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Terapia Medicamentosa: Agentes Anti- Hipertensivos Atuais 1. Considerações Gerais • Seis classes de fármacos anti-hipertensivos são adequadas para tratamento inicial: diuréticos, β-bloqueadores, inibidores da renina, IECA (Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina), bloqueadores dos canais de cálcio e BRAs (Bloqueadores do Receptor da Angiotensina). • A escolha do fármaco deve considerar evidência de eficácia, segurança, tolerabilidade, custo, diferenças demográficas, condições clínicas concomitantes e questões relacionadas ao estilo de vida. • Discussão detalhada das classes específicas de medicamentos anti- hipertensivos e diretrizes para a escolha do tratamento inicial. 2. Diuréticos • Eficácia • Os diuréticos tiazídicos são os anti-hipertensivos mais extensamente estudados e têm demonstrado consistência em ensaios clínicos. • Inicialmente, reduzem a pressão arterial ao diminuir o volume plasmático; em longo prazo, reduzem a resistência vascular periférica. • Vantagens • Controlam a pressão arterial em 50% dos casos de hipertensão leve a moderada. • Eficazes em associação com outros agentes. • Controlam hipertensão predominantemente sistólica. • Ajudam a reduzir a perda mineral óssea em mulheres em risco de osteoporose. • Desvantagens • Possíveis efeitos colaterais metabólicos, como aumento do ácido úrico e risco de gota. • Podem aumentar glicose, triglicerídeos e LDL em alguns casos. • Hipopotassemia é uma preocupação, mas rara nas doses recomendadas. • Disfunção erétil, exantema e fotossensibilidade são menos frequentes. • Uso Recomendado • Associado a agentes poupadores de potássio se doses mais altas forem necessárias. • Recomenda-se monitorar pacientes com risco de depleção intracelular de potássio. 3. Agentes Bloqueadores β-Adrenérgicos (β- Bloqueadores) • Eficácia • Reduzem a pressão arterial ao diminuir frequência e débito cardíaco. • Também reduzem a liberação de renina, sendo mais eficazes em populações com aumento na atividade de renina plasmática. • Propriedades Farmacológicas • Diferentes β-bloqueadores possuem especificidade para receptores β1 (cardiosseletividade). • Podem diferir em farmacocinética, lipossolubilidade e via de eliminação. • Carvedilol e nebivolol são vasodilatadores e reduzem resistência vascular periférica. • Efeitos Colaterais • Indução ou agravamento de broncospasmo, bradicardia, congestão nasal, fenômeno de Raynaud. • Sintomas do SNC, como pesadelos, excitação, depressão e confusão. • Fadiga, letargia e disfunção erétil também podem ocorrer. • Efeitos adversos sobre metabolismo de lipídeos e glicose nos β-bloqueadores tradicionais, mas não nos vasodilatadores. • Uso Recomendado • Indicado para pacientes com doenças cardiovasculares associadas, como angina, infarto prévio do miocárdio e ICC compensada. • Devem ser usados com cautela em pacientes com diabetes tipo 1, doença vascular periférica avançada ou hipertensão causada por feocromocitoma. • Não devem ser administrados para tratar hipertensão causada por uso de cocaína. 4. Inibidores da Renina • Eficácia • Inibição da renina é considerada a forma mais eficiente de inativar o sistema renina-angiotensina. • Alisquireno, um inibidor da renina, liga-se ao sítio proteolítico da renina, evitando a clivagem do angiotensinogênio. • Reduz eficazmente a pressão arterial e a albuminúria, além de limitar hipertrofia ventricular esquerda. • Desvantagens • Ainda não há dados suficientes para determinar o impacto do alisquireno em eventos cardiovasculares ou mortalidade. 5. Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) • Eficácia • Inibem o sistema renina-angiotensina-aldosterona e degradam bradicinina. • Estimulam síntese de prostaglandinas vasodilatadoras e reduzem a atividade do sistema nervoso simpático. • Eficazes para pacientes brancos e jovens, sendo menos eficazes em negros, idosos e hipertensão sistólica. • Associação com diurético ou bloqueador do canal de cálcio é potente. • Preferenciais para indivíduos com diabetes tipo 1 e proteinúria franca ou evidência de disfunção renal. • Heart Outcomes Prevention Evaluation (HOPE) demonstrou redução no número de mortes cardiovasculares, infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais não fatais com ramipril. • Efeitos Adversos • Hipotensão intensa pode ocorrer em pacientes com estenose bilateral da artéria renal. • Possibilidade de insuficiência renal aguda, mas geralmente reversível. • Hiperpotassemia pode ocorrer em pacientes com doença renal intrínseca e idosos. • Tosse seca crônica ocorre em 10% dos pacientes. • Angioedema é um efeito colateral incomum, mas perigoso. • Uso Recomendado • Indicados para tratamento de pacientes com ICC, geralmente em associação com diurético ou β-bloqueador. • Exposição de fetos a IECA durante segundo e terceiro trimestres de gestação foi associada a defeitos causados por hipotensão e redução do fluxo sanguíneo renal. 6. Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II (BRAs) • Eficácia • Os BRAs podem melhorar os resultados cardiovasculares em pacientes com hipertensão arterial e condições correlatas, como insuficiência cardíaca e diabetes tipo 2 com nefropatia. • Menor risco de efeitos colaterais, como tosse e angioedema, em comparação com IECA. • Estudos Clínicos • Losartan Intervention for Endpoints (Life) demonstrou redução significativa de AVEs no grupo tratado com losartana. • Antihypertensive and Lipid-Lowering Treatment to Prevent Heart Attack Trial (ALLHAT) e outros estudos sugerem que os negros tratados com inibidores do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA) têm menor redução da pressão arterial. • Desvantagens • Hiperpotassemia pode ser um problema, assim como ocorre com IECA. • Os pacientes com estenose bilateral da artéria renal podem apresentar hipotensão e piora da função renal. • Uso Recomendado • Os BRAs não causam tosse e têm menor chance de estarem associados a exantemas ou angioedema. 7. Bloqueadores dos Canais de Cálcio • Eficácia • Agentes atuam produzindo vasodilatação periférica, com menos taquicardia reflexa e menor retenção hídrica do que outros vasodilatadores. • Eficazes como monoterapia em aproximadamente 60% dos pacientes em todos os grupos demográficos. • Desvantagens • Verapamil e diltiazem devem ser usados com cautela em associação a β-bloqueadores devido ao potencial de depressão de condução AV. • Efeitos colaterais comuns incluem cefaleia, edema periférico, bradicardia e constipação. • Agentes di-hidropiridínicos têm maior probabilidade de causar sintomas de vasodilatação. • Efeito inotrópico negativo pode ser problemático para pacientes com disfunção cardíaca. • Uso Recomendado • Anlodipino é o único bloqueador dos canais de cálcio com segurança estabelecida para uso em pacientes com insuficiência cardíaca grave. • Podem ser preferidos em detrimento de β-bloqueadores e IECA nos pacientes negros e nos idosos. 8. Antagonistas do Receptor da Aldosterona • Eficácia • Espironolactona e eplerenona são natriuréticos em situações de retenção de sódio. • Úteis no tratamento de hipertensão arterial resistente. • Reduzem a hipertrofia ventricular e vascular, além de fibrose renal. • Desvantagens • Espironolactona pode causar dor na mama e ginecomastia em homens. • Hiperpotassemia é um problema associado a ambos os medicamentos, especialmente em pacientes com doença renal crônica. • Uso Recomendado • Efetivos para redução da pressão arterial em todos os pacientes hipertensos, independentemente do nível de renina. 9. Antagonistas dos Receptores α-Adrenérgicos • Eficácia • Bloqueiam os receptores α-adrenérgicos pós-sin ápticos, relaxando a musculatura lisa e reduzindo resistência vascularperiférica. • Podem ser eficazes como monoterapia em alguns casos. • Desvantagens • Efeitos colaterais comuns, como hipotensão acentuada e síncope após a primeira dose. • Podem causar palpitações, cefaleia e nervosismo. • Taquifilaxia pode ocorrer com tratamentos de longo prazo. • Uso Recomendado • Doxazosina tem início de ação mais gradual, reduzindo incidência de efeitos colaterais. • Não devem ser usados como agentes iniciais para tratamento de hipertensão arterial, exceto em homens com prostatismo sintomático ou pesadelos ligados a transtorno de estresse pós- traumático. 10. Fármacos com Ação Simpatolítica Central • Eficácia • Metildopa, clonidina, guanabenzo e guanfacina reduzem pressão arterial ao estimular receptores α-adrenérgicos no SNC, reduzindo atividade simpática eferente periférica. • Geralmente usados como agentes de segunda ou terceira linha devido à alta frequência de intolerância farmacológica. • Desvantagens • Alta frequência de efeitos colaterais, incluindo sedação, fadiga, secura da boca, hipotensão postural e disfunção erétil. • Metildopa pode causar hepatite e anemia hemolítica. • Uso Recomendado • Clonidina disponível em adesivos para pacientes com dificuldade de adesão ao tratamento. • Metildopa ainda utilizada em gestantes. 11. Dilatadores Arteriolares • Eficácia • Hidralazina e minoxidil relaxam a musculatura lisa vascular e produzem vasodilatação periférica. • Geralmente usados combinados a diuréticos ou β- bloqueadores para pacientes com hipertensão resistente. • Desvantagens • Estimulam taquicardia reflexa, aumentam contratilidade do miocárdio e podem causar cefaleia, palpitação e retenção hídrica. • Minoxidil pode causar hirsutismo e retenção hídrica acentuada. • Hidralazina pode induzir uma síndrome tipo lúpus. 12. Inibidores Simpáticos Periféricos • Uso Atual • Raramente usados atualmente, reservados para casos de hipertensão refratária. • Desvantagens • Reserpina tem reputação de induzir depressão mental e outros efeitos adversos, como sedação, obstrução nasal e úlcera péptica. • Guanetidina e guanadrel podem causar hipotensão ortostática, diarreia e retenção hídrica. REFERÊNCIA: CURRENT MEDICINA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Terapia Medicamentosa: Agentes Anti-Hipertensivos Atuais 1. Considerações Gerais 2. Diuréticos 3. Agentes Bloqueadores β-Adrenérgicos (β-Bloqueadores) 4. Inibidores da Renina 5. Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) 6. Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II (BRAs) 7. Bloqueadores dos Canais de Cálcio 8. Antagonistas do Receptor da Aldosterona 9. Antagonistas dos Receptores α-Adrenérgicos 10. Fármacos com Ação Simpatolítica Central 11. Dilatadores Arteriolares 12. Inibidores Simpáticos Periféricos
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