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Implementação do SGI

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DESCRIÇÃO
O Sistema de Gestão Integrado (SGI) é uma excelente ferramenta para a gestão de ações relativas à
melhoria da qualidade, ao tratamento do meio ambiente e ao desenvolvimento de medidas preventivas
sobre a saúde e a segurança ocupacional.
PROPÓSITO
Demonstrar ao engenheiro de segurança do trabalho a importância de aplicar a normatização
ABNT/NBR/ISO utilizando um Sistema de Gestão Integrado que permitirá uma visão completa da
implantação das normas de segurança do trabalho em empresas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a importância da normatização e o papel da ABNT
MÓDULO 2
Reconhecer as auditorias de conformidade e as certificações ISO
MÓDULO 3
Descrever o SGI e sua implementação
INTRODUÇÃO
A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE GESTÃO
INTEGRADA PARA AS EMPRESAS
��
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a
unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o
padrão internacional de separação dos números e das unidades.
MÓDULO 1
� Reconhecer a importância da normatização e o papel da ABNT
LIGANDO OS PONTOS
As normas técnicas comercializadas pela ABNT no Brasil são de grande importância para as empresas,
pois trazem soluções já definidas e padronizadas para questões operacionais comuns do dia a dia. Além
disso, o seu emprego é esperado ou até definido pelo mercado. Mas você conhece sua origem e
importância? Saberia como implementá-las? Para responder a essas perguntas, vamos estudar um caso
prático baseado na empresa ZPK Logística.
A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida e que se instalou recentemente no
estado do Rio de Janeiro. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce nacionais.
Ela é especializada no transporte de cargas leves e apresenta como diferenciais o alto nível de
automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida
graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário.
Em uma recente Assembleia de Acionistas, a diretoria apresentou os resultados de seu projeto de
implementação dos sistemas de gestão de acordo com as normas ABNT NBR ISO 9001:2015 (Gestão da
Qualidade), ABNT NBR ISO 14001:2015 (Gestão Ambiental), e ISO 45001:2018 (Gestão da Saúde e
Segurança Ocupacional), assim como os benefícios desse projeto. O projeto foi desenvolvido com o
apoio de uma consultoria conceituada e especializada, tanto na implementação de sistemas de gestão
como na preparação de empresas para certificação. A equipe ainda está se adaptando ao novo sistema.
A diretoria defendeu a importância desse projeto, destacando as aplicações práticas e os benefícios da
aplicação do conteúdo das três normas:
O sistema de melhoria contínua que os três sistemas de gestão estabelecem permitirão a
identificação e o aproveitamento de oportunidades de melhorias nos processos de planejamento,
operação, monitoramento e correção dos modelos de gestão empregados.
A Gestão da Qualidade vai possibilitar o acompanhamento próximo e o aperfeiçoamento dos
processos de produção inovadores empregados nos sistemas de produção. A identificação e o
tratamento rápidos das causas de falhas as fará tender a zero, aumentando a produtividade e a
lucratividade.
A Gestão Ambiental será fundamental para uma empresa de logística que mantém veículos
trafegando por todo o país e instalações que movimentam uma grande variedade de cargas que
liberam gases e resíduos poluentes e agressivos ao meio ambiente. Iniciativas como eletrificação,
monitoração remota e até eventual automação da frota serão incentivadas.
A Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional será fundamental para a aplicação de ações
preventivas que reduzam acidentes e doenças do trabalho, principalmente em um ambiente
operacional onde máquinas que se movimentam o tempo todo atuam próximas a trabalhadores.
Essas ações deverão ser logo percebidas pelas equipes, melhorando a produtividade e o clima
organizacional.
Os acionistas receberam muito bem o projeto e reconheceram a sua importância para a empresa e os
seus negócios, além de seu alinhamento às boas práticas de governança e expectativas do mercado
atual. Muitos até consideraram que a implantação do sistema de melhoria contínua já justificava o
trabalho.
Mas os acionistas destacaram a importância de se avaliar a conformidade dos processos com as
normas periodicamente e de se obter a certificação dessas avaliações. Os diretores concordaram com
essas considerações e se comprometeram a estudar o assunto. Eles também se comprometeram a dar
a máxima transparência para os resultados futuros dessa implementação.
Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
3. NA APRESENTAÇÃO PARA OS ACIONISTAS, OS DIRETORES
DESTACARAM AS VANTAGENS OPERACIONAIS E FINANCEIRAS
DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO.
MAS SERÁ QUE OS GANHOS QUE ESSE PROJETO TRARÁ PARA
A EMPRESA VÃO EFETIVAMENTE BENEFICIAR A SUA
REPUTAÇÃO NO MERCADO, OU APENAS OS SEUS
RESULTADOS? EXPLIQUE A SUA RESPOSTA.
RESPOSTA
Haverá ganhos nos resultados e na reputação. Os ganhos de produtividade, de redução de custos, de redução
de impactos do meio ambiente e de acidentes e doenças ocupacionais, entre outros, afetarão positivamente
os resultados, mas também devem trazer impactos positivos para a reputação da empresa, o que poderá
gerar novos negócios e aumentar o seu valor de mercado.
ENTENDENDO A IMPORTÂNCIA DAS NORMAS
TÉCNICAS PARA AS EMPRESAS
Carregando conteúdo
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
EM SUA VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL, VOCÊ JÁ
DEVER TER LIDO OU OUVIDO INÚMERAS VEZES A SIGLA
ABNT. ELA ESTÁ PRESENTE EM SITES, LIVROS,
REVISTAS, EM MENSAGENS DE PROPAGANDA E, É
CLARO, NAS NORMAS QUE ESSA ORGANIZAÇÃO
DESENVOLVE E/OU COMERCIALIZA.
Essas normas estão muito presentes no dia a dia de empresas e profissionais de todas as áreas. Sua
influência pode nem ser desconhecida pelos clientes e público em geral. Isso ocorre porque elas são
muito empregadas em processos de gestão, nas linhas de produção, nas especificações técnicas e
certificações de produtos/serviços comercializados, na prevenção de acidentes de trabalho, nas
garantias para a saúde do trabalhador, na qualidade percebida pelo cliente etc., e nem há indicações
disso. Em resumo, elas estão amplamente presentes na nossa vida, e nem nos damos conta disso.
� SAIBA MAIS
Vale destacar que as normas ABNT costumam ser referenciadas, por exemplo, em textos técnicos e
acadêmicos. São comuns citações como “segundo a norma ABNT Nº XXXX, isto é feito desta forma” ou
a “norma ABNT YYYY define esse termo da seguinte maneira”. Ao envolver um aspecto técnico para o
qual há uma norma, é importante referenciá-la, deixando claro assim que ela foi considerada no trabalho
ou estudo relatado. Mesmo para fins legais e judiciais, essas referências podem ser importantes e
necessárias.
MAS O QUE SE PODE ENTENDER COM ESSA
DISSEMINAÇÃO DE SEU USO? POR QUE TANTAS
REFERÊNCIAS? SERÁ QUE O SEU EMPREGO É
OBRIGATÓRIO? E DE ONDE VEM ESSAS NORMAS? QUAIS
AUTORIDADES OU TÉCNICOS AS ESCREVEM? EU POSSO
SER CERTIFICADO? ESSAS QUESTÕES SÃO DÚVIDAS
COMUNS, E VAMOS RESPONDÊ-LAS AO LONGO DESTE
MÓDULO.
Vejamos logo a primeira dúvida: por que precisamos estudar isso agora? Acontece que o Sistema de
Gestão Integrado de Qualidade, Meio Ambiente e de Saúde e Segurança Ocupacional (SGI) envolve a
aplicação de conjuntos das normas que estabelecem quesitos para os sistemas de gestão propostos
pelas normas da ABNT/ISO: 9001:2015 (Qualidade) e 14001:2015 (Meio Ambiente), e pela norma ISO
45001:2018 (Saúde e Segurança Ocupacional - em português).
Esses quesitos estão relacionados a responsabilidades, sistemas, registros, políticas,processos,
práticas de gestão, ações operacionais, sistemas/bases de dados, entre outros recursos e meios que
integram as normas e permitem a sua aplicação eficaz e eficiente. Antes de mais nada, vamos entender
um pouco mais sobre a origem dessas normas.
A ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
(ABNT) É UMA ENTIDADE PRIVADA E SEM FINS
LUCRATIVOS, FUNDADA EM 1940. ELA É MEMBRO
FUNDADOR E REPRESENTA O BRASIL NA
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR
STANDARDIZATION (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DE NORMALIZAÇÃO - ISO). AS NORMAS TÉCNICAS
PODEM SER ACESSADAS PELA INTERNET CONFORME
INDICADO NO EXPLORE + NO FINAL DESTE CONTEÚDO.
A ABNT TAMBÉM REPRESENTA O BRASIL EM FÓRUNS
NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE NORMALIZAÇÃO E
OUTROS EVENTOS CORRELACIONADOS.
A ABNT é muito conhecida pelas normas que comercializa, emitidas por ela, pela ISO ou por
organizações normatizadoras de outros países. Também presta serviços como treinamentos,
consultorias, e certificações técnicas. Estudaremos as certificações técnicas no módulo seguinte.
A ABNT É ACREDITADA PELA COORDENAÇÃO GERAL DE
ACREDITAÇÃO (CGCRE) DO INMETRO, QUE É O ORGANISMO
ACREDITADOR NO BRASIL.
ABNT, 2021
� VOCÊ SABIA
As aplicações da Acreditação podem ser consultadas no site da ABNT no item Certificação – ABNT
Certificadora. A acreditação é um tipo de credenciamento e garante que a ABNT está capacitada a
executar as chamadas avaliações de conformidade. Conformidade do que e com o quê? De produtos,
serviços ou sistemas com as normas que a associação distribui no Brasil. É por isso que você pode
encontrar o selo ou a identificação da ABNT em diversos equipamentos, ferramentas e outros objetos
que usa no dia a dia, incluindo recursos usados na segurança do trabalho.
A ABNT E AS NORMAS TÉCNICAS
A ABNT DEFINE O TERMO NORMALIZAÇÃO COMO
SENDO “O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E APLICAÇÃO
DE REGRAS PARA A SOLUÇÃO OU PREVENÇÃO DE
PROBLEMAS, PARA O BENEFÍCIO E COM A
COOPERAÇÃO DE TODOS OS INTERESSADOS, E, EM
PARTICULAR, PARA A PROMOÇÃO DA ECONOMIA
GLOBAL” (ABNT, 2021)
Essa definição nos ensina que as normas técnicas estabelecem padrões a serem seguidos de modo a
evitar problemas.
MAS VOCÊ SABE QUE PROBLEMAS SÃO ESSES?
São aqueles que podem afetar tanto as necessidades de soluções ou a operação das empresas quanto
o atendimento às necessidades das pessoas. Nesses problemas, incluem-se perigos que colocam em
risco a saúde e a segurança dos trabalhadores, por exemplo. A normalização realmente é uma atividade
muito significativa para a ABNT. Essa associação produz normas próprias, assim como distribui no
Brasil normas da ISO e de organizações normatizadoras de outros países. Isso ocorre em decorrência de
sua associação com a ISO.
Pode parecer estranho utilizarmos normas produzidas em outros países, mas não há maiores
impedimentos, salvos o respeito aos direitos autorais e o pagamento pela sua aquisição. Isso ocorre
devido à eventual falta de uma norma brasileira correspondente, ao bom nível da norma ou até à
necessidade de seu uso em algum processo de produção ou equipamento importado, por exemplo.
CLARO QUE ESSAS NORMAS NÃO COBREM TODOS OS
ASPECTOS OU PROBLEMAS DA VIDA CORPORATIVA,
MAS TRATAM DE UM CONJUNTO DE TEMAS BASTANTE
ABRANGENTE, E PARA O QUAL HAVIA NECESSIDADE DE
UMA PADRONIZAÇÃO A SER DEFINIDA PARA O
MERCADO. ESSAS NORMAS SÃO SEGUIDAS POR
EMPRESAS E PROFISSIONAIS QUE PRECISAM
DESENVOLVER AS SUAS ATIVIDADES
ADEQUADAMENTE.
� DICA
Uma rápida consulta ao site da ABNT, no item Normalização – ABNT Catálogo, vai revelar que há uma
infinidade de normas e outros documentos lá publicados, e que cobrem temas bastante diversificados. A
pesquisa pode ser feita por código da norma ou por assunto, por exemplo.
Note que os códigos de identificação das normas que a ABNT desenvolveu ou adaptou são iniciados
pela sigla NBR (Norma Brasileira). Nos casos em que há uma adaptação de normas internacionais da
ISO, essa sigla é associada ao seu código. As normas de outras organizações também apresentam
códigos próprios. Por fim, há uma sequência numérica atribuída conforme o seu objetivo, e o ano de sua
edição, além de um título que descreve sucintamente o seu objetivo. Exemplo: Norma NBR ISO
9001:2015 - Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.
A IMPORTÂNCIA DAS NORMAS TÉCNICAS PARA
AS EMPRESAS E AS PESSOAS
AS NORMAS TÉCNICAS (DA ABNT, ISO ETC.) NÃO SÃO
LEIS OU REGULAMENTAÇÕES EMITIDAS OU
PROMULGADAS PELO PODER PÚBLICO E DE USO
COMPULSÓRIO. A ABNT É UMA ORGANIZAÇÃO TÉCNICA
PRIVADA, E NÃO PODE OBRIGAR AS EMPRESAS SEGUIR
AS NORMAS QUE COMERCIALIZA. DAÍ, AFIRMA-SE QUE
A SUA ADOÇÃO PELAS EMPRESAS É VOLUNTÁRIA.
As normas apresentam padrões técnicos amplamente discutidos e aceitos no Brasil e no mundo. Elas
são referências técnicas que orientam diversos aspectos da operação das empresas e das nossas vidas,
e sua adoção pode prevenir perdas para todos. Retomando a análise da definição de normalização
apresentada pela ABNT, vale destacar que as normas vêm nos apresentar soluções padronizadas para
problemas comuns das empresas.
Vejamos três exemplos:
Suponha que uma empresa química, preocupada com a sua imagem no mercado e com a possibilidade
de receber penalizações das autoridades, decida melhorar a forma como descarta os seus resíduos. Ela
pode consultar as normas da ABNT sobre o assunto, e ainda deixar claro para as suas partes
relacionadas que está seguindo as normas que tratam desses resíduos.
Imagine agora uma construtora que pretende levantar a estrutura de um prédio e que quer se certificar
de estar usando corretamente os aditivos para o concreto. Ela pode consultar as normas sobre aditivos
de concreto divulgadas.
Já um condutor de motocicleta que deseje adquirir um bom capacete pode buscar os selos e a
conformidade da ABNT, que distribui normas sobre capacetes e viseiras para motociclistas.
A verdade é que a utilização dos padrões definidos nas normas técnicas auxilia a mitigar riscos, ou seja,
faz parte do gerenciamento de riscos de empresas e de pessoas, como se pode observar pelos
exemplos acima. Aliás, há uma série de normas dedicadas ao gerenciamento de riscos (série 31000).
AS NORMAS TÉCNICAS NO APOIO AOS NEGÓCIOS
Observe que o emprego de normas aceitas internacionalmente pode facilitar a realização de negócios
com empresas de outros países. Vejamos um exemplo:
� EXEMPLO
Suponha que uma empresa europeia está buscando um fornecedor de um produto. Ela abre uma
cotação de preços e lança um edital internacional, onde anuncia as características que o produto deve
ter, incluindo a conformidade com determinada norma ISO (ou DIN, BSI etc.), além de outros quesitos
para a contratação, o fornecimento, a instalação, a garantia, entre outros objetivos.
Uma empresa brasileira decide participar da concorrência após constatar que seu produto atende aos
requisitos do edital, incluindo a norma técnica lá citada. A proposta de fornecimento do produto vai
declarar que o produto está em conformidade com a nota, e apresentar a forma como a empresa vai
atender aos demais quesitos. Assim, com os quesitos atendidos e os preços competitivos, a empresa
brasileira poderá eventualmente ser escolhida e formalizar o negócio com a europeia.
Situações como a desse exemplo acontecem o tempo todo e estimulam as empresas a adotar as
normas técnicas. O emprego da norma traz confiança ao comprador, que já sabe o que esperar do
produto. As normas podem ser o diferencial e um trunfo em uma negociação. Mas note que, em
negociações como a do exemplo anterior, há uma expectativa do comprador de que o produto a ser
adquirido esteja de fato em conformidade com a norma indicada no edital da cotação de preços. A
frustração dessa expectativa pode trazer consequências ruins, tanto para a imagem quanto financeiras e
legais para o vendedor.
UMA SOLUÇÃO MUITO USADA PARA GERAR A
CONFIANÇA NECESSÁRIA PARA A REALIZAÇÃO DE
NEGÓCIOS ESTÁ NA CERTIFICAÇÃO DA CONFORMIDADEDO PRODUTO OU SERVIÇOS COM AS DISPOSIÇÕES DAS
NORMAS. É COMUM EM EDITAIS A SOLICITAÇÃO DO
CERTIFICADO DE CONFORMIDADE EMITIDO POR
ÓRGÃOS CERTIFICADOS AUTORIZADOS. VEREMOS ISSO
MELHOR NO MÓDULO 2.
OS RISCOS DE NÃO SE USAR AS NORMAS TÉCNICAS
Já vimos que o emprego das normas pode levar uma empresa a operar, produzir ou atender melhor,
viabilizando ou facilitando o atingimento de seus objetivos de negócio. Por outro lado, a não aplicação
ou a aplicação incorreta das normas pode trazer consequências adversas para empresas e pessoas,
causando perdas, danos e acidentes que poderiam ter sido evitados ou amenizados se as normas
tivessem sido observadas.
Nessas situações, a não utilização das normas ou seu uso inadequado pode gerar questionamentos,
penalizações contratuais ou até sansões e processos legais, principalmente se houver uma exposição
desnecessária a riscos ou um descaso com as partes afetadas. É por isso que os riscos da não
utilização ou da utilização parcial de normas técnicas devem ser detalhadamente avaliados pelas
empresas.
A AUTORIA DAS NORMAS TÉCNICAS NO BRASIL
A essa altura, você deve estar se perguntando: quem escreve essas normas? A ABNT mantém
comissões técnicas temáticas que desenvolvem as suas normas, assim como analisam as normas
internacionais. E o processo de sua aprovação pode incluir consultas públicas, em que as pessoas
interessadas no tema podem opinar ou fornecer sugestões sobre o seu conteúdo antes da sua
aprovação final e publicação. Para maiores informações sobre esses comitês, consulte o site da ABNT
no item Normalização – Comitês Técnicos.
OS PREÇOS DAS NORMAS TÉCNICAS NO BRASIL
Como já vimos, as normas não são gratuitas, algumas apresentam preços bastante expressivos. Esses
valores devem cobrir os direitos autorais e custos e produção e distribuição. É importante observar que é
possível comprar normas diretamente de organizações normatizadoras no exterior. Uma boa notícia
para os profissionais de Engenharia e Arquitetura afiliados ao Sistema Confea/Crea/Mútua é que essa
entidade mantém um acordo com a ABNT, garantindo-lhes um desconto significativo nos preços das
normas. O acesso de profissionais e empresas associados a esse sistema ocorre através do site da
ABNT Catálogo / Confea. Algumas normas permitem uma visão prévia antes da aquisição.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
� Reconhecer as auditorias de conformidade e as certificações ISO
LIGANDO OS PONTOS
As auditorias de conformidade são bastante comuns às empresas que implantaram normas técnicas e
que também se interessaram pela certificação dessa conformidade. Mas por que as auditorias de
conformidade e a sua certificação são importantes? E para que serve essa certificação? Para
compreender isso, vamos ver o que ocorre na nossa conhecida ZPK Logística.
A empresa ZPK logística tem 5 centros regionais de distribuição junto a grandes aeroportos brasileiros.
Além disso, possui inúmeras parcerias com empresas de logística locais, que fazem a entrega aos
clientes. Esses centros estão aparelhados com equipamentos de última geração, como robôs fixos e
móveis, drones de solo e voadores, e outros recursos de tecnologia de ponta. Esses recursos
tecnológicos funcionam junto com suas equipes operacionais (humanas).
No caso que discutimos no módulo anterior, vimos que a diretoria da ZPK Logística apresentou para os
acionistas os resultados de seu projeto de implantação dos sistemas de gestão de qualidade, ambiental
e de saúde e segurança ocupacional. Também vimos que a diretoria se comprometeu a analisar a
possibilidade de realizar avaliações e conformidade sobre a implantação desses três sistemas.
Após considerar os prós e os contras sobre a realização dessa auditoria de conformidade solicitada, a
diretoria decidiu autorizar a realização desse trabalho apenas no 12º mês após a implementação, já
buscando a certificação da implantação desses sistemas.
Os resultados dessa auditoria foram apresentados ao Conselho de Administração. Não conformidades
foram encontradas e corrigidas. Assim, a diretoria esperava conseguir a aprovação para prosseguir com
a implantação do Sistema e Gestão Integrado. Mas os conselheiros não concordaram com essa ideia.
O debate girou em torno do fato de se ter feito uma auditoria de primeira parte. Os conselheiros
entendiam que deveria ter sido contratada uma auditoria de terceira parte, e obtida a certificação para os
três sistemas. A diretoria discordou dessa ideia, e o debate ficou acalorado.
Finalmente, chegou-se a um acordo: manteve-se o resultado da auditoria de primeira parte, e autorizado
o prosseguimento do projeto do SGI. Completado o projeto, será contratada uma organização
certificadora independente que fará a auditoria para a certificação dos três sistemas de gestão, agora
atuando integrados.
Mas ainda restou uma discussão sobre os ganhos alcançados com a integração de elementos comuns
aos três sistemas. A constatação dos possíveis ganhos com a integração ajudou a reduzir resistências
de alguns conselheiros e diretores sobre os custos das certificações, já que serão parcialmente
compensados por esses ganhos. Mas eles se renderam realmente ao considerarem o conjunto dos
benefícios que a empresa terá com o projeto associado às três certificações.
Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
3. VIMOS QUE OS CONSELHEIROS E OS DIRETORES
DEBATERAM SOBRE NÃO CONFORMIDADES, GANHOS COM O
PROJETO E O MOMENTO EM QUE DEVERIA OCORRER A
CERTIFICAÇÃO DE CADA SISTEMA. MAS NINGUÉM
QUESTIONOU A CERTIFICAÇÃO DOS TRÊS SISTEMAS DE
GESTÃO. CITE AO MENOS TRÊS BENEFÍCIOS QUE A EMPRESA
TERÁ COM A CERTIFICAÇÃO DOS TRÊS SISTEMAS DE GESTÃO
E QUE FORAM TÃO BEM ACEITOS POR ESSES EXECUTIVOS.
RESPOSTA
Melhorar suas vendas, pois os clientes, principalmente, os corporativos, podem dar preferência ou até
exigir essas certificações para fazer negócios.
O alinhamento dos sistemas de gestão às especificações das normas poderá reduzir desperdícios ou
erros na prestação dos serviços.
Aumento da competividade e da produtividade graças às reduções de custos de produção.
O QUE É A AUDITORIA DE CONFORMIDADE E A
CERTIFICAÇÃO ISO?
AS AUDITORIAS DE CONFORMIDADE DAS NORMAS
CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA DE
CONFORMIDADE
VOCÊ TALVEZ JÁ TENHA ESCUTADO O TERMO
AUDITORIA NAS ORGANIZAÇÕES. PODEMOS DEFINI-LA
COMO UM TIPO DE AVALIAÇÃO QUE VISA IDENTIFICAR
SE PROCESSOS, PROJETOS, DOCUMENTOS, PRÁTICAS
OU AÇÕES DESENVOLVIDAS NA EMPRESA OCORRERAM
DENTRO DO ESPERADO OU AINDA CONFORME PADRÕES
ESTABELECIDOS PELO MERCADO, POR ÓRGÃOS
REGULADORES DO GOVERNO, POR ORGANIZAÇÕES
NORMATIVAS DE MERCADO, OU ATÉ PELAS PRÓPRIAS
EMPRESAS.
No contexto do nosso estudo, o termo auditoria é usado para designar trabalhos de avaliação de
processos, projetos ou sistemas de gestão, que visam avaliar se esses foram implementados dentro do
disposto nas normas técnicas correspondentes. Vejamos um exemplo:
� EXEMPLO
Suponha que um Sistema de Gestão Ambiental, desenvolvido com base nos quesitos estabelecidos pela
norma ABNT NRB ISO 14001:2015, é implantado em determinada empresa. Ele pode ser auditado com o
objetivo de avaliar se os quesitos dessa norma foram efetivamente implementados, se estão em
produção, e se essa implementação ocorreu dentro das interpretações e das disposições estipuladas
pela ABNT e ISO.
Isso quer dizer que esse sistema de gestão pode ter sido implementado de maneira errada?
Se entendermos uma implementação divergente dos padrões da ABNT e ISO como um erro, a resposta é
sim. E poderá atingir resultados inferiores às expectativas da empresa e de suas partes relacionadas.
Por outro lado, a eventual não conformidade com quesitos da norma não significa que esse sistema será
necessariamente ineficiente ou ineficaz para a empresa. Ele pode operar de forma satisfatória para os
objetivos da empresa e para as expectativas da sua administração, apesar das não conformidades. Isso
depende, portanto,dos objetivos e das expectativas em relação a esse sistema.
Porém, como os quesitos da norma não foram implementados da maneira esperada, os resultados
obtidos desse sistema não serão semelhantes àqueles que seriam alcançados se a norma estivesse
sendo implementada dentro dos padrões dessa norma. Isso é certo!
A CERTIFICAÇÃO DA CONFORMIDADE ISO
Continuando com o exemplo do item anterior, um dos objetivos da auditoria de conformidade pode ser a
validação formal dessa conformidade, com a emissão de um certificado de conformidade da ISO por
uma organização certificadora autorizada. Acontece que, se a norma não for implementada estritamente
dentro das disposições e dos quesitos da norma ABNT NBR ISO 14001:2015, ela não poderá receber
essa certificação.
MAS ESSA NÃO CERTIFICAÇÃO É UM PROBLEMA?
Depende! Por exemplo: se essa certificação for do interesse da administração para atender aos seus
objetivos de negócio, ela ficará frustrada. Para que a implementação da norma seja certificada, será
necessário corrigir a sua implementação, adequando-a aos quesitos da norma.
Você deve estar considerando muito rígido esse processo, não é? Será que funciona assim mesmo na
prática? Como veremos nos próximos itens, ela é praticada desse modo no Brasil e no mundo e há
motivos claros que justificam essa rigidez.
� SAIBA MAIS
Observe que essa dificuldade valoriza muito as empresas que conseguem certificar seus processos,
produtos e sistemas. E o mercado reconhece isso. Por isso, diversas empresas investem muito nessa
certificação, pois precisam dela para atingir os objetivos de seus negócios, desde o atendimento de
exigências de clientes até o valor agregado à empresa.
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AUDITORIAS DE
CONFORMIDADE
Como já vimos, as normas apresentam formas de tratamento de problemas que as empresas enfrentam
no seu dia a dia. Isso quer dizer que, se a norma não for implantada ou não for seguida adequadamente,
os problemas vão continuar ou podem até se agravar.
Para garantir que as normas sejam implementadas adequadamente, as empresas costumam realizar
trabalhos de auditoria de conformidade. O escopo dessas auditorias envolve a comparação entre a
forma correta ou esperada de aplicação dos requisitos, das disposições e recomendações registrados
nas normas, com processos, produtos ou sistema de produção, atestando, ou não, a conformidade de
sua implementação e execução.
Esses trabalhos são comuns e costumam figurar nos planejamentos anuais das áreas de auditoria
interna, de compliance, de qualidade, ou até de produção. Também é bastante comum o emprego de
empresas terceirizadas para essa tarefa. A princípio, qualquer gestor de processo pode realizar esse tipo
de trabalho periodicamente, visando garantir que não ocorreram desvios das práticas em relação às
normas. Ele fará isso porque essa conformidade é uma de suas responsabilidades.
MÉTODO E TIPOS DE AUDITORIAS
AS AUDITORIAS DE CONFORMIDADE
As auditorias de conformidade podem seguir padrões próprios da empresa, se isso for de seu interesse.
Mas sua aplicação será para fins internos da empresa. Se o objetivo for a realização de uma auditoria
nos padrões da ISO e, principalmente, a obtenção do certificado de conformidade da ISO, a metodologia
a ser usada deverá ser a apresentada pela norma NBR ISO 19011:2018 - Diretrizes para auditoria de
sistemas de gestão, que faz parte da série de normas ISO 9000 (qualidade).
Essa norma está ligada à série ISO 9000 por ter sido originalmente criada para a auditoria de Sistemas
de Gestão da Qualidade. Mas, atualmente, ela deve ser usada para todos os sistemas de gestão
propostos pelas normas ABNT ISO, o que inclui os conhecidos Sistemas de Gestão Ambiental e de
Gestão da Saúde e da Segurança Ocupacional.
� ATENÇÃO
É importante observar que há soluções automatizadas de mercado já adaptadas à norma NBR ISO
19011:2018, e que podem ser usadas para o registro de documentação, etapas, testes, e demais
registros e relatórios requeridos pela norma. Também há cursos de preparação para aplicação dessa
norma que fazem parte dos conjuntos aplicados para a certificação profissional de auditores.
As auditorias de conformidades podem e devem ser aplicadas em qualquer dos três tipos de auditorias
que veremos a seguir.
AS AUDITORIAS DE PRIMEIRA PARTE OU INTERNAS
São trabalhos realizados por equipes da própria empresa. Esses trabalhos podem ser usados para
avaliar a aplicação de uma norma ou o conjunto de normas específicas, ou ainda avaliar sistemas de
gestão da implementação e manutenção dessas normas.
Note que esse tipo de auditoria não pode ser usado para emitir uma certificação técnica para o mercado.
Para isso, é necessária a contratação de uma organização certificadora autorizada e independente
(imparcial), como veremos a seguir.
AS AUDITORIAS DE SEGUNDA PARTE
Essas são auditorias que clientes ou parceiros comerciais podem ter interesse em fazer em uma
empresa com a qual mantêm ou pretendem manter um relacionamento comercial. No contexto do SGI,
essa auditoria pode avaliar a sua eficácia, eficiência e aderência às normas de gestão que o compõe.
Note que podem fazer a diferença em uma negociação, levando a contratação ou não da empresa.
AS AUDITORIAS DE TERCEIRA PARTE OU INDEPENDENTES
A auditoria de terceira parte ou auditoria independente é aquela que envolve a prestação de serviços de
auditoria, ou seja, as empresas que executam esses exames não possuem vínculo ou subordinação com
a empresa auditada. Essa é a condição para que a empresa seja considerada independente da empresa
auditada, o que lhe permite realizar avaliações isentas, ou seja, sem interferências ou vetos dos
auditados. Trata-se de um tipo de auditoria muito comum, e que serve a vários propósitos onde a
independência é um diferencial.
No nosso contexto, as organizações certificadoras precisam ter independência em relação às empresas
auditadas. Essa condição lhes garante a negativa da certificação caso não seja constatado que os
quesitos da norma em análise foram cumpridos. Esse é o tipo de auditoria que pode ser realizada para
se avaliar a conformidade de processos, de produtos, ou de sistemas de gestão de empresas com os
quesitos citados em normas da ABNT, ISO, Inmetro, Ministério do Trabalho (normas regulamentadoras),
ou Fundacentro (normas de Higiene Ocupacional), entre outras possibilidades.
A CERTIFICAÇÃO TÉCNICA
CERTIFICAÇÃO ISO
A certificação pela ISO pode ser descrita como o registro formal de que uma auditoria de terceira parte
foi realizada e concluiu que a implementação de uma norma foi executada dentro do esperado. Isso quer
dizer que foi constatada por uma organização certificadora que ocorreu a aplicação correta dos quesitos
e das demais disposições apresentadas nessa norma, ou seja, que há uma conformidade com a norma.
VALE DESTACAR QUE ESSE TIPO DE AUDITORIA DE
CONFORMIDADE PARA CERTIFICAÇÃO (OU AUDITORIA
DE CERTIFICAÇÃO) SÓ PODE SER REALIZADA POR UMA
ORGANIZAÇÃO CERTIFICADORA DEVIDAMENTE
ACREDITADA. TAMBÉM É OBRIGATÓRIO O EMPREGO DA
METODOLOGIA APRESENTADA PELA NORMA NBR ISO
19011:2018, ALÉM DA APLICAÇÃO DAS
INTEPRETAÇÕES DOS QUESITOS AVALIADOS,
CONFORME A ORGANIZAÇÃO NORMATIZADORA QUE A
EMITIU (POR EXEMPLO, ABNT, ISO, INMETRO ETC.).
Podem ser avaliados quanto à sua conformidade os processos, os produtos e/ou os sistemas de gestão
já implantados em uma empresa. Essa avaliação deve ser realizada obrigatoriamente por uma
organização certificadora autorizada e independente. No caso das normas da ISO, por exemplo, a
certificadora precisa ser acreditada junto a ISO, como é o caso da ABNT. Isso também ocorre com
padrões normativos emitidos pelo Inmetro, ou outras organizações nacionais ou internacionais.
Note que uma condição para uma norma ser certificada está na existência de requisitos ou dispositivos
normativos a serem implantados. Muitas normas não os apresentam, e não podem assim ser
certificadas. Já outras que os apresentam podem ter sua implantaçãocertificada. Esse é o caso das
normas que compõem o SGI e que reúnem quesitos propostos para a implantação de Sistemas de
Gestão da Qualidade, Ambiental e de Saúde e Segurança Ocupacional.
CONDUÇÃO DA AUDITORIA PARA CERTIFICAÇÃO
A auditoria de certificação, conforme já vimos no início deste módulo, deve seguir critérios rígidos,
claros, e aplicados com máxima correção, transparência e padronização. A metodologia a ser
empregada precisa estar de acordo com a norma NBR ISO 19011:2018, que é própria para suportar essa
atividade. Essa auditoria precisa ser rígida porque dela depende a reputação tanto da empresa que
busca certificar o seu processo de gestão quanto da própria organização certificadora.
As empresas sabem que essa certificação é difícil de ser obtida, e que os processos de preparação para
a auditoria de certificação e de realização das auditorias é custoso, demorado, e até incerto. A
organização certificadora pode não certificar o processo, ou condicionar a concessão da certificação à
solução de pendências a serem resolvidas pela empresa. Apesar dos riscos da não certificação, dos
altos custos envolvidos, e das dificuldades a enfrentar, muitas empresas investem pesado na
certificação, confiando que ela será benéfica para seu processo de produção, a qualidade de seus
produtos, a otimização de seus gastos operacionais, a sua reputação, e ainda as suas vendas futuras.
VALE OBSERVAR QUE HÁ PENDÊNCIAS QUE IMPEDEM A
CERTIFICAÇÃO, E HÁ OUTRAS QUE NÃO IMPEDEM A
CERTIFICAÇÃO INICIAL, MAS PRECISAM SER
RESOLVIDAS ATÉ A SUA RENOVAÇÃO NO ANO
SEGUINTE. HÁ CRITÉRIOS DEFINIDOS PELA ISO PARA
CLASSIFICAR ESSAS PENDÊNCIAS COMO IMPEDITIVAS
OU NÃO, QUANTO À CERTIFICAÇÃO.
TRABALHOS DE PREPARAÇÃO PARA
CERTIFICAÇÃO
Para que a empresa tenha um processo certificado, ela precisa ter implementado os quesitos
apresentados em norma. Antes da avaliação formal da qualidade para a certificação, as empresas
costumam revisitar esses processos, visando confirmar se os quesitos da norma estão adequadamente
implantados e em produção.
� SAIBA MAIS
Outra prática muito usada é a contratação de uma consultoria que possa conduzir uma simulação da
avaliação de certificação. Essas avaliações são uma boa forma de identificar ajustes e adaptações
necessários para adequação total à norma cuja implementação será certificada. Essa pré-certificação
também serve de treino para as equipes das empresas, preparando-as para entender o que será feito e
como cooperar adequadamente para a realização do trabalho.
Vamos conhecer agora alguns aspectos importantes que devemos observar nessas preparações e
simulações para a certificação:
INTEPRETAÇÃO DAS NORMAS
É preciso haver garantias de que os profissionais que conduziram essas adaptações e simulações de
avaliações conheçam a interpretação correta da aplicação dos quesitos das normas. Para tanto, eles
precisam conhecer essas intepretações. Daí, podemos considerar que a escolha de profissionais já
certificados para essas tarefas seja a opção mais adequada.
AVALIAÇÃO DE COMPLIANCE
Há empresas que contratam trabalhos de consultoria, ou de suas equipes internas (expor exemplo,
auditoria interna, compliance etc.), para desenvolver avaliações de conformidade com os requisitos de
normas ABNT, para o atendimento de seus interesses internos. Note que não é uma simulação de
certificação, mas, sim, uma aferição de aderência ou conformidade aos padrões normativos para fins
gerenciais. Novamente, há a necessidade de que os profissionais que conduzirão esses trabalhos
conheçam as interpretações corretas da norma.
NBR ISO 19011:2018
A metodologia apresentada nesta norma deve ser usada na simulação. Como seu uso é obrigatório para
as auditorias reais, utilizá-la na simulação será fundamental para a preparação ou a efetiva realização da
certificação tanto de sistemas de gestão de qualidade quanto de outros temas, como gestão do meio
ambiente ou gestão da segurança da informação.
ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES CERTIFICADORAS
A organização certificadora pode avaliar e, se for o caso, certificar produtos, serviços, ou sistemas de
gestão da qualidade dos processos de produção. Essa certificação significa que produtos e serviços
estão sendo produzidos ou executados estritamente de acordo com o descrito na norma técnica
correspondente. No caso dos sistemas de gestão, sua operação deve atender aos quesitos da norma
correspondente.
� ATENÇÃO
Essa certificação não é definitiva. A avaliação de conformidade que a origina precisa ser realizada
anualmente, ou seja, há a necessidade de uma manutenção da aplicação dos quesitos para que a
certificação se mantenha.
Outro aspecto importante que precisamos observar é a interpretação sobre a implantação prática
desses quesitos e dos critérios previstos nas respectivas normas. Essas intepretações são
padronizadas pela organização normatizadora, como é o caso da ABNT, e a implantação será
considerada como conforme se essas interpretações forem seguidas.
A CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO AUDITOR DE
CONFORMIDADE
Você talvez esteja se perguntando que profissionais podem fazer essas auditorias de conformidade, e
ainda se você poderia ser um deles. A resposta é sim! Mas você precisa antes fazer cursos sobre as
normas que apresentam sistema de gestão e de formação de auditores, com base na norma NBR ISO
19011:2018, ministrado por organizações certificadoras. Com isso, você poderá receber a sua
certificação profissional como auditor de conformidade.
IMPORTANTE OBSERVAR QUE HÁ MERCADO PARA
ESSES PROFISSIONAIS CERTIFICADOS TANTO EM
ORGANIZAÇÕES CERTIFICADORAS COMO EM
EMPRESAS QUE PRECISAM SE PREPARAR PARA A
CERTIFICAÇÃO, E DEPOIS MANTER ESSA CONQUISTA.
OS CUSTOS DA CERTIFICAÇÃO
O processo de certificação é bastante oneroso. Há de se considerar que a empresa precisa investir na
adaptação de seus processos às normas, avaliar internamente essa adaptação, contratar uma auditoria
de terceira parte de uma organização certificadora, realizar o trabalho, e renová-lo anualmente. E há
quesitos normativos que podem encarecer ainda mais essa adaptação.
SE A EMPRESA QUISER CERTIFICAR VÁRIOS
PROCESSOS, POR EXEMPLO, ESSES CUSTOS SE
MULTIPLICAM PELA QUANTIDADE DE PROCESSOS!
A certificação dos sistemas de gestão de processos como o apresentado pela NBR ISO 9001:2015 é
feita processo a processo. Vejamos um exemplo:
� EXEMPLO
Suponha uma empresa que tenha 1000 (mil) processos documentados, reunindo aí processos de
produção e de apoio (administrativos). Se essa empresa quiser se apresentar como toda certificada, ela
precisará certificar cada um desses 1000 processos. Como você pode supor, não fica nada barato e será
bastante trabalhoso. Muitas empresas consideram necessária a certificação de todos os processos, já
outras certificam apenas alguns.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
� Descrever o SGI e sua implementação
LIGANDO OS PONTOS
O Sistema de Gestão Integrado (SGI) reúne três sistemas de gestão que controlam três temas-chave
para as empresas de hoje. Mas como e por que essa integração ocorre? Por que é interessante integrá-
los? E quais seriam as vantagens de certificá-los? Para entender isso, vamos ver o que ocorre na
empresa ZPK Logística.
Chegou a hora da implementação do SGI na ZPK Logística. Para isso, foram tomadas as seguintes
providências iniciais:
Definição da equipe e do gestor do projeto.
A equipe definiu o escopo do projeto, a estimativa de gastos, o cronograma preliminar, a análise de
riscos, o programa de trabalho, a forma de divulgação do projeto, e a requisição de recursos, entre
outros elementos.
A equipe apresentou para os diretores todo esse planejamento, que foi aprovado, e sua
continuidade aprovada.
Foram então entrevistados os gestores e as equipes dos sistemas de gestão atuais, e levantadas
informações sobre as políticas, os processos, os recursos, os sistemas etc.
Nesse momento, com todas as informações em mãos, a equipe de projeto passou a analisar algumas
decisõesque precisam ser tomadas pela diretoria. Essa equipe precisa levar a sua recomendação para
apoio a essa tomada de decisão. Vejamos os problemas que estão sobre a mesa:
Os sistemas de apoio aos três sistemas de gestão foram desenvolvidos internamente. Mas esse
desenvolvimento não está completo. Vários controles e outros registros estão em planilhas e
bases de dados locais, não integradas aos sistemas principais.
Alguns profissionais-chave do Sistema de Gestão da Qualidade, considerado supereficiente e
ajustado até então, deixaram a empresa para desenvolver um projeto próprio de e-commerce.
A empresa recebeu algumas autuações relacionadas à falta de cuidado com o meio ambiente. De
caminhões desregulados e poluidores até o despejo de óleos e outros líquidos poluentes em
mananciais próximos, foram 10 autuações recebidas. E muitos consideram que houve falhas da
equipe do Sistema de Gestão Ambiental, que não identificou e tratou essas questões antes da
fiscalização.
Ocorreram falhas de gestão de riscos da saúde e da segurança ocupacional na empresa. Essas
constatações não pegaram bem para essa equipe de gestão!
Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos e ajudar a
equipe de projeto com as decisões a serem tomadas?
3. ASSUMINDO QUE SERÁ MANTIDA A EQUIPE E OS SISTEMAS
ATUAIS, E QUE ESSES SERÃO SUFICIENTES PARA TOCAR O
PROJETO, QUAIS SERIAM AS PRÓXIMAS ETAPAS?
RESPOSTA
As próximas etapas seriam:
Análise e definição das integrações possíveis
Definição de políticas, objetivos e processos para o SGI
Definição das estruturas de monitoramento e de responsabilidades
Implementação da integração dos elementos
Acionamento e monitoramento do SGI
O QUE É UM SGI?
CONCEITO DE SISTEMA DE GESTÃO
A essa altura, você já deve ter até decorado que o Sistema de Gestão Integrado é composto ou integrado
pelos Sistemas de Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental, e de Gestão da Saúde e Segurança
Ocupacional, propostos respectivamente pelas normas NBR ISO 9001:2015, NBR ISO 14001:2015, E ISO
45001:2018.
MAS VOCÊ SABE O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO,
PARA QUE ELE SERVE E POR QUE É INTERESSANTE
ADOTAR UM ENFOQUE INTEGRADO PARA A SUA
OPERAÇÃO?
VAMOS ENTENDER TUDO ISSO AO LONGO DESTE
MÓDULO. PARA COMEÇAR, VAMOS COMPREENDER O
QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO, CONHECENDO A
DEFINIÇÃO APRESENTADA PELA NORMA ABNT NBR ISO
9000:2015 - SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE -
FUNDAMENTOS E VOCABULÁRIO. ESSA NORMA O
DEFINE COMO “UM CONJUNTO DE ELEMENTOS INTER-
RELACIONADOS OU INTERATIVOS DE UMA
ORGANIZAÇÃO (...) PARA ESTABELECER POLÍTICAS (...),
OBJETIVOS (...) E PROCESSOS (...) PARA ALCANÇAR
ESSES OBJETIVOS”.
Como se pode observar, esse sistema de gestão envolve políticas, objetivos e processos, ou seja, não é
um sistema automatizado! A verdade é que esse sistema envolve vários recursos, documentos, áreas,
pessoas e até sistemas automatizados e recursos de informática, mas também vai muito além disso.
Nesse ponto, é interessante aprofundarmos nosso entendimento sobre os termos que compõem a
definição acima no ambiente corporativo.
O CONCEITOS-CHAVE PARA O SISTEMA DE
GESTÃO
O CONCEITO DE GESTÃO
Os administradores e gestores estão executando a gestão da empresa ao desempenhar os seus papéis,
que podem incluir, por exemplo:
O direcionamento, o acompanhamento e a aprovação das atividades do dia a dia das empresas.
A condução e o controle da aquisição, organização, alocação e o controle de recursos financeiros,
materiais e humanos necessários para a execução das atividades da empresa.
A identificação, a análise e o tratamento preventivo ou corretivo dos riscos ou das situações de exceção
(não previstas) que possam afetar os resultados dos processos e da empresa.
Como se pode observar pelos exemplos acima, o bom exercício da gestão torna viável o atingimento dos
objetivos estratégicos, táticos e operacionais da empresa, além da própria entrega de valor aos seus
stakeholders. Trata-se de uma função corporativa fundamental para a garantia dos resultados e da
perenidade da empresa, que são objetivos-chave também da boa governança corporativa.
ISSO QUER DIZER QUE A MÁ GESTÃO PODE LEVAR A
PERDAS DE EFICÁCIA E DE EFICIÊNCIA DAS EMPRESAS,
COM IMPACTOS DIRETOS NA PRODUTIVIDADE,
RENTABILIDADE E, NO EXTREMO, NA PRÓPRIA
PERENIDADE DA EMPRESA. HÁ AINDA OS PREJUÍZOS À
REPUTAÇÃO DA EMPRESA, QUE PODEM AFETAR O SEU
VALOR DE MERCADO OU O RELACIONAMENTO COM
PARTES INTERESSADAS.
O CONCEITO DE SISTEMA
VOLTANDO À DEFINIÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO, VOCÊ
DEVE TER OBSERVADO QUE ESSA COMEÇA COM A
EXPRESSÃO “UM CONJUNTO DE ELEMENTOS INTER-
RELACIONADOS OU INTERATIVOS...”,
CORRESPONDENDO À DEFINIÇÃO PROPOSTA PELA
MESMA NORMA ABNT NBR ISO 9000:2015 PARA O
TERMO SISTEMA.
Como se pode observar, essa definição não especifica que esses elementos são partes de um sistema
automatizado. Realmente, no mundo de hoje, sempre que se fala em sistema pensamos logo em algum
aplicativo de computador ou até de smartphone. Eles são quase onipresentes nos processos e nas
demais atividades corporativas. Mas o termo é mais abrangente que isso. Há vários tipos diferentes de
sistemas que podem apresentar propósitos, estruturas e características extremamente diferentes.
Vejamos três exemplos a seguir:
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
SISTEMA CIRCULATÓRIO DO CORPO HUMANO
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Congrega inúmeras organizações públicas e privadas que atuam no mercado financeiro. Inclui o
Conselho Monetário Nacional, o Banco Central, além de inúmeros bancos, financeiras, seguradoras etc.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Reúne uma infinidade de hospitais, clínicas, postos de atendimento, profissionais etc.
SISTEMA CIRCULATÓRIO DO CORPO HUMANO
Mantém o nosso sangue circulando pelo corpo.
Note que as diferenças entre os vários tipos de sistemas podem ser enormes. No mundo corporativo, há,
por exemplo, os sistemas de informação, os sistemas de gestão, os sistemas de comunicação, os
sistemas de logística ou os sistemas de produção, entre vários outros tipos. São sistemas diferentes
uns dos outros.
AS FINALIDADES DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DE
GESTÃO
OS SISTEMAS CORPORATIVOS POSSUEM UM ASPECTO
BÁSICO EM COMUM: PODEM ATUAR EM CONJUNTO NA
MESMA EMPRESA, AUXILIANDO-A A VIVER NO SEU
MEIO AMBIENTE, QUE É O SEU SETOR DE NEGÓCIOS! É
ESSE O TIPO DE SISTEMA AO QUAL AS NORMAS SE
REFEREM. COMO JÁ VIMOS, UM SISTEMA REÚNE UM
CONJUNTO DE ELEMENTOS, INCLUINDO OBJETIVOS,
POLÍTICAS, NORMAS, MÉTODOS, PADRÕES, ÁREAS,
PESSOAS, EQUIPAMENTOS ETC., QUE AGEM EM
CONJUNTO PARA VIABILIZAR O SEU FUNCIONAMENTO
E O ATINGIMENTO DA FINALIDADE À QUAL SE DESTINA.
Nos sistemas de gestão propostos pelas normas técnicas da ABNT e ISO que formam o nosso contexto,
a sua finalidade está na gestão dos diversos recursos alocados para tratar temas relacionados à
qualidade, ao meio ambiente e à saúde e segurança ocupacional, que compõem o SGI. São três
sistemas de gestão diferentes, que serão unidos pelo SGI. Nós veremos como isso funciona mais
adiante. No momento, observe que, para cumprir as suas finalidades, os sistemas de gestão precisam
utilizar ou controlar recursos alocados a outros processos ou sistemas que coexistem na empresa.
E COMO ISSO OCORRE?
Inicialmente, considere que toda a empresa possui uma estrutura organizacional, composta por diversos
departamentos ou áreas que interagem o tempo todo entre si no dia a dia. Essas interações entre as
áreas formam fluxos internos de informações e recursos que compõem os processos da empresa. Toda
essa movimentação viabiliza que cada processo desenvolva e entregue o produto ou serviço que deve
produzir. Esses processos podem dividir recursos entre si. Essa percepção do funcionamento conjunto e
interativo de diferentes sistemas esclarece a parte da definição de sistemas de gestão que fala de “inter-
relacionamentos ou interações”.
A IMPLANTAÇÃO DO SGI
Há várias metodologias que podem ser aplicadas para a gestão do projetode implantação do SGI. A
escolha da metodologia é uma das ações prévias que a empresa precisa fazer para desenvolver esse
trabalho. Outras ações envolvem a escolha de um gestor ou equipe de gestão do projeto, a definição de
sua composição, a decisão sobre o emprego de consultorias externas especializadas etc.
� ATENÇÃO
É importante observar que as formas e as etapas de implementação tanto dos SGI quanto dos sistemas
de gestão variam de empresa para empresa, ainda que atuem no mesmo setor de negócios ou com os
mesmos produtos e serviços, concorrendo uma com a outra. Acontece que os elementos que compõem
esses sistemas variam de uma empresa para outra.
Claro que, se essas implementações seguem as mesmas normas, os quesitos precisam ser
semelhantes e implementados dentro dos mesmos critérios e entendimentos. Porém, as pessoas, os
processos, a infraestrutura e até os recursos disponíveis deverão ser diferentes. E isso gera os diferentes
caminhos trilhados por cada empresa para se chegar às implementações dos mesmos quesitos com o
mesmo significado.
A seguir, vamos estudar as principais etapas para a implementação do SGI.
PLANEJAMENTO
O planejamento é fundamental. Dele depende o sucesso de qualquer projeto, incluindo o do SGI. Trata-se
de um momento em que o conhecimento, a experiência e a imaginação da equipe encarregada da
implementação do SGI é aplicada na antecipação do que precisará ser feito durante a execução.
Dessa etapa, sairá uma definição de escopo, estimativa de gastos, um cronograma preliminar, uma
análise de riscos, um programa de trabalho, a alocação da equipe, divulgação do projeto, e a requisição
de recursos, entre outros elementos.
Também será efetuada uma apresentação para a administração, que precisará apreciar e aprovar o
escopo e a proposta de trabalho (incluindo minimamente o escopo, as estimativas de gastos, o
cronograma preliminar, e os benefícios esperados), e autorizar a continuidade do projeto.
O bom dessa etapa é que tudo está “no papel”. Riscos podem ser antecipados e tratados, desenhos da
solução poderão ser feitos e refeitos. E tudo a um baixo custo.
LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO ATUAL
O planejamento da implementação do SGI começa pelo levantamento da situação atual da empresa e
dos três sistemas de gestão envolvidos no projeto (de qualidade, ambiental e de saúde e segurança
ocupacional).
Já sabemos que o SGI integra as atividades, os recursos e outros elementos comuns aos sistemas de
gestão de qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional. Isso quer dizer que esses
elementos podem ou não, já estar implementados completamente, restando apenas integrá-los
totalmente ou parcialmente. Como parcialmente podemos entender que só um ou outro sistema já está
em operação, ou mesmo nenhum sistema está em operação.
Durante essa etapa, serão realizadas e documentadas entrevistas e reuniões de brainstorm com equipes
de gestão e operação, visando obter o entendimento e o desenho dos processos que compõem os
sistemas de gestão. Serão também extraídas e analisadas bases de dados de performance retiradas de
sistemas de informação empregados no monitoramento dos sistemas de gestão.
Esses levantamentos das implementações atuais vão permitir a definição mais clara do que precisará
ser feito. Com isso, o planejamento precisará ser revisto e atualizado, principalmente, no que tange ao
programa de trabalho e cronograma.
ANÁLISE E DEFINIÇÃO DAS INTEGRAÇÕES POSSÍVEIS
Com a visão detalhada da situação atual em mãos, a equipe poderá identificar as oportunidades de
integração de elementos e planejar como estas serão efetuadas.
Essas integrações precisarão ser debatidas e aprovadas junto às equipes gestoras dos três sistemas, e
depois aprovadas pela administração.
Haverá uma nova revisão para atualização do programa de trabalho e do cronograma, e demais
documentações do planejamento.
DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS, OBJETIVOS E PROCESSOS PARA O
SGI
Um aspecto importante do projeto envolve o debate com a administração sobre a integração das
políticas e os objetivos dos três sistemas de gestão, criando assim elementos para o SGI. São incluídas
aqui uma revisão e uma integração dos processos e do gerenciamento de seus riscos.
A definição do sistema de gestão esclarece que, para cada um desses sistemas, deve haver um conjunto
de políticas, objetivos e processos estabelecidos, que permitam fazer a gestão do tema que ele trata.
Para entendermos mais claramente como isso funciona, considere, como exemplo, os três sistemas de
gestão que compõem o SGI: Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental e Gestão da Saúde e Segurança
Ocupacional. Minimamente, uma empresa precisaria dispor de três conjuntos e políticas, objetivos e
processos, sendo um para cada um desses sistemas.
Quando falamos de políticas e objetivos, considerando que são documentos, pode não parecer muito
significativo integrá-los através do SGI. Claro que pode haver diretrizes e objetivos compartilhados, o que
pode gerar desdobramentos práticos mais vantajosos se realizados em conjunto.
Porém, quando falamos de processos de gestão, isso envolve inúmeros recursos que podem estar
espalhados por todas as unidades produtivas da empresa. Os ganhos de uma integração via SGI podem
ser bastante significativos. E isso sem contar as vantagens de se levar em consideração os três temas
ao mesmo tempo durante as tomadas de decisão.
Todos esses elementos, após revisados e aprovados pela futura equipe de gestão do SGI (definida
durante essas etapas iniciais) e pela administração, serão usados para a definição final do cronograma,
dos processos e da alocação de recursos.
DEFINIÇÃO DAS ESTRUTURAS DE MONITORAMENTO E
RESPONSABILIDADES
Nesta etapa, são definidos os indicadores de processo que serão usados no monitoramento das
operações e na validação do atingimento dos objetivos. Também serão definidos os sistemas, as
estruturas e os responsáveis pela sua computação, extração, divulgação, análise e atuação sobre os
seus resultados.
Observe que esses indicadores serão a base da tomada de decisão. Assim, eles devem refletir a
performance da operação, ser representativos dos processos, e ainda ser computados de forma
fidedigna e isenta, entre outras qualidades.
TREINAMENTO E ORIENTAÇÃO DA EQUIPE DO SGI
Nesta etapa, a equipe do futuro sistema, que é preferencialmente formada pela equipe dos três sistemas
atuais, é treinada e orientada sobre as mudanças que virão.
A manutenção das equipes atuais é a ação preferencial, pois retém, assim, a sua experiência e
inteligência sobre os três temas em análise. Por outro lado, grande parte dela poderá não ver mudanças
em suas atividades, caso essas não venham a ser integradas.
IMPLEMENTAÇÃO DA INTEGRAÇÃO DOS ELEMENTOS
Este é o momento em que o planejamento toma uma forma real. A essa altura, já se sabe quem fará o
que e onde; o quanto será gasto; que recursos serão alterados ou implementados etc. É o momento de
fazer acontecer!
As integrações e implementações são executadas de acordo com o programa de trabalho e o
cronograma. As equipes são treinadas e orientadas sobre o que deve ser feito e os resultados
esperados. Ao final desta etapa, temos o SGI implementado e entrando em operação de teste. Trata-se
do acionamento do SGI.
ACIONAMENTO E MONITORAMENTO DO SGI
A operação em teste nada mais é do que a operação normal, só que fortemente acompanhada e
monitorada, com ajustes e correções sendo feitas de imediato. Após um período razoável de teste, o
acompanhamento é reduzido e temos a sua operação normal.
O monitoramento, efetuado agora em ritmo normal, também vai continuar sendo executado
permanentemente. A partir dele, serão identificadas e tratadas as falhas. Assim, entra em ação o PDCA,
com a melhoria contínua dos processos que compõem o novo sistema.
PDCA
PDCA é um método de gerenciamento de melhoria contínua. A sigla significa Plan (Planejar), Do
(Executar), Check (Monitorar), Act (atuar).
Pode-se, também, realizar uma auditoriade primeira parte, visando à validação da conformidade dos
sistemas que compõem o SGI após as alterações e as integrações feitas.
CERTIFICAÇÃO DO NOVO SISTEMA
Após implantado o SGI e consolidada a sua implementação e operação, pode-se considerar a realização
de uma auditoria de terceira parte para certificação. Note que o SGI não pode ser certificado, já que não
existe uma norma com quesitos só para ele. Aliás, ele é o somatório de elementos de três sistemas, ou
seja, não é um sistema independente. Contudo, os três sistemas de gestão que ele integra podem ser
certificados (ou recertificados, se já o tiverem sido no passado).
OS GANHOS OBTIDOS COM O SGI
VOCÊ PODE ESTAR PENSANDO: MAS O QUE A EMPRESA
GANHA COM ESSA INTEGRAÇÃO PARCIAL DE TRÊS
SISTEMAS?
OS GANHOS COMEÇAM PELA REDUÇÃO DE GASTOS
COM A INTEGRAÇÃO DE ELEMENTOS COMUNS. AO
INVÉS DE HAVER, POR EXEMPLO, TRÊS ÁREAS OU TRÊS
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DE SUPORTE A TRÊS
SISTEMAS, PODE-SE TER UMA SÓ ÁREA OU SISTEMA,
CLARO QUE COM MAIOR CAPACIDADE, QUE ATENDERÁ
AOS TRÊS SISTEMAS DE GESTÃO. PORTANTO, HÁ
CLARAMENTE UMA OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS
OPERACIONAIS. TAMBÉM SE PODE TER POLÍTICAS E
OBJETIVOS INTEGRADOS, O QUE FACILITA O
CONTROLE, A ALOCAÇÃO DE RECURSOS E A PRÓPRIA
GESTÃO DOS SISTEMAS.
Essa integração ainda traz um peso maior para os três temas nas ações e decisões da empresa.
Inclusive, pode ser considerada uma boa prática de governança, já que trata de temas de grande
interesse estratégico para a empresa, como a qualidade, o meio ambiente e a saúde e a segurança
ocupacional. Assim, a sua implementação vai afetar os relacionamentos com as partes interessadas,
além de sua reputação e valor de mercado.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, aprendemos o que são as normas técnicas, como são criadas, e qual é o papel que
representam nas empresas e em suas vendas. Também aprendemos qual é o papel e a importância da
ABNT e da ISO.
Além disso, conhecemos o que são sistemas de gestão, como são compostos, e como podem ser
integrados através do Sistema de Gestão Integrado - SGI. Vimos que o SGI não é um sistema
individualizado e auditável, por exemplo. Ele é composto por três sistemas de gestão independentes,
mas que se integram parcialmente por meio dele.
Aprendemos ainda a importância estratégica e operacional do SGI. Vimos que sua implementação pode
afetar diretamente os relacionamentos que mantêm com as partes relacionadas e com o mercado em
geral.
� PODCAST
Confira o podcast preparado especialmente para você enriquecer o seu conhecimento.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR ISO 9000: Sistemas de gestão da
qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
______. NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
______. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro: ABNT, 2005.
______. NBR ISO 19011: Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental.
Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
______. ISO 45001: Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional - Requisitos com orientação
para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
CRUZ, T. Sistema de gestão integrada. São Paulo: Atlas, 2019.
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. de. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências.
São Paulo: Atlas, 2019.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Leia o documento O que significa a ABNT NBR ISO 9001 para quem compra?, do Comitê Brasileiro de
Qualidade - CB25, que pode ser encontrado no site do Inmetro.
Visite o site da ABNT e conheça as normas técnicas.
Pesquise o catálogo de normas técnicas da ABNT no site da ABNT Catálogo.
CONTEUDISTA
Ronaldo Augusto Granha

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