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Resumo Psicologia Fenomenológica (exame) COMO ao invés de POR QUÊ? homem COMO ser-no-mundo Para a fenomenologia, não há determinismo ou relativismo. O que há é uma percepção própria de mundo, que se concretiza a partir das vivências individuais de cada pessoa. Dessa forma, não há verdade absoluta, pois depende da subjetividade de cada pessoa para que seja definida sua própria verdade. ● Os principais nomes da Fenomenologia são: Husserl, Heidegger e Brentano Teoria da intencionalidade: a consciência é sempre 'consciência de alguma coisa', que ela só é consciência estando dirigida a um objeto (sentido de intentio) - doadora de sentido. Objeto: todo objeto é intencional - dotado de sentido - é sempre alguém que lhe atribui significado. Não há objeto puro e sim, objeto a ser percebido. Fenômeno psicológico: dados de experiência que podem ser observados e discutidos pelo sujeito que as experiencia em determinado momento, Fenômeno Sujeito Objeto Noesis - quem tenta compreender Noema - a coisa visada Atos intencionais Essência Époche (Abster-se ou Reter-se) Suspensão do juízo para se aproximar do fenômeno. Redução Eidética: é a compreensão do a priori como eidos (essência) - tudo o que se refere às essências, que são objeto da investigação fenomenológica. Redução Fenomenológica: é o processo que afasta os fatos levando à essência (as coisas são) TEMPORALIDADE PARA HEIDEGGER: Temporal significa o transitório / o que passa com o tempo, no decurso deste; mas não o tempo em si. Para Heidegger a situação existencial é inseparável da temporalidade; o homem só existe porque está essencialmente ligado ao tempo. O que são os sonhos? São a manifestação dos desejos, dos significados atribuídos à própria existência do sonhador, 2 a partir da relação intencional da consciência do sonhador consigo mesmo e com o mundo à sua volta. QUESTÕES SOBRE OS SONHOS: 1) Por que precisamos dos sonhos? Para podermos lidar com a realidade atual, necessitamos ter esperança de mudança, necessitamos de uma força que nos faz viver e ter um propósito. 2) Segundo o autor, o que faz com que os sonhos sejam frágeis? Os sonhos são frágeis pois trazem à tona uma fragilidade do indivíduo, que este gostaria que ficasse escondida. Os aspectos mais profundos de sua personalidade são transparecidos. Os sonhos fazem com que se idealize uma situação ou uma pessoa e, quando a realidade é diferente, o sonhador se frustra. 3) Quais as possibilidades de vivências que o autor apresenta para os sonhos que são destruídos? O autor coloca que, mesmo que os sonhos sejam destruídos, é necessário utilizar a força proporcionada pelo sonho para não desistir de sonhar. 4) A realização dos sonhos pode trazer vivências negativas? Sim, pois, muitas vezes, a realidade é muito diferente do que foi idealizado, trazendo frustração. 5) Diante da morte dos sonhos o autor descreve 3 experiências existenciais, descreva cada uma delas. Raiva, esquecimento e teimosia. Na raiva, há um certo rancor daquilo que poderia ter sido e não foi, há rancor daquilo que não se concretizou, tornando cético o ex-sonhador. No esquecimento, as pessoas simplesmente se esquecem daquilo que haviam sonhado, se contentando com o não realização do sonho. Já na teimosia, as pessoas aceitam que o sonho morreu, mas utilizam da força deixada por ele para se apossarem de um novo sonho. QUESTÕES ORIENTADORAS PARA ESTUDO: 1. Quais são as críticas de Heidegger à metafísica? Heidegger acredita que a metafísica esquece o ser. A relação de sujeito e objeto destitui o homem da sua relação originária com o mundo. Heidegger pensou o homem como existência com uma constituição ontológica primordial com o mundo, denominando-o ser-aí, Dasein, enquanto ser-no-mundo. Essa constituição primordial tem sido esquecida pela metafísica, mas, Heidegger a constata, ou seja, retira de seu âmbito de esquecimento partindo da análise crítica da metafísica tradicional realizada no interior de uma analítica existencial do homem, e posta em questão. 3 2. Segundo Heidegger, como a metafísica contribui para o esquecimento do SER? A metafísica entifica o ser, o tratando como objeto. Para Heidegger, a metafísica investiga o ente como tal, tem sua investigação orientada pelo ser do ente, mas não se propõe a questão do ser. 3. Explique o conceito de DASEIN. Ser que não é abstrato ou uma mera condição animal, mas um ser em situação, engajado numa historicidade e aberto às relações. Uma condição repleta de possibilidades. Compreende a sua existência a partir de suas relações e vivências cotidianas, situado em um contexto no mundo que não diz respeito apenas a um espaço delimitado físico ou geograficamente. 4. Explique o caráter indeterminado do DASEIN: ser-lançado, facticidade e decair. A facticidade diz-se da própria condição do indivíduo, relacionada ao mundo, submetida às circunstâncias e/ou necessidades inerentes aos fatos. Para fugir de si e de sua própria morte, o homem decai no mundo, misturando e tornando-se um com ele. O fato de o homem encontrar-se junto ao mundo o marca, onticamente, como um ser decadente. Dessa forma, a decadência é a determinação ôntica da facticidade, enquanto que a culpa é a determinação ontológica do existencial da facticidade. Mas, a angústia, determinação ontológica do existencial da disposição, retira o mundo do homem lançando-o frente às suas possibilidades de ser, isto é, frente ao nada que ele mesmo é. A de-cadência é o estar-lançado no íntimo de si mesmo, na peculiaridade de nossa própria existência na sua mais intrínseca relação com o mundo. Segundo Heidegger, se queda fosse o termo compreendido para tal situação, poderia muito facilmente ser interpretada como uma disposição simplesmente jogada ou mesmo doada ao homem, por que, o Dasein não “cai” de um estado mais original para outro menos original. Ela – a de-cadência – é uma determinação existencial do Dasein, não estando ligado a ele como “alguma coisa” doada pura e simplesmente 5. O que significa SER-NO-MUNDO para Heidegger? Ser-no-mundo é uma das características do Dasein. O homem é a própria representação do ser no mundo. Não é uma consciência separada, mas sim relacionada com os objetos, a linguagem e a cultura. ENTE: Pessoa, sujeito, indivíduo, ser DASEIN (ser-aí é ser-no-mundo): ente com sua essência, relação com o próprio ser MUNDO: onde os fatos estão ocorrendo ATENDIMENTO INGÊNUO: sem preconceito, sem crítica - compreensão daquilo que realmente é e não o que a teoria diz ser. Ludwig Binswanger - Quem somos e o que somos? 4 PRINCIPAIS PONTOS: ● Nasceu e morreu em Kreuzlingen (84 anos) ● Família de médicos ● Herdeiro do Hospital Psiquiátrico Bellevue Sanatorium, no qual foi o diretor ● Era amigo de Freud e Jung ● Fundador da Daseinsanálise Psiquiátrica ● Crítica ao Psicologismo - fidelidade à Husserl (intencionalidade) e oposição às ideias freudianas (biologismo) ● Foco na importância da essência do existir humano Daseinsanálise ● Baseado no pensamento de Heidegger ● Recondução do homem ao seu próprio modo de ser ● A daseinsanálise é mais que um método interventivo, é um modo de compreensão da experiência do paciente Daseinsanálise psiquiátrica como método investigativo que tem como objetivo compreender as síndromes e sintomas da psicopatologia sob a perspectiva fenomenológica. Oposição às ideias psicanalíticas Questionamento das ideias de Descartes SONHO: forma e expressão de ser-no-mundo. ● Importância do TEMA e CONTEÚDO. ● Lado noturno da existência: sonhar como homem biológico (é) e viver como realizador de uma vida histórica. ● “Os sonhos pertencem ao reino da noite e da terra e são, eles mesmos, demônios que assombram seu próprio domínio (Demos, em Homero) e constituem sua própria linhagem (Phylon, em Hesíodo). 3 FASES DO PENSAMENTO DE BINSWANGER: ● 1922 - Antropologia fenomenológica - teoria da intencionalidade - homem e sua história de vida 5 ● 1942 - Após a leitura da obra Ser e Tempo - ideias como ser-no-mundo e existência humana - sonhos e mundo vivido● 1960 - Retorno à Husserl - fenomenologia genética centrada na subjetividade - Fluxo Temporal 3 FORMAS DE EXPERIENCIAR O MUNDO PARA BINSWANGER: ● Umvelt - relação organismo x ambiente (Mundo Biológico) - MUNDO DAS COISAS ● Mitvelt - relações interpessoais - mundo social - MUNDO DOS E COM OS OUTROS ● Eigenvelt - mundo próprio, mundo interno - MUNDO INTERNO SER-NO MUNDO SADIO X SER-NO-MUNDO DOENTE Sadio - interação normal com o ambiente do mundo real SER-ALÉM-DO-MUNDO ● Amor como forma fundamental de edificação de todo o conhecimento e compreensão do Ser Através do amor, uma pessoa pode transcender seguindo suas próprias motivações MODO DE SER-NO-MUNDO NOS CASOS DE DOENÇAS MENTAIS Alterações na corporeidade, tempo, espaço e relações sociais. ● MELANCÓLICO - não se desvincula do passado, sua existência é dominada pelos acontecimentos anteriores - o presente não tem significado e o futuro está fechado enquanto possibilidade. ● MANÍACO - experiencia um constante agora, sem permanência ou planejamento do que quer que seja. 6 ____________________________________________________________________________ Medard Boss ● Nascido em 1903, em St. Gallen, na Suíça ● Se tornou médico em 1928, pela Universidade de Zurique ● Assistente de Eugen Bleuer, que cunhou o termo esquizofrenia, na Clínica Psiquiátrica Burgholzi, onde entrou em contato com o trabalho de Biswanger ● Em 1947, entra em contato com Heidegger pedindo ajuda intelectual ● Boss visita Heidegger a primeira vez em 1949 e inicia uma amizade duradoura com o filósofo ● É eleito Presidente da Sociedade de Medicina Suíça entre 1951 a 1958 ● É eleito Presidente da Federação Internacional de Psicoterapia Médica entre 1954 e 1967 ● Publicação das obras O Sonho e Sua Interpretação (1953), Introdução à Medicina Psicossomática (1954), Psicanálise e Daseinsanalyse (1957) e Um Psiquiatra Viaja Para a Índia (1959) ● Após 1971, funda a Sociedade Suíça de Daseinsanalyse e o Instituto Análitco de Psicoterapia e Psicossomática de Zurique ● No Brasil, funda a Associação Brasileira de Análise e Terapia Existencial, em 1973 ● Seu falecimento ocorre em dezembro de 1990, em Zollkon. 3 Aspectos a serem observados na análise de cada doente Angústia - negatividade da existência (compreensão da própria finitude), culpa e libertação. Medicina ● Trabalhou com a psicossomática até o final da sua vida. ● Acreditava que a medicina era falha por não considerar a experiência da doença, em como o indivíduo se sentia em relação a ela. ● Ele acreditava que a doença influenciava no ser-no-mundo do homem. prejudicando não somente o corpo, mas também suas relações, sua posição como indivíduo seja no âmbito profissional ou no âmbito familiar. ● Câncer como adoecimento existencial. 7 4 MODOS DE ADOECER: 1. Ser-doente caracterizado por uma perturbação evidente da corporeidade do existir humano; 2. Ser-doente caracterizado por uma perturbação pronunciada da espacialidade e na temporalidade do seu ser-no-mundo; 3. Modos de ser-doente constituindo privações importantes na realização da afinação própria à essência da pessoa; 4. Modos de ser-doente constituindo privações importantes na realização do ser-aberto e da liberdade. Daseinsanálise Para Boss, a Daseinanalyse se apresenta como uma terapia amparada numa fundamentação mais humana e mais correspondente ao Dasein da medicina. Para ele, a terapia entra como conceito de tratamento que visa a cura e a libertação do que aprisionou o sujeito. ● O processo daseinanalítico é a libertação da existência para o seu poder-ser, fundamentado no encontro do paciente e do daseinanalista. ● Para ele, a Medicina e a Psicologia são falhas em compreender a experiência humana. ● A relação entre o adoecimento corpóreo e o psicológico humano deve ser feita sem divisão, pois o homem e o corpo são apenas um. ● Recomenda o uso do divã no consultório, pois acredita que a perda do contato visual possibilita que o paciente se entregue ao momento, que é um processo até a libertação. ● A fala é a reveladora dos modos de ser-no-mundo. Ajuda na libertação. A psicoterapia é um processo de desocultação dos imperativos que aprisionam o indivíduo e que o impedem de se apropriar de possibilidades existenciais. ● O trabalho psicoterápico deve ser feito até que o paciente seja capaz de descobrir no ter-que-morrer do antigo eu para se encontrar em um estar-aí amplo e são. ● O indivíduo deve assumir o seu estar-culpado e seguir para um ter-consciência, deixando de lado a opressão causado pela culpa CULPA 8 ● Para Boss, quando se deixa de lado as possibilidades existenciais, ficamos em dívida com nosso ser, sentindo culpa ou débito. Nos sentimos culpados quando olhamos para o passado e nos arrependemos. A culpa entra como fixação no passado e no que poderia ter sido, mas não foi. ● Quando há culpa, há um constante impedimento de outros possíveis futuros. ● A origem da culpa é o nosso deixar-nos necessitar pelo mundo. ● A dívida que o homem tem e sempre terá com o mundo, até sua morte, é a de deixar sua essência se realizar, que só ocorre após o mesmo ter realizado suas possibilidades de exploração provenientes do futuro e deixado as coisas do mundo se manifestarem sob a luz de sua existência. ● Com isso, entramos em um curto-circuito de culpa, pois cada vez mais entramos em dívida com nosso ser. ● A superação da culpa vem com o apropriar-se da essência humana como possibilidade, entendendo que o passado já aconteceu e que o futuro é um leque de possibilidades. O curto-circuito da culpa, é, portanto, uma “eterna” dívida com nosso ser, pois quando olhamos para o passado, sentimos culpa, nos impedindo de vivenciar possíveis futuros, o que novamente gera culpa, criando um ciclo vicioso. SONHOS Os sonhos são reveladores das possibilidades existenciais que uma experiência singular está incapaz de se apropriar em sua vida desperta, ou seja, são fenômenos não acessíveis à percepção acordada. COMPREENSÃO E AÇÃO CLÍNICA: A terapia é um lugar de compreensão, onde o paciente e o terapeuta se comportam e podem ser tocados pelo que vem no encontro desse aí – AÍ COMPARTILHADO. A compreensão clínica necessita de uma escuta aberta e contemplativa para o dizer do outro. É necessário que haja uma postura de acolher, de aceitar e de receber. Além de escutar e acolher, o psicólogo deve se atentar aos sentidos que se apresentam e se ocultam no relato. Assim, o psicólogo caminha ao lado do paciente, como uma espécie de co-piloto, auxiliando-o a alcançar a liberdade e a assunção da própria existência. 9 Na Daseinsanalyse a pergunta que surge é “quem é o paciente?” – compreensão por como se mostra o existir do paciente e as relações do mundo a qual está inserido. O exercício do paciente é compreender e pensar no próprio existir - que é a primeira ação de uma maior proximidade com o próprio comportamento OS SETE MOVIMENTOS OBSERVADOS NA SITUAÇÃO CLÍNICA 1. A relação analista-analisando: ● Homem como Dasein (relacional, indiferente e libertador) ● Relação horizontal (terapeuta não é detentor do saber/construção) ● Relação tu-tu (paciente/paciente- aquilo que faz sentido para o paciente) ● Acompanha a saga do paciente (seu modo de ver a situação/significados) ● Passo para trás (deixando o outro entregue aquilo que lhe diz respeito) 2. A compreensão na relação terapêutica: ● Não há como ser-no-mundo sem uma compreensão prévia (analista vive no mundo compartilhado) ● Compreensão na clínica (acompanhar o que o outro tem a dizer, levando em consideração os sentidos pro paciente) ● Deixar a situação aparecer para o paciente (diante disso, ele decide a ação) 3. Rompendo as Ilusões: ● O terapeuta precisa romper os sentidos históricos e globais (redução de sentidos) EX: ser mãe pra mim é isso, preciso me afastar dessa ilusão pra acessar a visão do outro de mãe. ● Assim, evitará sofrimento existencial; ● Abrindo um espaço para o diálogo acontecer (novos modos de existir) 4. Deixando aparecerque a vida não é o lugar de total realização, comporta frustrações/projetos não realizados: ● Relação de querer ser e poder ser ● Dor causada é a revolta entre o finito e o limite que a vida impõe (dores da existência humana) ● Terapeuta não impede esse sentimento de frustração (abre espaço para o outro dar sentido) ● Positividade na clínica (orientação a conscientização, superação, conquista de auto-realização) ● Negatividade na clínica (deixa transparecer dores e frustrações próprios da existência humana) 10 ● Assim, abre espaço para o paciente compreender seu caráter de lançado, indeterminado e ao mesmo tempo de poder ser. ● O ANALISTA DEIXA APARECER QUE A VIDA NÃO É O LUGAR DE TOTAL REALIZAÇÃO, COMPORTA FRUSTRAÇÕES; PROJETOS NÃO REALIZADOS. 5. Questionando as verdades estabelecidas: ● Verdades estabelecida: “família Doriana”, “família de pastor”, “felizes para sempre” ● As queixas são intimamente relacionadas ao nivelamentos histórico; ● Gerando uma Crise existencial (momento em que há suspensão dos horizontes) ● Assim, dá abertura para outras possibilidades encobertas; frente a novas transformações possíveis) 6. Abrindo caráter de poder ser de toda e qualquer existência, o analisando percebe o quanto restringe suas possibilidades: ● É preciso que haja interesse e afeição na relação analista-analisando (PHATOS) ● Abertura para que o analisando se aproprie do espaço, para que o próprio espaço lhe devolva aquilo que é seu ● Contato com sua interioridade (verdades escondidas; medidas corretivas) ● A verdade (sentido) do analisando se dá por meio da existência ● Conquistas e reconquistas ● ESPAÇO PARA ANALISANDO PERCEBER O QUANTO RESTRINGE SUAS POSSIBILIDADES 7. Despertar, lembrar e transformar: ● Terapeuta abre espaço para o analisando conquiste a medida de sua existência singular (silêncio, solidão) ● Reencontro do querer e poder ser ● Reconhecer dificuldades e limitações