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B�� Nocicepção / Dor As�e�t�� ��ra�� * A dor é um mecanismo protetor = A dor ocorre sempre que os tecidos são lesionados, fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. Mesmo atividades simples, como o ato de sentar durante longos períodos sobre os ísquios podem causar destruição tecidual pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. * A dor pode também ser classificada segundo determinação temporal em dor aguda ou crônica. * Dolor (latim) = sofrimento. Poine (grego) = Punição ou pena. * Dicionários médicos: sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos, e classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter. * AISP (International Association for the Study of Pain) define a dor como uma "experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano", demonstrando que a dor sempre apresenta um componente subjetivo. * O componente fisiológico da dor é chamado nocicepção, que consiste dos processos de transdução, transmissão e modulação de sinais neurais gerados em resposta a um estímulo nocivo externo. - O primeiro passo na sequência dos eventos que originam o fenômeno doloroso é a transformação dos estímulos agressivos em potenciais de ação que, das fibras nervosas periféricas, são transferidos para o sistema nervoso central. - Os receptores específicos para a dor estão localizados nas terminações de fibras nervosas Aδ e C e, quando ativados, sofrem alterações na sua membrana, permitindo a deflagração de potenciais de ação. - As terminações nervosas das fibras nociceptivas Aδ e C (nociceptores) são capazes de traduzir um estímulo agressivo de natureza térmica, química ou mecânica, em estímulo elétrico que será transmitido até o sistema nervoso central e interpretado no córtex cerebral como dor. Tip�� �� do�: - Dor rápida ● A dor rápida é sentida, dentro de 0,1 segundo, após a aplicação de estímulo doloroso; ● Também é descrita por meio de vários nomes alternativos, como dor pontual, dor em agulhada, dor aguda e dor elétrica. ● Esse tipo de dor é sentido quando agulha é introduzida na pele, quando a pele é cortada por faca, ou quando a pele é agudamente queimada. ● Ela também é sentida quando a pele é submetida a choque elétrico. ● A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo. ● Atuação das fibras Aδ, que são mielinizadas, respondem a estímulos térmicos e mecânicos e são responsáveis pela dor aguda (cortante e bem localizada). - Dor lenta ● A dor lenta começa somente após 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e, algumas vezes, durante minutos. ● Atuação das fibras C, que são amielinizadas e respondem a estímulos térmicos, mecânicos e químicos, responsável pela dor crônica (indistinta e mal localizada). ● Também tem vários nomes, como dor em queimação, dor persistente, dor pulsátil, dor nauseante e dor crônica. Esse tipo de dor geralmente está associado à destruição tecidual. ● Ela pode levar a sofrimento prolongado e quase insuportável e pode ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. Rec����re� ��r� a ��� � su� ���im���ção * Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres: - Eles existem dispersos nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos, como o periósteo, as paredes das artérias, as superfícies articulares e a foice e o tentório da abóbada craniana. - A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para a dor, porém, lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas. * Três tipos de estímulos excitam os receptores para a dor: Mecânicos, térmicos e químicos: - Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica pode ser desencadeada pelos três tipos de estímulo. - Algumas das substâncias que excitam o tipo químico de dor (algiogênicas) são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso, as prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas mas não excitam diretamente essas terminações. As substâncias químicas são de modo especial importantes para a estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após lesão tecidual. * Natureza não adaptativa dos receptores da dor - Ao contrário da maioria dos outros receptores do corpo, os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. - De fato, em certas circunstâncias, a excitação das fibras dolorosas fica progressivamente maior, à medida que o estímulo persiste, em especial para a dor lenta persistente nauseante. - Esse aumento da sensibilidade dos receptores para dor é chamado hiperalgesia (aumento da sensibilidade dolorosa. Estímulos antes inócuos passam a causar dor devido a facilidade de despolarização dos neurônios aferentes nociceptivos polimodais). - Pode-se compreender prontamente a importância dessa ausência de adaptação dos receptores para dor, pois isso possibilita que a pessoa fique ciente da presença de estímulo lesivo, enquanto a dor persistir. - Mecanismo da hiperalgesia: 1. Sangramento → anóxia. 2. Extravasamento de conteúdo celular (K, bradicinina, etc). 3. Migração de mastócitos (histamina e serotonina). 4. Reação do ácido aracdônico → prostaglandinas e prostaciclinas. 5. Os nociceptores ficam mais excitáveis, inclusive a estímulos inócuos. 6. Os nociceptores apresentam reação inflamatória neurogênica: liberam prostaglandinas e sub P acentuando o processo inflamatório. * Intensidade da lesão tecidual como estímulo para a dor: - A pessoa comum começa a sentir dor quando a pele é aquecida acima de 45°C. - Essa é também a temperatura na qual os tecidos começam a ser lesados pelo calor; na verdade, os tecidos são enfim destruídos se a temperatura permanecer acima deste nível indefinidamente. Portanto, é evidente que a dor secundária ao calor é intimamente relacionada à intensidade em que ocorre o dano aos tecidos e não ao dano total que já ocorreu. - A intensidade da dor também está intimamente relacionada à intensidade do dano tecidual, por causas diferentes do calor, como infecção bacteriana, isquemia dos tecidos, contusão dos tecidos e outras. a) Estímulos dolorosos químicos durante a lesão tecidual ● A maior parte das substâncias químicas, citadas anteriormente que excitam os receptores químicos para dor, pode ser encontrada nesses extratos. ● A bradicinina é substância que parece induzir a dor de modo mais acentuado do que as outras substâncias. Muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser a principal responsável pela indução da dor após dano tecidual. ● Além disso, a intensidade da dor se correlaciona ao aumento local da concentração do íon potássio ou ao aumento na concentração de enzimas proteolíticas que atacam diretamente as terminações nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. b) Isquemia tecidual como causa da dor. ● Quando o fluxo sanguíneo para um tecido é bloqueado, o tecido em geral fica muito dolorido em poucos minutos. Quanto maior for a intensidade do metabolismo desse tecido, mais rapidamente a dor aparece. ● Por exemplo, se manguito de esfigmomanômetro for colocado ao redor do braço e for inflado até a interrupção do fluxo sanguíneo, o exercício dos músculos do antebraço algumas vezes pode causar dor em 15 a 20 segundos. Na ausência de exercício muscular, a dor pode não aparecer antes de 3 a 4 minutos, mesmo que o fluxo sanguíneo para o músculo permaneça zero. Uma das causas sugeridas para a dor, durante a isquemia, é o acúmulo de grande quantidade de ácido lático nos tecidos, formada em consequência do metabolismo anaeróbico (metabolismo sem oxigênio).● Também é provável que outros agentes químicos, como a bradicinina e as enzimas proteolíticas, sejam formados nos tecidos por causa do dano celular, e que esses agentes, junto com o ácido lático, estimulem as terminações nervosas para a dor. Vi�s ���la� ��r� ��an���s�ã� �os ����is ����ro��� a� S�s�e�� N�r�o�� C�n��al. * Estímulo doloroso súbito - Devido ao sistema duplo de inervação para a dor (fibras Aδ e fibras C), o estímulo doloroso súbito, em geral, causa sensação dolorosa “dupla”: ● A dor pontual rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras Aδ, seguida, em 1 segundo ou mais, por uma dor lenta transmitida pela via das fibras C. ● A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto, desempenha papel importante na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Essa sensação, por fim, produz dor intolerável e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa da dor. ● Ao entrarem na medula espinal, vindas pelas raízes espinais dorsais, as fibras da dor terminam em neurônios-relé nos cornos dorsais. Aí novamente existem dois sistemas para o processamento dos sinais dolorosos em seu caminho para o encéfalo. * Apesar de todos os receptores para a dor serem terminações nervosas livres, essas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos para o sistema nervoso central. As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor. 1. Via para a dor pontual rápida - Trato neoespinotalâmico - Os sinais dolorosos pontuais rápidos são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos; eles são transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinal por meio de fibras Aδ do tipo pequeno, com velocidade entre 6 e 30 m/s. - As fibras dolorosas Aδ do tipo rápido transmitem principalmente as dores mecânica e térmica agudas. Elas terminam em sua maioria na lâmina I (lâmina marginal) dos cornos dorsais e excitam os neurônios de segunda ordem do trato neoespinotalâmico. Estes neurônios dão origem a fibras longas que cruzam imediatamente para o lado oposto da medula espinhal pela comissura anterior e depois ascendem para o encéfalo nas colunas anterolaterais. - Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral mas a maioria segue até o tálamo sem interrupção, terminando no complexo ventrobasal junto com o trato da coluna dorsal-lemnisco medial para sensações táteis - Algumas fibras terminam também no grupo nuclear posterior do tálamo. Dessas áreas talâmicas, os sinais são transmitidos para outras áreas basais do encéfalo, bem como para o córtex somatossensorial. - O Glutamato é o provável neurotransmissor das fibras dolorosas rápidas do tipo Aδ: ● Acredita-se que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada nas terminações nervosas para a dor do tipo Aδ da medula espinal. ● Esse é um dos transmissores excitatórios mais amplamente utilizados no sistema nervoso central, em geral com duração de ação de apenas alguns milissegundos (ms). 2. Via para a dor lenta crônica - Via Paleoespinotalâmica - A via paleoespinotalâmica é muito mais antiga. - O tipo de dor lenta crônica é desencadeado principalmente por estímulos dolorosos do tipo químico mas, algumas vezes, por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes. Essa dor lenta crônica é transmitida para a medula espinal por fibras tipo C com velocidades entre 0,5 e 2 m/s. - Nessa via, as fibras periféricas terminam na medula espinal quase inteiramente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, em conjunto, são referidas como substância gelatinosa. - Em seguida, a maior parte dos sinais passa por um ou mais neurônios de fibra curta, dentro dos cornos dorsais propriamente ditos, antes de entrar principalmente na lâmina V, também no corno dorsal. - Aí, os últimos neurônios da série dão origem a axônios longos que se unem, em sua maioria, às fibras da via de dor rápida, passando primeiro pela comissura anterior para o lado oposto da medula e depois para cima, em direção do encéfalo, pela via anterolateral. - A via paleoespinotalâmica crônica lenta termina de modo difuso no tronco cerebral. - Somente entre um décimo e um quarto das fibras ascende até o tálamo. A maioria das fibras termina em uma dentre três áreas: ● nos núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo; ● na área tectal do mesencéfalo profundamente até os colículos superior e inferior; ● na região cinzenta periaquedutal, que circunda o aqueduto de Sylvius. - A substância P é o provável neurotransmissor das terminações nervosas do tipo C na dor crônica lenta ● Pesquisas sugerem que os terminais de fibras para dor do tipo C que entram na medula espinal liberam tanto o neurotransmissor glutamato como a substância P. ● O glutamato atua instantaneamente e persiste apenas por alguns milissegundos. A substância P é liberada muito mais lentamente, com sua concentração aumentando em período de segundos ou mesmo minutos. De fato, foi sugerido que a sensação “dupla” de dor, sentida após agulhada, resulte parcialmente do fato do neurotransmissor glutamato gerar sensação de dor rápida, enquanto o neurotransmissor substância P gera sensação mais duradoura. Funçã� �� �or��çã� �et����ar, �á�am� � �ó�te� ��r���al na ����i�çã� da ���. * A remoção completa das áreas somatossensoriais do córtex cerebral não destrói a capacidade do animal perceber a dor. Portanto, é provável que os impulsos dolorosos que cheguem à formação reticular do tronco cerebral, do tálamo e outras regiões inferiores do encéfalo causem percepção consciente de dor. * Isso não significa que o córtex cerebral não tenha relação com a avaliação normal da dor; o estímulo elétrico das áreas somatossensoriais corticais faz com que o ser humano perceba dor leve em cerca de 3% dos pontos estimulados. Entretanto, acredita-se que o córtex desempenhe papel especialmente importante na interpretação da qualidade da dor, mesmo que a percepção da dor seja função principalmente dos centros inferiores. Cap����ad� es����al do� si���� do����so� em de���c��e�� um� ex����bi����de en���ál��a ge���. * A estimulação elétrica das áreas reticulares do tronco cerebral e dos núcleos intralaminares do tálamo, áreas onde terminam os sinais da dor lenta, tem forte efeito de alerta sobre a atividade neural de todo o encéfalo. Isso explica porque é quase impossível para a pessoa dormir nos casos de dor grave. Sis���� de ���r���ão d� ��� ("an����si�") �� e�cé���� e n� ���ul� ���in��. * O grau de reação da pessoa à dor varia muito. * Isso resulta parcialmente da capacidade do próprio encéfalo de suprimir as aferências de sinais dolorosos para o sistema nervoso, pela ativação do sistema de controle de dor, chamado sistema da analgesia. * Ele consiste em três grandes componentes: - As áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo. - Os neurônios dessas áreas enviam sinais para o núcleo magno da rafe, Desses núcleos, os sinais de segunda ordem são transmitidos pelas colunas dorsolateral da medula espinhal para o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinal. - No complexo inibitório da dor os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes dela ser transmitida para o encéfalo. * Vários neurotransmissores estão envolvidos no sistema da analgesia; em especial, destacam-se a encefalina e a serotonina. * O sistema da analgesia pode bloquear os sinais dolorosos, no ponto de entrada inicial para a medula espinhal. Dor ����ri�� * Frequentemente, a pessoa sente dor em parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor. Essa é a chamada dor referida. - Por exemplo, a dor em órgãos viscerais geralmente é referida à área na superfície do corpo. * O conhecimento dos diferentes tipos de dor referida é importante para o diagnóstico clínico pois em várias doenças viscerais o único sinal clínico é a dor referida. * Mecanismo dador referida: - Ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinal, nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. - Quando as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelo menos por alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem a sensação de que as sensações se originam na pele propriamente dita. Mem��� f���as�� * A degeneração retrógrada dos prolongamentos axonais do membro amputado geram descargas espontâneas anormais; * Lesão de Nervo Periférico→ Várias protuberâncias finas (“brotos”) começam a crescer da extremidade proximal→ Os brotos que estão regenerando formarão um emaranhado na extremidade do nervo, conhecido por “neuroma de amputação”→ As extremidades de axônios atravessadas dentro dos neuromas contêm um acúmulo anormal de canais de sódio * A amputação pode levar a uma reorganização do córtex somatossensorial com remapeamento do membro amputado em outra área do corpo (boca, queixo). Para esses pacientes, a estimulação na boca ou face ipsilateral pode causar sensação de dor que parece se originar no membro inexistente. A do� ���ca ����riê����s e ���çõe� mú��ip��� * Experiência sensorial - Dor rápida (percepção objetiva); - Dor lenta (percepção subjetiva); * Resposta motora - Somáticas: ● Reflexo de retirada; ● Vocalização; ● Expressão facial; ● Posição antálgica; ● Choro; - Viscerais: ● Sudorese; ● Vasoconstrição periférica; ● Náuseas; ● Vômitos; Ref��ê�c�a� - DOR: Tratado de Fisiologia Médica; Guyton & Hall; 12ª ed.; 2011; Capítulo 48.
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