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1 PSIQUIATRIA Transtornos Depressivos: Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor: • Ocorre entre os 7 e os 18 anos, sendo que é necessário o início dos sintomas ocorrer antes dos 10 anos de idade. • Paciente apresenta explosões de raiva (verbal ou física) recorrentes, inconsistentes com o nível de desenvolvimento e entre as quais o humor é persistentemente irritável. • É um fator de risco para depressão maior e ansiedade na idade adulta Transtorno Depressivo Maior: • Doença com idade de início variável, sendo que ocorre um aumento de incidência após a puberdade e tem um pico na terceira década de vida e um outro em idade mais avançada. • Seu curso é variável, algumas pessoas têm remissão rápida e completa, mas outras nunca remitem completamente. • Fatores de risco: • Diagnóstico: necessário pelo menos um dos critérios obrigatórios e outros quatro dos menores. o Critérios obrigatórios: ➢ Humor deprimido, quase todos os dias por duas semanas. ➢ Perda do interesse ou prazer em atividades que normalmente realizava, quase todos os dias por duas semanas. o Critérios adicionais: 2 ➢ Perda ou ganho de peso significativos sem dieta; ➢ Insônia ou hipersonia; ➢ Agitação ou retardo psicomotor; ➢ Fadiga ou perda de energia; ➢ Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada; ➢ Redução da capacidade de pensar e concentração, ou indecisão; ➢ Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida (com ou sem plano), ou tentativa de autoextermínio. • Classificação de gravidade: o Leve: caso ocorram, são poucos os sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, sua intensidade causa sofrimento manejável e o quadro resulta em pouco prejuízo ao funcionamento social e profissional. o Moderada: o número de sintomas, sua intensidade e/ou o prejuízo funcional estão entre aqueles especificados para “leve” e “grave”. o Grave: o número de sintomas está substancialmente além do requerido para fazer o diagnóstico, sua intensidade causa sofrimento grave e não manejável e os sintomas interferem acentuadamente no funcionamento social e profissional. • TDM em idosos: o Pode ser subclínico. o Outros sintomas: ➢ Queixas somáticas; ➢ Hipocondria; ➢ Disforia; ➢ Tendencias autodepreciativas; ➢ Alterações de sono e apetite; ➢ Sintomas obsessivos compulsivos; ➢ Pensamento de suicido (duas vezes maior que em idosos não deprimidos). o Fatores predisponentes em idosos: ➢ “ninho vazio”; ➢ Perda do papel social; ➢ Aposentadoria – ócio; ➢ Falecimento do cônjuge; ➢ Limitações físicas; ➢ Dependência de terceiros. • Modelo cognitivo da depressão o TRÍADE DE BECK – pensamentos negativos automáticos sobre: 3 ➢ “eu”: a pessoa se percebe como uma pessoa inadequada, sem valor, defeituosa, doente ou carente. Tendencia a se culpar excessivamente, mesmo que não existam razoes claras para isso. ➢ “mundo”: visão negativa do trabalho, relações pessoais e das atividades de um modo geral; ➢ “futuro”: relacionado ao grau de desesperança. o As situações não geram essas emoções e sim as interpretações das situações. As crenças centrais e pensamentos automáticos são reforçados pelas interpretações negativas e as experiências positivas são ignoradas ou distorcidas. • TRATAMENTO: o Tricíclicos: ➢ Muitos efeitos colaterais: M1 – boca seca, constipação intestinal, visão borrada, retenção urinária, taquicardia, prejuízo de memória; H1 – sonolência e ganho de peso; Alfa 1 – hipotensão postural, vertigem, disfunção sexual, taquicardia reflexa; Bloqueio dos canais de Na – arritmia e convulsões. ➢ Deve-se ter muito cuidado com interações medicamentosas, utilizar em epilépticos e com a ação anticolinérgica em idosos. ➢ Amitriptilina – 75 a 300mg; ➢ Nortriptilina – 50 a 150mg ➢ Imipramina – 75 a 150mg ➢ Clomipramina – 75 a 250mg o Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) ➢ Fluoxetina – 20 a 80mg. Medicamento autorizado para crianças maiores de 7 anos, seguro na gestação e aprovado para bulimia. No entanto, deve-se ter cuidado na amamentação e cuidado com idosos, pois causa prolongamento de QTc. Têm ampla interação medicamentosa e, especialmente, causa hiponatremia. Possui meia vida longa. ➢ Sertralina – 50 a 200mg. Medicamento autorizado na infância para crianças maiores de 6 anos, durante a gestação e amamentação. Possui relativamente poucas interações medicamentosas, mas causa hiponatremia e prolongamento de QTc, por isso deve-se ter cuidado com os idosos. Possui um bom perfil cardiovascular. ➢ Citalopram – 20 a 40mg, sendo que para maiores de 85 anos, a dose máxima é 30mg. Medicamento pouco potente. 4 ➢ Escitalopram – 10 a 20mg, sendo que para maiores de 85 anos, a dose máxima é 15mg. É uma droga com poucos efeitos colaterais, mas causa uma hiponatremia importante e promove prolongamento de QTc. ➢ Fluvoxamina – 100 a 200mg. Droga padrão ouro para TOC. Causa hiponatremia e prolongamento do intervalo QTc, além de possuir uma ampla interação medicamentosa. ➢ Paroxetina – droga com muito efeito colateral, especialmente ganho de peso e sintomas serotoninérgicos. Apresenta síndrome da retirada. Utilizada para o tratamento de ejaculação precoce e tratamento de sintomas vasomotores do climatério. Causa hiponatremia e prolongamento do intervalo QTc, além de possuir uma ampla interação medicamentosa. ➢ Deve-se tomar cuidado com interação medicamentosa, hiponatremia, prolongamento de QTc e pacientes anti coagulados. ➢ Outros efeitos colaterais incluem prejuízo de libido, retardo ejaculatório e anorgasmia. o Inibidores Não Seletivos de Recaptação de Serotonina (Duais): ➢ Venlafaxina – 75 a 225mg. Droga muito potente e que pode ser associada com a mirtazapina. Causa elevação de PA e sudorese. ➢ Desvenlafaxina – 50 a 200mg. Droga “sem” interação medicamentosa, que apresenta pouca disfunção sexual. É uma opção para sintomas vasomotores do climatério. ➢ Duloxetina – 60 a 120mg que devem, preferencialmente, ser administrados sem alimentos. Eficaz em quadros álgicos mesmo sem depressão e causa menos disfunção sexual que a venlafaxina. Possui ampla interação medicamentosa. o Outros medicamentos: ➢ Bupropiona – 150 a 300mg. Droga ativadora. Considerada como “antídoto” para disfunção sexual. Possui boa associação com ISRS. ➢ Trazadona - 150 a 600mg (imed) e 150 a 400mg (XR). Ótimo para depressão com sintomas ansiosos e é considerada como “antídoto” para disfunção sexual. Em doses menores pode ser utilizada para tratar insônia (50 a 125mg). ➢ Mirtazapina – 30 a 45mg. É uma droga potente, mas que causa ganho de peso. Pode ser associada com venlafaxina e quase não tem interações 5 medicamentosas. Em doses menores pode ser utilizada para tratar insônia (7,5 a 15mg). ➢ Vortioxetina – 5 a 20mg. Causa náuseas importantes. É útil no tratamento de déficits neurocognitivos em transtornos depressivos maiores. o No SUS: fluoxetina, antidepressivos tricíclicos e bupropiona para os tabagistas. o Tratamento Adjuvante: ➢ Lítio: importante redução das taxas de suicídio e evidências para redução da latência de resposta ao tratamento. ➢ Antipsicóticos: aripiprazol, brexpiprazol, quetiapina, olanzapina e risperidona. Tolerabilidade variável, possui efeitos metabólicos, neuroendócrinos, e causam sintomas extrapiramidais e prolongamento de QTc. ➢ Eletroconvulsoterapia: 80 a 90% das indicações dessa técnica são por causa de depressão. Possui diversos efeitos adversos, sendo imediatos (cefaleia, náuseas, vômitos e confusão mental pós ictal), de curto prazo (amnésia anterógrada, geralmente benigna e autolimitada, e delirium) e longo prazo (amnésia anterógrada e amnésia retrógrada). É contraindicada para pacientes com doença cardiovascular severa ou descompensada, evidência de hipertensão intracraniana, risco de sangramento cerebral,glaucoma, deslocamento de retina, luxações ou subluxações de coluna cervical e ASA IV e V. ➢ Psicoterapia: visa resgatar o ânimo e a capacidade de realização das atividades ao longo do dia. Utiliza a estratégia do enfrentamento, que é incentivar a enfrentar as atividades que não queira ou não consiga fazer no momento. ➢ Terapia interpessoal: tratamento de tempo limitado, planejado especificamente para tratar a fase aguda das depressões maiores, unipolares e não psicóticas. ✓ Luto: facilitar a expressão dos sentimentos associados e auxiliar o paciente a encontrar, gradualmente, novas atividade e relacionamento, visando uma melhor elaboração da perda. ✓ Disputa de papeis: ajuda o paciente a examinar as características da relação e a natureza da disputa, a fim de verificar a possibilidade ou da resolução dos conflitos presentes, ou da relação ter chegado um estágio de irreversibilidade. 6 ✓ Transição de papeis: auxiliar o paciente a lidar com a mudança, reconhecendo de forma mais realista os aspectos negativos e positivos do novo e do velho papel. ✓ Déficits interpessoais: como estes pacientes raramente constroem relações interpessoais importantes atuais, o foco do tratamento recai ou sobre relações passadas, ou frequentemente, sobre a relação com o terapeuta e, logo que possível, sobre o início da formação de novas relações. • O risco de recorrência reduz com o aumento do tempo de remissão. Além disso, maior risco de recorrência está presente em pessoas com episódio anterior grave, pacientes mais jovens e em pacientes que tiveram múltiplos episódios. • Teoria monoaminérgica: diminuição do número de receptores monoaminérgicos, o que reduz a cascata de transdução, diminuindo a expressão gênica e os fatores neurotróficos. • Hipótese neurotrófica: altos níveis de estresse e cortisol causam a redução da expressão de BNDF no hipocampo. • Hipótese inflamatória: aumento do nível circulante de citocinas pró-inflamatórias e PCR em deprimidos. • Hipótese do eixo cérebro-intestino: a colonização microbiana do intestino pode influenciar no humor e comportamento. Disbiose levava a um aumento da permeabilidade intestinal, consequentemente bactérias e seus produtos entravam na corrente sanguínea. Isso ocasionava uma maior produção de citocinas pró- inflamatórias, que são percebidas pelo nervo vago e o estímulo é conduzido para o SNC. Isso leva a uma alteração na síntese de neurotransmissores, alteração da plasticidade neuronal, alteração da neurogênese e alteração da função neuroendócrina. Transtorno Depressivo Persistente (distimia): • Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, por, pelo menos, dois anos. • Mais pelo menos dois: o Hiporexia ou hiperfagia; o Insônia ou hipersonia; o Baixa energia ou fadiga; o Baixa autoestima; o Dificuldade de concentração ou indecisão; o Desesperança. 7 • Sendo que nos dois últimos anos, não esteve sem sintomas por mais que 2 meses. Transtorno Disfórico Pré-menstrual: • Na maioria dos ciclos, iniciando na semana anterior à menstruação, começando a melhorar alguns dias depois e se tornando mínimos ou ausentes nas semanas após. • Pelo menos um: o Labilidade do humor; o Irritabilidade/raiva ou aumento dos conflitos interpessoais; o Humor deprimido, desesperança ou pensamentos autodepreciativos; o Ansiedade, tensão ou se sentir “no limite”. • Mais pelo menos um: o Redução do interesse; o Dificuldade de concentração; o Redução da energia ou fadiga; o Alteração do apetite (em geral, aumento); o Insônia ou hipersonia; o Se sentir sobrecarregado ou fara do controle; o Sintomas físicos (mamas, artralgia, mialgia, inchaço etc.). Transtorno Depressivo induzido por Substância ou Medicamento Transtorno Depressivo Devido à Outra Condição Médica Outro Transtorno Depressivo Especificado Transtorno Depressivo Não Especificado
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