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APS Filosofia e DIREITOS HUMANOS

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Para iniciarmos uma análise ou até mesmo uma descrição sobre os direitos
violados das cidadãs brasileiras no Relatório Mundial de 2019 da Human Rights
Watch é preciso entender um pouco sobre a origem e evolução dos Direitos
Humanos, evolução essa que caminha desde os primórdios da humanidade desde à
Antiguidade com o famoso Código de Hamurabi que compunha um conjunto de leis
para o bem convívio da sociedade, apesar de apresentar diferentes punições para
cada classe social ainda sim foi um dos primeiros marcos registrados sobre os
direitos cabíveis como a vida, o não cumprimento de contratos, estupros etc.
O povo judeu também teve grande importância na criação destes direitos com
a criação dos Dez Mandamentos que continham normas básicas relativas ao bem
da vida como Não Matar e Guardar castidade nos pensamentos e desejos que seria
o adultério como conhecemos hoje, dentro destas origens temos diversas outras
como a Lei das Doze Tábuas, o Direito Natural inerente ao ser humano defendido
pelos gregos e com o passar de alguns séculos e o crescimento da Igreja Católica e
sua doutrina o cuidado com grupos mais fragilizados na sociedade, como órfãos,
viúvas, idosos, doentes e mulheres. Ao longo do desenvolvimento da humanidade
foram se criando diversos documentos que ajudavam a compor os direitos mínimos
aos ser humano, a Magna Carta, a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia
próximo a independência norte americana.
Grande parte dos Direitos Humanos que conhecemos hoje deriva das causas
pós Segunda Guerra Mundial, devido as atrocidades ocorridas na guerra há a
reformulação das políticas internacionais e a criação da ONU e logo após a
Declaração Universal dos Direitos Humanos criada em 1948 que ao longo de seus
30 artigos descreve as normas mais adequadas para a prevenção dos Direitos
Humanos.
Com isso chegamos ao tópico do Relatório Mundial 2019 da HRW Direitos das
Mulheres e Meninas, parte deste tópico aborda a questão do feminicídio e a
violência contra a mulher, com dados do final de 2017 que constavam 1,2 milhão de
processos pendentes nos tribunais brasileiros sobre violência doméstica, isso
aponta que a lei 11.340 de 2006, também conhecida como “Maria da Penha”, falha
em cumprir o seu Artigo 1º “Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
violência doméstica e familiar contra a mulher…” em que estes mecanismos não
conseguem coibir ou mesmo prevenir a violência contra a mulher, mas o
questionamento que podemos fazer é “Por quê?”, existe uma falha por parte do
próprio Estado, como apresentado no relatório em que 23 abrigos que apoiavam
mulheres e crianças com necessidade de proteção foram fechados por corte de
orçamento, as instituições públicas falham em coibir estes acontecimentos por
diversas questões, a falta de instrução nas escolas pelos direitos iguais tanto à
mulheres e homens, ações, programas e propagandas que incentivem o diálogo e a
igualdade até mesmo entre os gêneros e não só homens e mulheres.
A lei propriamente dita também deveria ser fiscalizada e aplicada com maior
rigor, mas para isso é preciso que ocorra uma mobilização e uma conscientização
antes, pois um dos maiores empecilhos que podemos perceber é que a maior parte
destas instituições são regidas por homens, a conscientização é fundamental para
que a aplicação da lei ao menos tenha uma chance e que casos deste tipo de
violência contra a mulher não sejam subnotificados.
Além da violência contra a mulher há também a questão dos abortos que se
fazem necessários concomitantes com os estupros ocorridos contra elas, como
exemplo o recente caso da menina de 10 anos que era estuprada pelo tio desde os
6, em São Mateus, Espírito Santo, que de acordo com a norma jurídica brasileira é
legal a realização do aborto, este e muitos outros casos, vezes devido ao medo de
represálias, exposições ou até mesmo doenças como a síndrome do vírus zika em
que pode causar complicações ao desenvolvimento fetal inclusive levando a
anencefalia, tem a petulância de serem criticados ou até mesmo protestados para
que não ocorram, mais uma indicação do quão falho ainda é a disseminação de
conscientização destas políticas.
Para termos uma solução concreta ou mais abrangente sobre a violação dos
direitos, como descrito no Art. 3º da DUDH, ainda é preciso muito diálogo,
conscientização, fiscalização e ação efetiva do Estado na difusão destes Direitos
Humanos, mas também das pessoas entre si trocarem este tipo de informação,
direcionar aos públicos já é um passo a mais para darmos em direção à Direitos
Humanos mais concretos e menos ilusórios.
Referências Bibliográficas:
RELATÓRIO MUNDIAL 2019. Human Rights Watch, 2019. Disponível em:
<https://www.hrw.org/pt/world-report/2019/country-chapters/325547#27f2ce>.
Acesso em: 29/10/2020.
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso
em: 29/10/2020.
Menina de 10 anos violentada faz aborto legal, sob alarde de conservadores à porta
do hospital. El País, 2020. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-16/menina-de-10-anos-violentada-fara-abort
o-legal-sob-alarde-de-conservadores-a-porta-do-hospital.html>. Acesso em:
29/10/2020.

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