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Lei de Improbidade Administrativa

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Lei n. 8.429/1992
DIREITO ADMINISTRATIVO
LEI N. 8.429/1992
Lei de Improbidade (Lei n. 8.429/1992)
A Lei de Improbidade trata dos atos de improbidade praticados pelos agentes públicos.
Improbidade Administrativa – art. 37, § 4º, da Constituição Federal; Lei n. 8.429/1992
A improbidade administrativa tem fundamento no art. 37, § 4º, da Constituição 
Federal. Esse parágrafo 4º, que fala da improbidade, é regulamentado pela Lei de Impro-
bidade (Lei n. 8.429/1992).
Obs.: � Em 2021, a Lei n. 14.230/2021 promoveu uma grande mudança na Lei de Improbidade. 
Conceito
Há atos imorais, que violam o dever de moralidade do agente público, mas que não 
necessariamente serão punidos pela Lei de Improbidade. A Lei de Improbidade visa a 
uma punição severa do agente, inclusive com previsão de suspensão de direitos políti-
cos, aplicações e multas e várias outras sanções.
A Lei de Improbidade foi criada com o intuito de punir aquela improbidade chamada 
de imoralidade qualificada pela desonestidade. É possível que um servidor pratique um 
ato imoral dentro de sua repartição da pública que gere um processo administrativo, por 
meio do qual ele venha a receber uma advertência ou uma suspensão. Contudo, é pos-
sível que, mesmo assim, o ato do servidor não gere um ato de improbidade a ser punido 
pela Lei de Improbidade, que é uma ação judicial.
Quando uma situação envolver uma imoralidade qualificada pela desonestidade, 
ficará caracterizada a improbidade. Logo:
Imoralidade + Desonestidade = Improbidade.
Exemplo de ato de improbidade: Um agente público, que trabalha como gestor de 
licitações de contratos, faz uma dispensa de licitações na compra direta, por um valor 
elevado, junto a uma pessoa com que tinha um esquema de corrupção, causando pre-
juízo ao erário. Esse ato praticado pelo gestor, além de imoral, é desonesto.
Nesse caso, é cabível responsabilização pela Lei de Improbidade. Assim, o agente deverá 
responder na esfera civil, ou judicial (por ação de improbidade, em que o juiz deve julgar e apli-
car as sanções), na esfera administrativa (será submetido a um processo administrativo dis-
ciplinar, por meio do qual poderá ser punido com advertência, suspensão ou demissão) e na 
esfera penal (segundo o Código Penal, fazer dispensa indevida de licitação configura crime).
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Lei n. 8.429/1992
DIREITO ADMINISTRATIVO
Consequências previstas na Constituição Federal
A Constituição Federal prevê, no art. 37, § 4º, quatro consequências para um ato de 
improbidade administrativa:
1 – Suspensão dos direitos políticos;
2 – Perda da função pública;
3 – Ressarcimento ao erário;
Obs.: � Nem todo ato de improbidade causa um dano financeiro ao erário ou resulta em 
benefício financeiro ao infrator. Porém, caso haja prejuízo ao erário, uma das 
consequências será a reparação do dano.
4 – Indisponibilidade dos bens.
Obs.: � A indisponibilidade consiste no bloqueio dos bens. Nesse caso, uma ordem judicial 
deve determinar que os bens fiquem indisponíveis. 
 � O indivíduo punido com a indisponibilidade dos bens fica impedido de vender, 
doar ou trocar seus bens.
 � Por meio da indisponibilidade, a pessoa deve responder com todo o seu patrimônio 
pelo ato de improbidade e pelo ressarcimento ao erário.
Cassação de direitos políticos
A Constituição Federal de 1988 veda a cassação de direitos políticos (art. 15 da CF).
Sucessor ou herdeiro
Assim aponta a Lei n. 8.429/1992 (art. 8º):
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se enrique-
cer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do valor 
da herança ou do patrimônio transferido. (Redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021)
Obs.: � O sucessor ou o herdeiro respondem somente pelo que receberem de herança.
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Lei n. 8.429/1992
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Assim aponta a Lei n. 8.429/1992 (art. 8º-A):
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se 
também na hipótese de alteração contratual, de transformação, de incorporação, 
de fusão ou de cisão societária. (Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021) 
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da 
sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do dano causado, até o 
limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções pre-
vistas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão 
ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente intuito de fraude, 
devidamente comprovados. (Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
Obs.: � Empresas
 � O caput do art. 8º-A refere-se a empresas. Por meio de uma manobra contratual, 
uma empresa pode se transformar em outra empresa ou ser incorporada por outra 
empresa, na tentativa de não reparar o dano ao erário. Comprovada a realização de 
uma manobra societária para tentar escapar da sanção, a punição deverá atingir 
a alteração contratual que visa mudar a figura da empresa.
 � Fusão
 � A fusão ocorre quando duas empresas se unem para formar uma só.
 � Incorporação
 � A incorporação ocorre quando uma empresa incorpora a outra.
Pessoas jurídicas (empresas) podem responder por improbidade.
Natureza da ação de improbidade
A ação de improbidade possui natureza civil. Portanto, trata-se de uma ação civil.
Assim aponta a Constituição Federal de 1988 (art. 37, § 4º):
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos 
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento 
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
A expressão correta a ser utilizada é “ato”, e não “crime”. Portanto, o correto é dizer que o 
indivíduo comete “ato de improbidade”, e não “crime de improbidade”.
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Lei n. 8.429/1992
DIREITO ADMINISTRATIVO
Elementos do ato de improbidade
Para que o ato de improbidade seja configurado, é necessário que tenha:
• Sujeito ativo – aquele que pratica o ato (arts. 2º e 3º da Lei n. 8.429/1992).
• Sujeito passivo – aquele que sofre o ato (art. 1º da Lei n. 8.429/1992).
• Ato de improbidade – ato que gera enriquecimento ilícito (art. 9º), ato que causa 
prejuízo ao erário (art. 10) ou ato que atenta contra princípio (art. 11). 
• Conduta dolosa – somente pelo dolo se pratica improbidade. Até o ano de 2021, 
admitia-se a responsabilidade culposa nas situações em que o agente, por uma 
falta de cuidado, praticava um dos atos do art. 10 da Lei n. 8.429/1992, trazendo 
prejuízo ao erário.
Agora, não há, na Lei de Improbidade, a possibilidade da prática de ato na modali-
dade culposa. Portanto, somente se pratica ato de improbidade pelo dolo.
Assim aponta a Lei n. 8.429/1992 (art. 1º, §§ 1º ao 4º):
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tu-
telará a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções, como 
forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos termos desta 
Lei. (Redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipi-
ficadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. 
(Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 2º Considera-se DOLO a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito 
tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. 
(Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competênciaspúblicas, sem 
comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de 
improbidade administrativa. (Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios 
constitucionais do direito administrativo sancionador.
Obs.: � Dolo específico (dolo livre e consciente)
 � O dolo deve ser livre e consciente, ou seja, é necessário que o agente tenha 
consciência da ilicitude e, ainda, agir por vontade livre. Se o indivíduo agir sob 
coação, não ficará caracterizado o dolo livre. 
 � Princípios constitucionais do direito administrativo sancionador
 � Dentre os princípios constitucionais do direito administrativo sancionador, temos 
a retroatividade de uma norma mais benéfica (para beneficiar o réu) e o princípio 
da presunção de inocência.
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Lei n. 8.429/1992
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1. Acerca das sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade 
administrativa, julgue os itens que se seguem.
São considerados atos de improbidade administrativa as condutas dolosas e culposas 
tipificadas na Lei n. 8.429/1992.
Assim aponta a Lei n. 8.429/1992 (art. 1º, § 1º):
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tu-
telará a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções, como 
forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos termos desta 
Lei. (Redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipi-
ficadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. 
(Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
2. (INSTITUTO AOCP/ASSISTENTE PREVIDENCIÁRIO/INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL/2022) O mero exercício da função ou desempenho de 
competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, não afasta a 
responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
Assim aponta a Lei n. 8.429/1992 (art. 1º, § 3º):
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tu-
telará a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções, como 
forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos termos desta 
Lei. (Redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem 
comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de 
improbidade administrativa. (Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
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Retroatividade das normas da Lei n. 14.230/2021
Teses de repercussão geral fixadas no julgamento do Recurso Extraordinário com 
Agravo (ARE) 843989:
1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos 
atos de improbidade administrativa, exigindo-se nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA a pre-
sença do elemento subjetivo dolo;
2) A norma benéfica da Lei n. 14.230/2021, revogação da modalidade culposa do ato 
de improbidade administrativa, é irretroativa, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da 
Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem 
tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes;
3) A nova Lei n. 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa cul-
posos praticados na vigência do texto anterior, porém sem condenação transitada em 
julgado, em virtude da revogação expressa do tipo culposo, devendo o juízo competente 
analisar eventual dolo por parte do agente.
4) O novo regime prescricional previsto na Lei n. 14.230/2021 é irretroativo, aplicando-
-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.
Resumindo:
A nova sistemática, MAIS FAVORÁVEL aos acusados, NÃO PODERÁ ser aplicada a quem 
já tem CONDENAÇÃO DEFINITIVA.
Logo:
• Sem trânsito em julgado: retroage.
• Trânsito em julgado: não retroage.
Se o agente ESTAVA RESPONDENDO (processo em andamento) por ato CULPOSO, 
com a entrada em vigor da nova lei ele foi beneficiado, não devendo mais ser punido.
Prescrição
Os novos prazos não são retroativos, e só passam a contar de 26.10.2021 (data da 
publicação da norma) em diante. Esse entendimento foi mais benéfico aos réus que res-
pondiam a processos por improbidade, pois antes o prazo era de 5 anos, agora a pres-
crição é de 8 anos. Tanto é que, no caso concreto, o STF reconheceu a prescrição e res-
tabeleceu sentença que absolvera uma procuradora em uma ação civil pública na qual o 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) buscava o ressarcimento de prejuízos supos-
tamente ocorridos em razão de sua atuação. A procuradora atuou entre 1994 e 1999, e a 
ação foi proposta em 2006, quando a prescrição prevista na lei era de cinco anos
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GABARITO
 1. E
 2. E
� Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor Gustavo Scatolino. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.