Pedido de penhora de direito que o executado tenha em herança aberta

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Pedido de penhora de direito que o executado tenha em herança aberta
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA __________________.
Processo n. º ___________________________
 
NOME DO EXEQUENTE, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente, à presença de V. Exª., por intermédio do seu advogado ao final subscrito, requerer a penhora de direito que o executado possui em herança aberta, no valor atualizado da dívida de R$ XX,XX (valor por extenso), conforme cálculo atualizado anexo.
Primeiramente, convém asseverar que o devedor responde com todos os seus bens, presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações. Assim, os bens futuros são aqueles que venham a ser adquiridos no decorrer do processo, podendo ser através de herança, indenizações, etc.
Dessa forma, é plenamente possível a penhora de direitos do herdeiro sobre os bens do espólio, uma vez que tal penhora não é sobre os bens individualizados e sim, sobre os direitos que o executado tem sobre aquele patrimônio.
Vejamos o que o TJ-SP fala sobre o tema:
PENHORA. DIREITOS DO HERDEIRO SOBRE ACERVO HEREDITÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. Aberto o inventário, possível a penhora sobre direitos do herdeiro ao quinhão que receberá do acervo hereditário após a partilha. A penhora não é sobre bem individualizado, mas sobre direitos do executado. 2. Não é necessário se esperar pela partilha. Depois dela, a penhora dos direitos se convolará em penhora sobre os bens individualizados transferidos ao herdeiro. 3. Afinal, a o Código de Processo Civil dispõe que o devedor responde pela dívida com seus bens presentes e futuros (art. 789); admite a penhora sobre direitos (art. 835, XVIII) e prevê a sub-rogação do exequente nos direitos do executado, até a concorrência de seu crédito. Recurso não provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2197151-42.2020.8.26.0000; Relator (a): Melo Colombi; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 33ª Vara Cível; Data do Julgamento: 16/09/2020; Data de Registro: 16/09/2020)
Assim, é possível observar que é viável a penhora de direitos do herdeiro, desde que isso ocorra dentro dos trâmites do processo de inventário, recaindo a penhora no rosto dos autos, ou seja, a anotação da constrição deve acontecer no rosto dos autos do inventário de bens.
Prevista no artigo 860 do Código de Processo Civil de 2015, a penhora no rosto dos autos é a apreensão de bens que ainda não pertencem à pessoa, mas que, no futuro, poderão ser atribuídos ao executado em outro processo no qual ele seja autor ou no qual tenha a expectativa de receber algo de valor econômico. É uma ferramenta que funciona como uma garantia de crédito para que seja alcançado o resultado útil do processo.
Sobre o tema, leciona Daniel Assumpção Neves:
“Essa espécie de penhora se presta a dar ciência ao juízo da demanda em que se discute o direito, evitando-se a entrega do produto de alienação de bem penhorado diretamente ao vencedor da ação, considerando-se que esse crédito já está penhorado em outra demanda judicial.” (Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 1366).
Posto isto, considerando que o devedor figura como herdeiro em processo de inventário, tal pedido é medida que se impõe. Diante disso, o exequente requer:
A. A penhora do quinhão hereditário do executado, até o limite do valor devido; e,
B. Seja procedida a penhora do crédito ora executado no rosto dos autos de inventário nº XXX, oficiando o Juízo da…, bem como a intimação do executado de sua realização.
Termos em que pede e se aguarda o deferimento.