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1 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 ICTERÍCIA OBSTRUTIVA • Doença biliar que leva à deterioração rápida com repercussão em vários sistemas, associada a processo obstrutivo mecânico. • Existe aumento da pressão dentro da veia biliar ou no fígado e ocorre migração de bactérias, podendo gerar um quadro infeccioso. • Necessária rápida intervenção (é uma urgência médica, devendo ser resolvida dentro de 24 a 48h. Devemos fazer a desobstrução de forma urgente.) Classificação: • Tipo I: obstrução completa da via biliar principal, constituindo icterícia severa. • Tipo II: obstrução intermitente com alterações enzimáticas evidentes, com ou sem icterícia clínica. • Tipo III: obstrução crônica incompleta, com ou sem alterações enzimáticas ou icterícia clínica, apresentando eventual alteração de histoarquitetura canalicular ou do parênquima hepático. • Tipo IV: obstrução segmentar intra-hepática de um ou mais segmentos anatômicos, podendo assumir a forma progressiva, intermitente ou incompleta Principais causas: • Coledocolitíase • Neoplasia maligna • Estenose benigna dos ductos biliares (colangite esclerosante primária e estenose pós- operatória) • Compressões extrínsecas (Síndrome de Mirizzi e pancreatite) Métodos de imagem: Objetivo: • Individualizar o local • Individualizar graus de obstrução • Diagnosticar natureza da obstrução biliar • "Visando facilitar planejamento terapêutico." Causas de icterícia extra-hepáticas: 1- Coledocolitíase: • Migração de cálculo da vesícula para o colédoco. • 15-24% dos casos da colecistolitíase • Aumenta com a idade • Mais comum na colecistite aguda • Pode ser assintomática por anos ou ter icterícia de rápido aparecimento com colangite supurativa e choque séptico. • Cálculo encravado na papila acarreta pancreatite aguda, que é muito grave. • A maioria são cálculos secundários 2 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 (emigrado). • Outros casos são primários. Sintomas: • Dor, icterícia, vômitos e, se infecção, febre com calafrios. • Dor: intensidade variada, que pode ser insuportável na obstrução total, no hipocôndrio direito e epigástrio com irradiação ao dorso. • Febre e calafrios: expressão de bacteremia resultante da colangite • Vômitos: comuns, sendo abundantes na pancreatite. • Icterícia: geralmente flutuante. Diagnóstico: • USG: suspeita devido à dilatação da via biliar. Considerado método que nos dá sinais indiretos. • Tomografia: pode ser importante, mas também só demonstra dilatação de via biliar. Em alguns casos, uma TC contrastada pode mostrar cálculos. • CPRE, PTC, MRC: padrão ouro. São exames de maior sensibilidade. Tratamento: • Cirurgia convencional • Cirurgia videolaparoscópica • CPRE e Cirurgia videolaparoscópica (simultâneas ou em outro ambiente). Às vezes, se o paciente for um paciente de risco, é recomendado fazer o procedimento em duas etapas. • Colecistite e coledocolitíase: primeiro desobstrui via hepática. Depois, resolve o resto. 2- Tumor maligno das vias biliares: • Colangiocarcinoma é o mais agressivo. • Frequência é a mesma em ambos os sexos. • Comum na 6° e 7° década de vida. • Litíase presente em 18-30% dos casos. • Maior risco: colite ulcerativa, colangite esclerosante, cisto coledociano (diagnóstico de cisto de colédoco é indicação cirúrgica absoluta), hepatolitíase • 93% dos casos são adenocarcinomas produtores de mucina. • Outros: sarcomas, tumores papilares, escamosos, hemangioendoteliomas, metastáticos, colangiocarcinomas. Sintomas clínicos: • Icterícia flutuante ou não • Dor abdominal • Emagrecimento • Náuseas e vômitos • Febre • Prurido • Fadiga • Hepatomegalia • Massa Palpável 3 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 Diagnóstico laboratorial: • Aumento de bilirrubinas e aminotransferases • Aumento de fosfatase alcalina e gamaGT • Aumento do colesterol • Baixa albumina • Leucocitose se colangite Diagnóstico por imagem: • USG/TC: dilatação ductal, metástases, segmento hepático atrofiado. • PTC: identifica o local, causa e extensão proximal em 90%. • CPRE: coleta de material (vantagem), localiza obstrução. Escolha quando existe ascite e coagulopatia. Tratamento: • Extirpação radical é rara (diagnóstico é tardio) • Radioterapia e quimioterapia estão em evolução • Cirurgia paliativa é possível de ser realizada • Endoscopia e radiologia intervencionista Fatores de risco: • Idade avançada • Sepse • Leucocitose • Colangite • Doenças concomitantes Prognóstico: • Associada ao estadiamento. • Sobrevida média de 11-14 meses. • OBS: Carcinoma de vesícula. Maior relação entre cálculo e câncer de vesícula. Clínica: • Dor • Massa palpável em hipocôndrio • Icterícia • Perda de peso acentuado • Náuseas • Vômitos • Anorexia Diagnóstico: • USG/TC/PTC/MRC Tratamento: • Drenagem biliar urgente (difícil de ser realizada, pois ocorre invasão do parênquima hepático) • Cirurgia • Procedimentos não cirúrgicos 4 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 3- Neoplasias periampulares • Grupo heterogêneo de neoplasias oriundas de: mucosa do colédoco, mucosa do ducto e ácinos pancreáticos, mucosa da papila ou duodeno. • Pancreáticos (60-80%) • Papila (5-20%) • Duodeno (5%) • Colédoco (10%) Sintomas: • Icterícia obstrutiva • Perda de peso • Dor abdominal • Anemia • Pancreatite • Hemorragia • Emagrecimento Diagnóstico: • USE (Ultrassonografia endoscópica: melhor estadiamento) • TC • MRC • CPRE Conduta: • Descomprimir via biliar com urgência • Bom estado geral: cirurgia radical • Mal estado geral: terapêutica não cirúrgica Prognóstico: • Bom: neoplasia de papila ou de colédoco distal • Ruim: neoplasia de cabeça de pâncreas 4- Estenoses benignas dos ductos: • Estenoses pós-operatórias. • A maior parte delas são por acidentes e iatrogenia nas cirurgias de vias biliares (85% das lesões, em pacientes jovens). • Outras: sequelas da síndrome de Mirizzi, pancreatites, colangite esclerosante. Classificação: • Grau I: 2cm da confluência dos hepáticos • Grau II: menos de 2cm da confluência • Grau III: nível da confluência • Grau IV: envolvendo ambos os ductos. A única chance é fazer uma anastomose de um ducto intra-hepático. 5 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 Clínica: • Fístula biliar • Icterícia • Dor em HD • Colangite • Febre • Náuseas • Anorexia • Perda de peso • Abscesso sub-frênico e sub-hepático • Fadiga Diagnóstico: • MRC (colangioressonância magnética) é o melhor método, se possível • USG/TC/CPRE Tratamento: • Cirúrgico • Endoscópico • Radiológico intervencionista Prognóstico: • Morbidade: 20-30% • Mortalidade: 15% • Não tratado: crises de colangite, cirrose biliar, insuficiência hepática e óbito. 5- Colangite esclerosante primária • Inflamação e fibrose das paredes dos ductos biliares sem trauma, cirurgia prévia, coledocolitíase ou carcinoma esclerosante. • Processo de natureza progressiva, evoluindo para obstrução biliar, cirrose biliar secundária, hipertensão porta e insuficiência hepática. Sintomas: • Icterícia • Prurido • Fadiga • Hepatoesplanomegalia • Colangites em surtos • Cálculos • Anictéricos com FA aumentada Diagnóstico: • CPRE/PTC/MRC 6 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 Evolução: • Progressão rápida • 10% progridem para colangiocarcinomas Tratamento: • Descompressão cirúrgica ou endoscópica (quase impossível) • Transplante quando intra-hepático 6- Síndrome de Mirizzi: • Cálculo impactado no cístico causando obstruçãoda via biliar principal. • Dois tipos baseados na CPRE e progressão da Inflamação: Tipo 1: Cálculo no cístico ou na bolsa de Hartmann comprimindo a via biliar principal. Tipo 2: Presença de Fístula entre vesícula e via biliar principal. Clínica: • Icterícia obstrutiva • Dor abdominal • Colangite Laboratório: • Colestase Diagnóstico: • USG/ CPRE/ PTC/ CT/ CRM 7- Pacreatite: • Fenômeno inflamatório na região cefálica do pâncreas. Ocorre compressão do colédoco distal. • Passagem de microcálculos ou barro biliar. • Outras causas de pancreatite menos frequentes, pseudocistos pós-pancreatites. • Forma pseudo-tumoral da cefálica mimetiza uma neoplasia maligna, inclusive com Sinal Courvoiser- Terrier. • Pode necessitar cirurgia como se fosse uma Neoplasia Periampular.