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RECEPTORES TÉRMICOS Coloque uma mão num recipiente de água gelada e depois de certo tempo, ocorrerá adaptação. Em seguida, coloque as duas mãos em um recipiente de água cuja temperatura seja ambiente (25oc). Curiosamente, você sentirá calor na mão que estava na água gelada e frio na que foi molhada pela primeira vez! Por quê? Esse fenômeno se deve às propriedades dos receptores térmicos: a) há dois tipos de receptores: receptores de calor e receptores de frio, ambos são terminações livres b) detectam variações de centésimos de graus Celsius c) há mais receptores de frio do que de calor Podemos reconhecer graduações térmicas que vão do frio congelante (excessivo), gelado, frio, indiferente, morno, quente e muito quente (excessivo). Os receptores térmicos estão esparsamente espalhados pelo corpo. Quando amplas áreas são estimuladas, o sistema sensorial pode detectar variações de até 0,01oC, mas uma região pequena de 1 cm2 sofrer uma variação de 100 vezes maior é como se não tivesse acontecido nada... Os receptores de frio começam a apresentar aumento crescente de atividade próximo a 7ºC atingindo o máximo, a 25ºC (linha azul contínua). Se a temperatura continuar a aumentar, a atividade nervosa diminuirá até não mudar mais (em torno de 45ºC), mesmo que a temperatura continue a aumentar. Os receptores de calor (linha vermelha pontilhada) começam a responder por volta dos 30ºC e atingem o máximo de atividade quando a 45ºC. Se a temperatura continuar a aumentar, a atividade diminuirá rapidamente e os receptores de dor para calor excessivo (linha vermelha contínua) anunciam o perigo iminente de uma possível queimadura. Nesse momento você afastará a mão do objeto agressor. Se a temperatura do objeto esfriar menos de 15ºC, os receptores de dor para o frio excessivo (linha azul pontilhada) é que entram em ação, agora anunciando o perigo de congelamento. A nossa capacidade de discriminação das graduações de sensações térmicas é devido a estimulação relativa e resultante dos dois tipos de receptores. 2 Transdução sensorial A medida que há aumento de intensidade da energia térmica os receptores de calor aumentam a freqüência dos PA, até chegar aos 45ºC. A partir daí os receptores térmicos não decodificam mais os aumentos de intensidade e os receptores de dor começam a disparar significativamente, anunciando, uma queimadura iminente (ou em curso). RECEPTORES PARA A DOR E A SENSIBILIDADE DOLOROSA A dor evoca tanto uma experiência sensorial objetiva como também subjetiva. A segunda está associada à experiência emocional de desconforto variável podendo gerar ansiedade e depressão. Dependendo do tipo de dor, além da sensação em si, expressamos respostas comportamentais somáticas (vocalização, posição antálgica, 3 reflexo de retirada, etc.), viscerais (alterações cárdio-circulatórias e respiratórias, sudorese, etc.) e psíquicas (alterações do humor, irritabilidade, ansiedade, depressão, etc.). Por outro lado, a intensidade com que a dor é percebida varia com a idade, experiência e estado motivacional. Trata-se de uma percepção que anuncia uma lesão tecidual devido a estímulos muito intensos ou pela ocorrência de lesões teciduais reais (inflamação, por exemplo). Apesar de evocar uma sensação desconfortável, ela tem imenso valor biológico, pois afasta o indivíduo do agente nocivo e a experiência faz com que ele o evite quando o estímulo for novamente reapresentado. Quando ocorre uma lesão tecidual a dor é um sintoma de urgência e deve ser tratada juntamente com a sua causa. É importante assinalar que dor é a sensação evocada e que nocicepcão é o conjunto de respostas neurais que evocam a primeira. Os nociceptores (transdutores sensoriais dos estímulos dolorosos) são todos, terminações livres. Há duas teorias que tentam explicar o mecanismo da transdução nociceptiva: 1) Teoria da especificidade: a sensibilidade nociceptiva seria processada como qualquer outra modalidade somestésica, possuindo transdutores próprios e linhas rotuladas, porém respondendo a estímulos de alta intensidade de natureza térmica, mecânica ou química. 2) Teoria do padrão da dor: Na coluna dorsal da medula o neurônio de 2ª ordem ao mesmo tempo em que é estimulado pelas fibras nociceptivas (tipo C) fará sinapse com um interneurônio inibitório (encefalinérgico). O interneurônio também é inervado pela fibra do tato (AB) que manda a informação mais rápido para o córtex do que os nociceptores. Hiperalgesia: muita sensibilidade para dor. Hipoalgesia: pouca sensibilidade para dor. Analgesia: sensibilidade para dor suprimida. HIPERALGESIA X ALODINIA Hiperalgesia = ocorre na inflamação; é uma resposta exacerbada a um estímulo não tão nocivo em condições normais. Alodinia = ocorre na inflamação; quando um estímulo não-nocivo passa a causar dor. Classificação da Dor Aguda: minutos ou semanas, lesões em tecidos e órgãos, inflamação, infecção e traumatismo. 4 Crônica: Meses ou anos, doença crônica, câncer e artrite. Origem da dor Nociceptiva = injúrias químicas, mecânicas, térmicas – lesão tecidual. Neurogênica = compressão radicular – tumor comprimindo nervo. Psicogênica = medo, emoção – psicológica que causa dor física. Neuropática = dor fantasma, dor talâmica, tumores cerebrais – amputação traumática de membro. Origens da sensibilidade dolorosa Há receptores que são sensíveis à adenosina trifosfato (ATP) produzida nos processos metabólicos da célula. Quando o suprimento de sangue é interrompido em determinadas regiões (isquemia) as moléculas de ATP são liberadas para fora da célula e estimula os terminais nervosos causando dor. 1) Pele. Há dois tipos de sensações dolorosas que se originam da pele: Dor rápida (em agulhada) mediada por fibras aferentes primárias mielinicas do tipo Ay, é bem localizada quanto à intensidade e a natureza do estimulo, são provocadas por estímulos intensos de pressão e calor. Dor lenta (difusa e em queimação) mediada fibras aferentes primárias amielinicos do tipo C de difícil localização e caracterização quanto a sua natureza e geralmente decorrente de lesões teciduais (queimaduras, inflamações) 2) Tecidos profundos. Mediada por fibras do tipo C, igualmente difusas e lentas (câimbras musculares). 3) Vísceras. Mediadas por fibras do tipo C, igualmente difusas e lentas (cólicas). Os nociceptores da dor rápida respondem com limiares elevados aos estímulos de pressão e calor intenso. A sensação desaparece com a remoção do estímulo, sem efeitos residuais. A dor lenta está sempre acompanhada lesão tecidual e persiste após a remoção do estímulo que o causou. Geralmente é acompanhada de reações autonômicas e emocionais. Veremos que as duas qualidades de dor possuem substratos neuroanatômicos distintos. 5
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