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educação de jovens e adultos

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Prévia do material em texto

Educação de Jovens 
e Adultos: Fundamentos 
e Práticas 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Márcia Pereira Cabral
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas 
na Educação de Jovens e Adultos
Programas, Práticas, Tecnologias 
e Perspectivas na Educação 
de Jovens e Adultos
 
 
• Discorrer sobre as políticas e perspectivas pedagógicas, bem como a inserção das novas 
tecnologias na Educação de Jovens e Adultos, analisando quais as perspectivas da EJA a 
partir de um olhar voltado à formação dos alunos para o pleno exercício da cidadania.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• As Políticas de Educação de Jovens e Adultos;
• Um Olhar Pedagógico sobre as Iniciativas da EJA;
• Novas Tecnologias e Alfabetização Digital;
• A Cidadania na Educação de Jovens e Adultos;
• Perspectivas e Rumos da Educação de Jovens e Adultos.
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Introdução
Esta Unidade tem como finalidade apresentar programas e ações que se propõem 
à educação e escolarização de jovens e adultos no Brasil, desenvolvidos no contexto 
dos atuais governos federal, estadual e municipal. Além disso, também versamos 
sobre as novas tecnologias, sobretudo a alfabetização digital, e as perspectivas para 
o futuro da Educação de Jovens e Adultos. 
Embora compreendamos a Educação de Jovens e Adultos como uma diversidade 
de processos e práticas que ocorrem formal e informalmente, fora do espaço escolar 
e sistematicamente no espaço escolar, na educação básica – ensino fundamental e 
médio –, daremos ênfase, nesta unidade, à análise que situa as práticas nas etapas 
iniciais do ensino fundamental. 
Figura 1
Fonte: Getty Images
Entender as necessidades atuais da EJA é fundamental para ter uma ideia sólida e 
concreta de tudo o que pode ser desenvolvido nessa modalidade de educação. Esse 
panorama é também importante para considerarmos possíveis rumos para o futuro 
da Educação de Jovens e Adultos no país e seus desdobramentos.
As Políticas de Educação de Jovens e Adultos
Iniciaremos apresentando algumas das políticas do governo federal, conceituando 
o programa, expondo seus objetivos e propostas de ações. 
Quanto ao Governo Federal, destacamos os seguintes programas: O Programa 
Brasil Alfabetizado (PBA); Educação em Prisões e Projovem Urbano; e o Programa 
Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Moda-
lidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja). Veremos brevemente a seguir um 
pouco sobre cada uma dessas iniciativas.
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) vem sendo realizado desde 2003, e volta-se 
para a alfabetização de jovens acima de 15 anos, adultos e idosos. Ele é desenvolvido 
8
9
em todo o território nacional, atendendo, prioritariamente, a municípios que apresen-
tam alta taxa de analfabetismo, sendo que 90% deles localizam-se na região Nordeste. 
Os Municípios que participam do PBA recebem apoio técnico para a implementação 
das ações do programa de forma a garantir a continuidade dos estudos aos alfabeti-
zandos. É um programa que espera pela adesão dos estados e municípios brasileiros. 
Tem como objetivo promover a superação do analfabetismo e contribuir para a univer-
salização do ensino fundamental no Brasil. O programa fica a cargo da Secretaria de 
Alfabetização que, em 2019, lançou o Política Nacional de Alfabetização (PNA), que 
aborda brevemente a questão da EJA. De acordo com o documento:
A alfabetização de jovens e adultos é contemplada pela PNA, que leva 
em consideração suas especificidades. Ao jovem e ao adulto que não 
sabem ler e escrever busca-se não apenas proporcionar autonomia para 
ler e escrever o próprio nome e algumas palavras relacionadas ao seu 
cotidiano, mas, além disso, apresentar a leitura e a escrita como meios 
de desenvolvimento pessoal e profissional, de acesso à literatura e de ou-
tras possibilidades, conforme as motivações e aspirações de cada pessoa. 
(BRASIL, 2019, p. 35)
A Educação nas Prisões é mais um programa desenvolvido pelo governo federal, e 
tem como objetivo apoiar técnica e financeiramente a implementação da Educação de 
Jovens e Adultos no sistema penitenciário por meio da elaboração dos Planos Estaduais 
de Educação nas prisões; oferta de formação continuada para Diretores de estabeleci-
mentos penais, Agentes Penitenciários e Professores; e aquisição do acervo bibliográfico.
O Canal Futura promoveu uma roda de debates sobre o tema da educação prisional e seus 
desafios. Assista: https://youtu.be/yFHa1DfWlrs
Essa iniciativa está fundamentada na Resolução nº 03/2009, do Conselho Na-
cional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, que dispõe sobre 
a responsabilidade do governo federal, por intermédio dos Ministérios da Educação 
e da Justiça, no fomento e indução de políticas públicas de Estado no domínio da 
educação nas prisões, estabelecendo parcerias entre esses Ministérios e os governos 
do Estado, Distrito Federal e Municípios.
Temos, ainda, a Resolução Nº 2, de 19 de maio de 2010, que dispõe sobre as 
Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de 
privação de liberdade nos estabelecimentos penais. No seu artigo 2º diz que:
As ações de educação em contexto de privação de liberdade devem estar 
calcadas na legislação educacional vigente no país, na Lei de Execução 
Penal, nos tratados internacionais firmados pelo Brasil no âmbito das 
políticas de direitos humanos e privação de liberdade, devendo atender às 
especificidades dos diferentes níveis e modalidades de educação e ensino 
e são extensivas aos presos provisórios, condenados, egressos do siste-
ma prisional e àqueles que cumprem medidas de segurança. (BRASIL, 
2010, p. 2)
9
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Apesar da garantia legal sobre a efetivação da educação prisional, a realidade é 
bem diferente. Dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (In-
fopen), de 2017, apontam que menos de 13% das pessoas em situação de privação 
de liberdade têm acesso à educação. Perceba, assim, como os desafios para uma 
educação de jovens e adultos realmente efetiva e abrangente encontram ainda obstá-
culos sociais e estruturais no cenário brasileiro.
Para a juventude, temos o Projovem Urbano, que se propõe a elevar a escola-
ridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos, que saibam ler e escrever e ainda 
não concluíram o ensino fundamental. Conforme previsto no artigo 81, da Lei de 
Diretrizes e Bases n. 9.394/96, é um programa que busca a conclusão do ensino 
fundamental, por meio da Educação de Jovens e Adultos, integrando-os à qualifica-
ção profissional e ao exercício da cidadania. Suas ações destinam-se a apoiar técnica 
e financeiramente Estados, Municípios e Distrito Federal para a oferta e desenvolvi-
mento de cursos do Projovem Urbano, concessão de auxílio financeiro mensal aos 
jovens atendidos, durante 18 meses do curso, no valor de R$ 100,00, para alunos 
que assistam a pelo menos 75% das aulas.
O vídeo “Projovem Urbano”, feito com alunos do programa na cidade mineira de Divinópolis, 
trata um pouco sobre os alunos do projeto. Confira: https://youtu.be/zqntpNP-2lw
Já o PROEJA foi criado para suprir a demanda de jovens e adultos em relação 
ao ensino médio técnico profissionalizante. A ideia é garantir o acesso a cursos do 
tipo técnico e tecnólogo em práticas integradas em outras ações de educação de 
jovens e adultos, e tem como base de ação a Rede Federal de Educação Profissional 
e Tecnológica.
Figura 2
Fonte: Getty Images
10
11
Um Olhar Pedagógico
sobre as Iniciativas da EJA
Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não 
é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos 
os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos 
a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles. Somentequem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele, mesmo que, 
em certas condições, precise falar a ele. (FREIRE, 1996, p. 113)
A Educação de Jovens e Adultos, como um segmento e modalidade da Educação 
Básica, tem sido analisada em suas diferentes dimensões: política, gerencial e pedagó-
gica. Nesta Unidade, tratamos da EJA como política pública, apresentando políticas e 
programas e, agora, focaremos na sua dimensão pedagógica. 
O Programa Brasil Alfabetizado – PBA faz parte de muitas iniciativas que com-
põem o espectro de atendimento a jovens e adultos, demandando dessas iniciativas a 
perspectiva de se constituírem como políticas públicas de Estado. O PBA apresenta-se 
como uma significativa estratégia de garantia do direito à educação, bem como uma 
importante alternativa para o enfrentamento das desigualdades que marcam as condi-
ções de oferta de educação em nível nacional.
A formação de alfabetizadores e coordenadores das turmas do PBA aborda con-
cepções, fundamentos, princípios e estratégias metodológicas da alfabetização de 
jovens, adultos e idosos; a aplicação da avaliação cognitiva; a orientação para obten-
ção de documentos necessários ao exercício da cidadania e relacionados ao encami-
nhamento dos egressos do programa às turmas de EJA. 
Apesar da adesão ao programa, o PBA foi suspenso em 2016, durante o Governo 
Temer, como parte das iniciativas que tiveram suas verbas cortadas devido ao contin-
genciamento do orçamento do País.
O Projovem Urbano, por sua vez, estabeleceu diretrizes curriculares e metodoló-
gicas que orientam a organização do trabalho pedagógico, incluindo a elaboração de 
materiais didáticos e a avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem. 
Também vale a pena destacar que o programa reflete as necessidades de dimen-
sões mais integrais e cidadãs da educação. Assim, ele tem como propósito definir 
estratégias de atuação na sala de aula com o intuito de integrar as três dimensões 
do currículo: Educação, Qualificação e Ação Comunitária. A tradução do currículo 
em situações de ensino e de aprendizagem foi garantida pela organização de quatro 
guias multidisciplinares que norteiam o percurso dos alunos, orientando os trabalhos 
individuais ou coletivos, bem como por meio do apoio às atividades desenvolvidas à 
distância. Os eixos são divididos em seis unidades formativas:
• Unidade Formativa I – Juventude e Cultura;
• Unidade Formativa II – Juventude e Cidade;
11
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
• Unidade Formativa III – Juventude e Trabalho;
• Unidade Formativa IV – Juventude e Comunicação;
• Unidade Formativa V – Juventude e Tecnologia;
• Unidade Formativa VI – Juventude e Cidadania.
O apoio aos docentes é também interessante, já que os educadores recebem um 
Guia Orientador e formação específica para atuar no Projovem. Os educadores que 
trabalham nos núcleos são: educadores de formação básica, com licenciatura (sendo 
um de cada área do ensino fundamental); educadores de Qualificação Profissional, 
com qualificação adequada ao desenvolvimento dos arcos ocupacionais escolhidos pela 
gestão local; educadores de Participação Cidadã, com graduação em Serviço Social.
De acordo com Nascimento (2012), por meio de uma investigação, identificou-se 
que o Projovem é representado como:
[...] um Programa que vinha incluir os excluídos desse sistema regular 
de ensino porque enquanto professora temporária a gente percebia o 
quanto esses alunos são excluídos, eles são excluídos porque eles são 
estigmatizados, porque eles não prestam, porque eles bagunçam, porque 
eles são isso, porque eles são aquilo. Enquanto que muitas vezes a gente 
percebe que um aluno daqueles precisa que a gente escute, que a gente 
conquiste e aí a gente vai ter um olhar diferenciado, e o Programa veio 
proporcionar isso (NASCIMENTO, 2013, p. 5)
Este depoimento demonstra a mudança da visão da educadora sobre os jovens 
que frequentam o Programa jovens que inicialmente são considerados como “exclu-
ídos” do sistema escolar, que não prestam, bagunçam etc. Entende que o Programa 
proporciona uma mudança neste olhar, passa a ter um olhar diferenciado, inclusivo 
e compreensivo.
No que se refere às práticas dirigidas aos internos de sistemas prisionais os desa-
fios são ainda maiores. Educar o preso, mulheres e homens, é uma tarefa que exige 
considerar o processo educacional como algo inacabado, incompleto, entendendo 
que a educação se dá ao longo da vida. 
Como já mostrado em unidade anterior, a educação prisional está associada à 
realidade de uma população carcerária de mais de 758 mil pessoas, de acordo com 
dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2019. 
Dentre elas, cerca de 70% não possuem o ensino fundamental completo, conforme 
Português (2009).
Os educadores que atuam na educação prisional precisam compreender a com-
plexidade da atuação junto a este público que cumpre pena de encarceramento, 
sendo imprescindível vê-los como sujeitos de direitos, com histórias que retratam sua 
vida individual e social. Os elementos de sua constituição como sujeitos históricos, 
políticos e culturais devem ser preservados, analisados e ressignificados no processo 
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de escolarização. É uma atuação que exige reflexão, ação, análise crítica, planeja-
mento, avaliação e replanejamento constantes. 
O currículo deve ser diferenciado e atender às especificidades da EJA em prisões, 
tendo uma prática educativa que o aproxime do educando, dialogada, crítica e politi-
zada. Uma das formas indicadas é a valorização e o trabalho com as histórias de vida 
dos educandos privados de liberdade.
Currículo carcerário: práticas educativas na prisão. Disponível em: https://bit.ly/311i7N0
Para finalizar, Português (2009) aponta para o fato de que a atuação do educador 
prescinde de:
Ações que sejam fundadas no diálogo (uma das bases do processo de 
 humanização), no estabelecimento de relações éticas, afetivas e de con-
fiança, na identificação e formulação de problemas e na busca e propo-
sição de alternativas de superação, na construção do conhecimento, no 
debate – uma educação libertadora. (PORTUGUES, 2009, p. 117)
Para tanto, é preciso reconhecer que a formação docente na contemporaneidade 
deve assumir uma complexidade que merece ser tratada com mais atenção pelos 
diferentes aportes teóricos que sustentam o debate científico e acadêmico voltados à 
compreensão do homem como sujeito histórico e social. Isto se coloca para todos os 
níveis e modalidades da educação.
Novas Tecnologias e Alfabetização Digital
Como vimos, a Educação de Jovens e Adultos deve ser focada, assim como o ensino 
regular, na formação integral dos alunos, visando o seu preparo para as necessidades 
do mundo moderno. Pensando nisso, é preciso considerar que as novas tecnologias e 
elementos digitais representam um protagonismo inegável na atualidade e, portanto, 
devem fazer parte do ensino desses alunos.
Considerando que não existem diretrizes normativas específicas para a EJA, é 
preciso, então, aplicar a ela os mesmos preceitos do ensino regular. Sendo assim, 
vale a pena retomar o que é dito na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sobre 
as competências a serem desenvolvidas durante a Educação Básica. O documento 
traz, em seu item 5, a seguinte competência:
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comu-
nicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas 
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar 
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer prota-
gonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2016)
13
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Confira as dez competências da Educação Básica que a BNCC traz no documento original, 
disponível em: https://bit.ly/2QYTPxy
O desenvolvimento da linguagem informatizada é uma competênciada educação 
básica e, portanto, deve ser trabalhada também com os alunos da EJA. Conside-
rando que muitos dos alunos dessa modalidade de educação estão nela para suprir 
necessidades de escolaridade exigidas pelo mercado de trabalho, é bastante claro que 
a tecnologia deve figurar nas práticas pedagógicas da EJA.
Essa necessidade esbarra em dois desafios principais: a falta de acesso dos alunos 
a ferramentas tecnológicas, que se reflete em baixa familiaridade com ela; e no fato 
de que alunos mais velhos encontram dificuldades geracionais para lidar com a tec-
nologia, conforme apontado por Viriato (2015).
Figura 3
Fonte: Getty Images
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 
2018, cerca de 20% da população ainda não possuía acesso à internet. Embora a par-
cela tenha caído em comparação com anos anteriores, não se pode desconsiderar que 
mais de 40 milhões de brasileiros ainda não habitam residências com acesso à internet, 
ou o fazem por meio de dispositivos móveis. Para essa fatia da população que procura 
a EJA, o ambiente escolar é o único local possível para que esse contato aconteça.
Em relação à idade, é preciso considerar que muitos dos educandos não se mos-
tram à vontade com o desafio, o que se reflete no aumento da resistência para 
a adesão.
O principal desafio em trabalhar as tecnologias da informação e da comu-
nicação digital com jovens e adultos é superar resistências, pois, a minha 
experiência em campo tem demonstrado que os jovens mais novos sentem-
-se familiarizados e têm domínio sobre a máquina, os adultos, utilizando as 
mais diversas desculpas, fazem de tudo para não usá-la. (VIRIATO, 2015)
14
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Nesse sentido, é preciso que o educador consiga despertar no aluno a percepção 
de que a tecnologia é uma realidade inevitável, e que seu domínio trará vantagens 
para sua vida cotidiana e impactos positivos em sua vivência social. Nas palavras de 
Paulo Freire (1997, p. 20), “É tão urgente quanto necessária à compreensão correta 
da tecnologia, a que recusa entendê-la como obra diabólica ameaçando sempre os 
seres humanos ou a que perfila como constante a serviço de seu bem estar”.
Não basta, assim, que as tecnologias sejam apresentadas. Elas precisam ser des-
mistificadas, compreendidas e trabalhadas. É somente com essa aproximação que 
se tornará possível uma educação plena e abrangente nesse sentido, permitindo ao 
aluno o desenvolvimento concreto dessa competência.
A Cidadania na Educação
de Jovens e Adultos
Como vimos ao longo de toda a disciplina, a valorização de uma perspectiva 
 integrada e política da educação de jovens e adultos é essencial para que os proces-
sos educativos propiciem a formação integral dos alunos, cumprindo seu papel de 
agente transformador no âmbito pessoal e social de seus educandos.
Para que isso aconteça efetivamente, a educação para a cidadania mostra-se 
como a perspectiva chave. Contudo, o que isso quer dizer na prática? Considerando 
as raízes históricas atreladas ao conceito de cidadão, lembramo-nos da figura surgida 
na Grécia Antiga, caracterizada por seu papel ativamente político na participação da 
criação das leis e dos aspectos gerais de sua polis, a cidade na qual estava inserido.
Ora, essa atuação pode ter mudado ao longo do tempo, mas a concepção de cida-
dania mantém sua essência: o cidadão é aquele que tem um papel em sua sociedade, 
entendendo aquilo o que nela acontece e participando das decisões social e politica-
mente relevantes que acontecem na esfera pública e institucional, segundo Fischman 
et al . Haas (2012).
Nesse sentido, podemos perceber que a educação para a cidadania é aquela que pro-
porciona as condições necessárias para que esse papel ativo seja cumprido. Fischman e 
Haas (2012) afirmam ainda que é preciso que docentes e educandos reconheçam que as 
habilidades de um cidadão podem e devem ser desenvolvidas ao longo da vida, pois não 
se nasce com essas habilidades, elas precisam ser trabalhadas. 
E, assim, que lugar melhor para o desenvolvimento de habilidades cidadãs do que 
o ambiente escolar? Uma vez conscientes dessa ideia, é possível entender o que é 
preciso para que isso aconteça e ver de que maneira a educação pode contribuir para 
essa realidade.
15
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Figura 4
Fonte: Getty Images
No contexto escolar, isso significa que as práticas educacionais precisam reconhe-
cer a diversidade de seus alunos e a riqueza da bagagem cultural, social e histórica 
que trazem consigo. No caso da EJA, esse conhecimento externo pertence a jovens 
e adultos; não a crianças. Ou seja, sua vivência com o mundo é mais extensa e di-
versificada. Isso significa que a educação para a cidadania pode se estruturar sobre a 
valorização desse aparato pessoal para, a partir disso, concatenar o saber empírico 
com o arcabouço teórico disponível na educação formal. As ferramentas diversas ao 
dispor dos alunos e já trabalhadas em outros momentos – como as tecnologias dis-
cutidas na seção anterior – unem-se a essa tarefa, concretizando, assim, a educação 
integral, social e politizada que defendemos ao longo de toda a disciplina.
Perspectivas e Rumos da 
Educação de Jovens e Adultos
Considerando tudo o que vimos ao longo da disciplina, desde os elementos histó-
ricos até as configurações atuais da educação de jovens e adultos, é possível pensar 
nos rumos e nas perspectivas futuras que despontam nesse segmento.
Figura 5
Fonte: Getty Images
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O primeiro ponto que deve ser avaliado é a preocupação já demonstrada sobre o 
perfil dos alunos da EJA. É preciso que as condições sociais, políticas e econômicas 
favoreçam, em primeiro lugar, a permanência no ensino regular, para evitar que os 
alunos optem por abandonar a escola e encontrar na EJA uma possibilidade de ace-
leração dos estudos. Para isso, o acompanhamento dos alunos e o atendimento indi-
vidualizado, que identifique tendências nesse sentido, precisa desencorajar essa pers-
pectiva e estimular a continuidade dos estudos em idade regular, caso seja possível.
Um segundo ponto que merece destaque é o ensino a distância (EAD) aplicado na 
educação de jovens e adultos. A modalidade ficou regulamentada na resolução nº 3 
de 2010, que traz em seu texto as condições para a EJA EAD.
Art. 9º . Os cursos de EJA desenvolvidos por meio da EAD, como reco-
nhecimento do ambiente virtual como espaço de aprendizagem, serão 
restritos ao segundo segmento do Ensino Fundamental e ao Ensino Mé-
dio, com as seguintes características: 
[...]
II – a idade mínima para o desenvolvimento da EJA com mediação da 
EAD será a mesma estabelecida para a EJA presencial: 15 (quinze) anos 
completos para o segundo segmento do Ensino Fundamental e 18 (dezoi-
to) anos completos para o Ensino Médio. (BRASIL, 2010)
Dessa maneira, as mesmas regras etárias seguidas pelo EJA presencial aplicam-se 
ao regime EAD. As iniciativas nesse sentido apresentam-se como uma solução para 
pessoas com disponibilidade reduzida de horário – como alunos trabalhadores ou que 
têm filhos, por exemplo – e permitem que os estudos possam seguir com mais facilidade.
O SESI é uma das instituições que oferece formação a alunos do EJA em modalidade EAD. 
Para entender melhor as características desse tipo de ensino, assista ao vídeo “SESI EJA/
EAD: sabe como funciona?”, disponível em: https://youtu.be/IF0UU1zBtaQ
Por outro lado, não se pode ignorar a realidade já mencionada de que muitos 
brasileiros não possuem acesso à internet e, portanto, não são beneficiados com a 
medida. Também é preciso considerar que a educação a distância pode, em certas 
condições, ser complicada no que diz respeito à formação integral de seus alunos, 
visto que as interações entre educador e educando acontecem de maneira virtual-
mente mediada.
Assim, os rumos do EJA giram em torno dos desafios em se manter uma edu-
cação de qualidade, que permita a formação ampla, integradora e reflexiva de seus 
educandos,voltada ao exercício da cidadania em seu sentido mais pleno. Na função 
de educadores, é preciso ter um olhar atento às características da EJA como uma 
importante ferramenta de formação de pessoas que não puderam, por quaisquer 
motivos, ter acesso ao ensino regular, e no potencial transformador que a experiência 
tem em suas vidas.
17
UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Em Síntese
Esta unidade propôs-se a apresentar programas e ações que se direcionam à educação e 
escolarização de jovens e adultos no Brasil, desenvolvidos no contexto dos atuais gover-
nos federal, estadual e municipal. 
Consideramos importante destacar que os desafios ainda são muitos e diferenciados para 
efetivarmos a EJA em uma política pública de Estado, para além de campanhas e ações 
pontuais de governos. Por este motivo, em todas as unidades, propomo-nos a explicitar 
os desafios, para que a reflexão do ponto de vista das políticas de educação seja perma-
nente e comprometa-se com mudanças que possam ampliar o acesso a essa modalidade 
e a melhores condições de trabalho ao educador.
Finalmente, a questão das novas tecnologias e das perspectivas futuras da EJA foi tra-
balhada sob uma ótica social e cidadã, que considera essa modalidade de educação 
como uma agente transformadora na vida de seus educandos. A formação dos profes-
sores, abordada anteriormente, destaca-se como fundamental para a concretização 
das expectativas e potencialidades da EJA para seus alunos e para o País como um todo. 
18
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Salto para o Futuro | Educação de Jovens e Adultos
https://youtu.be/3OiFJreKz3s
 Leitura
Educação de jovens e adultos e novas tecnologias da informação: uma abordagem educacional
https://bit.ly/2BjVE3f
As tecnologias de informação e comunicação como prática de inclusão na EJA
https://bit.ly/3hPBrTI
Perspectiva discente na EJA/EAD do ensino médio: um estudo de caso em uma instituição particular
https://bit.ly/2YQz8al
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UNIDADE Programas, Práticas, Tecnologias e Perspectivas
na Educação de Jovens e Adultos
Referências
ANDRADE, E. R.; ESTEVES, L. C.; OLIVEIRA, E. C. Composição social e per-
cursos escolares dos sujeitos do ProJovem: novos/velhos desafios para o campo da 
educação de jovens e adultos. In: MACHADO, M. M. (Org.) Educação de Jovens e 
Adultos. Em Aberto. INEP, Brasília, v. 22, n. 82, Nov. 2009. (p. 73-89).
BRASIL, CNE-CEB, Resolução Nº 3, de 15 de junho de 2010.
________. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília, DF: 
MEC, 2015. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documento/
BNCC-APRESENTACAO.pdf>.
________. PNA – Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019.
FISCHMAN, G. E.; HAAS, E. Cidadania. Educação e Realidade, Porto Alegre, 
v. 37, n. 2, p. 439-466, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São 
Paulo: Editora Paz e Terra. Coleção Saberes, 1996.
NASCIMENTO, N. I. M. Dos mundos de vida juvenis às políticas públicas: 
 percepções, sentidos e narrativas de jovens participantes do Projovem Urbano 
em Fortaleza. 171 f. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
-Graduação em Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade 
Federal do Ceará. 2013.
PORTUGUÊS, M. R. Educação de jovens e adultos presos: limites, possibilidades e 
perspectivas. In: MACHADO, M. M. (Org.) Educação de Jovens e Adultos. Em 
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