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HISTORIA - MODERNA PLUS - Volume unico-091-093



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DOC. 3 Escavação na rocha, 
aproximadamente 1000 d.C. 
Parque Nacional de Saguaro, 
Arizona, Estados Unidos. 
Foto de 1990.
DOC. 4 Spiral Jetty, escultura ambiental de 
Robert Smithson, obra de 1970. Great Salt Lake, 
Estados Unidos.
A arte do Neolítico
As mudanças que se percebem na arte rupestre refletem 
a verdadeira revolução que o Neolítico significou para a huma-
nidade. De caçadores nômades, os seres humanos passaram, 
progressivamente, a ser agricultores e pastores sedentários. 
Os ritos se organizaram, e o homem passou a conceber uma 
separação cada vez maior entre o seu mundo, o mundo dos 
vivos, e o sobrenatural. Segundo essa hipótese, o naturalismo 
na representação dos animais teria sido substituído pela ten-
tativa de expressar apenas uma ideia geral de seus principais 
atributos, de sua essência. Mas a crença no poder mágico da 
imagem persistia. Provavelmente, a representação de cenas de 
pastoreio tinha a função de manter o controle do homem sobre 
a natureza e assegurar um rebanho abundante.
No continente americano, também existem exemplos impor-
tantes de arte rupestre na forma de desenhos e gravuras na rocha, 
realizados por diversos povos ameríndios, como os produzidos 
pela antiga cultura Hohokam e encontrados no Parque Nacional 
de Saguaro, no estado norte-americano do Arizona [doc. 3]. Figuras 
geométricas como linhas, pontos e espirais são muito usadas, 
indicando os princípios de uma simbologia espiritual e da grafia 
da escrita dessa cultura indígena norte-americana. 
Esses monumentos a céu aberto do Neolítico parecem ter 
servido de inspiração para que, na década de 1960, nos Estados 
Unidos, alguns artistas fundassem o que ficou conhecido como 
land art. Robert Smithson foi um dos mais importantes criadores 
do movimento, e a sua obra Spiral Jetty [doc. 4], uma verdadeira 
instalação ao ar livre, feita com rocha basáltica negra, cristais 
de sal e terra, era uma tentativa de libertar a obra de arte do 
espaço confinado dos museus e inseri-la na paisagem, ao mesmo 
tempo que ecoava aquela antiga função ritualística da arte.
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DOC. 5 Cena de trabalho agrícola em pintura mural do túmulo 
de Nakht, c. século XIV a.C. Tebas, Egito.
DOC. 6 Pintura 
mural no túmulo de 
Nefertari, esposa 
do faraó Ramsés II, 
século XIII a.C.
A arte egípcia e a crença na 
vida após a morte
Tudo indica que a crença no poder mágico das 
imagens esteve presente nos diversos períodos da ci-
vilização egípcia antiga. Porém, enquanto os homens 
da Pré-história pareciam querer, por meio da arte, 
influenciar a natureza para garantir sua sobrevivência, 
os egípcios desenvolveram uma arte voltada princi-
palmente para a morte (ou para o pós-morte), sendo 
conformada pela crença numa continuidade da vida 
no outro mundo. Para assegurar essa continuidade, 
eram necessários inúmeros ritos, entre os quais a 
realização de pinturas nas paredes dos túmulos, nas 
quais se representavam cenas da vida cotidiana do 
falecido para que, depois da morte, seu duplo, ou ka, 
pudesse se reconhecer nelas e levar uma existência 
semelhante [doc. 6].
Na imagem do doc. 5, podemos ver uma pintura 
mural desse tipo, presente no túmulo de Nakht, um 
alto funcionário real da XVIII dinastia. Nela, Nakht é 
retratado à direita, supervisionando o trabalho dos 
camponeses, que aram a terra, colhem e separam os 
grãos. Acredita-se que a intenção, ao retratar o seu 
cotidiano em vida, era possibilitar que, após a morte, 
continuasse executando as mesmas funções. A arte 
egípcia não é naturalista, e o fato de a figura de Nakht 
ser representada em tamanho maior do que o dos 
trabalhadores se justifica, provavelmente, pela sua 
posição hierárquica de alto dignitário real. Assim, a 
imagem traduz seu status social elevado.
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DOC. 7 Pintura mural no túmulo de Ramsés I, 
da XIX dinastia, c. 1290 a.C. Luxor, Egito.
DOC. 8 Foto atual do Templo de Ramsés II, construído por volta de 1265 a.C. Abu-Simbel, Egito.
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A rigidez das formas artísticas 
egípcias e a monumentalidade
Para realizar a finalidade mágica de garantir a imortalida-
de ao retratado, as cenas pintadas tinham de seguir certos 
modelos fixos. A repetição intensa de poses e estratégias 
de representação acabou formando um rígido cânone na 
arte egípcia, que permaneceu estável durante praticamente 
toda a sua longa história. A principal regra do cânone egípcio 
ficou conhecida como “lei da frontalidade”, de acordo com 
a qual a figura humana era sempre mostrada com o tronco 
inteiramente voltado para a frente, enquanto as pernas e o 
rosto eram colocados de perfil. Na pintura do doc. 7, o faraó 
Ramsés I e Anúbis, o deus com cabeça de chacal, são repre-
sentados de acordo com essa lei. Os faraós costumavam, 
nas paredes de seus túmulos, ser retratados na companhia 
das divindades, porque eles próprios eram considerados 
deuses vivos que, ao morrer, voltariam a conviver com seus 
pares divinos.
Outro importante aspecto da arte egípcia é a monumentali-
dade, sobretudo no que se refere à arquitetura. O doc. 8 mostra 
a fachada do Templo de Ramsés II em Abu-Simbel, no Egito. Há 
quatro enormes esculturas desse faraó na entrada do templo, 
com pelo menos vinte metros de altura cada uma. Nesse caso, 
as dimensões humanas eram extrapoladas para acentuar a 
grandeza e a origem divina do faraó. Provavelmente também, a 
arquitetura egípcia tinha como pressuposto sobreviver ao tempo, 
servindo de testemunho da magnificência de deuses e reis por 
toda a eternidade. •	 Cânone. Norma, modelo, padrão.
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