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SEMANA 05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
SEMANA 05/42 
 
 
Sumário 
META 1 .............................................................................................................................................................. 7 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL (PARTE I) ...................................................................................... 7 
1. PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................................................................................... 8 
2. AÇÃO PENAL .................................................................................................................................................. 9 
2.1 Direito De Ação......................................................................................................................................................... 9 
2.2 Condições Da Ação ................................................................................................................................................. 11 
2.2.1 Conceito ........................................................................................................................................................... 11 
2.2.2 Condições Genéricas ........................................................................................................................................ 12 
2.2.3 Condições Específicas da Ação ......................................................................................................................... 20 
3. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL ....................................................................................................................... 26 
3.1 Princípios Comuns Da Ação Penal Pública E Privada .............................................................................................. 26 
3.2 Princípios Da Ação Penal Pública ............................................................................................................................ 27 
3.3 Princípios Da Ação Penal Privada ........................................................................................................................... 32 
4. AÇÃO PENAL PÚBLICA ................................................................................................................................. 37 
4.1 Ação Penal Pública Incondicionada ........................................................................................................................ 37 
4.2 Ação Penal Pública Condicionada ........................................................................................................................... 38 
4.2.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido ................................................................... 38 
4.2.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça ........................................................... 42 
4.2.3 Ação Penal Pública Subsidiária da Pública ....................................................................................................... 42 
META 2 ............................................................................................................................................................ 44 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL (PARTE II) ................................................................................... 44 
5. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ......................................................................................................... 44 
5.1 Ação Penal Privada Personalíssima ........................................................................................................................ 45 
5.2 Ação Penal Privada Exclusiva Ou Propriamente Dita ............................................................................................. 45 
5.3 Ação Penal Privada Subsidiária Da Pública Ou Acidentalmente Privada Ou Supletiva .......................................... 45 
6. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DA AÇÃO PENAL ................................................................................................. 50 
6.1 Ação Penal Adesiva ................................................................................................................................................. 50 
6.2 Ação Penal Popular ................................................................................................................................................. 50 
6.3 Ação Penal Secundária ........................................................................................................................................... 51 
6.4 Ação De Prevenção Penal ....................................................................................................................................... 52 
7. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME ........................................................................................................................ 52 
8. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (Lei 13.964/19) ............................................................................. 61 
8.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 61 
8.2 Requisitos, Condições e Vedações ......................................................................................................................... 64 
8.3 Procedimento Do Acordo De Não Persecução Penal ............................................................................................. 67 
9. AÇÃO CIVIL EX DELICTO ............................................................................................................................... 72 
9.1 Execução Civil Ex Delicto (Art. 63, CPP) X Ação Civil Ex Delicto (Art. 64, CPP) ........................................................ 73 
9.2 Legitimados Ativos Para Propor A Ação Civil .......................................................................................................... 73 
9.3 Indenização Na Sentença Condenatória ................................................................................................................ 74 
9.4 Efeitos Civis Da Sentença Absolutória .................................................................................................................... 75 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
SEMANA 05/42 
 
 
META 3 ............................................................................................................................................................ 80 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................................... 80 
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA .............................................................................................................................. 81 
2. BEM JURÍDICO ............................................................................................................................................. 82 
3. CONCEITOS IMPORTANTES.......................................................................................................................... 83 
4. COMPETÊNCIA ............................................................................................................................................. 85 
5. CRIMES EM ESPÉCIE ..................................................................................................................................... 85 
5.1 Crime de Posse de Arma de Fogo de Uso Permitido – Art. 12 ............................................................................... 85 
5.2 Crime de Omissão de Cautela (Art. 13, Caput) e Omissão de Comunicação (Art. 13, §Único). ............................. 88 
5.3 Crime de Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido ..............................................................................................90 
5.4 Crime de Disparo de Arma de Fogo – Art. 15 ......................................................................................................... 95 
5.5 Crime de Posse ou Porte de Arma de Fogo de Uso Restrito .................................................................................. 96 
5.6 Comércio Ilegal de Arma de Fogo – Art. 17 .......................................................................................................... 102 
5.7 Tráfico Internacional de Arma de Fogo ou Munição – Art. 18. ............................................................................ 106 
6. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ............................................................................................................... 109 
7. PORTE DE ARMAS PARA GUARDAS MUNICIPAIS ....................................................................................... 110 
8. CRIAÇÃO DO BANCO NACIONAL DE PERFIS BALÍSTICOS. .......................................................................... 111 
META 4 .......................................................................................................................................................... 114 
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .......................................................................... 114 
1. HABEAS CORPUS ........................................................................................................................................ 115 
2. MANDADO DE SEGURANÇA ...................................................................................................................... 122 
3. MANDADO DE INJUNÇÃO .......................................................................................................................... 134 
4. HABEAS DATA ............................................................................................................................................ 142 
5. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65) ............................................................................................................. 145 
6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/85) .......................................................................................................... 148 
7. INQUÉRITO CIVIL ........................................................................................................................................ 153 
META 5 .......................................................................................................................................................... 157 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................... 157 
1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................. 157 
2. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE ................................................................................................................... 158 
2.1 Inaplicabilidade da Lei 9.099/95 ........................................................................................................................... 158 
2.2 Conceito de Criança e Adolescente ...................................................................................................................... 158 
3. ATO INFRACIONAL E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS .................................................................................. 159 
3.1 Procedimento e Apuração do Ato Infracional ...................................................................................................... 159 
3.2 Medidas socioeducativas do ECA ......................................................................................................................... 164 
4. DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA ............................................................................................................... 167 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
SEMANA 05/42 
 
 
5. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 168 
6. DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DA POLÍCIA NA INTERNET ........................................................................ 168 
7. CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................... 173 
7.2 Crime Quando há o Descumprimento do Art. 10 do ECA .................................................................................... 173 
7.3 Crime do Artigo 230 ............................................................................................................................................. 174 
7.4 Crime do Artigo 231 ............................................................................................................................................. 175 
7.5 Crime do Artigo 232 ............................................................................................................................................. 175 
7.6 Crime do Artigo 234 ............................................................................................................................................. 176 
7.7 Crime do Artigo 235 ............................................................................................................................................. 176 
7.8 Crime do Artigo 236 ............................................................................................................................................. 176 
7.9 Crime Do Artigo 237 ............................................................................................................................................. 177 
7.10 Crime do Artigo 238 ........................................................................................................................................... 177 
7.11 Crime do Artigo 239 ........................................................................................................................................... 178 
7.12 Crime do Artigo 240 ........................................................................................................................................... 179 
7.13 Crime do Artigo 241 ........................................................................................................................................... 182 
7.14 Crime do Artigo 242 ........................................................................................................................................... 187 
7.15 Crime do Artigo 243 ........................................................................................................................................... 188 
7.16 Crime do Art. 244 ............................................................................................................................................... 188 
7.17 Crime do Artigo 244-A ........................................................................................................................................ 188 
7.18 Crime do Art. 244-B - Corrupção de Menores .................................................................................................... 189 
7.19 Crime do Art. 244-C - Desaparecimento de criança ou adolescente .................................................................. 192 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO NOS CRIMES PREVISTOS NOS ECA ................................................................. 192 
9. LEI 14.811/2024 ......................................................................................................................................... 193 
META 6 – REVISÃO SEMANAL ........................................................................................................................ 196 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL.................................................................................................. 196 
LEGISLAÇÃO PENALESPECIAL: ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................................. 198 
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .......................................................................... 199 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................... 201 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
SEMANA 05/42 
 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 05 
META DIA ASSUNTO 
1 SEG DIREITO PROCESSUAL PENAL: Ação Penal (Parte I) 
2 TER DIREITO PROCESSUAL PENAL: Ação Penal (Parte II) 
3 QUA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Estatuto do Desarmamento 
4 QUI DIREITO CONSTITUCIONAL: Remédios Constitucionais 
5 SEX 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Crimes no Estatuto da Criança e do 
Adolescente 
6 SÁB 
REVISÃO SEMANAL 
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA (Anexo) 
 
 
ATENÇÃO 
 
Gostou do nosso material? 
 
Lembre de postar nas suas redes sociais e marcar o @dedicacaodelta. 
 
Conte sempre conosco. 
 
Equipe DD 
 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua 
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas. 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
SEMANA 05/42 
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META 1 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL (PARTE I) 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 129, I 
⦁ Art. 5º, LIX 
 
CPP 
⦁ Art. 3º-B, IV 
⦁ Art. 5º, §4º 
⦁ Art. 24 a 68 
⦁ Art. 384 e 385 
⦁ Art. 395 
 
Outros Diplomas Legais 
⦁ Art. 76 e 88 a 91, Lei 9099/95 
⦁ Art. 2º, § 1º, Lei n. 9.613/98 
⦁ Art. 83, § 2º, Lei n. 9.430/96 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CPP: 
⦁ Art. 3º-B, IV 
⦁ Art. 24 e 25 
⦁ Art. 28 
⦁ Art. 28-A (importantíssimo!!!) 
⦁ Art. 29 
⦁ Art. 38, 41, 42, 46, 48, 49 e 51 
⦁ Art. 60 (alto índice de cobrança em prova objetiva!) 
⦁ Art. 65, 66 e 67 (alto índice de cobrança em prova objetiva!) 
⦁ Art. 396 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra 
a mulher é pública incondicionada. 
Súmula 714-STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, 
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público 
em razão do exercício de suas funções. 
Súmula 234-STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não 
 
 
 
 
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DELEGADO FEDERAL 
 
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acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
Súmula 594-STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo 
ofendido ou por seu representante legal. 
 
1. PRETENSÃO PUNITIVA 
 
A pretensão punitiva possui o jus puniendi como seu elemento intersubjetivo, e é composta pelo 
próprio direito de punir (poder/dever de punir), situado dentro da relação jurídico-penal que se forma após 
a prática do crime. 
A legislação, a exemplo do Código Penal, prevê a conduta de matar alguém, com pena de 6 a 20 anos 
(art. 121, CP). O tipo penal incriminador até então encontra-se no plano abstrato. Porém, no momento em 
que o sujeito pratica a conduta, in casu, o delito, o direito de punir, que estava no plano abstrato, passa para 
o plano concreto, ocasião em que, surge o ius puniendi do Estado. 
Assim, a partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este 
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no ius puniendi in concreto. 
 
PLANO ABSTRATO REALIZAÇÃO DA CONDUTA PRETENSÃO PUNITIVA 
A norma penal no plano 
abstrato prevê a conduta e 
comina sanção. 
Quando o sujeito pratica a 
conduta, inobstante esteja 
prevista como fato típico, 
nasce para o Estado a 
possibilidade de exercício do 
seu jus puniendi. 
A pretensão punitiva foi 
materializada/surgiu, sob a 
perspectiva do mundo 
concreto. 
 
Pretensão punitiva x Ação penal: 
 
● Pretensão punitiva: Verifica-se quando se imputa ao réu, mediante a ação penal, a prática de crime, 
para que ele seja sujeito às sanções previstas na legislação penal. 
● Ação penal: É o instrumento utilizado pelo Estado para obter o exercício da pretensão punitiva, uma 
vez que, a partir da ação penal o Estado-acusação (ou o ofendido) ingressam em juízo para solicitar 
a aplicação das normas de direito penal ao caso concreto, exercendo a pretensão punitiva. 
 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro: 
 
O Estado, por intermédio do Poder Legislativo, elabora as leis penais, cominando 
sanções àqueles que vierem a praticar a conduta delituosa, surge para ele o direito 
de punir os infratores num plano abstrato e, para o particular, o dever de se abster 
de praticar a infração penal. No entanto, a partir do momento em que alguém 
pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este direito de punir desce do 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO FEDERAL 
 
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9 
 
plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que até então 
tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter uma pretensão concreta 
de punir o suposto autor do fato delituoso (Manual de Processo Penal, Renato 
Brasileiro, 2017, p. 37). 
 
 Pergunta-se: Então, em que consiste a pretensão punitiva? 
 A pretensão punitiva, pode ser compreendida como o poder do Estado de exigir de quem comete 
um delito a submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o jus 
puniendi, exigindo do autor do delito, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento dessa 
obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se ele de 
qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a pena. (Manual de Processo Penal, 
Renato Brasileiro, 2017, p. 37). 
 
2. AÇÃO PENAL 
 
2.1 Direito De Ação 
 
a) Conceito 
 
O Estado trouxe para si o exercício da função jurisdicional, de modo que ele deverá fornecer ao 
cidadão a tutela jurisdicional. Esse instrumento encontra-se solidificado no direito de ação. 
Para Ovídio Batista, a ação é tudo aquilo que fazemos com o intuito de obter o direito a uma justa 
causa e adequada prestação jurisdicional dentro de um prazo razoável (ação exercida, isto é, a ação seria 
quebrar a inércia). 
Nesse sentido, o direito de ação é o direito público subjetivo consagrado na CF/88, de se exigir do 
Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, para a solução da demanda penal. 
A partir dela a parte acusadora – Ministério Público ou ofendido (querelante) – tem a possibilidade 
de, mediante o devido processo legal, provocar o Estado-Juiz a dizer o direito objetivo no caso concreto. 
(Renato Brasileiro). 
 
b) Fundamento Constitucional 
 
O direito de ação é extraído da própria Constituição Federal, art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
O dispositivo constitucional consagra o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição. Assim, 
se não exclui a apreciação, significa dizer que há o dever de prestá-la. 
 
NÃO confundir direito de ação com ação propriamente dita 
Direito de ação Ação 
É o direito de ingressar em juízo, na busca da 
tutela jurisdicional. Tem natureza jurídica de um 
É a materialização do Direito de ação, razão 
pela qual denomina-se de ação propriamente 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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direito público, subjetivo, abstrato, autônomo e 
instrumental (meio para se permitir o exercício 
do direito de punir do Estado). 
dita. É o ato, por meio do qual, instrumentaliza-
se o direito de ação assegurado 
constitucionalmente. 
 
Conforme leciona Renato Brasileiro: 
 
De acordo com a doutrina majoritária, odireito de ação penal é o direito público 
subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso 
concreto. Funciona, portanto, como o direito que a parte acusadora – Ministério 
Público ou o ofendido (querelante) – tem de, mediante o devido processo legal, 
provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso concreto (2017, p. 199). 
 
ATENÇÃO: NÃO se pode confundir, ainda, o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se 
exercita o direito de ação, o qual pode ser designado como o direito material deduzido em juízo. O direito 
de ação é abstrato, pois independe do conteúdo que se afirma quando se provoca a jurisdição. 
 
c) Características do direito de ação penal: 
 
● Direito público: A ação é proposta contra o Estado, pois trata-se do direito de provocar o Estado-juiz 
para o exercício da atividade jurisdicional, cuja natureza é pública, sendo função típica do Poder 
Judiciário. 
 
Atenção! A ação penal privada também apresenta a mesma característica, visto que há transferência 
apenas da iniciativa da ação, mas NÃO da titularidade, visto que o poder punitivo pertence ao Estado. 
 
● Direito subjetivo: O titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação 
jurisdicional, sendo essa titularidade conferida a um sujeito específico, conforme a legitimidade 
conferida pela lei. 
 
OBS.: Nos ensinamentos de Aury Lopes Jr. existe um direito potestativo em relação ao acusado – aliado 
ao direito subjetivo em relação ao Estado-jurisdição. Isso porque, uma vez exercitado o direito de ação, 
o réu se sujeita ao processo, bem como à eventuais consequências que dele decorram (como a pena 
imposta em uma sentença penal condenatória). 
 
● Direito autônomo: Não se confunde com o direito material que se pretende tutelar. O direito de 
ação é o instrumento que viabiliza o pedido de condenação em relação a determinado fato, imputado 
a certo indivíduo. 
 
● Direito abstrato: Existe e será exercido mesmo quando a demanda for julgada improcedente, uma 
vez que independe do resultado (característica relacionada a autonomia do direito de ação). 
 
 
 
 
 
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11 
 
● Direito específico: Apresenta um conteúdo, que é o objeto da imputação. Ou seja, apesar de 
abstrato, desenvolve-se a partir de um caso concreto. 
 
2.2 Condições Da Ação 
 
2.2.1 Conceito 
 
São requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento da causa. Segundo Nestor Távora: 
 
São os requisitos necessários e condicionantes ao exercício do direito de ação. 
Como se depreende, o exercício do direito de ação não se pode traduzir numa 
aventura desmedida. É certo que a deflagração da ação implica sérias 
consequências ao réu, exigindo-se do demandante o preenchimento de certas 
condições, para que o pleito jurisdicional possa ser exercido de forma legítima 
(2017, p. 156). 
 
Como o direito de ação é autônomo e abstrato, pode ser exercido mesmo que as condições não 
estejam presentes. O direito de invocar a tutela estatal é constitucional e incondicionado. Assim as condições 
da ação são analisadas no âmbito do processo penal, uma vez que, na sua ausência, o processo não se 
desenvolve, ou seja, não será objeto de análise meritória do Estado. O direito de ação é exercido com a 
propositura de inicial e a análise das condições é feita em seguida, pelo juiz, que pode rejeitar a peça 
acusatória. 
A análise das condições da ação observa a Teoria da Asserção, segundo a qual é realizada com base 
nos elementos fornecidos na inicial acusatória, conforme narrado pelo demandante, sem adentrar em 
aspectos probatórios. Assim, há um juízo superficial / precário de admissibilidade, sendo possível que, no 
curso do processo, seja demonstrada a ausência de uma dessas condições, dando azo à absolvição do réu. 
Conforme explica Renato Brasileiro: 
“Conforme a teoria da asserção, a presença das condições da ação deve ser 
analisada pelo juiz com base nos elementos fornecidos pelo próprio autor em sua 
petição inicial, que devem ser tomados por verdadeiros, sem nenhum 
desenvolvimento cognitivo. Se o juiz constatar a ausência de uma condição da ação 
mediante uma cognição sumária, 
deverá extinguir o processo sem resolução do mérito por carência de ação; se 
houver necessidade de uma cognição mais aprofundada para a análise da presença 
das condições da ação, a carência de ação passa a ser analisada como mérito, 
gerando uma sentença de rejeição do pedido do autor, com a formação de coisa 
julgada formal e material”. 
Historicamente, a doutrina se valia do Processo Civil para estabelecer as condições da ação: 
legitimidade da parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. O CPC 15 suprimiu a 
“possibilidade jurídica do pedido” e, diversos doutrinadores (como Aury Lopes Jr.) defendem que não é 
 
 
 
 
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12 
 
possível importar institutos do processo civil para o processo penal, sem qualquer adaptação. Nesse sentido, 
doutrina moderna aponta condições próprias da ação para o processo penal, como será visto adiante. 
A doutrina trabalha com duas espécies de condições da ação: condições genéricas e as condições 
específicas (condições de procedibilidade). 
 
a) Condições Genéricas: 
São aquelas condições que deve estar presente em toda e qualquer ação penal, independentemente 
da natureza do crime, da pessoa processada, e do procedimento a ser seguido. 
São elas: 
1) Legitimidade para agir; 
2) Interesse de agir; 
3) Possibilidade jurídica do pedido + Justa causa (lastro probatório mínimo de suporte para 
início da ação penal). 
 
b) Condições Específicas 
São necessárias apenas em relação a determinadas infrações penais, ou ainda, em alguns 
procedimentos específicos. 
Ex.1: representação nos crimes de ação penal pública condicionada. 
Ex.2: autorização de Assembleia para que determinados agentes políticos sejam criminalmente 
processados. 
 
 Sobre o tema, confira a dica do Prof. Matheus de Palma: 
 
https://youtu.be/1UCAVZiXLRE 
 
 
2.2.2 Condições Genéricas 
 
a) Legitimatio ad causam (Ativa/Passiva): é a pertinência subjetiva da ação. 
 
● Legitimidade ativa: 
Nessa esteira, segundo Renato Brasileiro, é a situação prevista em lei que permite a um determinado 
sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo passivo dessa mesma demanda. 
 
 
 
 
https://youtu.be/1UCAVZiXLRE
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Há legitimidade de partes quando o autor afirma ser titular do direito subjetivo material demandado 
(legitimidade ativa) e pede a tutela em face do titular da obrigação correspondente àquele direito 
(legitimidade passiva). 
 
DICA: A espécie da ação penal definirá o seu legitimado. 
 
▪ Na ação penal pública: A legitimidade ativa é, em regra, do Ministério Público. 
▪ Na ação penal privada: A legitimidade ativa é do ofendido ou de seu representante legal. 
 
Lembre-se que, ainda que de ação penal pública, se verificada a inércia do MP, surge para o ofendido a 
possibilidade de propor queixa-crime subsidiária (ação penal privada subsidiária da pública). 
 
● Legitimidade passiva: 
A ação penal pode ser proposta em face apenas do suposto autor do fato delituoso, com 18 anos 
completos ou mais. 
 
ATENÇÃO! 
(1) Legitimidade ad causam ativa e passiva da Pessoa Jurídica 
A pessoa jurídica é dotada de legitimidade ativa (pode oferecer ação penal pública, se restar 
caracterizada a inércia do MP, ou privada). Nesse sentido, a disciplina do art. 37, CPP. 
 
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão 
exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos 
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou 
sócios-gerentes. 
 
Também é admitida a legitimidade passiva(pode ser o provável autor do delito), porém adstrita aos 
crimes ambientais. O art. 173, CF permite que a pessoa jurídica seja responsabilizada criminalmente quanto 
aos crimes ambientais, e também quanto aos crimes contra a ordem econômica, financeira e contra a 
economia popular, na forma da lei. Contudo, não há lei ordinária regulando a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica no que diz respeito aos crimes contra a ordem econômica, financeira e contra a economia 
popular. 
 
Lei 9.605/98 – Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, 
civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
 
Anteriormente, no ordenamento jurídico brasileiro trabalhava-se com a adoção da Teoria da Dupla 
Imputação, segundo a qual a imputação da pessoa jurídica deveria ter por consequência a imputação 
 
 
 
 
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também da pessoa física. Em outras palavras: a pessoa jurídica só poderia ser denunciada pela prática de 
crimes ambientais se a pessoa física também fosse. 
Contudo, esse não é o entendimento que prevalece atualmente. Assim, é possível dizer que a pessoa 
jurídica figurar como polo passivo da ação penal, independentemente da responsabilização concomitante 
das pessoas físicas, pois os Tribunais Superiores não mais adotam a Teoria da Dupla Imputação. 
 
STJ: “(...). Conforme orientação da 1ª Turma do STF, ‘O art. 225, § 3º, da 
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica 
por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese 
responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária 
dupla imputação. (RE 548181). Tem-se, assim, que é possível a responsabilização 
penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da 
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. 
Precedentes desta Corte. 3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não 
pode servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas 
naturais responsáveis pela sua condução. 4. Recurso ordinário a que se nega 
provimento”. (STJ, 5ª Turma, RMS 39.173/BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, j. 06/08/2015, Dje 13/08/2015). 
 
(2) Legitimidade ad causam ativa de Ente Sem Personalidade Jurídica 
 O CDC possibilita que certas entidades e órgãos da administração pública, direta e indireta, ainda que 
sem personalidade jurídica, atuem como assistentes do Ministério Público e, também ajuízem a queixa-crime 
em caso de inércia do órgão ministerial. 
 
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como 
a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão 
intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 
82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a 
denúncia não for oferecida no prazo legal. 
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: 
(...) 
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que 
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e 
direitos protegidos por este 
código; 
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam 
entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este 
código, dispensada a autorização assemblear. 
 
(3) Legitimidade Ordinária x Extraordinária (Substituição Processual) x Sucessão Processual x 
Representação Processual (Legitimidade Ad Processum) 
 
 
 
 
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Na legitimação ordinária, alguém pleiteia, em seu próprio nome, um direito também próprio. Essa é 
a regra: defender em juízo um direito seu. É o caso da legitimação do Ministério Público para iniciar a ação 
penal pública. 
Já na legitimação extraordinária (substituição processual), há a defesa de direito alheio em nome 
próprio. Essa é a hipótese da ação penal privada: o ofendido vai a juízo, mediante transferência do Estado da 
legitimidade para iniciar a ação. A vítima tem legitimidade para estar em juízo, enquanto o Estado permanece 
titular da pretensão punitiva. 
Situação diversa é a de sucessão processual, que decorre da morte ou ausência do ofendido, quando 
o seu direito de queixa ou de prosseguir na ação passará aos legitimados do art. 31, CPP. 
 
ATENÇÃO: Cuidado para não confundir legitimação extraordinária (substituição processual) com sucessão 
processual. Ocorre sucessão processual quando um sujeito sucede outro no processo, assumindo a sua 
posição processual. Há, por conseguinte, uma troca de sujeitos no processo, uma mudança subjetiva da 
relação jurídica processual. 
 
Por fim, a representação processual (legitimidade ad processum) se opera quando alguém vai em 
juízo, atuando em nome e na defesa de direito alheio. O sujeito não é parte, mas apenas confere capacidade 
para que o legitimado ingresse em juízo. Ex.: vítima de crime de ação penal privada menor de 18 anos, cuja 
legitimidade pode ser conferida a curador especial nos termos do art. 33, CPP, na ausência de representante 
legal ou na hipótese de colisão de interesses. 
 
b) Interesse de Agir: Composto pelo trinômio necessidade, adequação e utilidade. Consoante ensina Nestor 
Távora, “deve haver necessidade para bater às portas do judiciário no intuito de solver a demanda, através 
do meio adequado, e este provimento deve ter o condão de trazer algo de relevo, útil ao autor”. 
 
b.1) Necessidade: No processo penal a necessidade é presumida, pois “nulla poena sine judicio”. 
Desse modo, NÃO é possível a imposição de pena sem existência de um processo penal. 
 
Exceções: 
1. Transação Penal (art. 76, Lei 9.099/95); 
2. Acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP – inserido pelo Pacote Anticrime); 
3. Colaboração premiada (art. 4º, Lei 12.850/13). 
 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá 
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser 
especificada na proposta. 
 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado 
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá 
 
 
 
 
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propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas 
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir 
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva 
de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a 
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um 
ou mais dos seguintes resultados. 
(...) 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá 
deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a 
infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
 
OBS.: Todas as exceções elencadas são mitigações do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, 
segundo o qual, presentes as condições da ação, o MP é obrigado a denunciar (art. 24 CPP). 
 
b.2) Adequação: Épreciso pleitear-se uma medida adequada para buscar seus interesses. Assim, 
traduz-se no ajustamento da providência judicial requerida à solução do conflito subjacente ao pedido. 
 
Atenção: Essa adequação NÃO tem importância para as ações penais condenatórias. Tem relevância nas 
ações penais não condenatórias, por exemplo, habeas corpus. 
 
Ex.: HC nas hipóteses que não é cabível. 
 
SUM 693, STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de 
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária 
seja a única cominada. 
 
SUM 694, STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de 
militar ou de perda de patente ou de função pública. 
 
SUM 695, STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
 
b.3) Utilidade: Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer a tutela do direito do 
autor. 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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A prescrição em perspectiva (virtual/hipotética) consiste no reconhecimento antecipado da 
prescrição em virtude da constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a 
ser imposta ao acusado estaria fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a 
instauração do processo penal. 
Nesse sentido, grande parte da doutrina sustenta a sua aplicação com fundamento na ausência de 
condição de procedibilidade à luz da utilidade. 
Entretanto, STF e STJ NÃO admitem a prescrição virtual, sob o argumento de ausência de previsão 
legal, assim como de violação ao princípio da inocência, já que se parte do pressuposto de que o acusado 
necessariamente será condenado. 
 
Súmula 438, STJ. É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da 
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da 
existência ou sorte do processo penal. 
 
Ressalta-se, ainda, posicionamento doutrinário acerca da possibilidade de arquivamento do 
inquérito policial com fundamento na prescrição virtual. Dispõe Renato Brasileiro: 
 
“A nosso ver, com a quantidade avassaladora de processos criminais que lotam os 
fóruns criminais, não faz sentido dar início a um processo penal fadado à prescrição. 
Em outras palavras, qual seria a utilidade de um processo penal, com grande 
desperdício de atos processuais, de tempo, de trabalho humano etc., se, 
antecipadamente, já se pode antever que não haverá resultado algum? 
Não se trata de requerer o arquivamento com base em causa extintiva da 
punibilidade, já que a prescrição em perspectiva não tem amparo legal. Cuida-se, 
sim, de requerer o 
arquivamento do inquérito policial com fundamento na ausência de interesse de 
agir, condição sine qua non para o regular exercício do direito de ação. Afinal qual 
a utilidade de se levar adiante um processo penal em que já se pode visualizar, 
antecipadamente, a superveniência da prescrição?” 
 
c) Justa Causa: Podemos conceituar justa causa como sendo o lastro probatório mínimo indispensável para 
a instauração de um processo penal. 
 
Assim, deve a acusação ser portadora de elementos de informação que justifiquem a admissão da 
acusação e o custo que representa o processo penal em termos de estigmatização e penas processuais. 
Funciona, pois, como uma condição de garantia contra o uso abusivo de direito de acusar, evitando a 
instauração de processos levianos ou temerários. 
A natureza jurídica da justa causa é alvo de divergência doutrinária, no entanto, prevalece que o CPP 
insere a justa causa como condição genérica da ação, em razão do art. 395, III, CPP: 
 
 
 
 
 
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Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
I - for manifestamente inepta; 
I - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
Vejamos a jurisprudência sobre o tema: 
 
A ocorrência dos fatos narrados na denúncia está indicada, nos autos, por inúmeros 
elementos indiciários - oriundos de buscas e apreensões, quebras de sigilo e outras 
medidas investigativas -, a justificar a presença de justa causa para a deflagração 
da ação penal. 
Além disso, tradicionalmente, a justa causa é analisada apenas sob a ótica 
retrospectiva, voltada para o passado, com vista a quais elementos de informação 
foram obtidos na investigação preliminar já realizada. Todavia, a justa causa 
também deve ser apreciada sob uma ótica prospectiva, com o olhar para o futuro, 
para a instrução que será realizada, de modo que se afigura possível incremento 
probatório que possa levar ao fortalecimento do estado de simples probabilidade 
em que o juiz se encontra quando do recebimento da denúncia. 
STJ. Corte Especial. APn 989/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/02/2022 
(Info 726). 
 
ATENÇÃO! Tema importante para a prova de Delegado da Polícia Federal: 
(1) Justa causa DUPLICADA na lavagem de capitais 
A expressão “justa causa duplicada” refere-se à condição para que seja iniciada uma 
ação penal para julgar um crime de lavagem de capitais, previsto na Lei nº. 9.613/98. 
Segundo Renato Brasileiro: 
Em se tratando de crime de lavagem de capitais, porém, não basta demonstrar a presença de lastro 
probatório quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo indispensável que a denúncia também seja 
instruída com suporte probatório demonstrado que tais valores são provenientes, direta ou indiretamente, 
de infração penal (Lei 9.613/98, art. 1º, caput, com redação dada pela Lei 12.683/12). Tem-se aí o que a 
doutrina chama de justa causa duplicada, ou seja, lastro probatório mínimo quanto à lavagem e quanto à 
infração precedente. A propósito, o art. 2º, § 1º, da Lei 9.613/98, estabelece que a denúncia será instruída 
com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta 
Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal 
antecedente. 
 
Lei n. 9.613/98, art. 2º, § 1º: A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração 
penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena 
o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. 
 
 
 
 
 
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A doutrina aponta ainda para a existência de uma justa causa TRIPLICADA que ocorre quando a 
infração penal antecedente à lavagem de capitais também possui uma infração penal antecedente para a sua 
configuração. É o exemplo do crime de lavagem que tem como infração penal antecedente o crime de 
receptação, o qual, por sua vez, tem como infração penal antecedente o crime de roubo. 
 Assim, quando do oferecimento da denúncia, cabe ao Parquet revelar o suporte probatório mínimo 
em relação a estes três delitos, daí porque a justa causa se apresenta, de fato, triplicada. 
 
(2) Trancamento da ação penal por ausência de justa causa 
 
Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de 
trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus. 
 
 Imagine a seguinte situação hipotética: O Ministério Público ajuizou ação penal contra João 
acusando-o da prática de determinado crime. O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para 
responder à acusação. João apresentou resposta escrita alegando que não havia justa causa e que, portanto, 
ele deveria ser absolvido sumariamente. O magistrado, contudo, rejeitou o pedido de absolvição sumária e 
determinou o início da instrução penal. 
 
Pergunta-se: Diante desse cenário, existe algum recurso que João possa interpor? Cabealgum 
recurso contra a decisão do juiz que rejeita o pedido de absolvição sumária? 
R.: NÃO. Não existe recurso cabível na legislação para esse caso. Nesse contexto, contudo, a 
jurisprudência admite a impetração de habeas corpus sob o argumento de que existe risco à liberdade de 
locomoção. Desse modo, em nosso exemplo, a defesa de João impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça 
pedindo o trancamento da ação penal por falta de justa causa. O Desembargador negou o pedido de liminar 
e designou o dia 15/08 para o julgamento do habeas corpus pela Câmara Criminal do TJ. Ocorre que, antes 
disso, no dia 08/08, o juiz proferiu sentença condenando o réu. 
 
Pergunta-se: Diante desse cenário, o que acontece com o julgamento do habeas corpus? O Tribunal 
de Justiça irá apreciar o mérito do habeas corpus? 
 R.: NÃO. A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas 
corpus se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de FALTA DE JUSTA CAUSA. A sentença 
condenatória analisa a existência de justa causa de forma mais aprofundada, após a instrução penal com 
contraditório e ampla defesa. Logo, não faz mais sentido o Tribunal examinar a decisão de rejeição da 
absolvição sumária se já há uma nova decisão mais aprofundada. Será essa nova manifestação (sentença) 
que precisará ser analisada. 
Logo, o réu terá que interpor apelação contra a sentença condenatória, recurso de cognição ampla 
por meio do qual toda a matéria será devolvida ao Tribunal, que terá a possibilidade de examinar se a 
condenação foi acertada, ou não. 
 
Pergunta-se: E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também 
ficaria prejudicado? 
 
 
 
 
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 R.: SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro motivo: FALTA 
DE INTERESSE PROCESSUAL já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª instância. Nesse 
sentido: 
 
A superveniência de sentença absolutória, na linha da orientação firmada nesta 
Corte, torna prejudicado o pedido que buscava o trancamento da ação penal sob a 
alegação de falta de justa causa. STJ. 6ª Turma. AgInt no RHC 31.478/SP, Rel. Min. 
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/03/2019. 
 
d) Originalidade 
 
E, por fim, como uma condição da ação (mas que não é citada por toda a doutrina), tem-se a 
ORIGINALIDADE. Segundo Afrânio Silva Jardim, a “originalidade” como condição genérica para o regular 
exercício de qualquer ação. O autor sustenta que os tradicionais pressupostos objetivos extrínsecos 
denominados “litispendências” e “coisa julgada” são, em verdade, condições da ação, porquanto não são 
sanáveis, sem viabilidade de renovação da demanda com correção do vício. Em outros termos, a ação (penal) 
tem que ser original, não se admitindo reproduções, em face da vedação de dupla persecução penal. 
Nos ensinamentos dos professores, André Luiz Nicolitt e Afrânio Silva Jardim: 
 
A maior parte da doutrina não considera a originalidade uma condição da ação, 
classificando-a como pressuposto processual negativo. A originalidade consiste na 
ausência de litispendência e coisa julgada, isto é, a demanda deve ser original, 
porquanto o ordenamento jurídico veda o exercício mais de uma vez da mesma 
ação. 
 
2.2.3 Condições Específicas da Ação 
 
Também chamadas de condições de procedibilidade. Vejamos alguns exemplos: 
1) Representação do ofendido; 
2) Requisição do Ministro da Justiça; 
3) Sentença anulatória de casamento, no crime do art. 236, do CP; 
4) Ingresso no país do autor do crime praticado no estrangeiro; 
5) Declaração de procedência da acusação pela Câmara dos Deputados, no julgamento do 
Presidente da República; 
6) Sentença que decreta a falência, nas ações falimentares. 
 
CUIDADO! NÃO confundir condição de procedibilidade com condição de prosseguibilidade: 
● Condição de procedibilidade: é aquela necessária para dar início à ação penal. 
Ex.: nos crimes contra a honra, em regra, a representação é uma condição de procedibilidade, pois, sem 
ela, a ação penal não pode ser iniciada. 
 
 
 
 
 
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● Condição de prosseguibilidade: é aquela necessária para dar prosseguimento à ação penal. Trata-
se da situação na qual a ação penal já está em curso, mas uma lei posterior altera a natureza da ação 
penal para aquele crime. Ou seja: o crime que antes era de ação penal pública incondicionada (e, por 
isso, não exigia representação), passou a ser de ação penal pública condicionada, de modo que essa 
representação passa a ser condição necessária para dar prosseguimento na ação penal. 
Ex.: A lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9099/95) passou a exigir representação para os crimes de lesão 
corporal leve e lesão corporal culposa. Ou seja, tais crimes, que antes eram de ação penal pública 
incondicionada, passaram a exigir a representação tanto para dar início à ação penal (hipótese em que a 
representação funciona como condição de procedibilidade), como para dar continuidade à ação que já 
estava em andamento (hipótese em que funciona como condição de prosseguibilidade). 
Nesse sentido, qual a natureza da representação quando se tratar de lesão corporal leve ou culposa 
no âmbito dos Juizados Especiais? R.: Depende! 
▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa ainda não iniciados: exige representação para 
dar início à ação penal → condição de procedibilidade (art. 88, Lei 9.099/95). 
▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa que já estavam em andamento: exige 
representação para dar continuidade à ação penal → condição de prosseguibilidade (art. 91, Lei 
9099/95). 
 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesão corporais leve e lesões 
culposas. (CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE) 
 
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura 
da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimada para 
oferecê-la no prazo de 30 dias, sob pena de decadência. (CONDIÇÃO DE 
PROSSEGUIBILIDADE) 
 
OBS.: É certo que sem a representação não se pode nem iniciar a persecutio criminis, conforme preconiza o 
artigo 5º, §4º, do CPP. Nesse caso, a representação é condição especial de persequibilidade, porque sem a 
representação não há como deflagrar a persecutio criminis, que antecede a ação penal. 
 
Sem representação a autoridade policial NÃO pode instaurar o inquérito e assim dar início à 
persecutio (condição especial de persequibilidade), sem a representação não se procede em Juízo, isto é, não 
se deflagra ação penal (condição especial de procedibilidade) e sem a representação não se pode dar 
sequência ao feito (condição especial de prosseguibilidade). 
 
Como o tema foi cobrado pela banca CESPE/CEBRASPE: 
 
CESPE/CEBRASPE – PCAL – 2023 – Delegado de Polícia: A representação do ofendido é 
imprescindível à propositura da ação penal, em se tratando de crime de ação penal pública 
 
 
 
 
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condicionada à representação, não o sendo, todavia, para a instauração do respectivo inquérito policial. Item 
errado. 
 
Comentários: Nos termos do Código de Processo Penal, nos crimes cuja ação penal seja pública condicionada 
à representação, o inquérito policial também não pode ser iniciado sem que antes haja a representação do 
ofendido. 
 
CESPE/CEBRASPE – PCPE – 2016 – Delegado de Polícia: 
Acerca da ação penal, suas características, espécies e condições, assinale a opção correta. 
A A perempção incide tanto na ação penal privada exclusiva quanto na ação penal privada subsidiária da ação 
penal pública. 
B Os prazos prescricionais e decadenciais incidem de igual forma tanto na ação penal pública condicionada àrepresentação do ofendido quanto na ação penal pública condicionada à representação do ministro da 
Justiça. 
C De regra, não há necessidade de a queixa-crime ser proposta por advogado dotado de poderes específicos 
para tal fim, em homenagem ao princípio do devido processo legal. 
D Tanto na ação pública condicionada à representação quanto na ação penal privada, se o ofendido tiver 
menos de vinte e um anos de idade e mais de dezoito anos de idade, o direito de queixa ou de representação 
poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. 
E É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, condicionada à representação do 
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas 
funções. Item correto. 
OBS: A assertiva correta replica o conteúdo da Súmula 714 do STF, que é frequentemente exigida pela banca 
CESPE/CEBRASPE. 
 
Considerações Importantes: 
 
1) A lei que altera a natureza jurídica de uma ação penal é considerada norma penal MISTA ou HÍBRIDA. 
Vamos relembrar os tipos de norma penal e processual? 
● Normas penais: Cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da condenação e do 
direito de punir do Estado (ex.: causas extintivas da punibilidade). 
● Normas processuais penais: Versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução ou 
extinção da punibilidade. Lembre-se que, à luz do art. 2º do CPP, a lei processual penal possui 
aplicação imediata: 
 
Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
As normas processuais penais podem ser: 
 
 
 
 
 
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a) Norma genuinamente processual: Cuidam de procedimentos, atos processuais, técnicas de 
processo. 
b) Norma processual material (ou norma mista ou híbrida): Versam sobre o processo desde o seu início 
até o final da execução ou extinção da punibilidade. Assim, se um dispositivo legal, embora inserido 
em lei processual, versa sobre regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis os princípios 
que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei mais benigna. (Renato Brasileiro, 
Manual de Processo Penal, 2017). 
Em outras palavras: quando se tratar de norma penal mista, o critério a ser aplicado é o mesmo do 
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei maléfica e retroatividade da lei benigna. 
 
As normas que alteram a natureza jurídica de uma ação penal são consideradas normas híbridas porque, 
embora inseridas em diploma processual penal, possuem reflexos diretos em institutos de direito penal, 
como, por exemplo, a extinção da punibilidade. Isso porque, o crime que antes era de ação penal pública 
incondicionada e se torna de ação penal pública condicionada, passa a admitir uma nova hipótese de extinção 
da punibilidade, qual seja, a decadência pela ausência de representação. 
 
2) Considerando que a norma sobre a natureza jurídica da ação penal é uma norma híbrida e que as 
normas híbridas devem seguir as regras das normas penais, é possível dizer que, em regra, caberá a 
retroatividade da lei em benefício do réu. 
 
ATENÇÃO! Essa retroatividade nem sempre será possível! Não basta analisar o instituto apenas de acordo 
com a lei penal no tempo, sendo necessário também analisar se se trata de uma condição de procedibilidade 
ou prosseguibilidade. 
 
Vamos exemplificar para uma melhor compreensão: 
A Lei 13.964/2019 alterou a natureza jurídica da ação penal referente ao crime de estelionato. Antes, 
o crime de estelionato era sempre de ação penal pública incondicionada. Com a vigência da lei, o crime 
passou a ser de ação penal pública condicionada à representação, salvo algumas hipóteses expressamente 
previstas. Veja: 
 
Art. 171, § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima 
for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 
Logo, temos que: 
● Antes da Lei 13.964/2019: o crime era de ação penal pública incondicionada 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
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● Após a Lei 13.964/2019: o crime passou a ser tratado, em regra, como crime de ação penal pública 
condicionada à representação. 
Regra: ação penal pública condicionada à representação. 
Exceção: ação penal pública incondicionada quando o estelionato for perpetrado em face de: 
✔ Administração Pública, direta ou indireta; 
✔ Criança ou adolescente; 
✔ Pessoa com deficiência mental; 
✔ Maior de 70 (setenta) anos de idade; 
✔ Incapaz. 
 
Inicialmente, pergunta-se: Trata-se de alteração de ordem penal ou de ordem processual? 
Essa pergunta é relevante já que definimos que se a norma é penal e for considerada benéfica, terá 
retroatividade e deverá ser aplicada as ações penais em curso. Assim, aquelas pessoas que se encontram 
processadas pelo delito de estelionato deverão ter em seus processos a aplicação da referida norma, 
havendo a necessidade de ocorrer a representação como condição de prosseguibilidade do processo. 
Por outro lado, se entendermos que a norma possui caráter processual, a aplicação será imediata e 
sem retroatividade, somente se aplicando aos delitos de estelionato ocorridos após a entrada em vigor da 
referida legislação. 
Assim, respondendo ao questionamento, a referida norma possui caráter híbrido, penal e 
processual, e, nesses casos, há de prevalecer a sua vertente penal. 
 
E como se posiciona a jurisprudência? 
Considerando a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, os Tribunais Superiores foram instados a 
se manifestar acerca da retroatividade da sua aplicação e, consequentemente, necessidade de oferecimento 
ou não da representação aos processos em curso. 
A discussão teve início no STJ (HC 573.093), em 2020 e, desde então tem sido objeto de uma série de 
divergências. Veja a evolução jurisprudencial: 
(1) Em 14/04/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu que a retroatividade da representação deve se restringir à 
fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade em 
prosseguibilidade (HC 573.093). 
(2) Em 04/08/2020, a decisão da 6ª Turma do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica, deve 
retroagir (HC 583.837). 
(3) Em 21/09/2020, a 5ª Turma do STJ reiterou o entendimento de que a retroatividade da representação 
no crime de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito). 
(4) Em 14/10/2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo 5º 
do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era incondicionada 
e não se exigia representação (HC 187.341/SP). 
(5) Em 13/04/2021, a 3ª Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para a ação penal 
 
 
 
 
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25por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada retroativamente para 
beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso (Info 691). 
(6) Em 22/06/2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que 
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado 
à representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações 
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado (Info 1023). Esse 
entendimento foi reiterado pela 2ª Turma em 02/09/2022 (HC-AgR 207.835/SP). 
(7) Em 13/04/2023, o debate foi levado ao Plenário do STF que decidiu a interpretação de normas 
constitucionais não podem limitar o alcance da retroatividade em benefício do réu e, sendo a exigência 
de representação para o crime de estelionato norma processual de caráter híbrido favorável ao acusado, 
há de ser aplicada retroativamente aos processos em curso, sendo conferido a vítima o prazo de 30 
dias para oferecer a representação, sob pena de decadência do direito (HC-AgR 208.817/RJ) 
 
Logo, no cenário atual acerca da matéria, o tema está pacificado em cada Tribunal Superior, mas 
permanece a divergência entre eles. Temos o entendimento pacificado do STJ no sentido de que deve ser 
observada a retroatividade, respeitando-se a limitação do ato jurídico perfeito e acabado materializado com 
o oferecimento da denúncia. Já no STF, em decisão mais recente do Plenário, deve ser observada a extensão 
da retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não tenham transitado em julgado. 
 
Atenção! É preciso ficar atento às próximas decisões do STJ, diante da possibilidade de se curvar 
ao entendimento do STF. 
 
E como se posiciona a doutrina? 
Quanto ao tema, explica Rogério Sanches: 
 
Tendo em vista que a necessidade de representação traz consigo institutos 
extintivos da punibilidade, a regra do art. 171, §5º deve ser analisada sob a 
perspectiva da aplicação da lei penal no tempo. Vamos diferenciar duas hipóteses: 
a) Se a denúncia já foi ofertada, trata-se de ato jurídico perfeito, não sendo 
alcançado pela mudança. Não nos parece correto o entendimento de que a vítima 
deve ser chamada para manifestar seu interesse em ver prosseguir o processo. Essa 
lição transforma a natureza jurídica da representação de condição de 
procedibilidade em condição de prosseguibilidade. A lei nova (Lei 13.964/2019) 
NÃO EXIGIU ESSA MANIFESTAÇÃO, AO CONTRÁRIO DO QUE FEZ A LEI 9.099/95, que 
a exigiu de forma expressa no art. 91). 
b) Se a incoativa ainda não foi oferecida, deve o MP aguardar a oportuna 
representação da vítima ou o decurso do prazo decadencial, cujo termo inicial, para 
fatos pretéritos, é o da vigência da novel lei. 
 
 
 
 
 
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OBS.: Para o professor Aury Lopes Jr, como dissemos alhures, o processo penal não poderia se valer da teoria 
geral do processo civil para conferir das mesmas condições da ação. Para o processualista penal, são 
condições da ação penal: 
1) Prática de fato aparentemente criminoso; 
2) Punibilidade concreta; 
3) Legitimidade da parte; 
4) Justa Causa. 
 
a) Prática de fato aparentemente criminoso (fumus comissi delicti): O fato penalmente relevante praticado 
em tese, deve ser típico, ilícito e culpável, não se admitiria uma ação penal por um fato que não fosse crime. 
Ex.: denúncia por incesto, furto de coisa própria. 
 
b) Punibilidade concreta: Deve o juiz rejeitar a peça acusatória quando houver prova de extinção da 
punibilidade. Quando presente a causa de extinção de punibilidade, como prescrição, decadência, renúncia, 
a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada e o réu absolvido sumariamente, conforme o momento em que 
seja reconhecida. 
 
As outras duas condições para o professor Aury são idênticas as já exauridas acima e, por uma 
questão de economia nos estudos, não abordaremos. 
 
3. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL 
 
3.1 Princípios Comuns Da Ação Penal Pública E Privada 
 
1) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA OU PESSOALIDADE: 
A denúncia ou queixa só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. Esse 
princípio funciona como evidente desdobramento do princípio da pessoalidade da pena (art. 5, XXXXV, CF). 
 
2) PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE: 
O MP, titular da ação penal, pode agir de ofício, não dependendo da autorização de ninguém, da 
mesma forma que o ofendido também pode agir de ofício quando legitimado. 
 
OBS.: O juiz não pode dar início ao processo de ofício, uma vez que a ação penal é de iniciativa do 
MP, nos crimes de ação penal pública, ou do ofendido ou seu representante legal, nos crimes de ação penal 
privada. 
 OBS.2: O juiz pode conceder habeas corpus de ofício (art. 654, §2º, CPP), visto que a restrição se 
limita a atuação de ofício em ação penal condenatória. Ademais, a execução tem início de ofício. 
 
3) PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM 
Trata da inadmissibilidade da persecução penal múltipla. Nesse sentido, ninguém pode ser 
processado duas vezes pela mesma imputação. 
 
 
 
 
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3.2 Princípios Da Ação Penal Pública 
 
1) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE OU LEGALIDADE: 
O princípio da obrigatoriedade está previsto no art. 24 do CPP. Com isso, diferentemente do que 
ocorre com os demais princípios que possuem status constitucional ou convencional, possui status de lei 
ordinária. Consequentemente, pode ser excepcionado por outra lei ordinária. 
 
Art. 24: Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro 
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representá-lo. 
 
O MP, titular da ação penal pública, está OBRIGADO a oferecê-la, sempre que constatar a presença 
de prova da materialidade e indícios de autoria ou participação. 
Assim, se presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o MP está obrigado a 
oferecer denúncia. Em outras palavras: não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quando 
constatada a presença de conduta delituosa e das condições da ação penal. 
 
“Se o legislador incriminou determinada conduta, dando relevância social ao bem 
jurídico afetado ou posto em risco pelo comportamento do agente, não pode o 
membro do Ministério Público afirmar que a ação delituosa não tem relevância, 
que o interesse público ficaria atendido diante de sua inércia, deixando de 
manifestar em juízo a pretensão punitiva estatal” (Afrânio Silva Jardim. Ação penal 
pública: princípio da obrigatoriedade. 4ª Edição. Forense, 2001. p. 53). 
 
A doutrina aponta dois mecanismos de fiscalização do princípio da obrigatoriedade: 
a) Princípio da devolução (art. 28-A, caput e §1º nos termos da interpretação conforme conferida pelo 
STF no julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305); 
 
ATENÇÃO: O STF, nos autos das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, por maioria, atribuiu interpretação 
conforme ao caput do art. 28 para assentar que, ao se manifestar pelo arquivamento do inquérito policial 
ou de quaisquer elementos informativos de mesma natureza, o MP submeterá sua manifestação ao juiz 
competente e comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial, podendo encaminhar os autos 
ao Procurador-Geral ou para a instância de revisão ministerial, quando houver, para fins de homologação, 
na forma da lei. 
 
E, por unanimidade, atribuiu interpretação conforme ao §1º do art. 28 para assentar que, além da vítima 
ou de seu representante legal, a autoridade judicial competente também poderá submeter a matéria à 
revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou teratologia no 
ato do arquivamento. 
 
 
 
 
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b) Ação penal privada subsidiária da pública. 
 
ATENÇÃO: Obrigatoriedade da Ação Penal x Pedido de Absolvição pelo MP: 
De acordo com o art. 385 do CPP, fica claro que o MP poderá opinar pela absolvição. Isso porque (i) 
trata-se da garantia da independência funcional do promotor, e (ii) ao MP incumbe zelar por interesses 
individuais indisponíveis, a exemplo da liberdade de locomoção. 
Nesse sentido, tem-se que o princípio da obrigatoriedade NÃO é incompatível com o pedido da 
absolvição. 
Ressalta-se, ainda, que o juiz pode condenar o acusado, mesmo com o pedido de absolvição feito 
pelo MP. 
 
Art. 385: Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, 
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como 
reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 
 
Atenção à jurisprudência: 
 
O art. 385 do Código de Processo Penal é compatível com o sistema acusatório e 
não foi tacitamente derrogado pelo advento da Lei n. 13.964/2019, responsável 
por introduzir o art. 3º-A no Código de Processo Penal. REsp 2.022.413-PA, Rel. 
Ministro Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, 
Sexta Turma, por maioria, julgado em 14/2/2023. 
 
APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS / ORAIS: 
Alguns doutrinadores (como Aury Lopes Jr.) sustentam que, havendo o pedido de absolvição, o juiz 
seria obrigado a absolver, já que o MP estaria retirando sua pretensão acusatória. Com isso, caso o juiz 
condenasse, estaria agindo de ofício, em um verdadeiro processo judicialiforme, incompatível com o 
princípio da inércia da jurisdição. 
Contudo, a maioria da doutrina, e principalmente a jurisprudência, compreendem que, a partir do 
momento em que a denúncia foi oferecida, o juízo foi provocado. Por isso, mesmo que o MP tenha pedido a 
absolvição, o juiz continua livre para condenar ou para absolver, já que a pretensão punitiva já teria sido 
deduzida em juízo. 
 
*O procedimento judicialiforme, ocorria na hipótese em que a ação penal, quando envolvesse 
contravenções penais, seria iniciada com o auto de prisão em flagrante ou com portaria expedida pela 
autoridade policial ou judicial, conforme previsão no art. 26, CPP. Ocorre que referido artigo NÃO foi 
recepcionado pela CF/88. O art. 129, CF traz as funções institucionais do Ministério Público, dentre estas 
“promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”. 
 
Exceções ao princípio da obrigatoriedade: 
 
 
 
 
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Como visto acima, o princípio da obrigatoriedade possui status de lei ordinária. Por isso, é possível 
que uma lei ordinária crie exceções ao princípio. 
 
1. Transação Penal (art. 76 da Lei 9.099/95): 
 
Lei n. 9.099/95, art. 76: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação 
penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, 
a ser especificada na proposta. 
 
Trata-se de um acordo celebrado entre o MP e o autor do delito, objetivando o cumprimento 
imediato de pena restritiva de direito ou pena de multa. 
É uma exceção, já que, se cabível, ao invés de oferecer uma denúncia o MP irá oferecer um acordo. 
Alguns autores chamam de discricionariedade regrada1. Contudo, para Renato Brasileiro, o correto 
seria obrigatoriedade mitigada: 
 
Transação penal: em se tratando de infrações penais de menor potencial ofensivo, 
ainda que haja lastro probatório suficiente para o oferecimento de denúncia, desde 
que o autor do fato delituoso preencha os requisitos objetivos e subjetivos do art. 
76 da Lei nº 9.099/95, ao invés de o Ministério Público oferecer denúncia, deve 
propor a transação penal, com a aplicação imediata de penas restritivas de direitos 
e multa. Nessa hipótese, há uma mitigação do princípio da obrigatoriedade, 
comumente chamada pela doutrina de princípio da discricionariedade regrada ou 
princípio da obrigatoriedade mitigada (BRASILEIRO, Renato). 
 
2. Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A, CPP) 
 
É um acordo celebrado entre o MP e o autor do delito, devidamente assistido por seu defensor, por 
meio do qual sujeita-se a determinadas condições. Após o cumprimento, o MP irá requerer o arquivamento. 
O acordo de não persecução penal, introduzido pelo Pacote Anticrime, também é um exemplo de 
exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, haja vista que, presentes os requisitos e as 
condições dispostas em lei, o MP pode deixar de oferecer denúncia. 
 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado 
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá 
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para 
 
1 Obviamente que o MP, por mandamento constitucional, já que o artigo 129, VIII, 2ª parte, da CR, diz que todas as 
manifestações processuais do MP hão de ser fundamentadas – TEM que fundamentar. Por isso que é REGRADA! 
 
 
 
 
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reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas 
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-
lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público 
como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, 
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de 
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, 
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal 
imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste 
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso 
concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, 
nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da 
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do 
agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
3. Acordo de Leniência nos Crimes Contra a Ordem Econômica: 
 
É uma espécie de colaboração