Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISTROFIAS CIRÚRGICAS: Úlceras, fístulas e gangrenas · Distrofias cirúrgicas: · É um conjunto de patologias cirúrgicas representadas pelas úlceras, fístulas e gangrena · São feridas que não cicatrizam e tendem a cronicidade · São desordens degenerativas caracterizadas pelo enfraquecimento, degeneração ou desenvolvimento anormal · Falha no desenvolvimento ou nutrição inadequada (vascularização) de algum tecido com consequente alteração do metabolismo · São causadas pela má nutrição tecidual e têm resolução predominantemente cirúrgica · Dystrophia (grego): · Dys = errado · Trophia = nutrição · Anabolismo X catabolismo: · Anabolismo (síntese) = moléculas simples formando moléculas complexas · Catabolismo (degradação) = quebra de moléculas complexas em moléculas simples · Fisiológico: · Equilíbrio entre síntese (reposição e regeneração) e degradação · Patológico (Distrofias cirúrgicas): · Predomínio do catabolismo ou mesmo equilíbrio entre os dois · Não evolui para cicatrização porque não há predomínio do anabolismo · Distrofias podem regredir se houver remoção do agente causador e aumento do anabolismo (melhorar a vascularização) · Senilidade ou animais debilitados: redução da renovação celular e tissular, predominando o catabolismo · Objetivo = estimular o anabolismo · NÃO CONFUNDIR! · Distrofias = nutrição e vascularização inadequadas por traumas ou infecções constantes · Abscesso, flegmão e empiema = agente infeccioso que leva ao acúmulo de pus · Câncer = doença genética ÚLCERAS · Úlceras são feridas que não tendem a cicatrização · Solução de continuidade de profundidade variável na pele ou mucosa, com perda de substância e que não evolui pra cicatrização, tendendo a persistir ou progredir · Podem ser classificadas quanto: · Etiologia (causas locais, sistêmicas e fatores predisponentes) · Características · Localização · Evolução · Fase · Etiologia: · Causas locais: · Traumas · Ex.: lambedura excessiva (prurido), roçar em superfícies ásperas, decúbito prolongado (compressão), etc. · Agentes químicos · Ex.: agentes cáusticos · Medicação (iatrogênico) · Ex.: úlcera gástrica por uso de anti-inflamatórios · Causas sistêmicas: · Doenças infecciosas e parasitárias · Ex.: leishmaniose, Helicobacter pylori, etc. · Fatores predisponentes: (que levem a debilidade local ou sistêmica do paciente) · Estresse · Anemia · Desnutrição · Doenças infecciosas · Distúrbios circulatórios · Excesso de umidade na pele · Úlcera X Erosão: · Erosão é uma úlcera péptica em mucosa · Úlcera é mais profunda · Características de fundo, borda e secreção (pode haver sobreposição de fundos): · Fundo: · Fungosa · Tecido de granulação exuberante · Gangrenosa · Tecido mortificado ou necrosado · Úlcera gangrenosa X gangrena = úlcera gangrenosa ocorre mais nas extremidades · Difteróide · Camada de fibrina · Hemorrágica · Irrigação acentuada · Atônita · Fundo liso e brilhante · Dolorosa · Sensibilidade exagerada · Serpiginosa · Cicatriza de um lado e ulcera do outro · Borda: · Escamosa · Crateriforme · Calosa · Circular · Irregular · Secreção: · Mucosa (catarral) · Purulenta · Hemorrágica · Necrótica · Localização: · Corneana · Estomacal · Abomasal · Gengival · Sola · Evolução: · Aguda · Crônica · > 3 semanas · Crônica-ativa · Piora após 3 semanas; reagudização · Fase: · Regressão · Tendência a cura ao remover a causa e promover o anabolismo · Progressão · Tendência a perfuração em órgão oco porque o processo não foi resolvido · Estabilidade NÃO EXISTE PROCESSO INFLAMATÓRIO E DE REPARAÇÃO SIGNIFICATIVO NA ÚLCERA. SE NÃO REMOVER A CAUSA, A TENDÊNCIA É A PROGRESSÃO. SE REMOVER A CAUSA, A TENDÊNCIA É ESTABILIDADE OU REGRESSÃO. · Fisiopatogenia: · Geralmente é de origem traumática · Irritação constante > · Transtornos circulatórios > · Mesmas fases da ferida (inflamatória, hemorragia, debridamento, reparação e cicatrização) · Metabolismo anormal > · Predomínio do catabolismo · Perda tecidual · Ao remover causa · Aumenta velocidade de reparação · Diminui velocidade de destruição · Diagnóstico · Sinais clínicos · Anorexia · Emagrecimento · Dor · Lesão externa · Às vezes vemos só com fluoresceína · Blefaroespasmo · Vasos episclerais evidenciados · Exames complementares: · Corantes específicos (ex.: fluoresceína) · Exame histopatológico para identificar causa · Exame de imagem: US, RX simples e contrastado · Úteis para úlceras internas · Tratamento · REMOVER CAUSA e a fatores predisponentes · Clínico · Antibioticoterapia · Controlar infecções oportunistas · Úlceras gástricas · Antiácido (ex.: omeprazol) e protetor gástrico (ex.: sucralfato) · Cirúrgico · Curetagem · Retirar tecido necrótico e reativar a úlcera para cicatrização · Causticação com antissépticos · Excisão da parte lesada + plastia, quando possível · Imobilização articular para promover cicatrização ÚLCERA PÉPTICA · Úlcera péptica · Erosão ou ulceração da mucosa do estômago e/ou duodeno · Secreção de HCl pelas células parietais do estômago pela ação de histamina, acetilcolina e gastrina > pode lesar estômago (autodigestão), mas tem os fatores de proteção gástrica · Muco (células caliciformes) · pH no lúmen é 2-4 e da mucosa é neutro · Turn-over celular elevado > alta regeneração · Vascularização · Reduzida carga bacteriana > devido a acidez · Exceto a H. pylori > adaptada > aumenta pH > gastrite, úlcera e câncer · Etiologia (condições muitas vezes associadas) · Gastrite · Corpos estranhos · Medicamentos (AINEs > meia-vida longa de 24-48h > excreção renal demorada > reabsorvidos pelo intestino · AINEs tem que ser de uso veterinário · Infecções (ex.: Helicobacter pylori) · Gastrite hipertrófica · Maior proliferação das células parietais do estômago > aumenta HCl > turn-over aumenta > hipertrofia · Paraneoplásico > nastocitoma e gastrinoma retroalimentam esse ciclo · Glicocorticoides (AIEs) · Endógeno e exógeno · Podem induzir aumento da produção de HCl · Pacientes com dor crônica ou neurológicos > cortisol alto > AINEs > úlcera · Mecanismo que AINEs induzem úlcera · AINEs inibem COX-1, responsável pela homeostase do estômago e produção de muco > aumentando o risco de úlcera · Meloxicam > seletivo/preferencial para COX-2 > menor risco de úlcera gástrica (normalmente associa com omeprazol como protetor gástrico) · AIE aumenta secreção de HCl (assim como o cortisol) · Bloqueia a síntese de fosfolipase A2 > indução de inflamação · Hipoperfusão · Inclusive paciente em CID ou choque tem deficiência na produção de muco · Cortisol aumentado e ainda por cima AINEs · Característica das ulceras pépticas · Erosão: mucosa/submucosa · Úlcera: muscular · Difusas e superficiais · Região mais predisposta é o piloro e esôfago > não tem revestimento de muco · Sinais clínicos · Anorexia, vômito, dor abdominal, melena, hematêmese (cuidado, pode ir a óbito por sangramento alto) · Diagnóstico · US, RX contrastado (iodado, que não tem risco se absorvido), TC, endoscopia (melhor exame sem dúvida) · Achados ultrassonográficos · RX teve sensibilidade de 30% quando não perfurada · US mt próximo da tomografia, us é ótimo método pra diagnóstico · Tratamento · Clínico · Remoção da causa · Suspender dieta por 24h · Terapia antiácida · Omeprazol BID (12-12h) · Reduz a síntese de HCl · Dar junto com alimento ou logo depois (só age quando a bomba de prótons estiver funcionando) · Terapia anti-emética com procinéticos · Metoclopramida > acelera trânsito estomacal > evitando inflamação · Sucralfato · Citoprotetor de mucosa e estimula regeneração · Cirúrgico · Indicação: úlcera grave com hemorragia ou persistência dos sinais por 5-6 dias · Pode ser feita de dois jeitos · Remoção do segmento com úlcera e fechamento · Bolsa de fumo/tabaco para invaginar a úlcera, facilitar sua digestão e cicatrização > não sendo necessário entrar no estômago e evitando contaminação > gera melena · Casos mais graves · Gastrectomia parcial, anastomose do estômago com duodeno, etc. · Bilroth I (gastroduodenostomia) ou Bilroth II (gastrojejunostomia + cistojejunostomia) ÚLCERA DE CÓRNEA· Úlceras de córnea · Muito frequentes · Podem ser superficiais ou profundas, atingindo várias camadas da córnea · Epitélio · Estroma · Membrana de Descemet (tipo membrana basal) · Etiologia · Trauma · Entrópio > margens palpebrais invertidas em direção ao globo ocular · Ectrópio > margem palpebral invertidas para fora, expondo córnea e conjuntiva · Triquíase > cílios no globo ocular · Corpo estranho · Ceratoconjuntivite seca · Imunomediada > redução da porção aquosa da lágrima > falta lubrificação > acúmulo de secreção espessa · Infecção · Pseudomonas, herpesvírus felino, hemobartonella felis (compõe microbiota da unha do gato > difícil tratar) · Paralisia do nervo facial ou trigêmeo · Não pisca adequadamente · Fatores predisponentes · Braquicefálicos (olhos mais proeminentes) · Indicar uso de colírio após o banho para prevenir úlceras · Diagnóstico · Colírio de fluoresceína · Não cora epitélio e nem a membrana de Descemet · Somente para úlceras profundas · 1 gota em cada olho + 1 gota de soro para fixar no estroma · Oftalmoscopia (corpos estranhos) · Teste de Schirmer · Principalmente quando associada a ceratoconjuntivite seca · Tratamento · Úlcera de córnea SUPERFICIAL · Sistêmico · AINEs ou AIEs se tiver uveíte (córnea não cicatriza se tiver inflamação) · Em pacientes atópicos > usar corticoide para controlar prurido e prevenir traumas · Vantagem = chega em poucas quantidades e não atrapalha a cicatrização · Tópico · Desvantagem = atrapalha a cicatrização · Em caso de uveíte ou miose > provável dor > aplicar atropina para analgesia · Desvantagem da atropina = pode aumentar a pressão intraocular, agravando úlcera · Lubrificante > Hyabak para úlcera mais superficial; Systane · Antibiótico · Tobramicina · Ciprofloxacino e gatilfloxacino para bactérias mais resistentes · Aplica de 2 em 2 horas · Avançado (para acelerar cicatrização) · Lentes de contato · Permitem melhor acompanhamento · Rígida – suturada · Colágeno – dissolve em 3 dias · Flap de 3ª pálpebra · Não permite ver a cicatrização · Por 3-5 dias · Deixar pouco tempo para não irritar · Método 1 = sutura à pálpebra superior com nylon 2.0 e captons (sutura de wolff) · Método 2 = sutura à conjuntiva superior · Em equinos = fazer junto com tarsorrafia para melhor sustentação · Úlcera de córnea INDOLENTE (persistente) · Úlceras de córnea superficiais que demoram mais de 2 semanas para cicatrização · Descartar outras patologias (ex.: doença da membrana basal epitelial em cães da raça boxer, samoieda e Golden retriever, herpesvírus em gatos) · Procedimento = debridamento inicial e ceratotomia em gradícula · Anestesia local · Antissepsia com PVPI · Debridamento com swab estéril · Ceratotomia com agulha 25G (“riscar” a córnea ulcerada) · Pode colocar lente de contato ou fazer flap após o procedimento · NÃO realizar ceratotomia em gradícula se existir edema de córnea, úlceras profundas ou se o paciente for gato... · Risco de perfuração de córnea · Nos gatos, úlceras indolentes são VIRAIS (herpesvírus felino)! · Tratar com antiviral sistêmico (fanciclovir) · Úlcera de córnea PROFUNDA · Sistêmico · AINEs ou AIEs se houver uveíte > mesma coisa da úlcera superficial · Antibiótico (ex.: doxiciclina) via oral · Tópico · Atropina, lubrificante e antibiótico tópico > mesma coisa da úlcera superficial · Cirúrgico · Recuperação mais rápida e cicatriz reduzida · Flap conjuntival > melhora vascularização · Rotaciona, cobre com sutura, deixa por 3 a 5 dias · Se úlcera muito extensa, pode fazer 360° · Fios devem ser removidos, mesmo fios absorvíveis · Emergências veterinárias! · Descementocele e ceratomalácia > ação de proteases da Pseudomonas · Alto risco de ruptura ocular em menos de 24h FÍSTULAS · Corresponde a um trajeto acidental que permite a passagem de líquido fisiológico ou patológico, impedindo a cicatrização · São úlceras na forma de canais estreitos e profundos · Classificação das fístulas: SECREÇÃO – CURSO – ETIOLOGIA · Quanto a SECREÇÃO · Secretórias ou excretórias · Passagem de líquido fisiológico (leite, saliva, urina) · Purulentas · Passagem de líquido patológico (pus) · Quanto ao CURSO · Aguda · A fistula em si é aguda, mas o processo que ocasionou é crônico · Crônica · Curso mais prolongado e tempo maior de evolução · Quanto à ETIOLOGIA · Congênitas · Retovaginal · Imperfuração do ânus > fusão de fístula do reto com canal vaginal > eliminação de fezes pela vagina > tratamento cirúrgico com reconstituição do ânus · Lábio leporino ou fístula oronasal · Adquiridas acidentais · Feridas e inflamação de glândulas · Ex.: mastite > pode ficar profunda, comunicando com a cisterna do teto ou da glândula > drenagem de leite contínua impedindo cicatrização · Corpos estranhos · Ex.: fios de sutura (principalmente de algodão) > principalmente em castrações > promovem aderência na parede abdominal > na tentativa de expulsão, forma fístula com drenagem contínua e purulenta > comum causar granuloma de coto ovariano · Ex.: “grass seed” ou “semente de grama” > mais comum nos EUA e acomete mais cães de trabalho (cães pastores) > espécies Austrostipa spp. (Austrália), Hordeum murinum (São Paulo e Sul do Brasil); Avena spp. e Bromus spp. > espículas serrilhadas e anguladas > fácil penetração > movimentação do corpo e migração do corpo estranho por locais de menos resistência (ex.: fáscia muscular, uretra, etc.); ou até mesmo pelo conduto auditivo, atingindo tronco encefálico; e uretra, levando a amputação do pênis e uretrostomia > formação de fístula cutânea · Ex.: espinhos de ouriço cacheiro (Coendou villosus) · Infecção · Fístula dentária decorrente de infecção da raiz dentária e extravasamento de secreção na região infraorbitária · Fratura do 4º pré-molar superior por doença periodontal avançada > fragmento de osso > formação de fístula > muito comum em cães! · Adquiridas propositais · Rumenostomia, colonostomia, etc. · Sintomática · Causas conhecidas (ex.: reação a fio cirúrgico inabsorvível) · Idiopática · Causas desconhecidas (ex.: fístula perianal em cães) · Fístula perianal · Crônica, inflamatória e progressiva · É multifatorial, com causa principal desconhecida · Genética (Pastor Alemão) + ambiente + fatores alimentares e infecciosos + sendo imunomediada, etc. · Lesões únicas ou múltiplas, ulcerosas, dor, infecção secundária, secreção mucopurulenta · Diagnóstico por exclusão · Histórico e sinais clínicos, já que a etiologia é desconhecida · Tratamento · Imunossupressor (ex.: ciclosporina $ ou AIEs) · Limpeza local, antiobioticoterapia e cirurgia · Cultura e antibiograma · Metronidazol enquanto aguarda resultados · Remoção cirúrgica da glândula > deve ser evitada > alta recidiva > complicações (ex.: estenose e incontinência fecal) SINAIS CLÍNICOS · Orifício · Circular, com bordas endurecidas e com drenagem de líquido fisiológico ou patológico · Trajeto · Espaço por onde escoa o líquido · É recoberto por tecido conjuntivo · Pode ser retilíneo ou sinuoso, único ou múltiplo · Fundo · Corresponde a extremidade interna do trajeto · Onde geralmente está a causa do problema ou local de onde o líquido está sendo eliminado DIAGNÓSTICO · Histórico · Drenagem asséptica · Triagem da fístula com sonda uretral · Radiografia contrastada como auxílio (fistulografia) · Cultura e antibiograma · Em caso de solução não fisiológica · Prognóstico variável, depende do caso TRATAMENTO · Fístulas secretória e purulenta · Tem que remover a causa, mas depende da patologia · Fístula secretória · Reestabelecimento do trajeto normal · Associada ao tratamento do processo inflamatório · Determinar via de drenagem artificial permanente ou temporária · Pode ser necessário abolir a função glandular através da aplicação de substâncias irritantes (ex.: infusão de iodo tópico), que destrói o epitélio glandular e elimina a secreção · Fístula purulenta · Uso de antissépticos para controle da infecção · Excisão do trajeto ou aplicação de substâncias irritantes no trajeto da fístula · Ex.: fístula periodontal > antissepsia > às vezes fecha o trajeto fistuloso> faz curetagem > fecha a lesão da pele ou às vezes deixa aberto pra fechar por 2ª intenção · Cirurgia · Curetagem e aplicação de antisséptico ou agentes irritantes · Ressecção do trajeto · Remoção da causa (ex.: corpo estranho) · Promover a drenagem de todo material acumulado para evitar nova fistulação · Exposição do foco (ex.: para remoção de corpo estranho e inspeção) · Excisão + plastia · Felino com fístula palatina traumática · Defeito muito grande para fazer apenas sutura > faz curetagem e limpeza > coloca uma prótese, que faz a função de substituir tecido perdido · Cão com fístula uretral · Dissecado o trajeto fistuloso, iniciando pelo orifício externo > até a sua inserção no trajeto da uretra > excisa e faz plastia do local para reestabelecer fluxo normal > faz sutura dos tecidos externos, musculatura e pele GANGRENA · Processo distrófico em que há mortificação tissular por putrefação ou necrose asséptica ou séptica · Mortificação, esfacelo ou necrose de camadas de tecidos, caracterizada pela falta de vitalidade, podendo ou não ocorrer infecção, acarretando em putrefação · Patologia que usualmente ocorre nas extremidades, considerada como a evolução de um processo necrótico extenso · Tipos · Gangrena úmida · Gangrena seca · Gangrena gasosa ETIOLOGIA · Agentes químicos · Uso de vasopressores (comprometem a vascularização dos tecidos) · Agentes físicos · Contusão grave · Ferimentos com ruptura de vasos · Trombose venosa/arterial · Garroteamento · Torção de órgãos · Gessos, talas e curativos · Debilidade tecidual · Diabetes mellitus · Caso clínico – Paçoca · Ingestão de corpo estranho > 2 cirurgias > sepse > fechamento e lavagem > pressão baixa > noradrenalina na veia > recuperou, mas com morte tecidual nos membros do acesso > devido a vasoconstrição intensa · Tratamento > amputação e órtese · Ingeriu curativo > óbito · Fisiopatogenia · Ação do agente · Diretamente nos tecidos (trauma) · Indiretamente via circulação, sistema nervoso ou sistema endócrino · Causas agem segundo 3 princípios · Determinando alterações na integridade dos elementos anatômicos · Impedindo a nutrição normal dos tecidos · Lesionando nervos · Fisiopatogenia e sinais clínicos · Gangrena seca · Asséptica · Problema arterial – isquemia · Perde líquido (reabsorção e evaporação) · Região seca, de consistência firme · Coloração parda, negra ou cor de pergaminho · Frio e insensível · Volume reduzido · Sulco de delimitação entre tecido mortificado e tecido sadio > reação de defesa do organismo contra patologia > amputação · Gangrena úmida · Distúrbio venoso ou arterial, levando a estase ou infecção · Transudação serosa – exsudato · Bandagem apertada · Impede retorno venoso ou arterial > compressão de nervos > infecção · Escaras edematosas · Coloração parda, avermelhada, esverdeada ou negra · Odor fétido (sulfídrico) – devido a infecção · Começa quente pela infecção e depois fica frio pelo comprometimento vascular · Amolecido e friável · Volume aumentado · Não há sulco de delimitação porque a infecção se espande · Febre, toxemia e sepse · Taquicardia, dispneia e desidratação · Gangrena gasosa · Mais comum em animais mais jovens e em grandes animais · Aumento de volume · Crepitação · Causas infecciosas (ex.: clostridiose) · Evolução da gangrena · Mortificação · Não há fase inflamatória · Tecido já está morto, sem vascularização para chegada de células inflamatórias · Mudança de coloração · Firme e com aspecto de pergaminho (seca) · Consistência pastosa e pus (úmida) ou gases (gasosa) · Insensível · Eliminação · Semelhante a fase de desbridamento · Organismo tenta eliminar ou parar processo · Separação da parte morta por sulco (seca) · Tecido morto se estende para o sadio (úmida) · Reparação · Por cicatrização, que só ocorre se eliminar tecido morto (subcrostácea – seca) · Tecido com supuração (mamelões; cicatrização – úmida) · Diagnóstico · Sinais clínicos · Perda da função · Paresia ou paralisia · Variação na coloração · Primeiro cianótico e depois escurecimento · Falta circulação · Ausência de pulso · Resfriamento · Insensibilidade · Prognóstico · Favorável · Se limitado a pele e tecido subcutâneo, e restrita a área pequena · Desfavorável · Se mortificação de extremidades · Tratamento · Remover a causa que está prejudicando vascularização · Mais eficaz para gangrena seca · Analgesia e antibiótico · Contaminação secundária frequente e morte tissular · Fluidoterapia para homeostase · Acelerar desbridamento · Aplicação tópica de antisséptico (hipoclorito de sódio para diminuir odor) · Antibiótico tópico e colagenase · Água oxigenada para reduzir anaerobiose · Evitar pomadas, pó ou bandagens · Aumentam anaerobiose > crescimento de clostridium · Se for o caso, trocar pelo menos 2 vezes ao dia · Cirurgia · Impedir a extensão da gangrena · Amputação com margem ampla TROMBOEMBOLISMO ARTERIAL FELINO · Fisiopatogenia · Perturbação nos mecanismos hemostáticos (Tríade de Virchow), levando à formação de trombos · Tríade de Virchow · Alteração na superfície do endotélio · Ex.: vasculite · Alteração na circulação sanguínea · Estase venosa ou arterial · Cardiomiopatia hipertrófica em felinos > hipertensão > fluxo turbulento · Alteração da composição do sangue · Aumento de substâncias pró-coagulantes (plaquetas e fibrinogênio) e redução de fatores anticoagulantes e fibrinolíticos · Vasculite, hemangiossarcoma, hipertensão, cardiopatias, CID, etc. · É a principal consequência da cardiomiopatia hipertrófica em felinos · Ecocardiograma: sangue espesso e estase > tratar como tromboembolismo · Sinais de smoke em átrio esquerdo > processo de trombo iminente · Fluxo turbulento na sístole na saída ventricular esquerda por obstrução hipertrófica em zona subaórtica e no átrio esquerdo por insuficiência mitral · Trombo se instala na trifurcação da aorta (“trombo em sela”) · Obstrução do fluxo sanguíneo nas artérias ilíacas internas direita e esquerda e mediana caudal · Comprometendo a perfusão do membro pélvico · Sinais clínicos · Depende da localização do trombo... · Paresia ou paralisia e perda de propriocepção do membro · Cianose (coxim) · Ausência de pulsação · Pele fria · Diagnóstico · Histórico · Achados clínicos · Exames de imagem (visualização de trombo e fluxo sanguíneo) · Angiografia · Ecocardiograma · Ultrassonografia com Doppler · Tratamento · Analgesia e suporte com fluidoterapia · Terapia anti-agregação plaquetária · Clopidogrel · Bloqueio reversível > atua indisponibilizando o ATP para a plaqueta · Preventivo para cardiomiopatia hipertrófica · Terapia anticoagulante (quando trombo já instalado) · Heparina (200-250UI/kg + 200UI/kg, SC, 6-6h) · Ou enoxaparina (1,5mg/kg, SC, 6-6h) · Não dissolvem o coágulo, mas impedem a formação da fibrina, prevenindo novos trombos · Terapia trombolítica · Estreptoquinase > não é usual, não tem dose preconizada e risco de reação · Cirurgia · Amputação do membro, se não for possível recuperar a vascularização · Ou remoção de trombo > pouco realizada · Prognóstico desfavorável com cardiomiopatia hipertrófica · Mediana de sobrevida baixa, ninguém vive mais de 6 meses... quando trombo forma, já está em quadro avançado CONCLUSÕES · Úlcera, fístula e gangrena são distúrbios/distrofias nutricionais que levam ao comprometimento vascular, neurológico e debilidade local e sistêmica · Tratamento é usualmente cirúrgico, mas o clínico, com a remoção da causa, é igualmente importante
Compartilhar