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Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com DO CASAMENTO CONCEITO Antigamente, o casamento era concebido basicamente como a união entre homem e mulher, contraída de acordo com a lei civil. Hoje, entretanto, essa noção é diversa, sendo o instituto do casamento um elemento muito mais abrangente, também considerando a noção de contrato. LAFAYETTE – O casamento é um ato solene pelo qual duas pessoas de sexos diferente se unem para sempre. BEVILAQUA -> O casamento é um contrato bilateral e solene, pelo qual um homem e uma mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por ele suas relações sexuais. GONÇALVES -> O casamento é o negócio jurídico de Direito de Família por meio do qual um homem e uma mulher se vinculam através de uma relação jurídica típica, que é a relação matrimonial. Esta é uma relação personalíssima e permanente, que traduz ampla e duradora comunhão de vida. FRANCISCO -> O ato solene de união entre pessoas de sexos diferentes para a formação de um núcleo socioeconômico estável, com fins reprodutivos e de mútua assistência. Ato civil de união entre um homem e uma mulher, de celebração gratuita, criando uma família e visando à comunhão plena de vida, à proteção econômica, à reprodução e à mútua assistência entre seus membros, baseada na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges. IMPORTANTE: Em que pese as definições apresentadas considerarem casamento as relações matrimoniais construídas entre homem e mulher, ressalta-se que o STJ já reconheceu expressamente a inexistência do óbice relativo à igualdade de sexos. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com NATUREZA JURÍDICA NÃO VAI CAIR NA PROVA Concepção clássica -> O casamento civil é um contrato, cuja validade e eficácia decorriam exclusivamente da vontade das partes. Tal concepção tinha como fundamento o contexto religioso do casamento, este visto como um sacramento. Concepção institucionalista -> O casamento é uma instituição civil e social, no sentido de que reflete uma situação jurídica cujos parâmetros se acham preestabelecidos pelo legislador. Ou seja, o casamento seria um conjunto de regras impostas pelo Estado, sendo a vontade dos cônjuges substituída pela vontade deste, a não ser na fase de contração do matrimônio. Ou seja, apenas existia a livre manifestação da vontade na escolha do futuro cônjuge e na precedente eleição do regime de bens. Concepção eclética -> O casamento é um ato complexo, ao mesmo tempo contrato e instituição. A construção dessa concepção se deu a partir da tendência à ampliação da autonomia provada dos consortes, sendo possível a alteração de mais alguns preceitos matrimoniais ainda durante o casamento, por exemplo. Pode-se definir o casamento como ato complexo, como ensina Silvio Rodrigues, dependente em parte, é verdade, da autonomia privada dos nubentes, mas complementado com a adesão dos noivos ao conjunto de regras preordenadas, para vigerem a contar da celebração do matrimônio, este como ato privativo do Estado [...]. - Rolf Madaleno Nosso Código Civil não nos traz de forma expressa a corrente adotada. CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO → Ato solene gratuito → Ato consensual, bilateral e pessoal → Quando tiver caráter religioso, pode produzir efeitos civis3 3 Realizado o casamento por confissão religiosa reconhecida, seus efeitos civis poderão ser validades se a requerimento do casal for registrado, a qualquer tempo, no ofício civil, mediante prévia habilitação matrimonial, perante a autoridade competente e observado o prazo de 90 dias. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com → Deve ser contraído apenas por pessoas capazes4 (art.. 1.515 e 1.518, CC) → Regulado por normas de ordem pública → Estabelece comunhão plena de vida5, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges → Representa união permanente, ressalvado o direito ao divórcio → Não comporta termo ou condição → Permite liberdade de escolha do nubente DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO A capacidade para o casamento é uma das formalidades exigidas, que visa proteger a regularidade do casamento. Isso existe porque, segundo Gonçalves (2023), a lei considera relevante que o consentimento dos nubentes obedeça a certas solenidades, não só para que seja manifestado livremente, como também para facilitar a prova do ato. Consentimento -> Elemento de formação do casamento e deve ser bilateral, pessoal e recíproco, manifestado pelo encontro de vontades dos nubentes. Idade núbil: A aptidão para o casamento decorre do preenchimento de condições fisiológicas que caracterizam a puberdade, com o desenvolvimento dos órgãos e glândulas que permitem a procriação e que varia de individuo a indivíduo, bem como da existência das condições psíquicas determinadas pelo discernimento adquirido com a maturidade e a vivência. O ser humano atinge a idade núbil aos 16 anos completos, mas até que completem 18 anos, deverão os pais anuírem com o casamento, podendo revogar a anuência a qualquer momento antes da celebração (art. 1.518, CC)67. Art. 1517, CC: O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar-se, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 4 Existe uma limitação de idade quanto ao regime de bens a escolher por pessoas maiores de 70 anos. 5 Trata-se de preceito ético, não definido. É considerada uma cláusula geral aberta de comportamento conjugal e tem como fundamento a boa-fé. Entretanto, é uma condição de validade de todo o casamento, atributo indispensável de sua existência e subsistência. 6 Permite-se o suprimento do consentimento dos pais por meio de decisão judicial, caso a denegação seja injusta. 7 Importante destacar que, a partir dos 16 anos, o indivíduo já possui capacidade civil relativa, de forma que podem expressar sua vontade civil, desde que assistidos pelos pais ou responsáveis (art. 4º, CC). Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Não se admite o casamento antes da idade núbil nos casos envolvendo gravidez na adolescência ou para extinguir a punibilidade criminal do ofensor nos casos de violência sexual, como antes era praticado no ordenamento jurídico brasileiro. Art. 1.520, CC: Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. Pessoas com deficiência: O art. 6º, inciso I, do Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê que as pessoas com deficiência possuem capacidade civil para celebração de casamento. No entanto, é preciso se ater às particularidades de cada caso, para que se verifique se as circunstâncias do casamento não pode resultar em um risco de lesão aos interesses do deficiente. Ou seja, eventual deficiência mental ou intelectual, por si, não afastam a capacidade civil das pessoas, salvo se, em decorrência delas, não puderem exprimir sua vontade. O mesmo ocorre com o casamento. DOS PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Enquanto negócio jurídico stricto sensu, o casamento possui os planos de existência, validade e eficácia. Existência -> Para que o casamento exista, é preciso que seja constituído pela manifestação da vontade das partes e pela presença de autoridade competente para reconhecer a celebração do casamento8. Validade -> A validade do casamento diz respeito à observação dos requisitos legais do matrimônio, como a ausência de impedimentos e a existência de autoridade competente para a celebração da cerimônia. No plano da validade, falamos sobre nulidade ou anulabilidade do matrimônio. Atualmente, nosso ordenamento jurídico dispõe que é necessária uma declaração judicial de nulidade para que seja reconhecida a invalidade do casamento (arts. 1.561 a 1.563, CC). → Verificada a nulidade, o mandante possui o prazo de 180dias para o ajuizamento da ação de anulação do casamento; dois anos para a autoridade competente e três anos para o cônjuge. 8 Antigamente, exigia-se também que os nubentes fossem de sexos diferentes. Hoje não mais prevalece tal requisito. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Observação: Ainda que considerado nulo, o casamento irá produzir efeitos em relação aos filhos e aos cônjuges de boa-fé, até o dia da sentença judicial, nos termos do art. 1.561, CC. Eficácia -> A eficácia diz respeito à capacidade de o casamento produzir efeitos. O casamento produz efeitos nas esferas patrimonial, pessoal e social dos consortes. Além disso, o casamento vincula os cônjuges a uma série de direitos e deveres que devem ser observados na constância do matrimônio. IMPEDIMENTOS, INVALIDADES E CAUSAS SUSPENSIVAS IMPEDIMENTOS O art. 1521 do CC traz de forma taxativa as hipóteses de impedimentos matrimoniais. São proibições, que geram a nulidade do casamento. ❖ Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz, sendo que o juiz ou o oficial do registro, sabendo de alguma causa de impedimento, é obrigado a declarar, independentemente de provocação (art. 1.522, CC). ❖ A oposição de impedimento deve ser apresentada em forma de declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas (art. 1.529, CC). É assegurado aos nubentes o direito de produzir prova em contrário. Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Não podem se casar, sob pena de nulidade: → As pessoas já casadas: Procura-se combater a poligamia e prestigiar a monogamia. O impedimento apenas desaparece com a dissolução do casamento anterior (art. 1.571, §1º, CC). Mesmo se o casamento anterior for nulo, não poderá o nubente se casar. Para isto, ele deverá conseguir, judicialmente, uma declaração de nulidade. Observação: O casamento religioso de um ou de ambos os cônjuges, que ainda não foi registrado no registro civil, não constitui impedimento para a celebração do casamento civil, uma vez que não é existente no plano jurídico (o padre não é autoridade competente para a celebração do casamento). → Ascendentes com descendentes, mesmo que adotados: Pais e filhos, avôs e netos, netos e bisnetos – linha reta consanguínea. As razões de tal proibição são eugênicas9, morais e éticas, e também se estendem aos filhos adotivos. O CC proíbe o casamento entre consanguíneos em linha reta in infinitum, ou seja, sem limitação de graus. Isso porque as relações sexuais entre os parentes por consanguinidade caracterizam o incesto, que sempre foi combatido10. Observação: É possível o casamento entre colaterais de terceiro grau, desde que apresentados exames médicos que apuram possíveis condições digenéticas. Além disso, essa lógica também se aplica à união estável. No caso dos filhos adotivos, o impedimento também existe. Trata-se de proibição de ordem moral, considerando o respeito e a confiança que devem reinar no seio da família. → Os afins em linha reta: Os parentes afins são aqueles surgidos após o casamento ou união estável, ligados pela afinidade. Trata-se do parentesco de sogro e sogra, genro e nora, enteados. Observação: A dissolução do casamento que deu origem ao parentesco não extingue a afinidade em linha reta (art. 1.595, §2º, CC). Além disso, a afinidade em linha colateral não constitui empecilho ao casamento. 9 Os impedimentos de ordem eugênica têm o escopo de defesa da etnia, porque tencionam evitar moléstias hereditárias, subsistindo a ideia de que de pais sadios nascem filhos saudáveis, ao impedir casamentos entre pessoas sobre os quais existia uma grande probabilidade de procriarem filhos aos quais transmitam pelo contato sexual determinadas enfermidades dos pais (MADALENO, 2022). 10 O impedimento revela preocupação de natureza eugênica, havendo a preocupação com o nascimento de crianças defeituosas em razão da baixa variabilidade genética. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com → Os irmãos (ainda que um deles seja adotivo): Os irmãos são parentes colaterais em segundo grau, descendendo de um tronco comum. O impedimento alcança os irmãos havidos ou não de casamento, sejam unilaterais ou bilaterais. → Demais colaterais consanguíneos até o terceiro grau (tios e sobrinhos): Proibição de ordem ética. Não se trata, portanto, de proibição de caráter absoluto. Decreto-Lei 3.200/41: Haverá proibição apenas se comprovada a inconveniência das núpcias no que tange à saúde de futura prole. Durante o processo de habilitação, deverão os nubentes passar por exames médicos, os quais devem atestar a ausência de risco para a saúde da futura descendência. Observação: Primos são colaterais de quarto grau. Podem, portanto, contrair matrimônio. → Cônjuge que sobreviveu com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte → Menor que não atingiu a idade núbil ANULABILIDADE Em algumas circunstâncias, o matrimônio pode ser declarado nulo, ou seja, são anuláveis. São elas: → Casamentos das pessoas coagidas → Casamento das pessoas que não tenham condição de exprimir sua vontade → Casamento de quem, na idade núbil, não tenha a autorização para contrair o matrimônio11 → Casamento celebrado mediante procuração cuja revogação anterior fosse ignorada → Casamento praticado em erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge, tornando insuportável a vida em comum 11 No livro, o professor destaca que se trata de hipótese de impedimento, ou seja, trata-se de nulidade absoluta, devendo o MP ou qualquer outro interessado declará-la. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com CAUSAS SUSPENSIVAS As causas suspensivas são determinadas circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento, se arguidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo, mas que não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade. O casamento apenas é irregular, mas não anulável. Em geral, essas causas têm relação com o interesse de terceiros, como herdeiros e ex-cônjuges. As causas suspensivas estão previstas pelo art. 1.523 do CC. Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.❖ A oposição das causas suspensivas deve ocorrer até o momento da celebração do casamento e pode ser realizada por: • Parentes em linha reta dos nubentes • Colaterais em segundo grau dos nubentes A oposição deve ser apresentada em declaração escrita e assinada, assim como a oposição do impedimento. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com ❖ A sanção aplicada é a incidência obrigatória do regime de separação de bens12 e a instituição de hipoteca legal em favor dos filhos do primeiro casamento. ❖ O juiz pode deixar de aplicar sanção prevista caso entenda que não existe prejuízo aos interessados ❖ Os legitimados devem se opor ao casamento tempestivamente (15 dias depois da publicação dos editais) São causas suspensivas: → Pessoa que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros: Causa suspensiva que visa impedir a confusão de patrimônio e embaraçamento do procedimento de partilha posterior. O casamento apenas pode ocorrer ao fim do procedimento de inventário, quando a partilha é homologada em juízo e quando ocorre a efetiva separação de patrimônios. → Divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal: Mesmo motivo da causa suspensiva anterior. → A viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal: O objetivo é evitar dúvidas sobre a paternidade que ocorreria caso a mulher estivesse grávida do de cujus. A proibição pode ser afastada caso se comprove que a mulher não esteja grávida, ou se a gravidez for evidente no momento da morte, ou, ainda, se ocorrer um aborto. 12 Conflito com a Súmula 377 do STF, a qual dispõe que o regime legal ou obrigatório da total separação de bens não subsiste. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Observação: O mesmo se aplica à mulher divorciada (Enunciado n. 517, da V Jornada de Direito Civil do CNJ). → Tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saladas as respectivas contas: Trata-se de causa suspensiva que visa afastar a coação moral que possa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do incapaz, protegendo-se o patrimônio deste. DO PROCEDIMENTO DO CASAMENTO HABILITAÇÃO Com o fim de prevenir nulidades, o casamento deve ser precedido de um processo de habilitação. → O procedimento de habilitação tem a finalidade de evitar que um casamento se realize em infração de algum dos impedimentos matrimoniais previstos no art. 1.521 ou de alguma das causas suspensivas previstas pelo art. 1.523. → Nessa fase deve o oficial esclarecer aos nubentes sobre as possibilidades de invalidades do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens que podem ser escolhidos. Requerimento e apresentação de documentos Publicação dos editais de proclamas Se existirem oposições, será dado aos nubentes o direito de ampla defesa, hipótese em que a hbailitação é submetida ao crivo judicial. Estando tudo certo com a documentação, e inexistindo oposições, expeça- se o certificado de habilitação, com validade de 90 dias. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com CELEBRAÇÃO Estando os nubentes habilitados, terão o prazo de 90 dias para se casar efetivamente, realizando a cerimônia de celebração do casamento. → O casamento será celebrado publicamente e de portas abertas em dia, hora e lugar previamente designados. → É necessária a presença de duas testemunhas e da autoridade celebrante. → É preciso que os nubentes manifestem explicitamente sua vontade de casar. A cerimônia deverá ser suspensa à suspeita de coação ou arrependimento. Algumas exceções são admitidas: • Se um dos consortes estiver morrendo, realiza-se o casamento nuncupativo, em que o ato é realizado na presença de seis testemunhas que não sejam parentes dos noivos até o segundo grau em linha reta ou colateral, devendo o casamento ser retificado posteriormente. • Quando uma das partes não puder se fazer presente, admite-se o casamento por procuração pública com poderes específicos para esse fim. • O casamento se comprova com a certidão de registro, mas a lei admite outra espécie de prova quando justificada a falta ou a perda do próprio registro. • Quando o casamento é celebrado no estrangeiro, sendo um dos cônjuges brasileiros, o registro deve ser feito em 180 dias. DIREITOS E DEVERES DOS CÔNJUGES O casamento gera eficácia nas esferas pessoais, patrimoniais e sociais dos cônjuges. Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Para além disso, o casamento gera aos consortes direitos e deveres que devem ser observados na constância do matrimônio. O casamento válido inculca uma série de deveres comuns e recíprocos, muito por influência do cristianismo em seara matrimonial, e estabelece a igualdade entre os cônjuges, também em relação ao regime de bens e suas divisões isonômicas. - Gonçalves, 2023 Sobre os direitos e deveres dos cônjuges, destaca-se que vigora no ordenamento jurídico o conceito de isonomia, de forma que ambos os cônjuges possuem os mesmos direitos e os mesmos deveres. Assim, deixou-se de lado algumas concepções relativas ao chefe de família e à figura do homem na sociedade conjugal. O marido perdeu seu posto de direção da vida familiar, concebendo a lei um conjunto de deveres comuns e recíprocos dos cônjuges, surgidos com o casamento juridicamente eficaz, quando homem e mulher, ou duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, assumem mutuamente a condição de companheiros e responsáveis pelos encargos da família. - Gonçalves, 2023 Deveres Os deveres são comuns a ambos os cônjuges e têm cunho ético e moral, insuscetíveis de derrogação pela vontade dos cônjuges. Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. A infração de tais deveres pode ser causa para a separação judicial dos cônjuges. No entanto, a sanção cominada é apenas na esfera ética, sendo jurídica apenas a sanção que trata do sustento, da guarda e da educação dos filhos ou Érika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com da mútua assistência, cuja violação pode acarretar a perda da guarda dos filhos ou a suspensão/destituição do poder familiar. → Fidelidade recíproca: Visa a proteção do caráter monogâmico do relacionamento. A infração de tal dever configura o adultério. • Se extrapolar a normalidade genérica, a infidelidade pode gerar dano moral ao cônjuge traído. • Para que ocorra a infidelidade, é preciso a ocorrência de relações sexuais com outra pessoa. → Vida em comum, no domicílio conjugal: Trata-se do dever de coabitação, o qual pode variar conforme as circunstâncias e conforme a realidade do casal. → Mútua assistência: Recíproca prestação de socorro material, assim como assistência moral e espiritual. → Sustento, guarda e educação dos filhos: O sustento e a educação dos filhos constituem deveres de ambos os cônjuges. Trata-se da obrigação de sustentar os filhos e dar-lhes orientação moral e educacional. → Respeito e consideração mútuos OBSERVAÇÕES: ❖ É conjunta a administração do patrimônio comum e a obrigação de prover os encargos econômicos da família, sempre na proporção dos bens e rendimentos do trabalho de cada um, independentemente do regime escolhido (art. 1.568, CC). ❖ Para alienar, onerar oudisputar judicialmente direitos reais sobre imóveis, é necessária a anuência do outro cônjuge, exceto no regime da separação total de bens. Se é comum a posse, ambos devem ser citados nas ações possessórias. ❖ O casamento torna obrigatório o pacto antenupcial eventualmente existente e faz vigorar o regime de bens, até a separação de fato do casal.
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