Buscar

unidade1 historia geral da arte

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História Geral da Arte
Professores conteudista: Ana Elena Salvi
 João Ricardo de Castro Caldeira
 Mário Henrique de Castro Caldeira
Sumário
História Geral da Arte
Unidade I
1 O QUE É ARTE? ....................................................................................................................................................1
1.1 As definições de arte ..............................................................................................................................1
1.2 A importância do estudo da arte na arquitetura .......................................................................2
1.3 As transformações da arte ao longo do tempo ..........................................................................4
2. O CLASSICISMO NA GRÉCIA E EM ROMA ...............................................................................................6
2.1 A arte na Grécia antiga .........................................................................................................................6
2.2 A arte na Roma antiga ..........................................................................................................................8
3 A CRISE DO CLASSICISMO: A RELAÇÃO ENTRE ORIENTE E OCIDENTE NA IDADE
MÉDIA (476-1453) .................................................................................................................................................9
3.1 A arte cristã no Império Bizantino ................................................................................................ 10
3.2 A arte cristã na Europa ocidental medieval .............................................................................. 12
4 O RETORNO AOS VALORES CLÁSSICOS .................................................................................................. 15
4.1 O Renascimento: a razão e a arte ................................................................................................. 15
4.2 O Maneirismo: clássico e anticlássico .......................................................................................... 22
4.3 O Barroco: a invenção do movimento ......................................................................................... 25
Unidade II
5 A ARTE NA ERA DAS REVOLUÇÕES .......................................................................................................... 31
5.1 A laicização da arte e a Revolução Francesa ............................................................................ 31
5.2 A arte e a Revolução Industrial ...................................................................................................... 33
5.2.1 Realismo ..................................................................................................................................................... 33
5.2.2 Naturalismo ............................................................................................................................................... 36
5.2.3 Romantismo .............................................................................................................................................. 37
6 AS NOVAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX ............ 38
6.1 A síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne ........................................................ 38
6.2 A busca da ruptura com os padrões clássicos: pintura, design e arquitetura ............. 39
6.3 Pontilhismo ............................................................................................................................................. 41
6.4 Impressionismo ..................................................................................................................................... 42
6.5 Fauvismo .................................................................................................................................................. 43
7. A ERA DA MÁQUINA E AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS ................................................................... 44
7.1 Os movimentos transformadores da arte: os ismos ............................................................... 44
7.1.1 Expressionismo ........................................................................................................................................ 45
7.1.2 Cubismo ...................................................................................................................................................... 47
7.1.3 Futurismo ................................................................................................................................................... 48
7.1.4 Dadaísmo ................................................................................................................................................... 50
7.1.5 Construtivismo Russo ........................................................................................................................... 52
7.1.6 De Stijl: o Neoplasticismo holandês ................................................................................................ 54
7.1.7 Surrealismo ................................................................................................................................................ 55
7.2 A arte abstrata e a Bauhaus ............................................................................................................. 56
8 AS REALIZAÇÕES DA ARTE PÓS-VANGUARDAS ................................................................................. 58
8.1 O papel do artista e a crise da modernidade ............................................................................ 58
8.2 A Pop Art .................................................................................................................................................. 60
8.3 A Op Art .................................................................................................................................................... 62
8.4 A pós-modernidade e as perspectivas da arte no século XXI ............................................ 64
8.4.1 Minimalismo ............................................................................................................................................. 64
8.4.2 Arte Conceitual ........................................................................................................................................ 65
1
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Unidade I
1 O QUE É ARTE?
1.1 As definições de arte
O conceito de arte é alterado de acordo com a época e a 
cultura. Pode ser separado ou não, como é entendido hoje na 
civilização ocidental, do artesanato, da ciência, da religião e da 
técnica no sentido tecnológico. Essa mutabilidade do conceito 
depende tanto daqueles que produzem os objetos que receberão 
a definição de obra de arte, quanto da sociedade na qual esses 
mesmos objetos são feitos.
Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e 
o conhecimento acumulado não existiam de forma separada, 
tampouco havia o artista como figura autônoma dentro dessas 
sociedades. Naquele momento, arte era um conceito aplicado 
a certas habilidades que algumas pessoas possuíam para 
realizar uma tarefa. Para os gregos antigos do século V a.C., a 
palavra usada para definir arte, ou capacidade de realizar algo 
a partir de certas habilidades e conhecimentos, era tekné, que 
etimologicamente deu origem à palavra técnica que usamos 
hoje. Para aqueles gregos havia a arte, ou técnica, de se fazer 
esculturas, pinturas, sapatos ou navios.
O termo arte, com o passar dos séculos, (e dependendo das 
sociedades nas quais se verificar a existência desse conceito), 
modificou-se bastante. Na Europa, durante um longo período, 
o termo servia para designar uma atividade relacionada à 
capacidadede criar objetos, pinturas, obras com muita qualidade, 
perícia e talento.
5
10
15
20
25
30
35
2
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Atualmente, arte é um termo relacionado à criação de 
imagens, sons, objetos, espaços (virtuais ou físicos), que 
contenham alguma qualidade plástica que se destaque a partir 
do ponto de vista da sociedade. O reconhecimento dessas 
qualidades, em geral, é feito por um crítico ou por alguém 
cuja opinião seja ouvida. É essa opinião, quando aceita pela 
sociedade dentro da qual ela foi emitida, que irá determinar 
o que é e o que não é arte, assim como o que é e o que não é 
obra-prima.
Saiba mais
O significado de obra-prima vem do período medieval. 
Para um artífice, artesão, pintor, escultor, ourives 
– ou qualquer outra profissão que dependesse de um 
conhecimento específico – ser chamado de mestre, 
dependeria da sua capacidade de criar uma obra-prima, 
ou seja, algo resultante de seu trabalho, que fosse avaliada 
por seus pares, e nela reconhecessem um grande talento e 
qualidade.
1.2 A importância do estudo da arte na 
arquitetura
As teorias no campo da arquitetura alimentam-se direta ou 
indiretamente de diversos outros campos do saber humano, e 
entre eles está a esfera do conhecimento produzido pelas teorias 
artísticas. Estas, por sua vez, possuem uma dinâmica mais intensa 
do que a da arquitetura, por razões de sua própria materialidade 
e forma de produção. Por isso, é fundamental desenvolver um 
olhar atento sobre o objeto artístico, suas concepções e teorias, 
sua forma de produção e investigar como, em qualquer período 
da história, a arquitetura e a cidade (os edifícios e os espaços 
abertos) sofreram influências significativas da produção artística. 
Por exemplo, o tratadista renascentista Leon Battista Alberti 
escreveu os Tratados da pintura, da escultura e da arquitetura, 
que se chamam De re Aedificatoria. Nesse último trabalho, o 
conceito de belo na arquitetura está relacionado com a música.
3
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Outra forma de influência e relação entre arte e arquitetura 
acontece quando as formas plásticas de um determinado 
movimento ou teoria artística são aplicadas diretamente em um 
projeto arquitetônico. Segue um exemplo.
O arquiteto franco-suíço Le Corbusier estava muito ligado ao 
Purismo, movimento artístico que transformou alguns princípios 
do Cubismo no início do século XX.
A Vila Stein – também conhecida como Villa Garches, 
Villa de Monzie, e Villa Stein-de Monzie – é uma residência 
unifamiliar que foi projetada por Le Corbusier e construída 
em 1927, em Garches, na França. No seu desenvolvimento, 
o arquiteto utilizou um sistema construtivo (chamado de 
sistema independente) que permite que as paredes não façam 
parte da estrutura. Apesar desse sistema não ser exatamente 
uma novidade na época, a forma de utilização e de criação de 
espaços com ele era algo ainda a ser explorado. Nesse projeto, 
o arquiteto utilizou sua experiência pessoal em artes plásticas 
para criar uma arquitetura diferenciada, combinando esse tipo 
de estrutura com um conceito de arte. Um dos objetivos era o de 
criar espaços arquitetônicos fluidos e livres, em contraponto ao 
espaço rígido da arquitetura tradicional, explorando o sistema 
independente formado por pilares e lajes planas, necessário para 
a edificação.
A partir do diagrama explicativo abaixo, é possível 
visualizar como o arquiteto utilizou uma obra de arte, feita 
por ele mesmo dentro dos princípios do Purismo, para criar 
ambientes arquitetônicos. A expressão plástica do quadro 
(1) foi utilizada para definir os espaços da residência por 
meio da inserção de suas formas livres sobre uma retícula 
construtiva (2). A estrutura, composta pelos pilares e lajes, é 
definida separadamente, e forma uma grade virtual (3). Nela, 
o arquiteto posiciona paredes, escadas, pisos e divisórias, da 
mesma maneira livre como ele se expressa na segunda etapa 
do processo, resultando em um conjunto arquitetônico 
regular e diferente ao mesmo tempo (4).
4
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
1. Le Corbusier - Natureza morta com numerosos objetos (1923) 
Óleo sobre tela, 114 x 146 cm. Fondation Le Corbusier.
2. Linhas principais de expressão do quadro anterior.
3. Malha reticulada com distribuição da estrutura (pilares) e 
organização de espaços com eixos virtuais da Villa Stein.
4. Planta do primeiro andar da Villa Stein. Aqui está 
representado apenas este andar, mas os demais são 
semelhantes, em termos de conceito arquitetônico.
1.3 As transformações da arte ao longo do 
tempo
Para melhor compreender a enorme quantidade de 
informações, momentos, tendências e movimentos artísticos, 
recorre-se geralmente às linhas do tempo (ou linhas cronológicas), 
para que assim se permita uma visualização sequencial dos 
diversos períodos que a arte percorreu na história humana. 
Porém, qualquer tentativa de estabelecer uma linha cronológica 
que organize temporalmente os diversos momentos pelos quais 
cada civilização construiu seus objetos artísticos (com seus valores 
socioculturais e técnicas específicas), esbarra na dificuldade de 
definição de datas e conceitos exatos. Além disso, ao longo do 
tempo, certas classificações que costumavam ser consideradas 
adequadas podem e vão sendo questionadas e alteradas.
Um exemplo disso foi o Maneirismo, que tendo ocorrido no 
século XVI, recebeu sua definição teórica na última década do 
século XIX. Por isso, as linhas do tempo devem ser utilizadas 
dentro de um limite bastante claro: elas contribuem muito para 
Vila, ou Villa, significa residência, 
morada, e é um termo muito utilizado 
em arquitetura para designar um edifício 
destinado a habitação unifamiliar. Em 
geral, está associado às residências 
campestres, construídas fora da área 
urbana.
5
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
compreender de maneira geral as transformações da arte ao 
longo da história, mas devem ser vistas com cautela quando o 
intuito é estudar mais detalhadamente uma obra de arte, a vida 
de um artista ou um movimento, com uma visão de estudioso, 
mais específica.
É muito comum que certos movimentos artísticos ocorram 
contemporaneamente. Também é habitual encontrar opiniões de 
autores que divergem entre si sobre um determinado assunto, 
data ou conceito. É também importante destacar que existem 
períodos de indefinição (transição) sobre a arte, nos quais um 
momento e um conceito muito bem definidos estão sendo 
substituído por outros, ainda não muito claros.
Assim, neste texto privilegiou-se abordar conceitos e 
definições mais cristalizadas e geralmente aceitas como corretas 
sobre a definição de arte e da importância real de alguns objetos 
artísticos. Mas, com o passar do tempo, certamente essas noções 
poderão ser alteradas.
Resumindo
A definição de arte é mutável, e depende muito do 
momento histórico. Além disso, a própria noção de arte, 
usada para descrever uma área de conhecimento autônoma 
(que é a maneira como a compreendemos atualmente), nem 
sempre existiu. Portanto, o conceito de arte usado hoje serve 
para descrever uma qualidade pertencente a algo criado para 
ser visto como uma obra de arte, mas que, para alcançar 
esse patamar, necessita ter algum valor reconhecido por um 
público. Um desses valores, que caracteriza intensamente a 
noção de arte, é a capacidade de um objeto,edifício, texto, 
imagem, som ou qualquer outro suporte físico, de estimular 
nossos sentidos, físicos e intelectuais, não dependendo de 
qualquer relação com uma finalidade prática, ou função. 
Isso significa que a arte, para ser vista como tal, não deve 
ter um fim específico. Mas lembre-se: esse conceito pode e 
certamente se modificará ao longo do tempo.
6
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
2. O CLASSICISMO NA GRÉCIA E EM ROMA
2.1 A arte na Grécia antiga
Foi a partir do século V a.C. que se deu o auge da arte grega. 
Nesse momento teve início a busca da representação do corpo 
humano de uma maneira mais fiel à realidade visível que o 
compõe. Os gregos, ao contrário dos egípcios (apesar de ainda 
influenciados por eles), basearam suas realizações escultóricas 
nas observações diretas do corpo a ser representado, e não na 
reprodução de um conhecimento pronto que dizia como deveria 
ser essa representação. Isso também se estendeu à pintura. A 
influência da arte egípcia, apesar de limitadora (pois se baseava 
em regras de representação rígidas), deu uma contribuição 
importante à arte grega no seu auge: no Egito, a representação 
tentava ser a mais detalhada e completa possível, estimulando 
o artista grego a continuar explorando a anatomia dos ossos 
e músculos, e a formar uma imagem convincente da figura 
humana, inclusive debaixo das roupagens das esculturas. A 
busca de mostrar não apenas a forma do corpo, mas também 
seu movimento, fez parte da arte grega. Os jogos e exibições 
esportivas requisitavam estátuas que representassem o mais 
fielmente possível os chamados “atletas” da época.
Saiba mais
A composição nas artes plásticas
Composição, nas artes plásticas, é a maneira pela qual 
o artista organiza espacialmente as cores, volumes, formas, 
linhas e quaisquer outros elementos que façam parte da 
obra. A composição é essencial quando a obra de arte possui 
um tema ou assunto, pois é ela que contribui para construir 
a narrativa a ser apreendida pelo espectador. Por outro lado, 
algumas obras de arte não possuem um tema, assunto, ou 
cena identificável. Nesse caso, o autor do trabalho preferiu 
privilegiar apenas a composição.
7
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Esta famosa estátua reúne as inquietações de Míron, 
escultor grego, em busca da representação da figura em 
movimento. O ângulo de visão mais satisfatório – de perfil, com 
o rosto de frente para o observador da escultura – permite que 
se possa observar a elaborada composição, baseada em uma 
linha de curvas acentuadas que percorrem a estátua de cima 
a baixo, combinada com a ampla curva descrita pelos braços 
e pela linha dos ombros, prolongando-se pela perna esquerda, 
que está retraída.
A capacidade dessa escultura de transmitir um alto grau de 
realidade anatômica era uma das características da arte grega 
na época.
Míron – Discóbolo (cerca de 460 a.C.)1
Cópia feita no período da Roma antiga. Museu Nacional, Nápoles, Itália.
1 Disponível em: <http://blog.educastur.es/graece1/2009/10/28/el-
discobolo-vuelve-a-casa/>. Acesso em: 31 jan 2011.
8
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
2.2 A arte na Roma antiga
A arte do antigo Império Romano do Ocidente foi muito 
influenciada pela cultura da Grécia antiga e pelos etruscos, 
estendendo-se do século VIII a.C. ao século V d.C.. Difundiu-se 
por diversas expressões artísticas, desde a construção de edifícios 
públicos, até a pintura afresco, a escultura, entre outras formas 
de manifestação, mas foi na arquitetura e na escultura que se 
pôde visualizar com mais nitidez os avanços e influências da 
arte romana clássica.
A escultura da Roma antiga desenvolveu-se em toda 
a área de influência romana, com seu foco na metrópole, 
entre os séculos VI a.C. e V d.C.. Em sua origem, derivou 
da escultura grega, primeiro por meio da herança etrusca, 
e logo diretamente com a própria Grécia, durante o período 
helenista. Apesar da reconhecida influência da escultura 
grega em toda a Roma antiga, hoje se pode afirmar que os 
artífices romanos não eram meros copiadores. Eles deram 
importantes contribuições para a escultura, principalmente 
na criação de obras feitas especificamente para grandes 
monumentos públicos, nas quais a capacidade de uma estátua 
de expressar significados vinculados ao poder de Roma era 
algo fundamental e conseguido com muita dedicação e 
talento dos escultores da época. A reprodução de bustos, 
rostos, e perfis em relevo era de grande qualidade.
A seguir, Augusto de Prima Porta, revelada em 1863 na vila 
de Augusto César, em Roma, Itália. Atualmente está exposta no 
Braccio Nuovo, no Museu do Vaticano.
A estátua que representa Augusto César, imperador 
romano, foi baseada no Doríforo de Policleto (escultor grego) 
do século V a.C., e foi talhada em mármore. Ainda contém 
alguns resquícios de tintas douradas, púrpuras, azuis e outras 
cores com as quais ela foi policromada.
9
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Autor desconhecido - Augusto de Prima Porta
Mármore. Museu Vaticano, Itália.
Resumindo
Classicismo greco-romano
• influenciou com intensidade a formação do mundo 
ocidental;
• privilegiou a representação física com fidelidade ao 
mundo real;
• criou um padrão de beleza ideal a partir de uma 
interpretação do mundo real.
3 A CRISE DO CLASSICISMO: A RELAÇÃO ENTRE 
ORIENTE E OCIDENTE NA IDADE MÉDIA (476-
1453)
A queda do Império Romano é assinalada pela conquista de 
Roma no ano de 476 pelos povos germânicos, combinada com a 
10
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
ascensão do cristianismo como religião oficial, a qual se impôs, 
paulatinamente, sobre as antigas crenças (tanto as romanas 
como as das tribos germânicas), que passaram a ser tratadas 
como pagãs. Esse processo teve lugar tanto no Ocidente como 
no Leste europeu e em ambas as regiões, entretanto, permaneceu 
o desejo de retomar a pujança do antigo Império Romano. 
Assim, enquanto a parte ocidental do continente assistiu, na 
Idade Média, à formação do Sacro Império Romano Germânico, 
na banda oriental, formou-se o denominado Império Romano 
do Oriente ou Império Bizantino, cuja capital era Bizâncio ou 
Constantinopla (atual Istambul, na Turquia). A queda do Império 
Bizantino, com a tomada de Constantinopla pelos turcos 
otomanos em 1453, marca o fim do período medieval. Essa 
época caracterizou-se, no campo artístico, pelo predomínio dos 
temas da religião cristã, pela busca da representação do sagrado 
na pintura, na escultura e na arquitetura. Porém, a arte cristã 
medieval pode ser dividida em arte bizantina e arte medieval do 
Ocidente.
3.1 A arte cristã no Império Bizantino
O Império Bizantino manteve-se distanciado das influências 
dos povos bárbaros germânicos. Em Bizâncio, e nas áreas sob 
seu controle, desenvolveu-se uma arte cristã, cujo auge ocorreu 
no século VI, no Império de Justiniano I, e que combinava 
influências da arte romana, grega antiga e do Oriente Médio. A 
própria localização geográfica de Constantinopla, na fronteira 
entre o Oriente e o Ocidente, era favorável a essa confluência 
artística.
Há que se considerar ainda a constante ingerência do clero 
cristão do Oriente sobre a arte bizantina, o que contribuía para 
torná-la profundamentereligiosa. Ademais, o próprio Imperador 
do Oriente devia o seu poder ao caráter teocrático do Império 
Bizantino, motivo pelo qual a produção de obras de arte era 
estimulada, com mosaicos nos quais era representado, com 
sua cabeça aureolada, geralmente ladeando a própria Virgem 
11
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
1 Disponível em: <http://www.pegue.com/artes/cupula2.jpg>. Acesso 
em 31 jan 2011.
2 Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:San_Vitale 
_Ravenna.jpg>. Acesso em: 31 jan 2011.
Maria e o menino Jesus. Na arte bizantina, há um destaque para 
pintura parietal (em paredes), a pintura mural, as iluminuras, a 
tapeçaria e os mosaicos.
No período bizantino, o uso da cúpula apoiada sobre 
pendentes e os arcobotantes possibilitaram aumentar 
significativamente o tamanho das edificações e, 
consequentemente seu espaço interno. Mas apesar disso, e 
do aumento da quantidade de aberturas nas fachadas das 
construções, as paredes ainda eram grossas, lisas e amplas. 
Os mosaicos e afrescos bizantinos tinham como uma de 
suas finalidades, ornamentar e enriquecer essas extensas 
superfícies, transmitindo, ao mesmo tempo, as imagens de 
reis, rainhas, santos, santas, clérigos e outros personagens da 
religião cristã.
A Basílica de San Vitale possui alguns dos mais interessantes 
afrescos do período bizantino, como se pode ver a seguir.
Representação da cúpula bizantina 
apoiada sobre os quatro pendentes 
(superfícies triangulares esféricas que 
recebem os esforços da base da cúpula 
e os descarregam nos vértices das 
paredes).1
 
Foto da Basílica de San Vitale, Ravena, Itália.2
12
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Corte da Imperatriz Theodora3
Mosaico no interior da Basílica de San Vitale.
3.2 A arte cristã na Europa ocidental medieval
No Ocidente medieval, caracterizado pelo feudalismo, a arte 
também foi predominantemente cristã. O próprio sistema feudal, 
marcado pela organização política fragmentada em feudos e 
pela divisão social em oratore (os que oram), belatore (os que 
guerreiam) e laboratore (os que trabalham, especialmente 
lavrando a terra), era legitimado pela Igreja cristã, pois essa forma 
de organização política e social era considerada a expressão da 
vontade de Deus na Terra, que somente podia ser interpretada e 
compreendida pelos clérigos. Neste sentido, a arte do Ocidente 
medieval voltava-se especialmente para a representação dos 
desígnios divinos, com imagens do céu e do inferno, de modo a 
ensinar o caminho da salvação cristã à população, que em sua 
quase totalidade era analfabeta.
Costuma-se dividir a trajetória da história da arte do Ocidente 
medieval em três momentos significativos: a arte românica, o 
renascimento carolíngio e a arte gótica. 
• arte românica: corresponde ao período do auge do 
feudalismo, sendo, portanto, a expressão artística da 
sociedade rural feudal acima descrita;
3 Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Theodora_mosaik_ravenna.jpg>. Acesso em 31 jan 2011.
13
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
• renascimento carolíngio: foi aquela arte produzida 
durante o império de Carlos Magno, a partir do ano de 
800, em que se buscou a volta aos padrões clássicos, 
apesar do predomínio da orientação religiosa cristã;
• arte gótica: desenvolveu-se na crise do feudalismo, 
quando floresceram novamente a cultura urbana, as 
universidades e as ordens monásticas (cistercienses, 
franciscanos, dominicanos e beneditinos), que 
contribuíram para a primeira reforma da Igreja cristã, no 
sentido de sua reaproximação com os valores originais 
da fé.
La Maestà, conhecida como A Virgem com vinte anjos e 
dezenove santos, é um amplo conjunto de várias pinturas 
com frente e verso, feitas por Duccio di Boninsegna, em 1308, 
para a cidade de Siena, Itália. A face da obra mostrada a seguir 
representa a Virgem em majestade, flanqueada por anjos e 
santos. Essa pintura serviu como referência para uma importante 
mudança na arte italiana: o período bizantino teve como uma de 
suas características a representação do corpo humano de uma 
maneira simplificada, com alterações anatômicas que evitavam 
o reconhecimento do sexo das figuras, e outras modificações 
nas proporções de partes do corpo humano. A obra La Maestà 
estimulou outros artistas da época a modificarem essa forma de 
representação, buscando uma pintura mais realista do ponto de 
vista físico, mais próximo à anatomia e fisionomia das pessoas 
daquela região.
Outra característica da pintura da época é a maneira 
utilizada pelo autor da obra para demonstrar a hierarquia na 
composição do quadro: a importância de cada personagem 
dentro da cena está diretamente relacionada ao tamanho da 
sua imagem, ou seja, quanto mais importante é a figura, maior 
é o seu tamanho. Não havia a preocupação em representar 
as imagens em escala real em relação ao conjunto, tampouco 
em criar profundidade por meio da redução de tamanho das 
14
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
4 Disponível em: <http://www.maphilosophie.fr/Duccio_maesta.
html>. Acesso em 31 jan 2011.
figuras, ou seja, cada figura é proporcional em si, mas não 
necessariamente em relação às outras imagens. 
A composição é bastante nítida, feita com o propósito de 
valorizar a Virgem. Posicionada no centro, ela tem quase todos 
os olhares dos personagens que a cercam voltados para si. Para 
o observador, é inevitável ter o olhar dirigido fortemente para o 
rosto dela.
Duccio di Boninsegna - La Maestà. (1308 - 1311)4
Pintura sobre madeira. Museu da Catedral, Siena, Itália.
Resumindo
A pintura bizantina criou formas humanas para representar 
apenas o ser, e não o aspecto físico das pessoas, e serviu com 
maestria para adornar as enormes e lisas paredes dos templos 
religiosos feitos com a estrutura maciça da época.
A arte medieval muda os princípios adotados no período 
anterior e começa a valorizar mais a forma humana. Seu foco 
é a capacidade de criar narrativas sobre temas religiosos. 
A religião é o principal tema da época e aparece vinculada 
profundamente a quase toda manifestação artística de 
qualidade.
15
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
4 O RETORNO AOS VALORES CLÁSSICOS
4.1 O Renascimento: a razão e a arte
A palavra renascença significa nascer de novo ou ressurgir. 
Para os italianos, e principalmente os artistas florentinos do 
século XIV, a arte que estava sendo produzida era considerada 
de qualidade porque recuperava aquela do período do Império 
Romano. Foi na cidade de Florença que esse sentimento se 
manifestou de modo mais intenso. Foi também nesse momento 
que um grupo de artistas se dispôs deliberadamente a criar 
uma nova arte e a romper com as ideias do passado recente, 
tendo como líder Filippo Brunelleschi, que ficou encarregado 
da conclusão da cúpula da catedral de Florença. Sua proposta 
era de que as formas da arquitetura clássica (colunas, frontões, 
proporções, etc.) fossem livremente usadas para criar novos 
modos de harmonia e beleza. Para os grandes mestres da 
Renascença, os novos recursos e descobertas da arte nunca 
foram um fim em si. Os artistas sempre os utilizaram com 
o propósito de aproximar ainda mais do nosso espírito, o 
significado deseus temas.
É desse período a invenção de uma forma de representação 
que dominou, durante alguns séculos, a criação de imagens 
que reproduzem o mundo real: a perspectiva. Atribui-se a 
Filippo Brunelleschi sua invenção, e apesar do surgimento de 
outras formas de representação, a perspectiva é usada até hoje, 
inclusive no mundo virtual da informática.
A perspectiva, com seu método de representação quase 
científico, e de certa forma, matemático, também se inseria 
na visão dos mestres florentinos do século XV, que se voltaram 
para o uso da racionalidade como forma de explicar o mundo. 
Essa técnica, associada aos conhecimentos que os artistas 
possuíam sobre a anatomia humana, (provenientes de seus 
estudos em cadáveres), geravam imagens com uma exatidão 
que impressionava a todos os observadores da época.
O quadro a seguir gerou grande espanto devido à ilusão criada 
(pela disposição e proporção dos corpos), que fazia com que os 
16
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
fiéis imaginassem ali a extensão de outra capela, tal a realidade 
elaborada pelo uso da perspectiva. Na imagem à direita, as linhas 
que estruturam o afresco convergem para o ponto de fuga, que 
se encontra na altura dos olhos do observador, “convidando-o” 
a participar da composição.
Masaccio (Tommaso de San Giovanni Valdano ou Tommaso de San Giovanni di Simone Guidi) - A Santíssima 
Trindade (1401-1428)5
Afresco, Santa Maria Novella, Florença, Itália.
5 Disponível em: <http://sites.google.com/site/alanpalhas/-8---arte-renacentista> e <http://www.cult.nucleo.inf.br/
index.php?option=com_morfeoshow&task=view&gallery=37&Itemid=452>. Acessos em 31 jan 2011.
17
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Enquanto na Itália os florentinos buscavam a exatidão 
da representação por meio da perspectiva com ponto de 
fuga (perspectiva cônica) e com um profundo conhecimento 
da anatomia humana, no norte da Europa, Jan van Eyck, 
um artista flamenco, da região onde hoje se encontram 
os Países Baixos, buscava essa mesma exatidão, porém de 
outra maneira. A solução por ele adotada foi materializar 
a ilusão do mundo real por meio da cuidadosa e paciente 
composição de uma imagem pela somatória de detalhes 
precisos, reproduzindo, da maneira mais completa possível, 
o que os olhos viam no universo real. Apesar de van Eyck 
também se utilizar de uma característica da perspectiva (a 
de criar a ilusão de profundidade por meio da redução do 
tamanho dos objetos à medida que se afastam do plano do 
observador), são os detalhes que convencem o espectador 
de que aquelas imagens são um espelho do mundo real. Para 
conseguir a exatidão, ele aperfeiçoou significativamente 
sua capacidade de pintar, inventando a pintura a óleo, que 
permite uma grande riqueza de detalhes.
Uma das principais contribuições dos artistas, tanto na Itália 
(sul da Europa) quanto em Flandres (norte da Europa), foi a 
demonstração de que a arte podia ser usada não só para contar 
a história sagrada de uma forma comovente (uma das principais 
preocupações da Igreja católica), mas para refletir também um 
fragmento do mundo real.
Giovanni Arnolfini era um negociante italiano, que se 
estabeleceu em Bruges com sua esposa. O casal foi representado 
por van Eyck no interior de uma residência, que reflete o seu 
cotidiano. Isso é possível perceber devido ao alto grau de 
detalhamento realista que foi utilizado para mostrar elementos 
domésticos como o cãozinho (na parte inferior do quadro), as 
frutas (na mesa) e o espelho, na parede ao fundo. Esse espelho se 
converte em um interessante elemento no quadro, pois em uma 
observação mais detalhada, é possível perceber nele a presença 
de outros personagens na cena.
18
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Apesar da aparente naturalidade e simplicidade da cena, são 
vários os elementos simbólicos que remetem ao matrimônio, 
representado de forma discreta pelo autor da pintura, como era 
hábito entre os artistas da época.
Jan van Eyck - O casal Arnolfini (1434)
National Gallery, Londres, Inglaterra.
Nesse ambiente, os artistas passaram a organizar-se 
em corporações bastante fechadas, que correspondiam aos 
sindicatos de hoje. A transmissão do conhecimento também 
era restrita: não havia escolas e os interessados em aprender 
algo tinham que começar bem cedo, como jovem aprendiz 
de algum mestre habilitado. É nesse ambiente, no século XVI, 
que se formaram algumas gerações de artistas e arquitetos 
mais importantes da Itália e que se tornariam referência para 
o mundo ocidental nos séculos seguintes, criando algumas das 
obras mais significativas da arte na Europa. Mas, ao contrário de 
19
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
outros períodos na História, os artistas que hoje reconhecemos 
como grandes mestres, já eram reconhecidos como tal naquele 
período. O artista era tratado como indivíduo criativo, autor 
único de talento incomparável, quando reconhecido como tal 
por seus pares. A ideia do artista, e também do arquiteto, como 
ser criador, único ou principal, responsável pelas qualidades de 
sua obra, se consolida nessa época. É daí que provêm nomes da 
Península Itálica como Leonardo da Vinci, Rafael, Michelangelo, 
Fra Angelico e Ticiano, e do norte da Europa, como Albrecht Dürer 
e Hans Holbein e vários outros mestres famosos. Não é por acaso 
que durante a Renascença o artista consolida-se como mestre 
dotado de autonomia, não podendo alcançar fama e glória sem 
explorar os mistérios da natureza e sondar as leis secretas do 
universo. Para isso os artistas, principalmente depois de Alberti, 
deveriam ser completos: intelectuais, músicos, estudiosos da 
natureza em seus vários aspectos, letrados, filósofos. Essa situação 
é muito diferente do que acontecia antes, como já foi dito na 
apresentação deste texto. Até então, o artista se confundia com 
o artesão, profissional que produzia desde objetos do cotidiano, 
como sapatos e roupas até pinturas e grandes esculturas, 
mediante encomendas específicas. A ascensão dos grandes 
mestres, em face de um preconceito que existia contra pintores 
e escultores, se deve em parte à necessidade que os nobres e 
ricos mercadores, desejosos de ascender socialmente, tinham de 
construir belos edifícios, fazer túmulos suntuosos, ou oferecer 
uma pintura para o altar-mor de alguma igreja famosa.
Foi na arquitetura que essa mudança ocorreu de forma mais 
acentuada. Os mestres eruditos do século XV, conhecedores do 
passado clássico por meio dos escritos de Vitrúvio (construtor 
e escritor que viveu no império romano), desejavam realizar 
obras usando como referência a arquitetura de Roma e Grécia 
antigas. O arquiteto renascentista buscava projetar e construir 
um edifício no qual pudesse aplicar todo o seu conhecimento 
de proporção, simetria e regularidade, características daquela 
arquitetura. Donato Bramante teve essa oportunidade e realizou 
o Tempietto (pequeno templo), no início do século XVI. Essa 
20
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
escolha também estava carregada do desejo de utilizar a razão, 
incrustada na matemática e na geometria, para criar formas 
perfeitas, segundo aqueles construtores.
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi aprendiz em uma importante 
oficinade Florença, e destacou-se como uma das mais capazes e 
ricas personalidades de todos os tempos. Estudou, ampliou os 
conhecimentos, criou e imaginou artefatos que somente viriam a 
se tornar realidade séculos depois. Atuou nas áreas de medicina, 
anatomia, engenharia militar, ótica, arquitetura, pintura, geometria, 
entre outros campos. Em uma das suas mais conhecidas obras, a 
Mona Lisa, Leonardo consegue superar os mestres anteriores, usando 
uma técnica de pintura denominada sfumato, que possibilitou criar 
uma ilusão de vivacidade nunca antes conseguida na pintura de 
uma figura humana.
Leonardo da Vinci - Mona Lisa, ou La Gioconda (1503-1507)6
Óleo sobre madeira. Museu do Louvre, Paris, França.
Neste detalhe do rosto da Mona Lisa se pode perceber o uso 
da técnica do sfumato: as pinceladas aparentes de uma pintura 
são retiradas usando verniz de madeira, que corrói a tinta, 
deixando um gradiente perfeito no local. Como consequência 
da técnica, é quase impossível perceber pinceladas nesta e em 
outras obras de Leonardo da Vinci.
6 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MonaLisa_
sfumato.jpeg> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mona_Lisa.jpeg>. 
Acessos em 31 jan 2011.
21
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Saiba mais
Sfumato é uma palavra italiana, usada por Leonardo 
da Vinci para descrever uma técnica que resultava em 
uma pintura sem linhas ou limites, semelhante à fumaça. 
Para obter esse efeito, a transição entre uma cor e outra é 
feita por meio de um gradiente, ou seja, a sobreposição de 
vários níveis intermediários de tonalidades ou matizes, indo 
suavemente de uma cor para outra. O objetivo é reduzir 
o contraste, ou seja, suavizar a diferença abrupta de uma 
área da pintura para outra. Leonardo foi um dos artistas 
que mais contribuiu para o aprimoramento dessa técnica, a 
qual alguns pesquisadores consideram que foi ele, o próprio 
criador dela.
Hoje, o sfumato faz parte do conhecimento básico 
transmitido a todos os estudantes de artes em geral, 
consequência de sua popularização, iniciada no 
Renascimento. Certamente, o mais famoso exemplo 
da aplicação dessa técnica seja o rosto de Mona Lisa, 
principalmente seu sorriso, adjetivado popularmente de 
“enigmático”.
Resumindo
Principais características do Renascimento:
• os artistas e intelectuais se voltam para o estudo do 
passado clássico, e utilizam esse conhecimento para 
produzirem e criarem arquitetura e arte;
• o uso da razão como forma de explicar e de intervir no 
mundo, contrapondo-se ao teocentrismo (a religião no 
centro do universo);
• o uso da matemática e da geometria para elaborar 
formas arquitetônicas e representações pictóricas, 
inclusive por meio da perspectiva;
• a busca da representação mais semelhante à realidade 
visível.
22
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
4.2 O Maneirismo: clássico e anticlássico
Outro grande florentino cuja obra tornou tão famosa a arte 
italiana do século XVI, foi Michelangelo Buonarrotti (1475-1564). 
Em sua longa vida, foi testemunha de uma completa mudança 
na posição do artista dentro da sociedade. A sua capacidade 
de representar o corpo humano em qualquer posição ficou 
logo conhecida, e nisso superou todos os antigos mestres. Essa 
habilidade foi desenvolvida a partir do estudo da anatomia 
humana feita diretamente em cadáveres, como Leonardo da 
Vinci e outros artistas já haviam feito.
Em uma de suas obras, a pintura do teto da Capela Sistina, 
pode-se admirar toda a habilidade e imaginação de Michelangelo 
em manipular a anatomia do corpo humano. Até hoje, aquelas 
imagens nos seduzem e são reproduzidas pelo mundo inteiro, 
resultado de um árduo trabalho de quatro anos de extrema 
dedicação.
Porém, Michelangelo não pode ser considerado um artista 
exclusivamente renascentista. Apesar de seu trabalho estar 
carregado de premissas semelhantes às de outros artistas da 
época, que acreditavam na razão como meio de intervir, conhecer 
o mundo e criar obras perfeitas, Michelangelo não se limitou 
a esse ideal. A partir de suas obras arquitetônicas (o vestíbulo 
com a escada da Biblioteca Laurenciana), urbanas (Piazza del 
Campidoglio, ou Praça do Capitólio, Roma, Itália, feita entre 
1536 e 1546) e até mesmo de pintura (o teto da Capela Sistina), 
ele começou a criar uma posição anticlássica, que iniciava uma 
contraposição a certa rigidez clássica característica de obras mais 
antigas de outros artistas. Essa situação anticlássica pode ser 
percebida nas suas obras por meio de um elo em comum entre 
elas: a utilização de formas clássicas de uma forma diferente, sem 
uma organização exclusivamente lógica e geométrica, buscando 
elaborar composições plásticas inovadoras por meio de novas 
maneiras de criar espaços, esculturas, pinturas, representações 
humanas, e até mesmo espaços urbanos.
23
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Essa posição de Michelangelo deu origem ao período 
chamado de Maneirismo, que significa à maneira de, ou 
seja, de acordo com a vontade do artista. Tem início um 
momento na história da arte europeia – que se contraporia ao 
Renascimento – que privilegiou os desejos pessoais e o talento 
individual dos artistas e arquitetos em criarem arte segundo 
seus princípios individuais, ao contrário de perseguir regras 
matemáticas, geométricas, ou, como já foi dito, clássicas. O 
momento anticlássico então se inicia e se manifesta de forma 
mais intensa no período seguinte, o Barroco, ficando este a 
serviço dos interesses de uma das mais fortes instituições que 
havia na Europa naquele momento, a Igreja católica.
Michelangelo Buonarroti - vista geral do interior do teto da Capela Sistina7
7 Disponível em: <http://www.barrysstudio.com/artistsBio/
michelangeloBuonarroti.htm>. Acesso em: 31 jan 2011.
24
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
8 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo>. 
Acesso em 31 jan 2011.
Michelangelo Buonarroti - Maria e Jesus, detalhe do Juízo Final. (1534-1541)8
Capela Sistina, Roma, Itália.
Quando Michelangelo foi contratado para realizar o teto da 
Capela Sistina, ele já era um escultor e artista consagrado. Suas 
esculturas, com uma anatomia manipulada de forma magistral 
graças aos seus conhecimentos do corpo humano, já o definiam 
como um dos grandes artistas da transição entre o Renascimento 
e o Barroco. Ao ser chamado para realizar um grande trabalho de 
afresco, Michelangelo já havia realizado trabalhos de pintura, mas 
não desse porte. A escolha do artista foi inovadora: a sua pintura 
não seguiu os cânones renascentistas, optando por realizar a 
transposição de formas escultóricas e tridimensionais para um 
trabalho bidimensional. Daí a percepção de que as imagens 
no famoso teto da capela são representações de esculturas de 
caráter masculino, o que realça a plasticidade do conjunto que 
consumiu parte da vida e da saúde de Michelangelo.
25
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Saiba mais
Gradiente
É a transição de uma área de uma pintura com uma 
determinada cor, matiz, luz ou sombra para outra. Essa 
transição pode ser feita de maneira suave, com pouco ou 
nenhum contraste (como o sfumato renascentista), ou 
realizada de maneira mais intensa,com mais contraste 
entre as diversas cores utilizadas para fazer o salto entre 
uma área e outra da pintura.
Resumindo
Principais características do Maneirismo:
• período de transição entre o Barroco e o 
Renascimento;
• o desejo e a capacidade pessoal do artista se sobrepõem 
às regras clássicas;
• manipulação de formas antigas de uma nova 
maneira;
• invenção de novas formas plásticas, mas com alguma 
influência ainda das artes greco-romanas.
4.3 O Barroco: a invenção do movimento
Na história da arte, o momento que sucede ao Renascimento 
e Maneirismo, é chamado de Barroco. Originalmente, esse nome 
fora dado a algumas obras como um meio de caracterizá-
las como grosseiras e absurdas, ou seja, dando um sentido 
pejorativo. Essa denominação foi atribuída à arquitetura e às 
obras de arte produzidas durante o século XVII, por homens que 
insistiam em que as formas das construções clássicas jamais 
26
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
deveriam ser usadas ou combinadas senão da maneira adotada 
na Antiguidade por gregos e romanos.
Na foto abaixo, está reproduzido o conjunto de estátuas 
feito em mármore que forma o centro da capela Cornaro, na 
qual a estrutura arquitetônica, as esculturas e os elementos 
decorativos formam um todo unitário, ou seja, um cenário 
completo. A representação do drama se materializa de maneira 
cenográfica no centro da capela. Em ambos os lados, abrem-se 
duas cavidades, como se fossem palcos, nas quais se debruçam 
estátuas que representam a família Cornaro.
A santa, arrebatada de amor divino, se junta a seu esposo 
místico. A materialização desse ato espiritual tem uma explicação 
formal, na qual estão presentes aspectos puramente carnais e 
eróticos. Essa ambiguidade, marcada pela convivência, na mesma 
obra, de referenciais do cristianismo e do paganismo, constitui 
uma característica do período barroco, intencionalmente 
utilizada pelo autor da escultura.
Gian Lorenzo Bernini - Êxtase de Santa Teresa. (1645-1652)
Santa Maria della Vittoria, Roma, Itália.
27
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
Saiba mais
Arquitetura, arte e religião
Desde a formação da Igreja católica até meados do 
século XX, era muito comum que igrejas e capelas fossem 
utilizadas como túmulos. Muitas delas eram construídas 
especificamente para serem utilizadas como jazigos de 
famílias inteiras ou de personalidades poderosas, como reis 
e papas. Para esse serviço, contratavam-se grandes artistas, 
que nelas realizavam obras que, muitas vezes, extrapolavam 
sua mera utilização como sepulcro. Michelangelo Buonarroti 
e Lorenzo Bernini são alguns desses artistas. Em muitas 
dessas construções, encontram-se algumas das mais belas 
obras de arte do mundo ocidental.
Esse rigor na utilização e na reprodução de formas 
provenientes da Grécia e da Roma antigas foi o critério utilizado 
pelos críticos para denominar as obras de arte que não seguiam 
os cânones clássicos de barroco (esse era um termo comumente 
usado para denominar uma pérola imperfeita, com deformações). 
O que os arquitetos e artistas barrocos faziam era, aos olhos de 
seus críticos, modificar as regras clássicas e organizar suas obras 
segundo uma lógica e um raciocínio próprios, reinventando a 
maneira de usar as formas tradicionais e até mesmo criando 
outras.
Já no Maneirismo, na Igreja Il Gesù, de Giacomo della 
Porta (1538? – 1602), o uso das formas clássicas (frontões, 
colunas, capitéis) foi feito de uma maneira inovadora. Além 
disso, della Porta empregou formas como a voluta (posicionada 
na parte superior da fachada), que sequer existia no passado 
clássico. No entanto é preciso ressaltar que, essas composições 
aparentemente anticlássicas, não são meros caprichos, e estão, 
na verdade, a serviço da composição formal do edifício, e de uma 
melhor organização da estrutura da edificação. Isso significa 
que aqueles artistas e arquitetos do período não faziam essas 
28
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
9 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Il_Gesu.jpg>. 
Acesso em: 31 jan 2011.
invenções e modificações arbitrariamente. Eles reconheceram 
e exploraram a capacidade de invenção que se transformaria 
mais tarde, com as devidas diferenças conceituais, em uma das 
buscas mais intensas nas artes plásticas e na arquitetura a partir 
do início do século XX: a obsessão pela novidade.
A fachada da Igreja Il Gesù (cerca de 1564), feita por Giacomo 
della Porta é representativa da utilização dos elementos clássicos 
de maneira anticlássica, característica maneirista. Nota-se o 
frontão e o entablamento com reentrâncias e saliências e as 
pilastras duplas na parte superior. Na parte inferior, percebem-
se os plintos e pilastras duplas, com portal com colunas e 
pilastras e frontão sob um arco. A maneira de compor todos 
esses elementos abre as possibilidades de busca do movimento 
desenvolvido e aprimorado no Barroco. As volutas e as imagens 
em nichos quebram a bidimensionalidade do plano da fachada. 
Mas, o mais importante, é que a planta da igreja passa a ter nova 
forma, isto é, planta em nave única, que será adotada em todo o 
período Barroco. Por isso, Il Gesù, obra maneirista, é a precursora 
das inovações barrocas.
Foto da fachada da Igreja Il Gesù em Roma, Itália.9
29
HISTÓRIA GERAL DA ARTE
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
10 Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/0/03/Caravaggio-Crucifixion_of_Peter.jpg>. Acesso em: 31 jan 
2011.
Na pintura, assim como na arquitetura, os artistas também tiveram 
que recorrer a novos métodos de trabalho que se aprofundaram no 
século XVII: a ênfase sobre a luz e a cor; o desprezo pelo equilíbrio 
simples e a preferência por composições mais complicadas. Começa, 
também no século XVI, um costume na sociedade, que até então 
não havia anteriormente. Iniciava-se a prática do debate sobre a arte 
e os seus movimentos, inclusive com questões sobre hierarquia (qual 
obra era a melhor dentre outras).
A representação naturalista escolhida por Caravaggio adota 
como modelo a realidade mais fiel possível à cena, e utiliza 
uma luz artificial, que ilumina de forma conceitual o espaço da 
composição de maior importância para o tema do quadro. Por 
isso, a luz incide de fora sobre a figura de São Pedro, captando 
com nitidez sua atitude diante do martírio de ser crucificado. A 
luz, dessa forma, auxilia Caravaggio a transmitir sua mensagem 
com veracidade. O santo tem uma expressão, entre temerosa 
e surpresa, que está muito distante da exaltação mística dos 
santos barrocos. Neste quadro, o personagem foi introduzido ao 
seu drama, e sua instabilidade emocional é a melhor prova de 
que se trata de um homem real.
Michelangelo Merisi (Caravaggio) - Crucifixão de São Pedro (1601)10
Igreja de Santa Maria Del Poppolo, Roma, Itália.
30
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
1/
02
/0
2 
-|
|-
 2
ª R
ev
isã
o:
 C
ris
tin
a 
- 
Co
rr
eç
ão
: F
ab
io
 -
 0
3/
02
/2
01
1
É possível apreciar as qualidades de uma composição de 
uma obra de arte mesmo que não se conheça a história ou tema 
representado. Basta observar como os elementos que compõem 
a pintura, escultura, alto ou baixo relevo, desenho, ou qualquer 
outro suporte, estão organizados e direcionam o olhar do 
observador.
Resumindo
Principais características do Barroco:
• na pintura, há umavalorização dos contrastes intensos, 
para aumentar a dramaticidade das cenas;
• na arquitetura, a manipulação das formas clássicas 
não utiliza referências rígidas, havendo até mesmo a 
criação de novas formas, que não existiam no passado 
clássico. A composição plástica do edifício é mais 
importante do que o uso de regras antigas;
• a Igreja católica, para se recuperar do enfrentamento 
com o Protestantismo, utiliza a arte e a arquitetura 
para difundir suas ideias.

Continue navegando