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W BA 06 47 _V 2. 0 FERRAMENTAS DIGITAIS DE ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS 2 Rafael Augusto Seixas Reis de Paula São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 FERRAMENTAS DIGITAIS DE ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Henrique Salustiano Silva Revisor Thiago Oliveira da Silva Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Paula, Rafael Augusto Seixas Reis de Ferramentas digitais de estratégias organizacionais / Rafael Augusto Seixas Reis de Paula. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-260-8 1. Estratégias organizacionais. 2. Ferramentas digitais. 3. Digital. I. Título. CDD 658.403 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O P324f © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Conceitos básicos e ferramentas digitais para identificação de problemas de mercado e dores dos clientes ou usuários ____ 08 Ferramentas digitais para planejamento e experimentação de soluções e prototipação ______________________________________ 22 Ferramentas digitais para gerenciamento de projetos e gestão da produção _________________________________________________ 34 Ferramentas digitais para gerenciamento de pessoas e das finanças _____________________________________________________ 45 FERRAMENTAS DIGITAIS DE ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS 5 Apresentação da disciplina A disciplina de Ferramentas Digitais de Estratégias Organizacionais explicará como tornar os processos e as estratégias das empresas mais eficientes, por meio da digitalização. Mostraremos como as empresas estão digitalizando a busca por novas oportunidades de negócios, o planejamento e experimentação de protótipos, o gerenciamento de projetos, de pessoas e das finanças. Um dos primeiros aspectos é entender o que, afinal de contas, é uma ferramenta digital. Em linhas gerais, mostraremos que ferramentas digitais são recursos de Tecnologia da Informação (TI), úteis para digitalizar os processos de trabalho e sistemas de conhecimento. Como consequência, a comunicação se torna mais direta e simples e a colaboração entre as pessoas mais eficaz. A adoção de tais ferramentas teve um grande impulso a partir das medidas de restrição adotadas desde o início de 2020, como resposta ao avanço da pandemia da COVID-19. Nesse sentido, esse fenômeno de crescimento do uso dessas ferramentas deixou de estar concentrado especialmente nas empresas de TI e passou a ocorrer nas mais diversas empresas. Uma das consequências é o crescente número de ferramentas digitais disponíveis. Nesta disciplina, destacaremos que o mais importante não é elencar todas essas ferramentas. Isso é um trabalho pouco proveitoso, tamanha a quantidade e a velocidade com que surgem novas ferramentas. O mais importante é entender onde faz sentido, porque, como e quando adotá-las. 6 Nesse sentido, nossa discussão está circunscrita à aplicação das ferramentas digitais nos seguintes processos de negócios: a. Concepção inicial de um novo produto, serviço ou modelo de negócio: ferramentas, como o Miro, podem ser grande auxílio aos times de projetos. Empresas que adotam a metodologia de Design Thinking têm colhido importantes resultados ao aplicar ferramentas como o Miro. b. Prototipação: analisaremos desde a visão estratégica sobre qual rota de mercado seguir até o processo de construção de hipóteses, como testar, medir seus resultados e extrair os principais aprendizados. Aqui, o grande ponto é saber integrar diferentes ferramentas digitais. c. Gestão ágil dos projetos: aqui, há um mosaico de ferramentas digitais, como o Slack (muito útil para melhor organizar a troca de informações), o Trello, o Asana e o Jiro (úteis, por exemplo, para gerir as sprints), entre inúmeras outras. d. Gestão das pessoas e das finanças: mostraremos como as ferramentas digitais, por exemplo, têm tornado mais estratégico o trabalho de todo o time das áreas de gestão de pessoas e de finanças. Tem muita coisa interessante para tornar mais ágil, por exemplo, o processo de seleção de pessoas, análise de competências, clima organizacional, gestão de contas a pagar e a receber. Além disso, a disciplina mostrará que nenhuma ferramenta digital é perfeita para qualquer um desses processos de negócios. Muitos profissionais, em grande medida por desconhecerem em profundidade 7 o tema, acabam tomando decisões equivocadas, tais como: a) usam muitas ferramentas digitais de forma desnecessária ou equivocada; ou então b) compram ou assinam licença de uso de tais ferramentas sem entender a fundo suas especificidades. Mostraremos como não cometer tais decisões equivocadas. Você poderá perceber, por exemplo, que o melhor, em um primeiro momento, é fazer uso das versões gratuitas (free) de tais ferramentas. As versões pagas são valiosas, no entanto, é sempre bom ter um mínimo de experiência prática para não se arrepender de potenciais investimentos. Seja bem-vindo(a)! 8 Conceitos básicos e ferramentas digitais para identificação de problemas de mercado e dores dos clientes ou usuários Autoria: Rafael Augusto Seixas Reis de Paula Leitura crítica: Thiago Oliveira da Silva Objetivos • Apresentar os conceitos elementares sobre ferramentas digitais e quais suas principais aplicações e condições de uso. • Explicar como as ferramentas digitais se relacionam com o processo de transformação digital das empresas. • Discutir a aplicação de ferramentas digitais para identificação de problemas de mercado e dores dos clientes ou usuários. 9 1. O que são ferramentas digitais? Você saberia dizer o que é uma ferramenta digital? Provavelmente, já usou alguma, ainda que não conhecesse seu conceito. Não existe um conceito padrão para ferramenta digital. Em um recente trabalho de revisão da literatura, Gonçalves et al. (2022, p. 108) apontam que as ferramentas digitais aplicadas ao contexto empresarial são “recursos de tecnologia da informação capazes de digitalizar processos de trabalho e sistemas de conhecimento, simplificando a comunicação e a colaboração interna e externas às empresas”. Para fins práticos, em nosso caso, uma tecnologia, em geral, adotada por meio de um software, aplicativo ou qualquer outro recurso de Tecnologia da Informação que visa facilitar a comunicação, o acesso e o compartilhamento das informações corporativas pode ser entendida como uma ferramenta digital. Há muita coisa nova sobre ferramenta digital. Nesse sentido, o Canva, o Miro, o Trello e o Slack são bons exemplos de ferramentas digitais e têm sido adotados pelas mais variadas equipes de projetos, em diversos tipos de empresas, independente do porte ou setor de atuação. Seguindo a definição de Gonçalves et al. (2022), somada a esses exemplos,há também as plataformas digitais e as metodologias que fazem uso de ferramentas digitais. As plataformas digitais auxiliam a comunicação e a gestão de conhecimento e de informações entre empresas e seus usuários e clientes, tais como o Google Analytics. Rigorosamente, o Google Analytics contempla um conjunto de ferramentas em uma única plataforma, de modo a coletar e analisar informações referentes aos visitantes de um site. Essa plataforma, por exemplo, tem sido adotada por empresas de e-commerce para avaliar se determinadas estratégias de marketing surtem efeito desejado. Já as metodologias digitais, se referem ao uso de ferramentas digitais 10 para coletar, organizar, categorizar e analisar digitalmente os dados das mais variadas áreas de uma empresa. Um bom exemplo ocorre na área de Recursos Humanos, em que muitas empresas já adotam as metodologias de People Analytics (metodologia para analisar dados sobre a performance de colaboradores) e de gamificação (técnica para fomentar a competição entre diferentes colaboradores de maneira lúdica). Um dos princípios básicos para a utilização é a realização de uma análise mais ágil e precisa de um volume gigante de dados sobre, por exemplo, a performance de cada colaborador. Em síntese, as ferramentas digitais, não por acaso, tiveram um impulso muito grande a partir da pandemia da COVID-19. Em um curto espaço de tempo, praticamente todas as empresas em nível mundial tiveram que se adaptar para melhor interagirem com seus consumidores, usuários, fornecedores, parceiros e próprios colaboradores. Naturalmente, algumas empresas estavam mais preparadas do que outras. As medidas restritivas de locomoção das pessoas demandaram das empresas a adoção de tecnologias digitais, ainda que de maneira abrupta. O recente trabalho de Subramaniam (2021) procurou aproveitar essa onda de adoção para mostrar que o uso de tais ferramentas é proporcional ao quão avançada está uma empresa em termos de transformação digital. Existe, portanto, uma relação direta entre a adoção de ferramentas digitais e o nível de transformação que passa uma empresa. 2. Relação entre transformação digital e a adoção das ferramentas digitais Como se dá, então, a relação entre transformação digital e ferramentas digitais? Em que consiste essa relação? Como impacta na adoção das ferramentas digitais? 11 Como lembra Subramaniam (2021), as empresas ao longo dos anos, têm implantado inúmeras ferramentas digitais. Para ele, a transformação digital deve ser entendida como um processo no qual as empresas vão ampliando a adoção dessas ferramentas. Nos anos 1990, as empresas começaram de forma mais elementar, buscando eficiência operacional, adotando especialmente ferramentas digitais relacionadas ao processo produtivo. Nesse caso, empresas industriais se destacaram. Um dos grandes achados de Subramaniam (2021) foi analisar como se deu a evolução dessa adoção, que, segundo ele, foi se intensificando nos últimos anos e conseguindo ir além das empresas industriais, atingindo, por exemplo, as empresas de serviços e comércio. Subramaniam (2021) percebeu que essa evolução não se deu de maneira desordenada. Ele conseguiu demonstrar, em linhas gerais, quatro fases (ou camadas, como prefere denominar) e, em todas elas, a adoção das ferramentas digitais tem sido fundamental. A Figura 1 ilustra essa ideia. Figura 1 – As quatro camadas estratégicas evolutivas da transformação digital Fonte: Carvalho et al. (2021, p. 5), traduzido de Subramaniam (2021). 12 A primeira camada, eficiências operacionais, que podemos chamar também de fase embrionária de adoção das ferramentas digitais, é mais centrada nas empresas industriais e que possuem uma preocupação estratégica maior em atingir altos resultados de curto prazo e relacionados à eficiência operacional. Dito de outro modo, essa é a camada composta basicamente por empresas que buscam adotar novas ferramentas para melhorar produtos correntes e/ou otimizar o processo produtivo, reduzindo por exemplo, custos ou tempo de produção. Nesse contexto, destacam-se muitas ferramentas relacionadas, por exemplo, à tecnologia Computer Aided Design (CAD). Tais ferramentas permitem desenhar, em um ambiente digital, um protótipo de peça ou componente para a modelagem em duas ou três dimensões (2D ou 3D). Mais recentemente, lembram Carvalho et al. (2021), nessa primeira camada, atualmente, se destacam as empresas que buscam novas tecnologias relacionadas à indústria 4.0, para tentar, por exemplo, detectar e prever falhas mecânicas de peças e máquinas do processo fabril em tempo real, para controlar e monitorar seus ativos industriais (máquinas em especial), de modo a garantir sua utilização nas melhores condições possíveis. A segunda camada, eficiências operacionais avançadas, como proposto por Subramaniam (2021), ainda tem foco na eficiência operacional, porém, sua lente de visão não está centrada no contexto fabril. Nesta segunda camada, as empresas buscam ferramentas digitais que permitam o incremento de seus produtos, a partir da interação entre atuais ou potenciais clientes e usuários. Aqui, já se observa maior diversidade de empresas, como as empresas de serviço. O Google Analytics pode contribuir, além da aplicação de ferramentas relacionadas à User Experience (UX), termo em inglês amplamente utilizado para se referir à interação, experiência, do usuário com um novo produto ou serviço. São inúmeras ferramentas para UX, tais como Adobe XD, User Testing e Applause. 13 Seguindo as camadas criadas por Subramaniam (2021), a terceira camada, serviços baseados em dados de cadeia de valor, tem um foco que vai além da empresa desenvolvedora do projeto e de seus clientes. O foco está na cadeia de valor, em especial das empresas de serviço. A ideia é bem simples. Na medida em que o desenvolvimento de novos produtos e serviços envolvem cada vez mais parceiros, nada mais natural pensar em ferramentas digitais para promover a troca de informações entre empresas de uma mesma cadeia de valor. Aqui não existe uma ferramenta específica. O Miro ou o Trello, por exemplo, podem ser utilizados por times de projetos multidisciplinares dos atores de uma mesma cadeia de valor. Por fim, chegamos à quarta camada, serviços baseados em dados de plataformas digitais, proposta por Subramaniam (2021). O foco é o desenvolvimento de comunidades virtuais para promover ampla interação entre usuários ou clientes e todos os atores de sua cadeia de valor. Aqui, há um amplo predomínio da adoção de plataformas digitais para o e-commerce. Um exemplo de ferramenta digital, nesse caso, é o chatbot. Essa ferramenta nada mais é que um software que interage com os clientes, tirando dúvidas sobre produtos, formas de pagamento, prazos de entrega, entre outras questões. Empresas como Amazon, Mercado Livre, Magazine Luiza e praticamente todos os grandes bancos são destaques nessa quarta camada. Faça um teste. Navegue, no site da Amazon, Mercado Livre ou Magazine Luiza e veja que sempre que você procura por determinado produto, você tem acesso a comentários de outros clientes ou usuários deste produto, mas você também fica sabendo quais outros produtos foram comprados pelas pessoas que compraram tal produto, entre outras informações. Você, literalmente, está em uma comunidade, lendo comentários que agregam valor ao seu processo de compra de um produto. Você não está simplesmente acessando um site para comprar um único produto especificamente. 14 Deve-se lembrar que não, necessariamente, uma empresa precisa percorrer exatamente todas essas quatro camadas do processo de transformação digital. Empresas, por exemplo, como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza, já iniciaram seus investimentos em ferramentas digitais em camadas mais avançadas. Essas quatro camadas mostram com mais clareza que as ferramentas digitais podem ser aplicadas em empresas que estão estágios distintos no processo de transformaçãodigital. Ferramentas digitais não são apenas para empresas altamente inovadoras e de destaque mundial, como a Amazon, Apple, Facebook e Google. Para exemplificar, uma empresa industrial, menos inovadora, focada na eficiência operacional fabril (exemplo típico de uma empresa da camada um, discutida acima), pode fazer uso de ferramentas digitais, porém, desde que se encaixe em sua respectiva camada no processo de transformação digital. Por outro lado, a Amazon é um bom exemplo de empresa da camada quatro. Ela também demandará ferramentas digitais, mas que são mais aderentes à sua realidade, isto é, aperfeiçoar, por exemplo, a troca de conhecimento ou informações entre os clientes em sua plataforma digital de e-commerce. Essa lógica de camadas, proposta por Subramaniam (2021), é válida, por exemplo, quando almejamos fazer um diagnóstico da adoção de ferramentas digitais em empresas que já iniciaram a sua operação, mas e se quisermos desenvolver um projeto novo, completamente do zero? Há ferramentas digitais para isso? Sim, claro que há. Vamos, então, nos concentrar em um dos estágios mais iniciantes que qualquer empreendimento inovador possa passar: no entendimento de quem são os clientes ou usuários e quais os seus problemas e dores. Mostraremos um exemplo de aplicação de uma ferramenta digital nesse momento inicial. 15 3. Exemplo de aplicação Vamos lembrar rapidamente dos principais métodos que ajudam a conhecer melhor os potenciais clientes ou usuários de um projeto inovador. Christensen et al. (2016) trouxe o conceito de Job to be done para entender que uma pessoa não compra simplesmente um bem ou serviço, mas quer que tal bem ou serviço faça algo de útil a ela. De maneira semelhante, Brown (2008), alguns anos antes, tratou de entender em detalhes questões particulares sobre como projetar (design) um produto e serviço. Brown (2008) apresentou o método de Design Thinking, que veio a se tornar um dos principais métodos adotados para levantamento de problemas de mercado e identificação de dores dos clientes ou usuários. Como lembra Boas (2018 p. 70), o Design Thinking é uma “abordagem para solucionar problemas, que coloca as pessoas (usuários ou desenvolvedores) no centro do processo de desenvolvimento”. Em síntese, trata-se de um método prático para analisar o nosso contexto real de forma diferente para que seja possível obter distintas soluções das que seriam obtidas da forma tradicional. Baseados no trabalho de Brown (2008), Almeida e Aleixa (2020) lembram que o método de Design Thinking pode ser desmembrado em três etapas: a) inspiração: com o objetivo de descobrir soluções de problemas ou oportunidades; b) ideação: gerar, desenvolver e testar tais soluções; c) implementação: estruturação de como as soluções serão viabilizadas na prática. Para fins práticos, focaremos na adoção do Miro, como ferramenta digital, capaz de permitir: i) a digitalização do trabalho de inspiração, seguindo a metodologia de Design Thinking; ii) a troca de conhecimento; 16 e iii) a colaboração entre diferentes pessoas (que podem ou não pertencer a uma mesma empresa). O Miro, como apresentado em seu site, é uma ferramenta colaborativa com uma lousa digital on-line, que conecta pessoas. Como ocorre na prática, as muitas ferramentas que são oferecidas compreendem diferentes modalidades dentro da lógica de Freemium (parte de graça free + parte paga premium). Se o usuário demandar apenas as funcionalidades básicas da ferramenta digital, é possível utilizá-la gratuitamente, mas, caso queira maiores vantagens, precisa pagar. O Miro tem sido muito adotado, sobretudo, para operacionalizar a integração entre times de projetos que estão fisicamente distantes. Em tempos de isolamento social, houve um rápido crescimento de seu uso. Almeida e Aleixa (2020) apontam que o sucesso da aplicação do Design Thinking, em grande parte, está na capacidade do time de projeto trocar informações em tempo ágil e de maneira síncrona. Por exemplo, durante a implantação da metodologia de Design Thinking, cabe ao time do projeto se colocar, o máximo possível, no lugar dos potenciais clientes ou usuários do projeto. É o que Brown (2008) chamará de empatia. Segundo esses autores, o time do projeto precisa ter uma postura de Design Thinker, o que demandará, entre outras coisas, a habilidade ou aptidão de sentir, imaginar, vislumbrar ou perceber os problemas em questão a partir de pontos de vistas que não o seu, mas dos potenciais clientes ou usuários do projeto inovador em questão. Diante disso, Osterwalder e Pigneur (2011) defendem a necessidade do time de projeto criar um documento chamado de Mapa de Empatia. O propósito é que o time, primeiro, levante o máximo de informações primárias sobre o comportamento dos clientes ou usuários. Posteriormente, faça as reflexões necessárias para entender como o comportamento de tais clientes ou usuários podem contribuir, 17 por exemplo, na construção de um novo modelo de negócios ou no desenvolvimento de um protótipo. Para tanto, existem as seguintes questões a serem levantadas no Mapa de Empatia: • O que o meu cliente pensa e sente? Quais são as suas principais preocupações e aspirações? • O que escuta? • O que vê? • O que fala e faz? Como se comporta? Quais são suas atitudes? • Quais suas dores, medos, frustrações e obstáculos? • O que busca ganhar? Quais seus desejos e necessidades? Como mede o sucesso? Como lida com os obstáculos? A figura abaixo, extraída de Osterwalder e Pigneur (2011), ilustra como é apresentado o Mapa de empatia Figura 2 – Mapa de Empatia Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011, p. 44). 18 Tais questões não são simples de serem respondidas, dificilmente terão uma resposta padrão e exclusiva, ou seja, as respostas podem variar significativamente conforme os diferentes tipos ou perfis de clientes ou usuários. Versões mais simples do Mapa de Empatia podem trazer um número menor de questões. O grande ponto, ao entendermos o trabalho de Brown (2008), é que o principal ganho do time do projeto é a discussão a ser promovida. Não é necessário garantir o preenchimento de respostas para todas as questões acima. É provável que algumas só possam ser melhor respondidas com um amadurecimento do projeto. Além disso, quando se pergunta sobre quais são as dores do cliente, é comum que inúmeras respostas apareçam. O time do projeto precisa entender que não existirá uma resposta que será melhor ou pior do que as outras. É preciso discutir suas diferenças, o que existe de comum, o que pode ser mais relevante etc. Para isso, portanto, é necessário criar um ambiente rico para fomentar a discussão. Como uma ferramenta digital ajuda na discussão? Imagine que você seja um membro de um time de projeto que tem cinco pessoas, porém, todas estão em locais distintos e que não há recursos ou disponibilidade para se encontrarem fisicamente para realizar essa discussão. Uma lousa digital, como o Miro, ajudará em muito. Ela permitirá que cada um em tempo real registre suas anotações (em post- its, por exemplo), compartilhe a tela e deixe registradas as principais informações, faça alterações instantâneas, entre outras vantagens. Todos atuam conjuntamente na construção do documento. Nesse caso, a ferramenta digital será um ótimo substituto das velhas cartolinas que eram utilizadas, por exemplo, nas clássicas reuniões de brainstorming. Só que agora as pessoas têm acesso on-line ao material, podem compartilhar versões em pdf, fazer novas anotações ao longo dos dias, entre outras vantagens que um documento digital tem em relação a um documento impresso. 19 A imagem abaixo ilustra uma tela figurativa do Miro, utilizado por diferentes pessoas para estruturar um Mapa de Empatia. Nessa ilustração, o time entendeu que faria mais sentido focar em cinco questões apenas (estão representadas em cada uma das caixas da figura abaixo). Os post-its em cada caixa são respostas que cada participantepode apresentar de maneira online. Figura 3 – Ilustração de um Mapa de Empatia de um cliente produzido via Miro Fonte: print de tela da ferramenta Miro. A ferramenta digital Miro, nesse caso, oferece a infraestrutura digital necessária para a troca de informações e conhecimento entre os membros do time de projeto. Nunca é demais lembrar que a ferramenta, por melhor que seja, nunca será a protagonista. Ela suporta e facilita a discussão, além de armazenar os dados digitalmente. Não ache que substituirá as pessoas, pois não é esse o objetivo de nenhuma ferramenta digital. Tais ferramentas existem e continuarão existindo como complemento da ação das pessoas. Como, cada vez mais, muitas pessoas têm interagido à distância, via reuniões de brainstorming para, por exemplo, melhor compreender quem é o cliente de seu projeto, acreditamos que o tipo de ferramenta apresentada tende sempre a ser necessária, sem tomar o lugar das pessoas. 20 4. Conclusões Tivemos uma preocupação inicial em deixar claro o que chamamos de ferramentas digitais. É muito comum as pessoas confundirem e acharem que qualquer coisa que usamos para armazenar ou compartilhar informações on-line possa ser considerada uma ferramenta digital. Não é bem assim. Por isso, recorrer ao conceito é sempre necessário. Existe uma relação muito grande entre o uso das ferramentas digitais e o quão digital uma empresa é. Pensando nisso, procuramos mostrar que os diferentes níveis (no nosso caso, chamamos de camadas) de transformação, impactam no uso de tais ferramentas digitais. É importante ficar sempre claro que a depender do quão avançada esteja uma empresa, determinadas ferramentas terão maior relevância. Outro aspecto necessário é que você já tenha uma visão, ainda que introdutória, sobre a aplicabilidade prática de uma ferramenta digital. Resolvemos, nesse sentido, explicar como ocorre em situações em que times de projeto precisam discutir de maneira online e síncrona sobre dores dos clientes ou usuários de um projeto inovador hipotético. Referências ALMEIDA, E. G.; ALEIXO, T. C. N. Empreededorismo e inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. BOAS, E. P. V. Gestão da Inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. BROWN, T. Design thinking. Harvard business review, v. 86, n. 6, p. 84, 2008. CARVALHO, R. B.; REIS, A. M.; LARIEIRA, C. L. et al. Transformação digital: desafios na formação de um constructo e cenários para uma agenda de pesquisa. RAM–Revista de Administração Mackenzie, v. 22, p. 2021. Disponível em: http://old.scielo.br/ scielo.php?pid=S1678-69712021000600707&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 15 jul. 2022. CHRISTENSEN, C. M.; HALL, T.; DILLON, K. et al. Know your customers’ jobs to be done. Harvard Business Review, v. 94, n. 9, p. 54-62, 2016. Disponível em: https:// hbr.org/2016/09/know-your-customers-jobs-to-be-done. Acesso em: 15 jul. 2022. http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-69712021000600707&script=sci_arttext&tlng=pt http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-69712021000600707&script=sci_arttext&tlng=pt https://hbr.org/2016/09/know-your-customers-jobs-to-be-done https://hbr.org/2016/09/know-your-customers-jobs-to-be-done 21 GONÇALVES, D.; BERGQUIST, M.; ALÄNGE, S. et al. How Digital tools align with organizational agility and strengthen digital innovation in automotive startups. Procedia Computer Science, v. 196, p. 107-116, 2022. Disponível em: http://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:1632440/FULLTEXT01.pdf. Acesso em: 15 jul. 2022. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation–Inovação Em Modelos De Negócios. EUA: Alta Books, 2011. SUBRAMANIAM, M. The 4 tiers of digital transformation. Harvard Business Review, 2021. http://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:1632440/FULLTEXT01.pdf 22 Ferramentas digitais para planejamento e experimentação de soluções e prototipação Autoria: Rafael Augusto Seixas Reis de Paula Leitura crítica: Thiago Oliveira da Silva Objetivos • Discutir quais são as características básicas sobre planejamento e experimentação de protótipos. • Apresentar os principais métodos e ferramentas digitais. • Explicar o quanto as diferentes ferramentas digitais podem ser complementares. 23 1. O que é planejamento e experimentação de protótipos? Muito já se tem falado que as empresas têm investido mais, por exemplo, no desenvolvimento de novos produtos ou serviços e sido cada vez mais exigentes com os resultados que esperam. Poucas são as que aceitam lançar um produto que não terá sucesso no mercado. Um caminho para minimizar as incertezas de tal lançamento é planejar com muita destreza do processo de experimentação de protótipos, também conhecido como prototipação. Essa experimentação precede o lançamento de um produto no mercado e precisa ser conduzida de forma sistematiza e partir de métodos próprios. Assim sendo, o método de Design Thinking ganha importância. Brown (2017), criador desse método, ressalta que para bem planejar o desenvolvimento de um novo produto ou serviço, a empresa precisará, além de um correto entendimento do problema do cliente e da geração de ideias de potenciais soluções, ser hábil o suficiente para conduzir a etapa de prototipação. Como lembra Boas (2018), a prototipação é a etapa em que a empresa se preocupa em transformar as melhores ideias geradas em protótipos, que serão postos em análise junto a um grupo restrito de clientes. A prototipação é o cerne do que Brown (2017) chama de testes das potenciais soluções dos problemas ou oportunidades de mercado identificados. Almeida e Aleixo (2020) oferecem uma valiosa contribuição ao lembrar que, durante a prototipação, as empresas devem conduzir experimentos junto aos usuários ou potenciais clientes para que esses ofereçam indícios reais sobre o quão confortáveis estão, o quanto o protótipo em análise resolvem seus problemas, o quão útil é, entre outros fatores relevantes. Segundo os autores, isso é mais interessante do que fazer perguntas genéricas para um conjunto significativo de clientes para saber se gostariam ou não de adquirir determinado produto. 24 Para fins práticos, em mercados altamente incertos, ganha importância o conceito de Minimum Viable Product (MVP), ou, na tradução literal, Produto Minimamente Viável, que foi muito bem explorado por Ries (2012). Para ele, os MVPs são os protótipos mais simples possíveis capazes de trazerem as funcionalidades ou características centrais para melhor explorarem a proposta de valor de uma inovação, despendendo do mínimo de recursos. Diante disso, veremos que a prototipação é a etapa em que serão testados tais MVPs ,que podem dar origem a inovações das mais diversas, como as de produtos e, principalmente, de serviços. Como colocado por Ries (2012), focarão o planejamento e experimentação dos protótipos no ciclo do método construir-medir- aprender, ou seja: construir as hipóteses centrais a serem testadas via MVP; identificar os identificadores-chave; e medir ao longo dos testes, bem como extrair os melhores aprendizados a partir dos resultados encontrados. Esse e outros métodos serão melhor discutidos a seguir. 2. Métodos de suporte ao planejamento e experimentação de protótipos O princípio do planejamento e experimentação de protótipos é simples de ser percebido. Em linhas gerais, as empresas não podem lançar, por exemplo, novos produtos no mercado, sem antes testá-los junto aos clientes. No entanto, quais métodos ajudam a saber se o que está sendo testado é algo relevante, se é caminho certo, se os recursos estão sendo despendidos da melhor forma ao longo do desenvolvimento de um novo produto? Tais dúvidas acompanham diariamente os profissionais responsáveis por desenvolver projetos de inovação, e é impossível eliminá-las completamente. Existe, entretanto, uma enormidade de métodos que ajudarão a conduzir com mais profissionalismo e, assim, minimizar essas e outras dúvidas. 25 Além disso, não existeuma lista única com todos os métodos possíveis. Serão destacados três métodos que têm contribuído para a melhor condução dos experimentos de protótipos na prática e possuem diferentes níveis de análise. O Technology Roadmapping (TRM), primeiro destacado no quadro abaixo, é importante para que o nível mais estratégico tenha mais clareza sobre o que os clientes ou usuários demandarão no longo prazo. O segundo método, pautado no tripé construir-medir-aprender, é válido para que as equipes gerenciais avaliem o quanto as funcionalidades e características dos MVPs estão alinhadas com as demandas futuras de clientes ou usuários. O terceiro método, testes de hipótese A/B, tem caráter prático, aplicado aos times de projetos de desenvolvimento de produto para avaliar as hipóteses levantadas sobre as funcionalidades e características incorporadas aos MVPs. Por que esse nome A/B? Basicamente para um grupo (A) de clientes ou usuários, será testado o MVP com novidades e, para o outro grupo (B), usarão o produto já tradicional sem as novidades. Ao final, pode-se comparar os resultados dos clientes do grupo A com os dos clientes do grupo B. O quadro abaixo aponta tais métodos e quais são suas principais contribuições. Quadro 1 – Comparativo entre métodos para experimentação Método O que é esse método Principais dúvidas que podem ser respondidas Nível de análise Para saber mais Technology Roadmapping (TRM). Método de estruturação visual de rotas tecnológicas, capaz de apontar as demandas futuras do mercado que devem ser observadas. Quais necessidades do futuro eu posso atender? O que os mais clientes ou usuários podem querer no longo prazo? Estratégico. Mori et al. (2017). 26 Construir- medir- aprender. Método adotado pelos praticantes de projetos inovadores para estruturarem os testes de seus protótipos. São construídas hipóteses, depois são colocadas em testes para serem mensuradas e, em seguida, os resultados são avaliados para extração dos principais aprendizados. Quais são as principais funcionalidades ou características que devem possuir os próximos produtos? Quais protótipos devem ser testados? Quais hipóteses devem ser construídas? Tático. Ries (2012). Testes de hipóteses (A/B). Método para testar hipóteses a partir de dois grupos de usuários. Um grupo (A), avaliará seu protótipo com as novas características ou funcionalidades e o segundo grupo (B, grupo controle), sem tais novidades. As novas funcionalidades ou características apresentadas no MVP são relevantes? Levam, por exemplo, a um aumento das vendas? Em quanto esse aumento pode ser estimado? Operacional. Thomke (2021). Fonte: elaborado pelo autor. Podem existir outros métodos que complementem esses três do quadro acima? Certamente, sim, porém, para fins práticos, os métodos, aqui citados, já oferecem um importante auxílio. Na medida em que vamos adquirindo mais experiência prática, podemos adicionar métodos complementares. Note que existe uma relação entre os três métodos apresentados. O TRM ajuda a clarear o que a empresa pode esperar no futuro em relação a demandas do mercado. O método baseado no tripé medir-construir- aprender, ajuda a entender se o que a empresa está testando (MVPs, na maioria das vezes) atenderá a tais demandas. Por fim, o último método que trazemos tem um caráter mais quantitativo (testes de hipóteses), que poderá dizer, por exemplo, se determinada melhoria no protótipo tende a gerar maior satisfação dos clientes. 27 Vamos entender um pouco melhor sobre como fazer tudo isso de maneira digital? 3. Ferramentas digitais para planejamento e experimentação de protótipos Assim como existem muitos métodos que podem ser úteis para o planejamento e a realização de experimentos dos protótipos, também existem inúmeras ferramentas digitais. Serão apresentadas duas dessas ferramentas. As opções gratuitas de ambas atendem perfeitamente a quem está iniciando os estudos sobre o tema. A primeira é o Miro. Essa ferramenta é uma lousa digital que tem sido muito utilizada para a construção conjunta de documentos digitais. Como tem sido comum o trabalho a distância, de times de projetos de desenvolvimento de novos produtos (cada vez mais os membros de times de projetos estão em locais físicos diferentes), o uso de lousas digitais tem crescido exponencialmente. Em nosso caso, por exemplo, uma lousa digital tem se mostrado relevante para conduzir reuniões de coconstrução de documentos de um Technology Roadmap. Como usar essa ferramenta? Basta que o time do projeto esteja logado de maneira síncrona na ferramenta digital, Miro. Suponha que você esteja em um time com cinco membros. Basta que você e as demais pessoas acessem gratuitamente o Miro e escolham a opção, de dashboard, Roadmap. Aparecerá exatamente o template apresentado na figura abaixo. 28 Nessa figura ilustrativa, o dashboard possui quatro níveis, separados por cores, e sete colunas, destacadas no alto de cinza. Você pode acrescentar ou retirar níveis ou colunas. As colunas, em cinza, se referem ao período de tempo. Você pode, por exemplo, escolher trabalhar com três períodos, curto (até um ano), médio (de um a três anos) e longo prazo (acima de três anos). A definição desse período varia conforme o tipo de setor, produto ou indústria. Por exemplo, no setor de Tecnologia de Informação, o período é bem diferente do que no setor farmacêutico. Os níveis podem ser, por exemplo, demandas do mercado (nível verde figura abaixo), tipos de produtos a serem desenvolvidos (nível laranja), protótipos a serem criados e testados (nível azul), competências a serem desenvolvidas (nível amarelo). Essa caracterização não é fixa, mas, em geral, essa estrutura pode ser útil à maioria dos projetos. Figura 1 – Modelo ilustrativo de um roadmap pelo Miro Fonte: adaptada de print de tela da ferramenta Miro. Basicamente, o intuito é construir uma lógica sequencial (rota ou road, em inglês) para que poder atender às necessidades de clientes no futuro. Em nossa figura ilustrativa, é preciso atender a essas necessidades no quinto período de tempo. 29 As caixas em azul escuro são ilustrativas. Em nosso caso, por exemplo, a primeira caixa em azul escuro começa na parte inferior, à esquerda (nível amarelo), mostrando quais competências devem ser adquiridas, no primeiro e segundo período. Depois, vem o nível azul, indicando quais protótipos precisam ser desenvolvidos (criar e testar) no segundo e terceiro período. Em seguida, há o nível laranja, deixando claro quais produtos serão desenvolvidos no quarto e quinto período, para, finalmente, atender as demandas futuras dos clientes, no quinto e sexto período de tempo. O grande ganho está em poder construir digitalmente e de maneira conjunta, compartilhar em tempo real as informações e criar um documento que seja facilmente compreendido, por exemplo, pelos tomadores de decisão. A segunda ferramenta é o Google Analytics. O Google Analytics é uma ferramenta gratuita de Marketing Digital, muito adotada para desenvolver um MVP de um novo serviço. Devemos sempre lembrar que um MVP não, necessariamente, se resume a um protótipo de um produto, pode ser, por exemplo, de um serviço. Por ser desenvolvida e disponibilizada pela Google, essa ferramenta tem ampla adoção por diferentes empresas. Equipes de desenvolvimento de software e de marketing fazem uso dos relatórios do Google Analytics para conduzir testes de acesso dos usuários de sites. Entre as funcionalidades mais utilizadas do Google Analytics, estão os relatórios de aderência de usuários, por meio de anúncios publicitários (também chamados de Google Ads) e os relatórios sobre o comportamento das pessoas que acessam o site. É possível, saber, por exemplo, quantas sessões de um site uma pessoa acessou e o tempo que ficou em cada sessão. Em linhas gerais, por meio dessa ferramenta, é possível mensurar o comportamento dos usuáriosde um site. 30 Essa é uma das principais vantagens do Google Analytics. Que profissional de marketing não se interessa, por exemplo, em saber qual sessão de um site é a mais acessada e quanto tempo as pessoas acessam? Imagine que uma empresa desenvolva um MVP de um serviço de e-commerce, esse tipo de informação é de grande utilidade caso queira testar novas funcionalidades em seus sites. Por exemplo, se uma empresa quer testar um MVP de um novo serviço de venda (por exemplo, um novo site ou um serviço on-line), é possível extrair uma amostra de potenciais clientes e enviar um e-mail direcionado para essas pessoas, para acessarem o site ainda na versão MVP. Assim, é possível comparar o acesso delas com o acesso dos demais clientes do site sem as novas funcionalidades. Com o uso de ferramentas estatísticas, pode-se concluir, por exemplo, se as novas funcionalidades do site são capazes de influenciar positivamente as vendas. Isso é a essência de um teste de hipótese A/B. Como usar o Google Analytics? Usar o Google Analytics é muito simples. Basta acessar o site, conforme referência ao final deste tema,. Aparecerá uma tela inicial para cadastro. Você pode simular uma empresa, caso queira apenas conhecer visualmente a ferramenta. Para poder obter os dados reais, entretanto, você precisa ter um site oficialmente cadastrado. Logo após o cadastro, você tem acesso a página principal. Abaixo, está o print de tela de um cadastro simulado. Caso você tenha um site, por meio dessa ferramenta, você consegue acompanhar on-line as principais informações sobre seu site, sobre o desempenho na retenção dos usuários a cada semana (por exemplo, qual porcentagem de usuários da semana atual também visitou o site nas semanas anteriores), quais sessões (páginas e telas) são mais acessadas, quais principais eventos (por exemplo, mensagens destacadas na tela principal), entre outras coisas. 31 Figura 2 – Visão geral da tela inicial do Google Analytics Fonte: print de tela do site Google Analytics. É preciso ter cuidado, pois apresentamos duas ferramentas digitais, porém, com funções e utilidades muito distintas. A fim de não gerar nenhuma confusão, é importante saber separá-las. O Miro é uma ferramenta digital para coconstrução de documentos, como são as várias outras lousas digitais. Sua origem é bem anterior à pandemia da COVID-19, no entanto, não podemos negar que, desde 2020, as medidas de restrição de mobilidade social contribuíram para sua ampla adoção. Se você, por exemplo, quer construir uma rota sobre como se dará o planejamento da experimentação de seus protótipos, o Miro é uma ferramenta útil. Por sua vez, o Google Analytics é uma ferramenta que ajuda a obter dados e analisá-los sobre acesso a um site. Se você quer testar, por exemplo, um protótipo (MVP de um site de vendas, por exemplo, ou de uma campanha de marketing) de maneira on- line, o Google Analytics é recomendado, em função de sua praticidade em apresentar dados relevantes, como os relacionados a testes de hipóteses A/B. Portanto, Miro e Google Analytics precisam ser vistos como complementares, e não como concorrentes. 32 4. Conclusões A ideia, aqui, foi deixar claro que de, agora em diante, saber realizar adequadamente experimentos de protótipos (MVP, no nosso contexto) é algo fundamental. As empresas não admitem mais ter altos gastos no lançamento de uma versão final de um produto, sem as devidas atividades preliminares. Tais atividades giram em torno da condução dos experimentos dos protótipos. É importante reforçar que a construção de tais protótipos precisa ser vista em diferentes níveis: estratégico, tático e operacional. Cada nível possui seus métodos e ferramentas digitais mais apropriadas, e os profissionais precisam entender essa lógica. As ferramentas digitais estão em constantes mudanças, porém, essa lógica se mantém. Se ficar atento(a) a isso, você terá mais chances de trazer ricas contribuições para o desenvolvimento de novos produtos em sua empresa. Referências ALMEIDA, E. G.; ALEIXO, T. C. N. Empreededorismo e inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. BOAS, E. P. V. Gestão da Inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. GOOGLE ANALYTICS. Disponível em: https://analytics.google.com/analytics/web/. Acesso em: 15 jul. 2022. MIRO. Disponível em: https://miro.com/pt/. Acesso em: 15 jul. 2022. MORI, S. S. O.; CRUZ, E. M.; NAGATA, A. K. I. et al. Technology Roadmapping, um método para apoiar a gestão tecnológica. Revista Gestão & Tecnologia, 17(2), 233-251. Pedro Leopoldo: Fundação Pedro Leopoldo, 2017. Disponível em: http:// revistagt.fpl.edu.br/get/article/view/1120. Acesso em: 15 jul. 2022. https://analytics.google.com/analytics/web/ https://miro.com/pt/ http://revistagt.fpl.edu.br/get/article/view/1120 http://revistagt.fpl.edu.br/get/article/view/1120 33 RIES, E. A startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012. THOMKE, S. H. A cultura da experimentação: como os experimentos nos negócios podem melhorar sua capacidade de inovação. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 34 Ferramentas digitais para gerenciamento de projetos e gestão da produção Autoria: Rafael Augusto Seixas Reis de Paula Leitura crítica: Thiago Oliveira da Silva Objetivos • Explicar a relação entre gestão da produção e a gestão ágil de projeto. • Apontar potenciais ferramentas digitais aplicáveis à gestão de projetos. • Apresentar situações práticas de aplicação de ferramentas digitais. 35 1. Gestão ágil de projetos: abordagem oriunda da gestão da produção O tema de Gestão de Projetos é um dos mais relevantes e mais bem estudados na área de inovação. Embora exista um amplo campo de estudo e aplicação de conhecimentos consolidados há mais de trinta anos, existe ainda muita coisa para ser mais bem explorada. Você sabia que o que há de mais moderno em gestão de projetos tem origem no modelo japonês de gestão da produção? Foi a partir do movimento iniciado há mais de cinquenta anos, também chamado de Toyotismo, que as indústrias japonesas começaram a explorar com sucesso o conceito de produção enxuta. Como bem lembra Almeida e Aleixo (2020), as empresas começaram a produzir em suas fábricas de modo a eliminar os desperdícios e alcançando níveis significativos de qualidade e eficiência mundial. O modelo Toyota de produção, ainda segundo Almeida e Aleixo (2020), tinha como princípio a busca pela eliminação de todo e qualquer desperdício. O que começou há um bom tempo, por meio do Toyotismo, teve ao menos dois transbordamentos recentes que impactam na gestão ágil de projetos. Primeiro, como Gomes et al. (2022) lembram, nascia aí o embrião do que, em 2001, fomentou o manifesto ágil, composto por desenvolvedores de softwares que defendiam a adoção de métodos mais ágeis de desenvolvimento. Nesse caso, tais métodos precisavam ser capazes de promover, entre outras coisas, maior interação entre empresas e clientes, maior praticidade das empresas e menor preocupação em fazer uso excessivo de documentação. A ideia, por trás, era conseguir ser rápido o suficiente para responder com destreza às mudanças do mercado. O que começou com os profissionais da área de Tecnologia da Informação, continuam Gomes et al. (2022), se espalhou para inúmeras indústrias e setores. 36 Segundo o Toyotismo, também permitiu o que Ries (2012) chamou de startup enxuta, e passou a defender a busca pela eliminação de todo e qualquer uso de recurso que não agregue valor final ao cliente. Isso significa que qualquer atividade que não agrega valor, trata-se de um desperdício. Nesse sentido, gestão ágil não pode estar dissociada da ideia de eliminar o que não agrega valor ao cliente. O que isso tem aver com o gerenciamento de projetos e com ferramentas digitais? Isso tem tudo a ver. Empresa nenhuma, de destaque, quer desenvolver projetos de novos produtos, serviços, modelos de negócios, entre outras formas de inovar, sem levar em consideração a essência do conceito de startup enxuta e do manifesto ágil. Projetos de inovação são vistos, então, como projetos de alto potencial de se ganhar escala em um ambiente de incerteza. Dito de outro modo, as empresas querem desenvolver projetos de modo a ter uma maior precisão possível para somente gastar recursos com aquilo que garantirá que não haverá desperdícios, porém, de forma rápida. Ocorre que isso não é fácil de se obter. Em muitos projetos de inovação, não tem como ter certeza a priori se uma atividade que demandará recursos gerará ou não algum tipo de valor para o cliente final. Na prática, é comum ocorrerem desperdícios. Um dos grandes esforços dos gestores de projetos está em tentar minimizar tais desperdícios. Assim sendo, os métodos ágeis e gestão de projeto ganham importância nos mais variados tipos de empresas e setores. Como Almeida e Aleixo (2020) explicam, com o impulso da Tecnologia da Informação e da digitalização dos processos e disseminação dos canais de comunicação, a tendência é que essa importância aumente cada vez mais. Diante disso, as ferramentas digitais têm sido mais utilizadas para aperfeiçoar a gestão dos projetos nas empresas. Vamos agora conhecer um pouco mais das ferramentas digitais usadas na gestão de novos projetos. 37 2. Quais ferramentas digitais podem ser úteis na gestão de projetos? Não faz sentido tentarmos identificar uma lista final capaz de levantar todas as possíveis ferramentas digitais. Isso é de baixa praticidade. A todo instante surge alguma empresa que lança no mercado alguma ferramenta digital que pode agregar à gestão de projetos. Certamente, essa possível lista precisaria ser atualizada perenemente. De todo modo, vale a pena um esforço para apresentarmos um levantamento prévio não exaustivo dessas ferramentas. O principal ponto é entendermos os contornos de aplicabilidade de tais ferramentas. Isso faz sentido e tem alta praticidade. Considerando o quadro abaixo, basicamente, estamos falando da aplicação de ferramentas digitais que sejam capazes, por exemplo, de alcançar os seguintes objetivos: a) facilitar a gestão e priorização das atividades dos projetos; b) aumentar a produtividade da equipe (fazer mais com menos tempo e/ou com menos recursos); c) aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento; d) promover maior aproximação da área de Tecnologia de Informação (TI) e com as áreas fins; e) contribuir para a diminuição no tempo de resposta junto ao mercado; e f) aumentar a interação com os clientes e usuários. O quadro abaixo é um esforço no sentido de mostrar dez potenciais ferramentas digitais, caracterizá-las e apontar como podem contribuir para a gestão de projetos de maneira eficiente (ajudando a minimizar os desperdícios de recursos). 38 Quadro 1 – Potenciais ferramentas digitais úteis à gestão de projetos Ferramenta Principais benefícios Potenciais objetivos MS Project. Ajuda no planejamento e gerenciamento do projeto como um todo. Cobre praticamente todas as áreas críticas de conhecimento do PMBoK (exemplos: escopo, cronograma e custos). • Facilitar a gestão e priorização das atividades. • Aumentar a integração entre as equipes. Wrike. Importante para gestão das atividades de um projeto. • Facilitar a gestão e priorização das atividades. • Contribuir para a diminuição no tempo de resposta junto ao mercado. • Aumentar a interação com os clientes e usuários. Trello. Útil para gestão de tarefas (atividades a serem feitas, em andamento e atividades feitas) e gestão do cronograma. Muito semelhante ao Assana e ao Jira. • Facilitar a gestão e priorização das atividades dos projetos. • Aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento. • Contribuir para a diminuição no tempo de resposta junto ao mercado. • Aumentar a interação com os clientes e usuários. Miro. Lousa Digital, útil para coconstrução de documentos internos. Facilita o trabalho de compartilhamento de conhecimentos. • Aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento. • Aumentar a interação com os clientes e usuários. • Aumentar a produtividade da equipe. Bitrix24. Contribui para integração entre diferentes times (exemplos: TI, Marketing e produção) e controle de tarefas e cronograma. • Facilitar a gestão e priorização das atividades dos projetos. • Aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento. • Promover maior aproximação da área de TI e com as áreas fins 39 Slack. Importante para a troca instantânea de mensagens entre times de projetos. • Aumentar a integração entre as equipes. GanttProject. Contribui para gestão integrada de cronograma de projetos. • Facilitar a gestão e priorização das atividades. Artia. Contribui para o planejamento da gestão do projeto, em especial das atividades e tarefas do projeto. • Facilitar a gestão e priorização das atividades. • Aumentar a integração entre as equipes. Jira Ajuda a gerenciar as atividades das equipes. Foco nas entregas do projeto. Muito semelhante ao Assana e ao Trello. • Facilitar a gestão e priorização das atividades dos projetos. • Aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento. • Promover maior aproximação da área de TI e com as áreas fins. Asana Útil na gestão de tarefas (atividades a serem feitas, em andamento e atividades feitas) e gestão do cronograma. Muito semelhante ao Trello e ao Jira. • Facilitar a gestão e priorização das atividades dos projetos. • Aumentar a integração entre as equipes de desenvolvimento. • Contribuir para a diminuição no tempo de resposta junto ao mercado. • Aumentar a interação com os clientes e usuários. Fonte: elaborado pelo autor. Essas ferramentas, geralmente, estão disponíveis para download pela Internet. Todas possuem suas versões pagas, em geral, trazendo funcionalidades mais robustas e/ou sem tempo mínimo para uso. Já suas versões gratuitas, são ótimas para que possamos ter um primeiro contato e possamos usar livremente, ainda que com um número menor de funcionalidades ou um período de tempo restrito. 40 Como se vê, não existe ferramenta perfeita ou uma melhor do que a outra para qualquer situação. Não existe ferramenta digital que atenderá perfeitamente. Aqui, vai uma ótima dica: não perca tempo procurado a ferramenta digital brilhante, infalível. Você nunca encontrará. Todas as ferramentas digitais, por melhor que sejam, têm vantagens e desvantagens. Invista seu tempo para entender quão boa é uma ferramenta e como está diretamente relacionada às particularidades de sua empresa e de seus projetos. Dito de outro modo, as vantagens e desvantagens variam conforme a realidade de cada empresa e projeto. Uma ferramenta pode ser ótima para um tipo de projeto, mas péssima para outro. É fundamental não comprar imediatamente o que achar ou simplesmente o que um concorrente está usando. É preciso ter calma. Diante disso, em termos práticos, é sempre indicado, inicialmente, o uso de uma versão gratuita. A ideia é simples, sua empresa não precisa adquirir apressadamente. É mais inteligente usar as versões gratuitas para, em seguida, ter maior entendimento sobre quais ferramentas devem ser adquiridas em suas versões pagas. 3. Exemplos de aplicação de ferramentas digitais Desde o início da década de 2010, houve uma intensificação da aplicação de ferramentas digitais na gestão de projetos. Carvalho e Mello (2012), por exemplo, destacam que devemos sempre nos preocupar em identificar e aplicar ferramentas digitais adequadas. A área de gestão de projetos é muito prática, como bem lembra Eder et al. (2015), então, pensar na aplicação de ferramentas digitais é algo necessário. Quando pensamos em métodos ágeis, há um conjuntode ferramentas digitais que nos ajudam, por exemplo, a implantar o Kanban e o Scrum. 41 O Kanban tem sua origem no século XX, nos modelos japoneses de administração da produção. Em linhas gerais, o Kanban é um método que controla o fluxo de atividades por meio de um quadro de sinalização. Segundo Almeida e Aleixo (2020), o Kanban dá visibilidade às atividades do projeto em um único quadro, ajudando a diminuir o desperdício, melhorando a organização do trabalho da equipe e ajudando a priorizar o que há de mais importante. Uma ferramenta digital muito utilizada para montar os quadros de Kanban, é o Trello. A figura abaixo é um exemplo de um quadro criado pelo Trello. Nela, existem três colunas (você pode customizar da forma que entender que é mais apropriada), To do,Doing e Done (traduzindo para o português seria o mesmo que A fazer, Fazendo e Feito. Figura 1 – Visão macro ilustrativa do template do Trello Fonte: print de tela da ferramenta Trello. Pensando em reuniões de sprint, por meio do método do Scrum, o Trello se mostra útil. As reuniões de sprint ocorrem quando o time do projeto se reúne para discutir as tarefas necessárias ao longo de determinado período, em geral, uma semana ou um dia. Assim, você 42 pode, por exemplo, acrescentar outras duas colunas: Backlog (tarefas ou atividades a serem feitas durante determinado período) e Block (tarefas ou atividades que estão pendentes e precisam de apoio). Por meio do Trello, você cria os cards (cartões referentes às tarefas ou atividades), associa às pessoas do time que estarão envolvidas em tais tarefas ou atividades, a duração ou pontos (unidade de esforço para realizar a tarefa ou atividade), entre outras vantagens. Com o crescimento de reuniões a distância, de andamento de projetos (muito comum ocorrerem semanalmente), o uso do Trello tem se intensificado. Em reuniões via Zoom, Googlemeet, Teams, ou qualquer outra plataforma de comunicação a distância, o Trello torna prático o acompanhamento do andamento do projeto. As pessoas compartilham as telas e de forma síncrona, por exemplo, incluem cards, movem um card quando uma tarefa ou atividade foi concluída ou discutem quem deve estar envolvido em um card. Da lista que apontamos no quadro acima, o Trello não é a única opção. Existem também o Jira e o Asana. A título ilustrativo, a figura abaixo oferece uma visão geral de um uso hipotético do Jira. Figura 2 – Visão macro ilustrativa do template do Jira Fonte: print de tela da ferramenta Jira. 43 Essas ferramentas digitais são mero softwares que colocam as atividades ou tarefas em colunas? Para uma pergunta como essa, a resposta é negativa. À primeira vista, olhando com pouca profundidade, algumas pessoas erroneamente pensam que as ferramentas que ajudam a construir quadros de Kanban e/ou a auxilizar a implantação da metodologia Scrum podem ser substituídas por uma clássica planilha do Microsoft Excel. Chegar a essa conclusão nos parece um equívoco. O que ferramentas como o Trello e a Jira fazem é muito mais do que apontar tarefas ou atividades e classificá-las em colunas. Para melhor compreendermos o real valor, precisamos relembrar a essência da metodologia Scrum e a das ferramentas digitais. A essência está na colaboração das pessoas, no compartilhamento dos erros e aprendizados ao longo de uma reunião de sprint, na interação entre os membros, entre outros, como bem explica Sutherland (2016). Já a essência das ferramentas digitais, tem relação com a digitalização do trabalho para simplificar a comunicação e fomentar a interação entre as pessoas. Para integrar o que é a metodologia Scrum, são necessárias ferramentas digitais capazes, por exemplo, de criar fluxos de informações (cards sobre as tarefas ou atividades), de promover a interação on-line, de fácil manuseio (inserção de responsáveis pelos cards), de oferecer interface amigável e acesso on-line. Isso é muito mais do que uma planilha em Excel pode oferecer. Tudo isso é obtido de maneira gratuita (lembrando que as ferramentas possuem funcionalidades extras que precisam ser compradas) pela Internet. Nas empresas mais inovadoras, é um pré-requisito ter um mínimo de conhecimento sobre tais ferramentas. 44 4. Conclusões Procuramos contextualizar que a gestão ágil de projetos está interligada com o que houve de positivo da gestão da produção há algumas décadas. O intuito de focar na eliminação do desperdício parece óbvio, no entanto, os métodos de gestão ágil de projeto conseguiram explorar bem essa premissa de maneira prática e atual. Sem o uso das ferramentas digitais, é bem provável que tais métodos não conseguissem tamanho sucesso. Para ser ágil nos tempos atuais é preciso, por exemplo, integrar bem a equipe, saber compartilhar o conhecimento, criar canais interativos. Tudo isso é fomentado por meio das ferramentas digitais. Referências ALMEIDA, E. G.; ALEIXO, T. C. N. Empreededorismo e inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 232 p. CARVALHO, B. V. D.; MELLO, C. H. P. (2012). Aplicação do método ágil Scrum no desenvolvimento de produtos de software em uma pequena empresa de base tecnológica. Gestão & Produção, 19(3), 557-573. EDER, S.; CONFORTO, E. C.; AMARAL, D. C. et al.Diferenciando as abordagens tradicional e ágil de gerenciamento de projetos. Production, 25, 482-497, [s. l.], 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prod/a/mMpHXNLxNSxbfFzBmpFHPLx/ abstract/?lang=pt. Acesso em: 15 jul. 2022. GOMES, L. A.; DE PAULA, R. A. S. R.; FACIN, A. L. F. et al. Design principles of hybrid approaches in new product development: a systematic literature review. R&D Management, 52(1), 79-92, [s. l.] 2022. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley. com/doi/epdf/10.1111/radm.12476. Acesso em: 15 jul. 2022. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). Guia PMBOK: um guia para o conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. RIES, E. A startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012. SUTHERLAND, J. SCRUM: a arte de fazer o dobro de trabalho na metade do tempo. São Paulo: Leya, 2016. https://www.scielo.br/j/prod/a/mMpHXNLxNSxbfFzBmpFHPLx/abstract/?lang=pt https://www.scielo.br/j/prod/a/mMpHXNLxNSxbfFzBmpFHPLx/abstract/?lang=pt https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/radm.12476 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/radm.12476 http://amzn.to/2xiCc3X http://amzn.to/2xiCc3X 45 Ferramentas digitais para gerenciamento de pessoas e das finanças Autoria: Rafael Augusto Seixas Reis de Paula Leitura crítica: Thiago Oliveira da Silva Objetivos • Explicar qual o papel das ferramentas digitais para a gestão de pessoas e gestão financeira. • Explicar como os métodos e técnicas de gestão de pessoas e a gestão financeira podem se beneficiar do uso de ferramentas digitais. • Apresentar ferramentas digitais e seus benefícios para a gestão de pessoas e gestão financeira. 46 1. Gerenciamento de pessoas: papel das ferramentas digitais Imagine que você trabalhe como um(a) analista de gestão de pessoas. Entre as suas várias atribuições, provavelmente, você terá que se preocupar em como contribuir para o desenvolvimento do principal ativo da empresa, isto é, as pessoas. Por onde, então, começar? Quais atividades fazer? Já estão muito bem definidas as principais atividades dos profissionais da área de Recursos Humanos (RH), nos mais diferentes tipos de empresas. Isso, inclusive, já é retratado pela literatura. Por exemplo, o clássico livro de Chiavenato (2008), oferece um ótimo entendimento sobre o que um analista de gestão de pessoas realiza. Segundo esse autor, ao analista, cabe, por exemplo, identificar as principais competências que os colaboradores de sua empresa precisam desenvolver, organizar o plano de carreira institucional, avaliar o clima organizacional, estar em contato contínuo com outros profissionaisde sua área para mapear os cargos e salários do mercado, estruturar a grade de treinamentos para formação das pessoas, prospectar novos profissionais talentosos, dentre outras coisas. Realizar essas atividades parece ser algo prazeroso, correto? Não por acaso, Chiavenato (2008) e Juliano (2018) apontam que tais atividades são estratégicas para o desenvolvimento das pessoas e, como consequência, das empresas. Ocorre, entretanto, que em muitas empresas as ações práticas desse profissional perdem muito do seu caráter estratégico, tornando-as predominantemente operacionais. Como discutem Almeida (2022), Teixeira e Hanashiro (2020), em muitas empresas, esse tipo de profissional passa a maior parte do tempo como se trabalhasse em uma era pré-digital. A maior parte do tempo é dedicada ao preenchimento de planilhas, formulários e sistemas, 47 que nem sempre resultam em ações práticas estratégicas. O que ocorre, lamentavelmente, é que muitos profissionais de RH poderiam usar melhor seu tempo, agregando mais valor à toda a empresa. Infelizmente, assumem muitas atribuições operacionais e de baixo impacto estratégico. Você fica feliz em passar horas e horas simplesmente levantando informações que dificilmente levaria a algum resultado relevante? Claro que não! Agora, imagine o esforço necessário para fazer o mapeamento de competências de todos os funcionários em uma grande empresa? São muitas horas, por exemplo, para levantar um conjunto significativo de dados, revisar, corrigir distorções, tirar dúvidas, armazenar finalmente tais dados em algum sistema ou até mesmo em uma planilha. Se isso já é cansativo, imagine se você for um dos analistas responsáveis por fazer uma primeira filtragem dos candidatos de um programa de trainee, em uma grande empresa. Você teria que dedicar um tempo significativo para analisar milhares de currículos, o que torna quase impossível garantir que os candidatos mais apropriados foram de fato selecionados para a fase seguinte. Uma outra situação rotineira do RH, pense, se você tivesse que entrar no sistema ou em uma planilha para checar se está correto o lançamento de férias de cada um dos funcionários de uma empresa? Esse cenário tende a mudar. Pelo menos é o que é identificado por muitos autores recentes. Almeida (2022), por exemplo, se preocupou em apontar novos caminhos para a gestão de pessoas na era digital. Em síntese, por exemplo, acredita-se que os profissionais de RH poderão dedicar mais atividades que agreguem mais valor, isto é, que tenham mais relação com o objetivo final de suas atribuições. Isso significa que poderão agora realizar com mais destreza o mapeamento das competências internas dos colaboradores, ter acesso quase que 48 instantâneo aos cargos e salários em alta no mercado, melhor organizar quais treinamentos devem ser realizados e como deverão ocorrer, poderão prospectar com maior amplitude potenciais talentos etc. Como a própria Almeida (2022) aponta, há mais de vinte anos, as empresas têm procurado realizar de forma mais otimizada tais atividades. Ocorre que somente nos últimos cinco anos (e, em especial, a partir da pandemia), a digitalização tem ganhado mais intensidade. O que a digitalização do RH tem trazido de bom para os profissionais de RH? O que há de tão especial assim? Naturalmente, não existe uma única resposta para tais perguntas. Queremos aqui, enfatizar um dos aspectos que, certamente, é a base para melhor respondermos a tais perguntas: a adoção de ferramentas digitais para gestão de pessoas. Como assim? Quais ferramentas digitais se aplicam ao gerenciamento de pessoas, agregando valor às atividades dos profissionais de RH? Como isso ocorre? É exatamente disso que vamos tratar no próximo tópico. 2. Ferramentas digitais aplicadas ao gerenciamento de pessoas Inicialmente, nunca é demais relembrar. Não vamos nos atrever a fazer um levantamento de todas as possíveis ferramentas digitais. É, além de improdutivo, como já dito em outras oportunidades, inapropriado. Em termos práticos, é muito mais racional entender os problemas que as ferramentas podem resolver ou benefícios que podem trazer e como podem ser utilizadas. Vale também o velho princípio de que é mais prudente, antes de gastar dinheiro adquirindo versões completas das ferramentas digitais, fazer uso das versões gratuitas (free) disponíveis na Internet. Cada empresa 49 tem demandas específicas. O que serve para uma, não necessariamente servirá para outras. Então, vamos lá! O quadro abaixo sintetiza um conjunto de cinco ferramentas aplicáveis à gestão de pessoas. Preferimos destacar o nome da empresa (apenas como exemplo) responsável pela ferramenta e seus principais benefícios. Esse quadro foi construído a partir da experiência prática deste autor. Trata-se de um levantamento não exaustivo. Quadro 1 – Mapeamento de potenciais ferramentas digitais para gestão de pessoas Exemplo Benefícios Sólides. Tem múltiplas funcionalidades. É útil, por exemplo, para analisar automaticamente avaliações de desempenho e pesquisa de clima. Permite também automatizar as etapas de recrutamento e seleção de pessoas e o recebimento de feedbacks. Ajuda a encontrar os candidatos mais adequados à uma vaga. Por meio de respostas on-line por parte dos candidatos e uso de inteligência artificial e análise de big data, é possível analisar automaticamente o fit deles com o perfil necessário para as vagas em aberto. Gupy. Suas principais funcionalidades se referem ao recrutamento e seleção de candidatos. Ajuda a filtrar currículos e divulgar vagas de maneira integrada com o Linkedin e Facebook. Assim como o Sólides, ajuda a encontrar o candidato mais adequado a uma vaga. Plusoft. É mais focado na gestão interna de informações e documentos de uma área de RH. Automatiza a gestão de documentos para realização de onboarding (reuniões de recebimento de novos funcionários), envio de documentos internos (como atestados, por exemplo) solicitação de férias e relatórios de avaliação de colaboradores. Feedz Suas principais funcionalidades dizem respeito à avaliação de desempenho de funcionários, definição e gestão de metas e objetivos (Objectives and Key Results–OKRs). Há também funcionalidades para onboarding e gamificação. Vitalk Permite atendimento psicológico individual e on-line para os profissionais, sobretudo, para os que sofrem por problemas relacionados à saúde mental. Consegue atender os pacientes de forma customizada por meio do uso de inteligência artificial e da atuação de atendentes virtuais. Fonte: elaborado pelo autor. 50 Como dito, não é uma lista total. Apontamos cinco exemplos para que fique clara a diversidade de opções e benefícios. O bom gestor de RH, assim como seu time, deve sempre analisar se os benefícios gerados por tais ferramentas estão alinhados com as necessidades específicas de sua empresa. Como visto, a Gupy, por exemplo, é útil para as empresas que querem ter um processo de recrutamento e seleção de candidatos mais eficiente. No entanto, caso sua empresa esteja satisfeita com a forma como tal processo é conduzido, talvez o melhor não seja adotar essa ferramenta. Entre a diversidade de opções apresentadas acima, como lembra Saraiva (2020), tem crescido, por exemplo, o uso de ferramentas digitais para gamificação (ou gamification, termo em inglês). Em linhas gerais, são ferramentas que visam criar um ambiente competitivo saudável e lúdico entre os colaboradores de uma empresa. A Feedz citada no quadro acima, além de várias outras desenvolvedoras como a Gamefic, a Niduu, a Ludospro, a Didaxis possuem soluções de gamificação. Em síntese, o que se nota é que os profissionais de gestão de pessoas têm focado, agora, em atividades mais estratégicas e deixado para que as ferramentas digitais agilizem o trabalho de coleta e análise de dados. A esses profissionais recai agora mais as atividades que demandam habilidades tácitas e humanas. É exatamente isso quetêm defendido os trabalhos mais recentes, como os de Almeida (2022) e Teixeira e Hanashiro (2020). Esse fenômeno (profissionais de uma determinada área deixam que as ferramentas digitais agilizem suas atividades operacionais para se concentrarem onde mais agregam valor) também ocorre em outras áreas, como a financeira. É sobre isso que traremos no próximo tópico. 51 3. Gerenciamento financeiro: papel das ferramentas digitais Aqui, valem reflexões semelhantes às que fizemos anteriormente sobre a atuação de uma analista de gestão de pessoas. O analista financeiro também se vê, muitas vezes, preso a um conjunto interminável de atividades operacionais que podem ser melhor realizadas por meio de ferramentas digitais. Partimos do pressuposto, que, assim como um profissional de RH, um profissional de finanças almeja estar envolvido com as atividades mais estratégicas, que agreguem mais valor à empresa. A digitalização ajuda muito. É isso que defendem Schiavi et al. (2020). Imagina se você fosse trabalhar como gestor(a) financeiro(a) em uma grande empresa. Provavelmente, não gostaria de passar todo seu dia digitando, em uma planilha financeira, os valores financeiros das notas fiscais emitidas, muito menos apontando um a um e lançando em um sistema todas as despesas diárias da empresa. Agora, imagine se seu diretor pedir para você checar se alguma nota fiscal foi lançada errada. Você terá que analisar uma a uma no sistema. A depender da quantidade de notas fiscais, você teria que despender um tempo significativo. Isso, sem dúvida alguma, é cansativo e de baixo impacto estratégico. Em linhas gerais, no caso da gestão financeira, existem soluções já consolidadas e usadas há anos por muitas empresas, em especial as grandes, que são os softwares de gestão financeira. Um bom exemplo são as soluções digitais desenvolvidas pela SAP, empresa alemã, uma das líderes mundiais no mercado de softwares de gestão. Aqui, entretanto, focaremos nas ferramentas digitais mais atuais, que têm permitido, por exemplo, por meio da utilização de inteligência 52 artificial e análise de dados em grande escala (BIG Data), ajudar os profissionais de finanças. Você pode estar se perguntando, por exemplo, quais são essas ferramentas digitais e quais benefícios trazem. É examente disso que trataremos em nosso próximo tópico. Antes, porém, lembre-se de que não existe ferramenta perfeita e não faremos, aqui, um censo. Focaremos em seus benefícios. Relembramos, mais uma vez, que se você for um profissional da área financeira, junto com sua equipe, discuta as vantagens e desvantagens de cada ferramenta digital e adote aquelas que vocês entenderam que são mais aderentes às características particulares de sua empresa. Como não poderia faltar, não podemos deixar de reforçar que não existe solução mágica. 4. Ferramentas digitais aplicadas ao gerenciamento financeiro Podemos entender que, diferentemente do gerenciamento de pessoas, o gerenciamento financeiro desde os anos 1990, como lembra Schiavi et al. (2020), tem adotado o que chamamos, aqui, de ferramentas digitais. Antes mesmo de falarmos de digitalização das empresas, a área financeira já fazia uso de softwares que facilitam a troca de informações, por meio de sistemas gerenciais, amplamente adotados, sobretudo, pelas grandes empresas. Há vários anos, por exemplo, as multinacionais, com atuação no Brasil, possuem sistemas informatizados para coletar e analisar os dados financeiros e enviá-los à matriz. Ocorre, entretanto, um fenômeno mais recente, que é a aplicação de ferramentas digitais, como sumarizada abaixo. O que se vê na prática é uma especialização maior dessas ferramentas. Por exemplo, hoje, já é possível encontrar opções que fazem uso de algoritmos muito bem calibrados para avaliar se o perfil de um comprador pela Internet, que 53 representa um alto risco de inadimplência. A Konduto e AllowMe, como vistas no quadro abaixo, têm esse viés de atuação. A Bkper é outra ferramenta inovadora, pois integra planilhas financeiras que estão na nuvem, na plataforma da Google. Como, hoje, é muito comum as pessoas, em especial em empresas menores, salvarem informações financeiras no Google Drive, uma ferramenta assim pode ser de grande valia prática no dia a dia. Em síntese, ferramentas como a Konduto, AllowMe e a Bkper certamente seriam impensáveis há alguns anos. Há também ferramentas que buscam facilitar algo muito comum na gestão financeira das empresas, como o processo de gestão de fluxo de caixa. Entretanto, a novidade é que as ferramentas digitais já permitem que isso ocorra de maneira on-line (o que é pouco comum de se observar na prática nos softwares tradicionais de gestão financeira). Abaixo, assim como no quadro anterior, enfatizamos os principais benefícios da ferramenta. Quadro 2 – Mapeamento de potenciais ferramentas digitais para gestão financeira Exemplo Benefícios IUGU. Facilita a integração de meios de pagamentos para transações online (e-commerce), como boletos, depósitos, pix e pagamentos via cartão de crédito. Quickbooks. Auxilia, principalmente, pequenas e médias empresas, a gerenciar o fluxo de caixa e a emissão de notas fiscais. Nibo. Muito semelhante ao Quickbooks. Granatum. Tem semelhanças com o Quickbooks e o Nibo, no entanto, permite explorar melhor a construção de centros de custos específicos. Bkper. Ajuda as empresas que utilizam múltiplas planilhas financeiras no Google, pois integra os dados em uma única interface. 54 Konduto. Ajuda identificar potenciais fraudes no processo de compra on-line de um serviço ou produto. Por meio de inteligência artificial, é possível cruzar informações sobre o perfil do cliente (tempo de visita ao site, páginas que foram visitadas, quantas senhas foram trocadas, entre outras informações) e saber se é arriscado ou não realizar a venda para determinado cliente. Isso pode reduzir, por exemplo, a inadimplência. AllowMe. Muito semelhante ao Konduto. Ploomes. Os focos principais são as vendas e o relacionamento com o cliente. Merece destaque a integração dessa ferramenta com softwares tradicionais de ERP. Pode enviar, para o software de ERP, os pedidos de compra e orçamentos por parte dos clientes. Precifica. Ajuda no processo de tomada de decisão sobre o preço de venda de determinado produto. Por meio de inteligência artificial e análise de grandes dados (Big Data), a ferramenta permite comparar o preço dos produtos com o que já há nas plataformas de e-commerce. Isso pode ser útil, por exemplo, também para o time de vendas. Fonte: elaborado pelo autor. Apontamos nove diferentes ferramentas, sendo que algumas possuem razoável semelhança, mas é fácil perceber que existem múltiplas opções. Existem ferramentas que são úteis para as empresas em diversas questões, como: monitorar de forma on-line preços dos produtos de seus concorrentes, agilizarem o processo de cobrança, oferecerem segurança de informações financeiras em transações de e-commerce, permitirem integração com softwares já consagrados de Enterprise Resource Planning (ERP), gerir melhor o processo e automatizar os meios de pagamento. Aqui, ao contrário das ferramentas para gestão de pessoas, existe maior restrição para o uso de ferramentas com versões ou funcionalidades gratuitas. É sempre difícil definir com propriedade quais são as ferramentas que possuem opções gratuitas na Internet, pois isso depende da estratégia de cada empresa. Uma empresa é livre o suficiente para decidir como precificar seus produtos e qual seu modelo de negócios. Caso entenda que seja interessante, pode mudar sua decisão. Em termos práticos, uma 55 ferramenta qualquer, por exemplo, pode ter funcionalidades mais básicas disponíveis gratuitamente para download na Internet. Entretanto, daqui a um mês, a empresa que desenvolve essa ferramenta pode resolver, da noite para o dia, mudar sua estratégia e não mais oferecer tal gratuidade. Isso significa que,
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