outubro de 1932. Regula a profissão 
de Leiloeiro ao território da República. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D21981.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção 
n 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas 
e Tribais. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/decreto/d5051.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
Direito Empresarial 43
______ BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 108728/SP. Rel. Min. Néri 
da Silveira, Publ. DJ 03.02.1989. Disponível em <http://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=200032>. Acesso em: 26 
ago 2019.
CHAGAS, Edison Enedino das. Direito empresarial esquematizado. 4ª ed. 
São Pauto: Saraiva, 2017. Coleção Esquematizado, Coordenador Pedro Lenza.
FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral e aplicação. 4ª ed., 
rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa: comentários aos 
artigos 966 a 1.195 do Código civil. 8. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2018.
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 13ª ed., rev., atual. e 
ampl. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 18ª ed. Rio de Janeiro 
Atlas 2018.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: volume único. 9ª ed., 
rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2019.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São Paulo: Saraiva Jur, 
2018. 3 v. 
Livia Regina de Figueiredo
Direito Empresarial
	Teoria geral do direito empresarial
	Sociedades Empresárias
	Classificação quanto à sua natureza
	Sociedade unipessoal
	Sociedade limitada entre cônjuges
	Capacidade jurídica empresarial
	Capacidade civil empresarial
	O Capital social e a sua integralização
	O significado do capital social 
	Alterações Contratuais e o Registro das Modificações
	Administração e representação social
	O significado da administração
	Lucros e perdas
	Direitos e obrigações dos sócios
	Relações jurídicas e sociais

Outros materiais