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Arte nas Revoluções

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Unidade II
5 A ARTE NA ERA DAS REVOLUÇÕES
O período compreendido entre os anos de 1776 e 1848 foi 
marcado, tanto na Europa como na América, por importantes 
movimentos que conduziram à transformação da sociedade 
ocidental. Esses movimentos foram: a Primeira Revolução 
Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra a partir de 
1750, e que modificou o modo de produção econômico e as 
próprias relações sociais na Europa; a Revolução Americana 
(1776), da qual resultaram a independência dos Estados 
Unidos e o início da derrocada do antigo sistema colonial 
no continente americano; a Revolução Francesa (1789), 
que pôs fim ao sistema feudal na França; e as diversas 
revoluções que eclodiram em diferentes regiões da Europa 
no ano 1848, com base em ideais como o liberalismo, 
o socialismo e o nacionalismo, princípios novos que 
conduziram à derrubada das relações políticas, econômicas 
e sociais que predominavam no continente desde a Idade 
Média. A produção artística desse período de intensas 
transformações também sofreu modificações importantes, 
como será observado a seguir.
5.1 A laicização da arte e a Revolução 
Francesa
A Revolução Francesa constituiu um dos mais importantes 
momentos da história da civilização ocidental, sendo 
responsável pelo estabelecimento dos princípios humanistas 
da igualdade, da liberdade e da fraternidade, que se 
contrapunham ao sistema de privilégios do Antigo Regime. 
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Fundada nos ideais da racionalidade iluminista, a Revolução 
Francesa abriu as portas para uma nova forma de arte, que 
não mais expressaria a vontade divina, mas os anseios, dramas 
e práticas cotidianas dos próprios seres humanos. Foi neste 
sentido que a arte ocidental caminhou, a partir de então, 
na direção de sua constante laicização: os temas bíblicos 
foram substituídos, na pintura e na escultura, por temas 
mitológicos e do cotidiano burguês. Ademais, os artistas 
passaram a servir não mais à Igreja, doravante decadente 
como centro de irradiação do poder político, mas aos novos 
líderes políticos, em especial Napoleão Bonaparte, tornado 
imperador francês em 1799, e que pretendeu estender a 
toda a Europa os ideais da Revolução Francesa e suplantar a 
sua principal rival, a Inglaterra, no campo econômico, como 
principal fornecedora de produtos industrializados para 
o velho continente e para o Novo Mundo. Em diferentes 
obras, a representação de temas da mitologia greco-romana 
servia ao propósito de simbolização do caráter eterno do 
poder, encarnado na figura de Napoleão. Particularmente, 
no que se refere à pintura, predominava o denominado 
academicismo, pois os artistas seguiam modelos e regras 
que eram aprendidas nas escolas de Belas Artes. Entre os 
pintores do período, cabe destacar a atuação de Jacques-
Louis David, artista oficial do Império napoleônico, cujas 
obras representam momentos históricos, cenas mitológicas, 
paisagens, além de retratos e nus, em geral carregados de 
realismo e emoção.
A pintura a seguir, chamada A morte de Marat ou Marat 
assassinado, retrata o revolucionário francês Jean-Paul Marat 
em sua casa, após ter sido assassinado por Charlotte Corday 
em 13 de julho. Note que, na caixa de madeira cuja forma se 
assemelha à uma pedra tumular, há uma inscrição, tratando-se 
de uma homenagem a Marat, quem o pintor conhecia em vida e 
supostamente teria visto um dia antes de sua morte.
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1 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_
upload/2007/11/129_1844-A%20morte%20de%20Marat.JPG>. Acesso em 
31 jan 2011.
Jacques-Louis David - A morte de Marat ou Marat assassinado (Marat assassiné) 
(1793)1
Óleo sobre tela. Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique, Bruxelas, Bélgica.
5.2 A arte e a Revolução Industrial
5.2.1 Realismo
A pintura Realista desenvolveu-se principalmente na França, 
na segunda metade do século XIX, paralelamente ao contínuo 
processo de transformação promovido, sobretudo nas cidades, 
pela Revolução Industrial. O Realismo consistiu numa nova 
estética, a qual se fundava no propósito de aplicar, no campo 
artístico, o mesmo rigor de interpretação e domínio da natureza 
conquistado no campo científico. Neste sentido, a arte preconizava 
o abandono da subjetividade e da emoção, caracterizando-se 
pela busca da objetividade, de modo racional.
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Resumindo
Principais características da arte realista:
• a pintura apresenta cunho cientificista, pois visa 
representar o real com o mesmo grau de objetividade 
com que os cientistas analisam fenômenos naturais. 
A pintura realista apresentava portanto, caráter 
documental;
• os artistas realistas não idealizam a natureza, nem 
buscam melhorá-la ao representá-la em suas obras. 
O belo está na própria realidade do modo como ela 
é, cumprindo apenas ao artista reproduzi-la em sua 
verdade;
• as pinturas são marcadas pela sua sobriedade e pela 
minuciosidade da representação, revelando os aspectos 
próprios da realidade;
• em decorrência da ênfase na objetividade e na 
minúcia, as obras de arte realistas caracterizam-se por 
expressarem o mais fielmente possível a realidade em 
detalhes, adquirindo um caráter descritivo;
• a obra de arte constitui veículo de denúncia das 
injustiças sociais, protestando, de forma politizada, 
em favor dos oprimidos e desfavorecidos, revelando 
a desigualdade existente entre a pobreza do 
proletariado e a riqueza dos burgueses. Alçados 
a heróis da sociedade industrial, os operários e 
miseráveis constituem temas privilegiados das 
pinturas realistas, em substituição aos heróis 
idealizados da pintura da época do Romantismo.
O principal representante do Realismo, na pintura, 
é Gustave Courbet (1819-1877), que retratou em suas 
obras, principalmente, cenas da vida cotidiana das classes 
trabalhadoras. Courbet era declaradamente socialista. Outro 
artista importante ligado ao Realismo é Jean-François 
Millet, homem muito religioso, amante da natureza e que 
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trabalhara desde jovem no campo. Sua pintura representa, 
sobretudo, os vínculos entre o homem e a terra.
Gustave Courbet - Moças Peneirando o Trigo (1854)2
Museu de Belas Artes, Nantes, França.
Além da obra pictórica de Courbet e Millet, cabe fazer 
referência, no Realismo, à produção do escultor Auguste Rodin, 
que se afastou dos princípios idealistas e procurou criar estátuas 
que representavam a realidade no modo como ela é, dando 
preferência a temáticas contemporâneas e à busca de registrar o 
momento específico de uma atitude, como na sua obra O Beijo.
Na escultura O Beijo, de Rodin, é possível observar as 
principais características da obra deste que foi o mais importante 
escultor realista. Sua importância reside, entre outros fatores, na 
sua ruptura com os padrões clássicos das esculturas, buscando 
novas proporções e ensaiando torções e movimentos com forte 
inspiração em Michelangelo.
2 Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_SfQPaT_iu0w/SabJ6Ux-
AkI/AAAAAAAABIo/pz6pLuNaz38/s1600-h/764px-Gustave_Courbet_014.
jpg>. Acesso em: 31 jan 2011.36
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Auguste Rodin - O Beijo (Le Baiser) (década de 1890)3
Escultura em mármore. Museu Rodin, Paris, França.
5.2.2 Naturalismo
A partir de 1830, surge uma nova forma de representação 
da realidade com as inovações que a máquina permitia: a 
fotografia. Os artistas perceberam o limite das possibilidades da 
arte na mimese do real. Abandonando um pouco as questões 
ideológicas (crítica social) do Realismo, os artistas naturalistas 
empreenderam uma caminhada em busca da reprodução fiel 
das paisagens urbanas ou não, sem o caráter idealizado do 
Realismo. Sua prática ocorria ao ar livre, característica adotada 
posteriormente também pelos impressionistas para garantir o 
contato direto com o real.
Entre os principais artistas naturalistas estão Theodore 
Rousseau (1812-1867) e Camille Corot (1796-1875).
3 Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/
c/ce/Baiser_de_Rodin.JPG>. Acesso em: 31 jan 2011.
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Em sua fase italiana, Corot, no início do século XIX, privilegiava 
as paisagens elaboradas com volumes, cuja luz construía as 
formas a partir do contraste com as sombras. As tonalidades das 
cores complementam a construção minuciosa da paisagem.
Jean Baptiste Camille Corot - Forum visto do Jardim Farnese (1826)4
Papel montado sobre tela. Museu do Louvre, Paris, França
5.2.3 Romantismo
No Romantismo, os artistas afastaram-se da representação 
do real. O interesse era o de representar valores sociais 
simbolizados nas próprias pinturas por figuras humanas, seus 
trajes, seus gestos e mesmo os objetos que portavam.
A pintura adquire um caráter eminentemente retórico, 
tornando-se um discurso sobre o real, representando as mudanças 
sociais e políticas decorrentes da ascensão da burguesia ao 
poder. Por esse motivo, as cenas do cotidiano, do povo e seus 
costumes são os preferidos pelos artistas.
Um dos artistas mais representativos desse período foi 
Eugène Delacroix (1798-1863), autor do primeiro quadro político 
da História da Arte, A Liberdade guiando o povo (1830). A ideia 
de liberdade estava impregnada de valores nacionalistas e de 
independência da pátria. 
4 Disponível em: <http://www.canvasreplicas.com/images/Florence
%20from%20the%20Boboli%20Gardens%20Jean%20Baptiste%20Camille
%20Corot.jpg>. Acesso em: 31 jan 2011.
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5 Disponível em: <http://www.wga.hu/index.html>. Acesso em: 31 
jan 2011.
Delacroix sintetiza nesta obra os principais elementos da 
pintura romântica: a sua forte carga emocional e o apelo a 
símbolos da nacionalidade e liberdade, que representavam a 
ideia de mobilização das camadas populares no caminho da 
libertação dos grilhões do Antigo Regime.
Eugène Delacroix - A Liberdade guiando o povo (28 de julho 1830)5
Óleo sobre tela (260 x 325 cm). Museu do Louvre, Paris, França.
6 AS NOVAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO NA 
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
6.1 A síntese da forma na obra pictórica de 
Paul Cézanne
Um dos mais importantes artistas do Ocidente, e que 
influenciou muitas gerações de pintores, nas quais se incluem 
Pablo Picasso e Georges Braque, foi o francês Paul Cézanne 
(1839-1906). Ele não considerava que a arte tivesse como 
papel a fiel representação da realidade, nem o mero registro 
das impressões decorrentes dos sentidos, mas antes, a busca 
da interpretação do real. Noutros termos, segundo Cézanne, o 
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artista não reproduz, mas interpreta a realidade. Tendo iniciado 
a sua carreira com obras de cunho sensual, como A Orgia, 
Cézanne destacou-se sobretudo, na História da Arte, pelo rigor 
técnico com que buscou a geometrização em suas pinturas, 
empregando com maior constância formas cilíndricas, esféricas 
e cônicas, tornando-se um precursor do Cubismo.
A Montanha Sainte-Victoire foi pintada por Cézanne em 
diversas ocasiões, como se estivesse à procura da descoberta da 
estrutura fundamental do espaço tridimensional representado 
no plano. Para Cézanne, a natureza deveria ser retratada 
pelos volumes puros, o cone, o cilindro, o cubo e a esfera. Essa 
perspectiva prenuncia o Cubismo.
Paul Cézanne - Monte Sainte-Victoire, visto de Bellevue.
Óleo sobre tela. Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania, EUA.
6.2 A busca da ruptura com os padrões 
clássicos: pintura, design e arquitetura
A introdução da máquina como elemento fundamental do 
ciclo produtivo propiciou, em meados do século XIX, um debate 
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exaustivo sobre a relação entre artesanato versus indústria 
e, por conseguinte, entre arte versus artesanato. Na Primeira 
Exposição Universal de 1851, realizada no Palácio de Cristal em 
Londres, ficara patente a necessidade de adequar as formas 
dos objetos produzidos artesanalmente pelo homem aos novos 
tempos, agora, os da máquina. Formou-se então na Inglaterra 
um movimento denominado Arts and Crafts liderado por artistas 
como William Morris (1834-1896) e John Ruskin (1819-1900), 
que rejeitavam a forma de produção industrial. Defendiam o 
artesanato e buscavam nas corporações e guildas da Idade 
Média, uma saída plausível para a organização da produção nos 
novos tempos. Mais ao final do século XIX, no entanto, surge 
na Europa um movimento antagônico ao Arts and Crafts nos 
seus objetivos. Com diversas denominações, a Arte Nova, ou Art 
Nouveau pretendia avançar a questão da produção em série a 
partir dos novos materiais: o ferro e o vidro. Por isso, era necessário 
buscar novas formas, que rompessem com o clássico, já que 
produzir nesses padrões implicava no artesanato. No entanto, 
as formas e as referências utilizadas pela Arte Nova para romper 
com o clássico tinham forte influência da pintura oriental, com 
utilização de formas da natureza, portanto linhas curvas e temas 
florais. Nesse sentido, a tentativa viu-se frustrada para alcançar 
rapidamente uma solução para a produção em série dos objetos, 
acessórios da construção e da própria edificação. Rapidamente, 
os arquitetos e artistas perceberam que as formas da Arte Nova 
não implementariam a produção racional e industrial. O trabalho 
manual continuava a ser necessário para obter os resultados 
formais pretendidos.
Já na primeira década do século XX, mais precisamente em 
1907, na Alemanha é fundada a Werkbund, uma sociedade 
de artesãos e artistas com o objetivo de relacionar a arte e a 
indústria por meio do ensino e da propaganda. Diferentemente 
do movimento inglês Arts and Crafts, a Werkbund concilia a 
máquina na produção artística, de forma a abrir terreno seguro 
para que Walter Gropius (1883-1969), em 1919 fundasse em 
Weimar, também na Alemanha, a primeira e mais importante 
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escola de arte, design, arquitetura e urbanismo, a Bauhaus 
(1919-1933).
6.3 Pontilhismo
O Pontilhismo foi uma iniciativa tomada por alguns artistas 
europeus no final do século XIX que se baseava em uma 
propriedade do olho e do cérebro humano de reunir certos 
elementos visuais– neste caso um conjunto de milhares de 
pontos coloridos – e, a partir deles, construir imagens.
Um dos principais artistas desse tipo de representação foi 
Georges Seurat, que influenciou muito os artistas chamados de 
impressionistas. Até hoje, a obra de Seurat é uma referência e 
chama a atenção do observador. No quadro abaixo, o artista 
escolheu não apenas representar as cores e formas dos 
elementos que compõem o quadro por meio do pontilhismo, 
mas também com outras escolhas plásticas: tanto as pessoas 
quanto a vegetação e os animais estão representadas de uma 
maneira simplificada e geometrizada, quase como bonecos. Não 
há uma preocupação em retratar fielmente, do ponto de vista 
visual, a cena de lazer e de descanso do quadro.
Georges Seurat - Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte (Un dimanche après-
midi à l’Île de la Grande Jatte) (1884-1886)
Óleo sobre tela, 207,6 x 308 cm. Art Institute of Chicago, Chicago, EUA.
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6.4 Impressionismo
A pintura denominada impressionista desenvolveu-se na 
Europa no século XIX. Essa denominação tem a sua origem 
em uma famosa tela, de autoria de Claude Monet, intitulada 
Impressão, nascer do Sol, de 1872. Os artistas vinculados a 
esse movimento desprenderam-se da preferência por temas 
da mitologia greco-romana e puseram de lado a preocupação 
com a reprodução fiel (mimese) da realidade. Conferiam maior 
relevância aos próprios quadros, considerados importantes em 
si mesmos como obras de arte. O seu interesse central era a 
exploração dos efeitos de movimento e de luminosidade, obtidos 
a partir de pinceladas soltas, sem traço de desenho. Em geral, 
os impressionistas pintavam em meio à natureza e nos espaços 
abertos das cidades, visando observar melhor as variações 
decorrentes das mudanças da luz incidindo sobre pessoas e 
objetos durante o dia e à noite.
A imagem abaixo reproduz o quadro intitulado Impressão, 
nascer do sol, de Monet. Exibida em exposição ocorrida no ano 
de 1874, foi a partir dessa obra que se nomeou o movimento 
impressionista.
Claude Monet - Impressão, nascer do sol (1872)6
Museu Marmottan, Paris, França.
6 Disponível em: <http://www.smashingmagazine.com/2009/08/27/
if-famous-painters-were-web-designers/>. Acesso em: 31 jan 2011.
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Resumindo
Características gerais da pintura impressionista:
• considerando que a luz solar é a fonte de todas as cores, 
os artistas buscam mostrar as variações de tonalidade 
decorrentes das mudanças no modo como objetos e 
pessoas são iluminados ao longo do dia;
• os artistas procuram capturar o instante em que 
observam a realidade, e, para tanto, empregam, inclusive, 
a fotografia;
• o traço do desenho que conferia nitidez de contorno às 
imagens não é empregado, mas apenas largas pinceladas, 
que geram manchas, as quais criam a impressão de 
retratarem objetos e pessoas;
• os artistas também representam sombras, porém 
estas são coloridas e plenas de luminosidade, visando 
reproduzir o efeito que as mesmas causam às vezes, 
quando vistas a olho nu;
• ruptura com o academicismo, por exemplo, no 
abandono do claro-escuro, substituído pelo uso de 
cores complementares para a obtenção do efeito de luz 
e sombra;
• os artistas não misturam tintas em suas paletas, utilizam 
apenas cores puras, sendo o próprio observador quem, 
por meio do olhar, realiza a combinação das mesmas.
6.5 Fauvismo
O Fauvismo (também chamado de Fovismo) nasceu em 1905, 
em Paris, a partir da exposição no Salão de Outono. Naquela 
ocasião, certos artistas expuseram obras em que empregavam as 
cores puras de forma muito intensa, e, por esse motivo, passaram 
a ser denominados fauves (feras, em português).
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Resumindo
Principais características do Fauvismo:
• a obra de arte não é um produto intelectual, nem um 
produto da sensibilidade, pois, no ato de criação, o pintor 
deve seguir os impulsos instintivos, os seus sentimentos 
primários;
• na pintura, devem-se exaltar as cores puras e tanto as 
linhas do desenho como o colorido das tintas devem 
surgir de modo impulsivo, expressando em sua maior 
pureza, as sensações do artista;
• a obra de arte deve ser marcada por pinceladas abruptas, 
arrematadas em um colorido intenso de grandes 
manchas de cores puras;
• na pintura fauvista não há preocupação com o realismo 
da representação nem interessam formas ou figuras 
e técnicas de desenho, já que a própria perspectiva é 
abandonada em favor do tratamento exclusivo da cor.
Os mais importantes representantes do Fauvismo foram 
os franceses Maurice de Vlaminck (1876-1958), André Derain 
(1880-1954), Raoul Dufy (1877-1953) e Henri Matisse 
(1869-1954). Este último, ao contrário dos demais, transitou 
gradativamente em sua obra, para uma composição equilibrada 
entre colorido e desenho, em pinturas nas quais a profundidade 
está ausente.
7. A ERA DA MÁQUINA E AS VANGUARDAS 
ARTÍSTICAS
7.1 Os movimentos transformadores da arte: 
os ismos
Entre as principais mudanças ocorridas no campo das artes no 
início do século XX estão as denominadas vanguardas artísticas. 
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A denominação de vanguarda deve-se ao caráter ideológico 
e político do período pré-guerra e entreguerras, ao longo dos 
quais as mudanças sociais foram bastante acentuadas (como 
a Revolução Bolchevique na Rússia em 1917, por exemplo), 
não ficando as artes alheias a isso. Os artistas pretendiam e 
entendiam que as transformações sociais seriam possíveis a 
partir da arte, que, neste sentido, deteria função civilizatória. 
O caráter urbano e industrial da vida cotidiana alimentou 
as temáticas predominantes no qual a máquina tem papel 
fundamental: a velocidade, a energia, o tema da reprodução em 
série e a própria guerra constituíram assuntos recorrentes nas 
obras dos artistas. A natureza, entendida agora como artificial, é 
o novo mundo com o qual a arte presta contas em seu caminho 
rumo à abstração.
Saiba mais
Vanguarda
Este termo da História da Arte do século XX foi tomado 
de empréstimo do vocabulário militar, no qual designava 
as tropas de infantaria que iam à frente dos batalhões 
para verificar a situação do inimigo e eventualmente fazer 
pequenas ações subversivas (avant-garde). No campo da 
arte, passou a significar a luta contra estilos do passado 
que representavam os valores burgueses.
7.1.1 Expressionismo
O Expressionismo desenvolveu-se na Europa entre o final 
do século XIX e o início do século XX. Os artistas que tomaram 
parte nesse movimento privilegiavam os aspectos internos 
do processo de produção artística, em detrimento de suas 
manifestações exteriores. Por esse motivo, conferiam às suas 
obras uma forte carga de subjetividade, tornando-as expressão 
direta dos seus universos interiores.
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Embora tenha se manifestado em diferentes campos das artes, 
foi na pintura que se inaugurou o movimento expressionista, 
tendo constituído, ao lado do Fauvismo, o início das vanguardas 
históricas. Ademais, devido às suas próprias características que 
conduziam a uma supervalorização da individualidade artística, o 
Expressionismofigurou-se por certa heterogeneidade de estilos, 
tendo sido, por isso mesmo, sobretudo, uma postura diante 
da arte que congregou diferentes artistas, de características 
intelectuais diversas.
Há ainda que observar que o Expressionismo originou-se em 
contraposição ao Impressionismo, em particular contra as suas 
tendências naturalistas e positivistas. Por essa razão, conforme 
indicado anteriormente, os expressionistas privilegiavam a 
intuição e o personalismo, enfatizando a interioridade de cada 
artista. Noutros termos, o Expressionismo deforma o real a fim 
de explicitar a subjetividade do artista e da própria natureza, 
privilegiando a manifestação dos sentimentos e não a descrição 
objetiva da realidade.
A imagem a seguir reproduz a tela intitulada O Grito, de autoria 
do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). Constitui esta 
uma das mais significativas obras do Expressionismo. Nela, um 
ser cujo sexo não é facilmente discernível, aparece atormentado 
nas docas de Oslofjord, na cidade de Oslo, ao anoitecer, e, 
como sugerido pelo título do quadro, solta um grito. O caráter 
subjetivo da cena – característico do Expressionismo - é bastante 
explícito, sobretudo por não ser demonstrado com exatidão 
o que o quadro efetivamente representa. Com efeito, a sua 
interpretação depende do envolvimento do espectador, a quem 
cumpre buscar compreender o que o artista quis expressar. 
Angústia, dor e desespero, são alguns dos sentimentos que se 
podem entrever nesta tela, que bem poderia querer representar 
o desejo do artista de gritar, ainda que solitariamente, com 
a sensação de não poder ser ouvido – nem mesmo por nós - 
diante das profundas mudanças que a nova sociedade europeia, 
burguesa e industrial, estava provocando.
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Edvard Munch - O grito (1893)7
Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Galeria Nacional, Oslo, Noruega.
7.1.2 Cubismo
A arte cubista teve início em 1907 e influenciou diferentes 
gerações de artistas no transcorrer das primeiras décadas do 
século XX. Inspirados, entre outros fatores, pela obra de Paul 
Cézanne, os iniciadores do Cubismo, Pablo Picasso (1881-1973) 
e Georges Braque (1882-1963) contribuíram de forma decisiva 
para uma das mudanças mais significativas ocorridas na arte 
ocidental. Efetivamente, o Cubismo rompeu com os padrões de 
representação artística do real ao empregar, predominantemente, 
figuras geométricas que representavam seres e objetos em 
todas as suas partes em um único plano, sem preocupação com 
perspectiva ou tridimensionalidade. Assim, nas obras cubistas, 
representar o mundo não mais significava apresentá-lo de 
acordo com sua aparência real, conforme vista a olho nu. A 
realidade se via simplificada às formas geométricas: triângulos, 
losangos, trapézios, cubos etc.
7 Disponível em: <http://descompassado.com/wp-content/uploads 
/2009/10/ogrito-munch.jpg>. Acesso em: 31 jan 2011.
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A imagem abaixo representa a obra Les demoiselles 
d’Avignon (1907), da autoria de Picasso. Essa pintura é 
considerada como aquela que deu início ao Cubismo. Nela, 
podem-se observar influências da arte tribal africana, bem 
como de Paul Cézanne. Obra-prima das artes plásticas do 
Ocidente, é perceptível nela a ruptura com todas as convenções 
e tradições da arte ocidental. As cinco mulheres do quadro são 
apresentadas à maneira cubista, com seus corpos reduzidos a 
formas geométricas. Observe ainda a mulher sentada no canto 
direito, e que é vista por nós ao mesmo tempo pela frente e 
pelas costas. 
Pablo Picasso - Les demoiselles d’Avignon (1907)8
Óleo sobre tela. The Museum of Modern Art, Nova York, EUA.
7.1.3 Futurismo
Contrários a toda tendência moralista e passadista, os 
futuristas foram artistas que enalteceram, em suas obras, as 
conquistas tecnológicas do início do século XX e as mudanças 
8 Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_mOMPk3LkR0U/S-
K8vu2EmWI/AAAAAAAAEr4/OdppNL0Pn9Y/s1600/picasso-mademoiselles.
jpg>. Acesso em: 31 jan 2011.
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velozes que estas imprimiam na sociedade europeia da 
época, tendo também exaltado, no início do movimento, a 
própria guerra e a violência. Em decorrência de seu apreço 
pela novidade, propunham inclusive a destruição dos 
museus e das antigas cidades. Presente nas artes plásticas 
e na literatura, o Futurismo foi inaugurado com a redação 
do Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo 
Tommaso Marinetti (1876-1944). O texto foi publicado pelo 
jornal francês Le Figaro em sua edição do dia 20 de fevereiro 
de 1909. Devido ao seu caráter agressivo, o Futurismo 
repercutiu internacionalmente, tendo influenciado artistas 
modernistas de outros continentes.
Resumindo
Principais características do Futurismo:
• enaltecimento da indústria e das novas tecnologias;
• aceitação da propaganda como mais importante meio 
de comunicação;
• emprego de onomatopéias (palavras que expressam 
ruídos, barulhos, sons diversos) nos poemas;
• utilização de frases fragmentadas na poesia, visando 
significar velocidade;
• na pintura, adoção de cores fortes, vivazes, com 
intensos contrastes, além da sobreposição de imagens 
e algumas distorções, a fim de representar o dinamismo 
do movimento;
• busca por não representar objetos (um carro, por 
exemplo), mas significar, em suas obras, a forma 
plástica das direções e da velocidade dos movimentos 
descritos por eles no espaço.
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Na imagem abaixo encontra-se a reprodução da obra 
intitulada Velocità astrata + rumore, de autoria do pintor 
italiano Giacomo Balla (1871-1958). Nela acham-se 
explicitados alguns dos principais elementos definidores da 
pintura futurista: a tendência ao cubismo e à abstração, o 
emprego de cores fortes, a simulação de ação, de movimento, 
a demonstração de que os diferentes aspectos dos objetos 
interpenetram-se simultânea e permanentemente. A obra 
de Balla sugere figuras movimentando-se velozmente num 
determinado espaço, sem a preocupação com a representação 
figurativa bem definida em seus contornos.
Giacomo Balla - Velocità astrata + rumore (1913-1914)9
Óleo sobre tela. The Solomon R. Guggenheim Foundation, Peggy Guggenheim 
Collection. Nova York, EUA.
7.1.4 Dadaísmo
Constituiu o Dadaísmo (ou simplesmente Dadá) um 
movimento artístico de vanguarda que se iniciou no Cabaret 
Voltaire, localizado na cidade de Zurique, capital da Suíça, 
9 Disponível em: <http://www.diretoriodearte.com/wp-content/
uploads/2008/05/giacomo_balla-abstract_speed_and_sound__velocita_
astratta_e_rumore-oil_on_board-1913_-_14.jpg>. Acesso em 31 jan 2011.
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no ano de 1916. A liderança do mesmo coube ao escritor 
alemão Hugo Ball (1886-1927) – autor do Manifesto Dada, 
publicado em 1916 -, ao poeta romeno Tristan Tzara (1896-
1963) e ao pintor e poeta alemão Hans Arp (1886-1966). 
O emprego da palavra dada para representar o movimento 
visa indicar tanto o caráter antirracionalista do mesmo 
(uma vez que o termo parece não ter um significado, pois 
se trata de uma palavra que lembra o balbuciar de um bebê 
humano), quanto evidenciarque a linguagem pode não 
fazer sentido ou mesmo remeter a múltiplos sentidos. Devia-
se essa característica à oposição que os dadaístas faziam 
à Primeira Grande Guerra e a outras vanguardas artísticas 
do período, notadamente o Futurismo, que valorizava o 
conflito e as inovações tecnológicas, tidas pelos dadaístas 
como demonstrações de irracionalidade. Ao enfatizarem 
o non-sense, o não lógico e o não racional, os dadaístas 
empregavam a ironia em suas obras e eram radicais na 
valorização daquilo que era considerado absurdo. Por esse 
motivo, recorreram ao poema aleatório e aos ready-mades, 
e, embora tenham encerrado suas atividades no início do 
decênio de 1920, suas propostas influenciaram diversos 
movimentos de vanguarda que lhe sucederam, como o 
Expressionismo Abstrato, o Surrealismo, a Pop Art e a Arte 
Conceitual.
Saiba mais
Ready-made
Ready-made significa literalmente já pronto, já 
produzido. Esse termo foi adotado originalmente no ano 
de 1913 pelo artista plástico francês Marcel Duchamp 
(1887-1968), com o qual buscou denominar objetos 
manufaturados que são alçados ao status de objetos 
artísticos.
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A figura abaixo reproduz a obra Roda de Bicicleta, produzida 
no ano de 1912, e que constituiu o primeiro ready-made de 
autoria de Marcel Duchamp, um dos mais importantes artistas 
dadaístas. A peça é formada por uma roda de bicicleta equilibrada 
sobre o tampo de um banco. Com esta obra, Duchamp pretendeu 
discutir o próprio conceito de arte, demonstrando que esta não 
é definida pelo objeto, pelos materiais ou pelo tipo de suporte 
empregado, mas pela atitude do artista, que modifica a própria 
natureza do objeto, ao dispô-lo não mais como produto industrial 
utilitário, mas como obra artística.
Marcel Duchamp - Roda de bicicleta. (1912)
Museum of Modern Art – MoMA, Nova York, EUA.
7.1.5 Construtivismo Russo
Constituiu o Construtivismo Russo um movimento artístico 
de forte conotação político-ideológica e que teve origem na 
extinta União Soviética, em 1919. Contrariamente à noção 
de pureza artística, o Construtivismo Russo enfatizava as 
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vinculações entre a produção artística e a realidade cotidiana. 
Desse modo, preconizava-se que as obras de arte deveriam 
refletir as conquistas sociais da Revolução Bolchevique de 1917, 
e também representar o mundo do trabalho e do operariado na 
era da máquina e da industrialização. Portanto, a arte serviria 
aos propósitos ideológicos, de apoio à construção da sociedade 
socialista. A denominação de arte construtivista foi elaborada pelo 
artista plástico russo Kazimir Malevich (1878-1935), referindo-se 
à obra do seu compatriota, o pintor e fotógrafo Alexander 
Rodchenko (1891-1956). Estendendo-se até meados da década 
de 1930, o Construtivismo Russo, caracterizado sobretudo 
pelo recurso à abstração geométrica, influenciou importantes 
movimentos das artes plásticas e do design moderno, como o 
De Stijl, a Bauhaus e o Suprematismo.
Na figura abaixo, observa-se reprodução do quadro 
intitulado Pintura Suprematista, de Kazimir Malevich, um dos 
principais expoentes do Construtivismo Russo. Esse quadro é 
representante do extremo abstracionismo a que chegaram os 
construtivistas, denominado suprematismo, caracterizado pelo 
uso de figuras geométricas e cores primárias.
Kazimir Malevitch - Pintura suprematista (1916)10
Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda.
10 Disponível em: <http://hcapma.blogspot.com/2009/04/kasimir-
malevich-1878-1935-suprematismo.html>. Acesso em 31 jan 2011.
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7.1.6 De Stijl: o Neoplasticismo holandês
O movimento denominado De Stijl ou Neoplasticismo teve 
origem na Holanda e contou, entre os seus mais importantes 
expoentes, com o artista plástico, designer, poeta e arquiteto 
Theo Van Doesburg (1883-1931), o pintor Piet Mondrian (1872-
1944) e o designer de produtos e arquiteto Gerrit Rietveld 
(1888-1964). O movimento teve sua origem na revista intitulada 
De Stijl (em português, O Estilo), fundada no ano de 1917 por 
Doesburg e outros artistas, incusive Mondrian e Rietveld, que 
nela publicavam textos em favor de uma nova estética para a 
poesia, a arquitetura e as artes plásticas, tendo como epicentro a 
supervalorização das cores primárias e das formas geométricas, 
conduzindo ao abandono de toda representação figurativa, 
por meio da adoção do completo abstracionismo. Ressalte-se 
ainda que a simbiose entre os integrantes do movimento foi 
tamanha que as obras de design e arquitetura de Rietveld (como 
a cadeira Red and Blue (1917) e as residências por ele projetadas) 
praticamente reproduziam os quadros de Mondrian.
A total abstração da pintura de 
Mondrian foi obtida por meio de um 
longo trabalho de pesquisa plástica que 
começa ainda com o figurativismo em seus 
primeiros quadros. Posteriormente, o autor 
foi criando uma forma de representação 
que se volta para si mesma, sem buscar 
referências externas, baseando-se na 
composição das cores básicas, reveladas 
pela ciência da ótica e da física.
Esse tipo de plasticidade também se 
estendeu à arquitetura, tanto de edifícios 
quanto de interiores.
Piet Mondrian - Composição em vermelho, preto, azul, amarelo e cinza (1920)
Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda.
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7.1.7 Surrealismo
O movimento surrealista abrangeu a literatura, as 
artes plásticas, o teatro e o cinema e teve sua origem 
em Paris na década de 1920, a partir da publicação, em 
1924, do Manifesto Surrealista, da autoria do poeta André 
Breton (1896-1966). Essa vanguarda artística foi bastante 
influenciada pelas teorias do pai da Psicanálise moderna, 
o austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Decorre daí a 
ênfase conferida pelos artistas surrealistas ao papel do 
inconsciente na representação da realidade, o que valia por 
uma crítica ao extremado racionalismo vigente na condução 
da política e das relações socioeconômicas, à época. Por esse 
motivo, os surrealistas buscavam apresentar em suas obras 
o real de maneira não racionalista, ao qual se podia captar, 
principalmente, nos sonhos, quando o inconsciente se 
encontra liberado da repressão racionalista do consciente.
Na imagem ao lado encontra-se 
reproduzido o quadro Aparição de 
rosto e fruteira numa praia (1938), de 
autoria de Salvador Dalí (1904-1989), 
um dos principais expoentes da pintura 
surrealista, ao lado de René Magritte 
(1898-1967). Essa obra de Dalí apresenta 
a mais importante característica da arte 
surrealista: o mundo é aí percebido como 
se estivéssemos em meio a um sonho, 
cercados por imagens de seres e objetos 
transfiguradas pela ação do inconsciente 
quando este se acha liberado do rígido 
controle da racionalidade.
Salvador Dali - Aparição de rosto e fruteira numa praia (1938)
Óleo sobre tela, 114,2 x 143,7 cm. Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut. EUA.
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7.2 A arte abstrata e a Bauhaus
A Bauhaus (1919-1933) foi a mais conhecida escola alemã 
de formação de arquitetos, técnicos e artífices especializados 
da primeira metade do século XX. Ela começou com uma 
definiçãoutópica: a construção do futuro deveria combinar 
todas as artes em um ideal único. Isto requeria um novo tipo 
de artista, além da especialização acadêmica, para quem a 
Bauhaus poderia oferecer educação adequada. Para atingir 
este objetivo, o fundador, Walter Gropius (1883-1969), sentiu 
a necessidade de desenvolver novos métodos de ensino e 
estava convencido de que a base para qualquer arte estava 
no artesanato: “a escola se transformara gradualmente em 
um workshop”. Assim, artistas e artesãos dirigiram aulas e 
produção juntas na Bauhaus em Weimar, Alemanha. Isto 
pretendia remover qualquer distinção entre artes puras e artes 
aplicadas. Ou seja, o conceito de novo tipo de artista estava 
vinculado à ideia de que, somente unindo todas as artes, seria 
possível formar um novo profissional, voltado para o futuro.
A realidade da civilização tecnicista no início do século 
XX gerou solicitações para a Bauhaus que não poderiam ser 
preenchidas apenas pela revalorização do artesanato, que era 
a ideia inicial. Em 1923, a escola reagiu com um programa 
modificado, o qual marcaria sua futura imagem sob um novo 
mote: arte e tecnologia – uma nova unidade. O potencial da 
indústria seria aplicado para satisfazer padrões de design, 
abrangendo tanto aspectos funcionais quanto estéticos. As 
oficinas da Bauhaus produziram protótipos para produção 
em massa: desde uma simples lâmpada até uma habitação 
completa.
Resumindo
Principais características da Bauhaus:
• a união entre arte e indústria foi necessária para a escola 
enfrentar as novas necessidades da sociedade;
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• a relação entre funcionalidade e estética nos objetos 
desenvolvidos seria resolvida pela aplicação de princípios 
industriais;
• o novo objetivo era produzir objetos que abrangessem 
todos os aspectos da vida contemporânea;
• uma das consequências do novo programa era criar um 
design específico para os novos meios de produção em 
massa.
Abaixo, está uma imagem da cadeira Cesca, de 1928, da 
autoria do arquiteto alemão Marcel Breuer (1902-1981). Esse 
projeto é característico da visão da escola Bauhaus, que buscava 
aliar tecnologia a estética.
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8 AS REALIZAÇÕES DA ARTE PÓS-
VANGUARDAS
8.1 O papel do artista e a crise da 
modernidade
O denominado Expressionismo Abstrato ou Action Painting 
constituiu um movimento artístico de grande originalidade 
e forte repercussão que modificou a cena artística norte-
americana no final dos anos 40. Sua principal característica 
era o emprego de largas massas coloridas, com o predomínio 
de manchas, não de traços. Ao contrário do Expressionismo 
europeu, diretamente envolvido em debates ideológicos, 
os expressionistas norte-americanos excluíam totalmente 
os temas políticos e sociais de suas obras, privilegiando 
questões existencialistas como a miséria humana por 
exemplo, buscando expressar emoções de forma intensa e 
espontânea. Para tanto, destruíram os meios tradicionais 
de pintura, pintando diretamente no chão, na parede, por 
vezes sem uso de pincéis. Efetivamente, Jackson Pollock 
(1912-1956), maior nome do Action Painting, empregava 
verdadeiros jatos de tinta sobre a superfície de telas 
deitadas no chão, sem emprego de cavalete. Por meio dessa 
ação, Pollock cobria totalmente a tela e eliminava qualquer 
possibilidade de percepção figurativa ou de perspectiva por 
parte do espectador. Desse modo, criava obras de arte cheias 
de instintividade e emoção.
Diferentemente de Pollock, Willem De Kooning (1904-1997), 
igualmente representante do Expressionismo abstrato norte-
americano, não se distanciou totalmente do figurativismo. 
Adepto do abstracionismo, empregava pinceladas fortes, 
violentas, frenéticas em seus quadros, produzindo composições 
diferenciadas e muito coloridas, mas nas quais se reconhecem 
objetos e seres. Privilegiou em seus trabalhos as figuras femininas, 
sendo que a sua obra mais famosa é a série Mulheres, produzida 
no início da década de 1950.
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A imagem abaixo representa a tela intitulada Nº 5, 
de Jackson Pollock. Nela, podem-se notar as principais 
características desse artista e do movimento do qual fez 
parte: a ruptura plena com o figurativismo, gerada pelo 
uso de respingos de tinta lançados contra a tela. A técnica 
de gotejamento, por meio de latas de tinta perfuradas, foi 
introduzida por Pollock, que chegava a produzir as suas telas 
na frente do próprio público.
Jackson Pollock – N° 5 (1948)
Óleo sobre tela, 243.8 × 121.9 cm. Coleção particular.
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8.2 A Pop Art
A Pop Art constituiu um movimento artístico que ocorreu 
predominantemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, 
entre a segunda metade dos anos 50 e 60. Bebendo em 
fontes como o Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também para 
revolucionar o próprio conceito de obra de arte, uma vez 
que incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais 
e de consumo de massa, contrariando a máxima de que 
a arte é alheia aos interesses do mercado. Sobretudo, os 
artistas representativos desse movimento incorporaram ao 
seu repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e 
do universo da propaganda, como a Coca-Cola e as imagens 
de artistas populares como Marilyn Monroe. Devido a essa 
mesma motivação, as principais fontes de inspiração dos 
representantes da Pop Art eram os programas de televisão, 
as revistas em quadrinhos, o cinema e a publicidade. De 
certo modo, por incluir imagens plenamente identificáveis 
de pessoas e objetos, a Pop Art marcou também um retorno 
ao figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo, 
dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-
1945).
Entre as principais consequências do movimento da Pop 
Art, cabe destacar a elevação à categoria de arte de objetos 
que antes eram considerados vulgares, dado o seu caráter de 
produtos comerciais.
Dos principais artistas da Pop Art, cumpre destacar os 
seguintes:
• Robert Rauschenberg (1925-2008): empregava materiais 
diversos, como folhas de jornal, garrafas e outros objetos 
industrializados, bem como fotografias, em combinação 
com tintas e silk-screen, representando temas da 
indústria cultural e da contemporaneidade nos Estados 
Unidos;
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• Roy Lichtenstein (1923-1997): tinha grande apreço 
pelas histórias em quadrinhos. Pintou sobretudo 
quadros a óleo e tinta acrílica, empregando uma 
técnica muito própria de pontilhismo, marcada pelo 
forte colorido e luminosidade, sempre delimitado por 
um traço negro. Os temas de seus quadros, muitos dos 
quais remetem a uma espécie de imagem congelada 
de uma sequência de quadrinhos, não estão porém 
vinculados explicitamente a nenhum enredo, que cabe 
ao espectador imaginar;
• Andy Warhol (1927-1987): foi o mais renomado 
representante da Pop Art. Tornou-se internacionalmente 
conhecido por suas séries de retratos de ícones da 
música e do cinema, como, por exemplo, Marilyn 
Monroe e Elvis Presley. Warhol empregou em suas obras 
sobretudo, a técnica da serigrafia, representando, além 
dos ídolos pop, objetos de consumo de massa, como 
garrafas de Coca-Cola,latas de sopa, carros e cédulas 
de dinheiro.
A imagem a seguir reproduz uma das obras mais 
significativas da Pop Art, a série de imagens de latas de 
sopa Campbell’s, da autoria de Andy Warhol. Produtos 
industrializados, ou seja, objetos comerciais eram 
convertidos em obras de arte, fator que aproximava a 
arte da cultura de massas. Esse emprego de ready-mades, 
à maneira do Dadaísmo, possibilitava a reconfiguração 
do sentido dos objetos, que, deslocados das prateleiras de 
supermercados, das telas de cinema, das bancas de jornal, 
adquiriam novo sentido como objetos de arte em galerias, 
museus e exposições.
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Andy Warhol – N° 6 de Campbell’s soup cans (1968) – (detalhe)
91.8 x 61.3 x 3.8 cm. Kerry Stokes Collection, Perth, Austrália.
8.3 A Op Art
A Op Art ou Optical Art foi um movimento artístico 
caracterizado pelo emprego de formas geométricas 
que induzem o olhar do espectador a uma espécie de 
ilusão de ótica, gerando sensações de movimento, de 
tridimensionalidade, de vibração e de mudança de sentido. 
A Op Art parece querer significar a permanente mudança 
a que está submetido o mundo contemporâneo, seu 
caráter sempre passageiro, mesmo fugaz. Característicos 
desse movimento são, por exemplo, os móbiles do artista 
Alexander Calder (1898-1976). Trata-se de uma arte de 
construção bastante rigorosa, quase científica, dado o seu 
caráter sistemático.
Os mais importantes artistas da Op Art são Alexander 
Calder, criador dos móbiles, iniciados com a materialização 
de quadros de Mondrian, e Victor Vasarely (1908-1997), 
criador de composições geométricas de alta complexidade, 
coloridas ou não, e que provocam diferentes sensações no 
espectador.
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Ao criar os seus móbiles, Alexander Calder literalmente 
colocou a arte em movimento, como na imagem abaixo, 
reprodução da obra Totem, inspirada nos quadros de Piet 
Mondrian. As esculturas abstratas de Calder nos remetem às 
quatro dimensões da realidade: altura, profundidade, largura 
e tempo, uma vez que elas se movimentam, revelando-se 
ao espectador lentamente. Acrescente-se que os primeiros 
móbiles eram movimentados pelos próprios espectadores. 
Posteriormente, Calder decidiu torná-los suspensos, 
movimentando-se sozinhos, pela ação do vento. A construção 
dos móbiles demanda rigor no estabelecimento de um 
sistema equilibrado de pesos, a fim de que o movimento seja 
mantido ritmado e prolongado.
Alexander Calder - Totem (s.d.)
Metal pintado. Chrysler Museum of Art, Virginia, EUA.
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8.4 A pós-modernidade e as perspectivas da 
arte no século XXI
8.4.1 Minimalismo
O Minimalismo constituiu um movimento artístico iniciado 
no decênio de 1960, nos Estados Unidos, cujos representantes 
buscavam expressarem-se por meio do recurso aos elementos 
fundamentais – mínimos – das artes visuais. Nas artes plásticas, 
os minimalistas opuseram-se ao Expressionismo abstrato 
norte-americano. Efetivamente, julgavam a Action Painting 
extremamente personalista e carente de substância. Para os 
minimalistas, caberia à arte expressar apenas a si própria, e não 
a qualquer elemento extra-artístico, não visual. Por esse motivo, 
pode-se considerar a Minimal Art como o ponto culminante 
do reducionismo nas artes plásticas, tendência que vinha se 
manifestando em diferentes campos artísticos no transcorrer do 
século XX.
Resumindo
Características principais do Minimalismo:
• rejeição tanto da objetividade como da subjetividade e 
do figurativismo na produção artística;
• reducionismo formal das obras de arte, em busca 
de sua expressão mais pura possível, tanto na 
bidimensionalidade como na tridimensionalidade;
• emprego sobretudo de formas geométricas simples, 
como cubos, paralelepípedos, cilindros etc. de modo 
repetitivo, para conferir ritmo às obras de arte;
• diferenciação de outras correntes abstracionistas pois 
não adota o lirismo nem o matematismo, que considera 
muito personalistas;
• a escultura minimalista emprega figuras geométricas 
simples e materiais diferenciados, como, por exemplo, 
fibra de vidro, metais e plásticos.
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Abaixo, reprodução de parte da obra do minimalista norte-
americano Dan Flavin (1933-1996), um dos principais expoentes 
da Minimal Art. A obra é uma escultura composta por tubos 
luminosos coloridos. Nela é possível notar as mais importantes 
características do Minimalismo, ou seja, o reducionismo formal, 
a despretensão, a simplicidade e o forte cunho geométrico.
Dan Flavin - Sem título (para Don Judd, colorista) (1987)
Luzes fluorescentes rosa, vermelha, amarela, azul e verde. Cinco partes cada: 121,9 
× 121.9 × 15,2 cm. Coleção particular.
8.4.2 Arte Conceitual
O movimento artístico denominado Arte Conceitual 
desenvolveu-se particularmente nos Estados Unidos, a partir 
da década de 1960. Diferentemente do Minimalismo, na Arte 
Conceitual a crítica está presente, embora não de forma explícita, 
mas em reflexões filosóficas e linguísticas. Nesta vertente das 
artes plásticas, as ideias e os conceitos são considerados mais 
importantes do que os meios e materiais empregados na sua 
representação. Nesse sentido, o artista torna as suas obras 
veículos de pensamentos e teorias, ou seja, busca-se demonstrar 
que a arte se origina das ideias, e o planejamento da produção 
artística é elevado a uma condição superior à própria execução 
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das obras. Noutros termos, na Arte Conceitual, as ideias são mais 
relevantes que os próprios objetos artísticos. Por esse motivo, 
um de seus mais eminentes representantes, o norte-americano 
Lawrence Weiner (1942), em diferentes obras de sua autoria, 
reduzia as mesmas a um simples enunciado de instruções 
descritivas, que sequer concretizava. Deste modo, pretendiam os 
artistas conceitualistas tecerem a crítica à própria noção objeto 
artístico.
Abaixo, apresenta-se reprodução da obra One and Three 
Chairs, do norte-americano Joseph Kosuth (1945), que ilustra bem 
as principais características da Arte Conceitual. Efetivamente, 
nesta obra, Kosuth expõe, conjuntamente, uma cadeira real, 
uma foto dessa mesma cadeira e um texto contendo a definição 
do que seja uma cadeira. Ao proceder assim, o artista pretende 
provocar a reflexão sobre a própria realidade do objeto, ou seja, 
uma discussão sobre o próprio ser das coisas. 
Joseph Kosuth - One and Three Chairs (1965)
Coleção particular.
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Bibliografia básica
ARGAN, G.C. Arte moderna na Europa: de Hogarth a Picasso. 
São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
CANTON, Kátia. Coleção temas da arte contemporânea. São 
Paulo: Martins Fontes, 2010.
JANSON, Antony; JANSON, H. Iniciação à história da arte. São 
Paulo: Martins Fontes, 2009.
Bibliografia complementar
ARGAN, G.C. História da arte italiana. São Paulo: Cosac&Naify, 
2003.
BELTING, Hans. O fim da história da arte. São Paulo: 
Cosac&Naify, 2006.
DEMPSEY, Amy. Estilos,escolas & movimentos. São Paulo: 
Cosac&Naify, 2003.
DE MICHELI, Mario. As vanguardas artísticas. São Paulo: 
Martins Fontes, 2004.
HEARTNEY, Eleanor. Pós-Modernismo. São Paulo: Cosac&Naify, 
2002.
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