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FISIOLOGIA REVISAO GERAL PT5

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Hiperalgesia
Quando a pele sofre uma lesão tecidual decorrente de uma queimadura
instala-se um processo inflamatório, e várias substâncias são liberadas causando um
efeito aparentemente paradoxal: a região em volta do local lesionado torna-se dolorida
e passa a evocar dor para estímulos mecânicos e térmicos que antes eram totalmente
inócuos. É como se essa região ficasse repentinamente com limiar nociceptivo mais
baixo. A esta reação denominamos hiperalgesia, ou seja, estado em que os
nociceptores diminuem o limiar de resposta e ficam mais sensíveis.
Mas como a sensibilidade dos nociceptores pode ser modificada? Uma reação
inflamatória é um evento bastante complexo que tenta restaurar os danos da lesão e a
hiperalgesia é apenas um de seus mecanismos.
Como resultado da lesão tecidual a membrana citoplasmática é rompida e
enzimas proteolíticas iniciam uma série de reações, entre elas, uma fospolipase
degrada os fosfolipídios de membrana produzindo ácido aracdônico. Este por sua vez,
sofre ação de outras enzimas e culmina com a produção de prostaglandinas (PG) e
prostaciclinas. Estas substâncias têm como função principal causar vasodilatação
capilar em torno da região afetada, causando rubor (eritema), calor e edema. Em se
tratando de uma infecção, além de pirogênios exógenos, as PG iniciam o mecanismo
de produção de calor (ou seja, a febre que é mais um sinal do processo inflamatório).
Estas substâncias também atuam nos terminais nociceptivos reduzindo o limiar de
respostas dos nociceptores, ou seja, tornando-os mais sensíveis aos estímulos
sensoriais antes inócuos. Já a bradicinina e a histamina também envolvidas no
processo inflamatório estimulam diretamente os nociceptores causando dor
(hiperalgesia primária).
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Como se pode diminuir o limiar de sensibilidade dos nociceptores?
Suspeita-se que cada um aciona um mecanismo de produção de 2º mensageiro, via
proteína G: a bradicinina o IP3 e a PG, cAMP, colaborando com a redução do potencial
membrana, tornando-o mais excitável.
Substância P
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Como todos os neurônios aferentes, as informações sensoriais são transmitidas
para outros neurônios no SNC por meio de NT, nesse caso o glutamato. Entretanto, os
aferentes primários da via dolorosa, também secretam um neuropeptídeo, a
substância P (Sub P) que além de participar da neurotransmissão como
modulador, é secretada retrogradamente (!) para o local da lesão causando uma
cascata de eventos.
No SNC, a Sub P facilita a transmissão nociceptiva para os neurônios de
2ª.ordem. Acredita-se que a sua estimulação prolongada esteja envolvida no aumento
de sensibilidade nos quadros de dor crônica.
Perifericamente, ela promove o aumento da permeabilidade vascular além de
estimular os mastócitos (células atraídas para o local da lesão) para liberarem
histamina, PG, Bradicininas além de outras substâncias. Assim o próprio neurônio
da via participa da resposta inflamatória contribui tornando-se
hipersensível.(hiperalgesia secundaria ou neurogênica).
Outras substâncias e fatores que participam da hiperalgesia
● Noradrenalina e Adrenalina. Durante uma lesão ocorre ativação do sistema
nervoso simpático (devido ao estado de estresse) que libera noradrenalina e
adrenalina dos terminais pós-ganglionares. Estas catecolaminas também atuam
reduzindo o limiar de resposta nos nociceptores. O estado grave de hiperalgesia
(denominada causagia) poderia ser em parte explicado por estes mecanismos.
- Hipóxia (redução no suprimento de oxigênio)
- Redução do pH (ou o aumento de [H+]
- Aumento de temperatura
Teoria do portão da dor: Pressão mecânica diminuí a sensação da dor.
O sinal do mecanorreceptor estimulando próximo ao local dolorido estimularia
um interneurônio a inibir a transmissão do sinal de dor vindo do neurônio de primeira
ordem nociceptivo através da liberação de opiáceos endógenos.
Analgesia Periférica
Neurônios inibitórios locais seriam ativados por fibras aferentes de outra
submodalidade (mecanorreceptores táteis, tipo Aβ). Assim, quando pressionamos uma
região dolorida, sentimos um certo alivio porque essas fibras mecanoceptivas
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estimulam também os interneurônios inibitórios medulares dificultando a
neurotransmissão entre os neurônios aferentes primários e secundários.
Analgesia central
São comuns relatos de soldados que no calor da batalha “não sentem” dor e
continuam combatendo e ignorando as lesões sofridas. A este estado é denominado de
analgesia de estresse. Fibras convergentes supra-mesencefálicas (de origem
cortical, da amigadala e do hipotálamo) teriam efeitos inibitórios sobre os núcleos
da região mesencefálica da substancia cinzenta periaquedutal (PAG) os quais
exercem efeitos inibitórios sobre os neurônios serotoninérgicos do bulbo. Esses
neurônios situados (núcleo magno da rafe) exercem efeitos inibitorios sobre os
neurônios nociceptivos do corno posterior. Paralelamente há uma via
descendente noradrenérgica originada no locus ceruleus.
Os neurônios bulbares estimulam os interneurônios encefalinergicos
inibitórios da substância gelatinosa. As encefalinas aumentariam o limiar dos
neurônios de 2a ordem, dificultando ou bloqueando totalmente a
neurotransmissão das vias aferentes primárias nociceptivas. As ações inibitórias
seriam causados de duas maneiras:
1) Inibição pós-sinaptica aumentando a condutância de K (hiperpolarizção).
2) inibição pré-sinaptica da liberação de glutamato e sub P (reduzindo a entrada
de Ca).

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