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N 1 (PEDRA NEGRA)

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aria Adriana da Silva era 
chamada carinhosamente de 
bisa e segundo relatos de 
familiares, sua mãe Francisca 
Claudina da Silva teria sido 
escravizada pelo Cel. Thomaz 
de Andrade, pai do Dr. Thomaz 
de Andrade que residiu e 
trabalhou como advogado até 
na década de 1920 no 
município de Itaúna (Dornas 
Filho, p.89). 
 
 Segundo testemunhos dos 
netos, foi na fazenda onde 
morou com sua mãe que 
aprendeu a ler e escrever, 
tendo como professora a 
própria filha do Cel. Thomaz de 
Andrade. 
uando foi assinada a Lei 
Áurea no dia 13 de maio de 
1888 pela princesa Isabel 
abolindo a escravidão, Maria 
Adriana tinha apenas 9 anos de 
idade e sua mãe após receber a 
notícia que ambas estariam 
libertas, decidiu permanecer 
morando e trabalhando na 
fazenda da família Andrade. 
Aos 19 anos de idade Maria 
Adriana se casou com João 
Camilo da Silva no município 
de Mateus Leme, onde 
viveram e tiveram filhos. 
iúva e com idade avançada, 
mudou-se para Itaúna vindo 
morar com seu filho Aristides 
de Aquino, à rua Santo 
Agostinho de número 67, 
bairro Graças. Morreu aos 91 
anos de idade no dia quatro do 
mês de maio do ano de 1970 às 
8 horas da manhã, todavia, a 
família acredita que teria 
falecido com mais de 100 
anos. A causa da sua morte 
segundo registro do óbito, foi 
por "insuficiência cardiorrenal 
e escleroses generalizadas", 
sendo testador do óbito Dr. 
Tomas Moreira de Andrade e 
sepultamento no Cemitério 
Central de Itaúna. 
mportante informar que na 
certidão de casamento, o 
conjugue necessitou de 
Assinatura a rogo e Maria 
Adriana assinou de próprio 
punho com caligrafia de traço 
firme e legível. 
PEDRA NEGRA 
NASCIDA APÓS A LEI DO VENTRE LIVRE 
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No dia 28 de setembro de 1871 
a princesa Isabel assinou a “Lei 
do Ventre Livre ou Lei Rio 
Branco”. Essa Lei considerava 
livre todos os recém-nascidos 
de mulheres escravizadas 
sendo polêmica e controversa 
já nos primeiros parágrafos da 
Lei: 
§ 1º Os ditos filhos menores 
ficarão em poder sob a 
autoridade dos senhores de 
suas mães, os quais terão 
obrigação de criá-los e tratá-
los até a idade de oito anos 
completos. 
Chegando o filho da escrava a 
esta idade, o senhor da mãe 
terá opção, ou de receber do 
Estado a indemnização de 
600$000, ou de utilizar-se dos 
serviços do menor até a idade 
de 21 anos completos. 
No primeiro caso, o Governo 
receberá o menor, e lhe dará 
destino, em conformidade da 
presente lei. 
 A indemnização pecuniária 
acima fixada será paga em 
títulos de renda com o juro 
anual de 6%, os quais se 
considerarão extintos no fim de 
30 anos. 
A declaração do senhor deverá 
ser feita dentro de 30 dias, a 
contar daquele em que o 
menor chegar à idade de oito 
anos e, se a não fizer então, 
ficará entendido que opta pelo 
arbítrio de utilizar-se dos 
serviços do mesmo menor 
(Planalto). 
 A Lei beneficiava os 
escravistas que continuariam a 
explorar a mão de obra 
humana não remunerada 
destas “crianças livres” até a 
idade de 21 anos, 
permanecendo ainda seus pais 
cativos. 
Mesmo em um contexto 
conturbado, a Lei abolicionista 
de 1871, deixou um marco 
importante na tentativa do fim 
da escravidão tardia no país. 
Mediante pesquisa in loco no 
Cartório de Registro Civil de 
Mateus Leme, encontrou-se a 
certidão de casamento de 
Maria Adriana da Silva com as 
seguintes informações: 
 
 
CERTIDÃO DE CASAMENTO 
Sob o n°157, fls 106 Vº a 107 do livro nº 1-B 
 
Ao primeiro dia do mês de Maio de mil oitocentos e noventa e oito, às doze horas do dia, em casa do cidadão 
José Thomas de Andrade, primeiro Juiz de Paz e Presidente dos casamentos civil, e comigo escrivão interino de 
paz e dos Casamentos civil, foram recebidos em matrimônio JOÃO CAMILO DA SILVA, 
de idade vinte annos, lavrador, solteiro, filho legítimo de Camillo Honorato da Silva e 
Maria Lucas da Silva, já falecida, com MARIA ADRIANNA DA SILVA, de idade de 
dezenove annos, serviços domésticos, solteira, filha ilegítima de Francisca Claudina 
da Silva, moradores deste distrito, tudo presente as testemunhas José Diniz Moreira 
dos Santos, agricultor, e Joaquim Cândido França, carpinteiro, maiores de vinte e um 
annos, moradores deste distrito. Em firmeza do que eu Joaquim Silvino de Aguiar, este acto, e vai assignado, e 
pelo nubente não saber assignar, assina a seu arrogo, Francisco Alves Diniz, e testemunhas com o Juiz o acto 
matrimonial. Eu Joaquim Silvino de Aguiar o escrivão, o escrevi (aa). O presidente José Thomás de Andrade 
(aa). A arrogo do nubente: Francisco Alves Diniz (aa). Maria Adrianna da Silva (aa). Testemunhas: José Diniz 
Moreira dos Santos (aa) e Joaquim Cândido França (aa). 
O referido é verdade, do que dou fé. 
 Mateus Leme – MG, primeiro de maio 1898. 
3 
 
 
REFERÊNCIAS: 
Pesquisa e texto: Charles Aquino 
FILHO. João Dornas. Efemérides Itaunenses. Ed João Calazans. BH. 1951, p.89 
Cartório de Paz e do Registro Civil / Mateus Leme (MG) 
História oral: Família Aquino 
Planalto. LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM2040.htm 
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republica-colorir-1.png 
Logo: PNGWING: https://www.pngwing.com/pt/free-png-xgoba 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edição Tabloide Histórico: 
Charles Galvão de Aquino - Historiador Registro Nº343/MG 
 
PEDRA NEGRA 
HISTÓRIA & MEMÓRIA 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM2040.htm
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