Buscar

ngk


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Natasha Gago Koller 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reações Imunológicas às Sulfonamidas, 
Penicilinas e Cefalosporinas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2007 
 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas 
 
Natasha Gago Koller 
 
 
 
 
 
 
 
Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e 
Cefalosporinas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de 
Trabalho de Conclusão de Curso do 
curso de farmácia da FMU sob a 
orientação da Profª Drª Walkyria 
Sigler. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2007 
 
 
Natasha Gago Koller 
 
 
 
 
 
 
Reações Imunológicas às Sulfonamidas, Penicilinas e Cefalosporinas 
 
 
 
 Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de 
Conclusão de Curso do curso de farmácia da 
FMU, sob a orientação da Profª Drª Walkyria 
Sigler. Aprovado pela banca examinadora 
constituída pelos professores: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Drª Walkyria Sigler 
UniFMU 
(Orientadora) 
 
 
 
 
Profª Drª Carmen Guilherme Christiano de Matos Vinagre 
UniFMU 
 
 
 
 
 
Profª Msª Cristiane Rocha de Farias 
UniFMU 
 
 
São Paulo 
2007 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
A todos aqueles que... 
 
Sempre estiveram ao meu lado nos dias de mau-humor... 
Fizeram e fazem a diferença em minha vida... 
Sinto muitas saudades... 
Ensinaram-me, ensinam e ensinarão... 
Amo... 
E é claro, a mim... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente aos meus pais, por estarem ao meu lado em todos os 
momentos, pela atenção e amor que sempre me dedicaram. 
À minha irmã, que apesar de estarmos sempre discutindo nos amamos. 
Aos colegas e amigos que me mostraram os caminhos e fizeram parte de meu 
crescimento. 
Aos professores que me orientaram e contribuíram para a minha formação. 
Agradeço também àquela pessoa que quando entrou em minha vida sempre me 
fez sorrir, me apoiou e que está sempre ao meu lado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O segredo é não correr atrás das borboletas... 
É cuidar do jardim para que elas venham até você.” 
Mário Quintana
 
http://www.pensador.info/autor/Mario_Quintana/
 
 
 
 
RESUMO 
 
Os antimicrobianos são medicamentos amplamente utilizados para o tratamento de 
diversas enfermidades. Portanto, o presente trabalho visa estudar as possíveis reações 
imunológicas causadas por sulfonamidas, penicilinas e cefalosporinas por tratarem-se de 
fármacos que mais causam reações imunológicas. O método utilizado foi o 
levantamento de dados de diversos estudos realizados e publicados em revistas 
científicas. Reações imunológicas às penicilinas, cefalosporinas e sulfas podem causar 
diversas manifestações clínicas. Diagnóstico e tratamento são fundamentais assim como 
as notificações desses casos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9 
2 TIPOS DE HIPERSENSILBILIDADE.................................................................. 10 
2.1 Hipersensibilidade Tipo I (imediata).............................................................. 10 
2.2 Hipersensibilidade tipo II – (citotóxica)......................................................... 11 
2.3 Hipersensibilidade Tipo III- ........................................................................... 12 
2.4 Hipersensibilidade tipo IV.............................................................................. 13 
2.5 Hipersensibilidades não classificadas............................................................. 14 
3 EPIDEMIOLOGIA................................................................................................. 15 
4 PRINCIPAIS FÁRMACOS CAUSADORES DE REAÇÕES IMUNOLÓGICAS
 17 
4.1 Sulfonamidas .................................................................................................. 17 
4.1.1 Classificação........................................................................................... 17 
4.1.1.1 Sulfonamidas sistêmicas..................................................................... 17 
4.1.2 Mecanismo de ação ................................................................................ 19 
4.2 Antibióticos beta-lactâmicos .......................................................................... 19 
4.2.1 Penicilinas............................................................................................... 20 
4.2.2 Classificação........................................................................................... 20 
4.2.2.1 Penicilinas naturais ............................................................................. 20 
4.2.2.2 Penicilinas penicilinase – resistentes.................................................. 21 
4.2.2.3 Penicilinas de espectro ampliado........................................................ 21 
4.2.2.4 Amidinopenicilina .............................................................................. 22 
4.2.2.5 Outros antibióticos beta-lactâmicos.................................................... 22 
4.2.2.6 Mecanismo de ação ............................................................................ 22 
4.2.3 Cefalosporinas ........................................................................................ 22 
4.2.3.1 Classificação....................................................................................... 23 
4.2.3.2 Mecanismo de ação ............................................................................ 24 
5 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE CAUSADAS POR MEDICAMENTOS
 25 
5.1 Sulfonamidas .................................................................................................. 25 
5.2 Penicilinas....................................................................................................... 25 
5.3 Cefalosporinas ................................................................................................ 26 
6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................................................ 27 
6.1 Anafilaxia ....................................................................................................... 27 
6.2 Anemia hemolítica.......................................................................................... 28 
6.3 Angioedema e urticária................................................................................... 29 
6.4 Broncoespasmo............................................................................................... 31 
6.5 Dermatite esfoliativa....................................................................................... 31 
6.6 Doença do soro ............................................................................................... 32 
6.7 Eczema ........................................................................................................... 33 
6.8 Eritema multiforme / Síndrome de Stevens-Johnson ..................................... 33 
6.9 Eritema nodoso............................................................................................... 35 
6.10 Eritema tóxico ................................................................................................ 37 
6.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo...................................................... 38 
6.12 Exantema morbiliforme.................................................................................. 39 
 
6.13 Fotosensibilidade e fototoxicidade ................................................................. 39 
6.14 Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell).......................................... 39 
6.15 Nefrite túbulo intersticial aguda ..................................................................... 42 
6.16 Pustulose exantemática...................................................................................44 
6.17 Trombocitopenia............................................................................................. 45 
6.18 Vasculites ....................................................................................................... 45 
7 DIAGNÓSTICO..................................................................................................... 47 
8 TRATAMENTO..................................................................................................... 49 
8.1 Anafilaxia ....................................................................................................... 49 
8.2 Anemia hemolítica.......................................................................................... 51 
8.3 Angioedema e urticária................................................................................... 51 
8.4 Broncoespasmo............................................................................................... 51 
8.5 Dermatite esfoliativa....................................................................................... 51 
8.6 Doença do soro ............................................................................................... 52 
8.7 Eczema ........................................................................................................... 52 
8.8 Eritema multiforme (Síndrome de Stevens-Johnson) e Necrólise epidérmica 
tóxica (Síndrome de Lyell) ......................................................................................... 52 
8.9 Eritema nodoso............................................................................................... 53 
8.10 Eritema tóxico ................................................................................................ 54 
8.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo...................................................... 54 
8.12 Exantema morbiliforme.................................................................................. 54 
8.13 Fotossensibilidade e fototoxicidade ............................................................... 54 
8.14 Nefrite............................................................................................................. 54 
8.15 Pustulose exantemática................................................................................... 54 
8.16 Trombocitopenia............................................................................................. 55 
8.17 Vasculites ....................................................................................................... 55 
9 FARMACOVIGILÂNCIA..................................................................................... 56 
9.1 Objetivos......................................................................................................... 58 
9.2 As notificações ............................................................................................... 58 
10 DISCUSSÃO...................................................................................................... 63 
11 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
1 INTRODUÇÃO 
As formulações farmacêuticas sempre foram conhecidas como potencialmente 
perigosas. O interesse público e profissional por esse assunto surgiu no século XX. 
Entre 1870 e 1890 foram criados, comitês de comissões para investigar mortes súbitas 
durante anestesia por clorofórmio. Em 1937, a morte de 107 pessoas, após o uso de um 
elixir de sulfanilamida, levou o FDA (food and drug administration), a investigar a 
segurança de novas drogas antes de permitir sua comercialização. Alem desses 
incidentes, muitos outros incidentes aconteceram, porem, foi o desastre com a 
talidomida, em 1961, que levou à instituição de novas jurisdições, em todo o mundo, 
para a regulamentação da droga antes de sua comercialização. (GRAHAME; SMITH; 
ARONSSON, 2004) 
As reações adversas a medicamentos (RAM), são definidas como qualquer efeito 
não desejado decorrente do uso de medicamentos em doses terapêuticas, entre elas, as 
reações imunológicas. (ALVAREZ; BUENDIA, 2002) 
Estima-se que 5% - 15% dos pacientes tratados com algum medicamento 
apresentem algum tipo de reação adversa. Já em pacientes hospitalizados, essa 
incidência é de 30%. (CRIADO, 2004) 
Em estudos realizados pela Sociedade Espanhola de Alergologia e Imunologia 
clínica, verificou-se uma incidência de RAM em 12,5% dos pacientes sendo que 63% 
desses desenvolveram algum tipo de reação de hipersensibilidade. (ALVAREZ; 
BUENDIA, 2002) 
As reações imunológicas ou de hipersensibilidade, podem ser diferenciadas quanto 
ao mecanismo de ação de acordo com as características clínicas. No geral, essas reações 
ocorrem após a re-exposição do indivíduo à droga, pois a memória imunológica 
específica costuma não existir antes da primeira administração da droga. Alem disso, a 
droga deve possuir estrutura química capaz de provocar resposta imunológica do 
paciente. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
Dentre as drogas que mais causam reações imunológicas estão as penicilinas, 
sulfonamidas e cefalosporinas. (CRIADO, 2004) 
De acordo com esse levantamento de dados, decidiu-se estudar as reações 
imunológicas causadas pelas drogas acima. 
 
 
 
 10
2 TIPOS DE HIPERSENSILBILIDADE 
Hipersensibilidade é uma resposta imune adaptativa exagerada ou imprópria. 
Trata-se de uma resposta inadequada da resposta imune benéfica que pode muitas vezes 
resultar em reações como inflamação ou dano tecidual. Reações alérgicas a 
medicamentos acontecem quando existe participação de anticorpos e/ou linfócitos 
específicos sensibilizados variando de pessoa para pessoa. Normalmente, as reações 
alérgicas não ocorrem logo no primeiro contato com o antígeno, pois é necessário que 
ocorra uma sensibilização, aparecendo nos contatos subseqüentes. Existe, ainda, um 
tipo de reação que é chamado de “reação pseudo-alérgica” que ocorre de forma 
semelhante à reação alérgica mas, com ausência de especificidade imunológica. 
(ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999a; DIAS,2004) 
Os fatores de risco de hipersensibilidade a drogas são: (SILVA; ROSELINO, 
2003) 
• Fatores genéticos; 
• Doenças associadas; 
• Vias de exposição (parenteral maior incidência que a oral); 
• Uso concomitante de beta-bloqueadores; 
• Idade (entre 20 e 49 anos); 
• Reações alérgicas prévias; 
 São conhecidos quatro tipos de hipersensibilidade de acordo com a classificação 
de Gell e Coombs: (SILVA; ROSELINO, 2003) 
2.1 Hipersensibilidade Tipo I (imediata) 
A hipersensibilidade tipo I se estabelece, após prévia sensibilização, 
imediatamente após o contato com o antígeno. Tem como principais apresentações 
clínicas asma, eczemas, febre do feno, urticária, anafilaxia e angioedema. (ROITT; 
BROSTOFF; MALE, 1999a; DIAS, 2004) 
O contato com o alérgeno leva à produção de IgE, pelas células B, que 
responde em nível local. Para que ocorra a produção de IgE pelas células B ocorre a 
apresentação de antígeno através das células apresentadoras de antígeno (CAA) e a 
cooperação entre linfócitos B e T. A IgE que é produzida localmente vai sensibilizar 
primeiramente os mastócitos locais. A IgE excedente entra na circulação e se liga em 
receptores nos basófilos e nos mastócitos por todo o organismo. Essa ligação é de alta 
afinidade e ocorre pela porção Fc. Os mastócitos ficam sensibilizados por vários meses, 
 
 11
pois as IgE estão fortemente ligadas aos receptores FceRI (receptor de alta afinidade 
para IgE), presentes nos mastócitos, que protegem a IgE das proteínas séricas que a 
destroem, e uma vez ligados, a degranulação pode ser ativada pela ligação cruzada da 
IgE que leva à agregação dos receptores Fce resultando em um fluxo de íons cálcio para 
o interior da célula e subseqüente degranulação. Essa degranulação pode ocorrer 
também por manobras que entrecruzam os receptores podendo-se ligar cruzadamente 
também com as lecitinas.O influxo de cálcio tem como resultado a exocitose de 
histamina ou a indução de síntese de mediadores, a partir do ácido araquidônico, como 
os leucotrienos e prostaglandinas que exercem efeito direto nos tecidos locais. (ROITT; 
BROSTOFF; MALE, 1999a) 
Em doenças alérgicas pode-se verificar que os níveis de IgE encontram-se 
elevados ajudando assim no diagnóstico dessas doenças. Existem casos em que o 
indivíduo apresenta altos níveis de IgE mas não apresenta sinais clínicos, então pode-se 
concluir que algumas pessoas produzem IgE específica mas não produzem algum fator 
que precipita os sintomas de atopia. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999a) 
De forma resumida pode-se dizer que as reações do tipo I são mediadas por IgE 
específica associada a mastócitos e basófilos. (DIAS, 2004) 
Os sintomas clínicos são determinados pela quantidade de alérgeno, ou seja, a 
quantidade de mediador liberada, pela sensibilidade do órgão-alvo e via de entrada do 
alérgeno. (MALLOZI, 2007) 
Os sinais clínicos são urticária, rinite, asma brônquica, angioedema e choque 
anafilático. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004) 
2.2 Hipersensibilidade tipo II – (citotóxica) 
A hipersensibilidade tipo II tem um mecanismo no qual o dano restringe-se ao 
tecido ou célula portadora dos antígenos alvo, pois são mediadas por anticorpos IgG e 
IgM ligados a células ou tecidos específicos. As células alvo são recobertas por 
anticorpos que se ligam aos receptores na superfície de polimorfonucleares que tem 
como papel principal a fagocitose da célula. Porém, quando o alvo é grande, a tentativa 
de fagocitose é frustrada ocorrendo uma exocitose do conteúdo lisossomal do neutrófilo 
provocando danos às células vizinhas. As manifestações clínicas mais comuns são: 
prurido generalizado, eritema com ou sem urticária e angioedema, tosse, dispnéia, 
sibilos, sensação de opressão torácica, cólicas, diarréia, febre, ansiedade, excesso de 
 
 12
transpiração, palidez, hipotensão, taquicardia, confusão e desorientação. (ROITT; 
BROSTOFF; MALE,1999b; SILVA, 2003) 
2.3 Hipersensibilidade Tipo III- 
A hipersensibilidade de tipo III ocorre quando complexos imunes (antígeno e 
anticorpo) ficam depositados em tecidos ou órgãos, esses anticorpos podem ser IgG ou 
IgM e são resultantes da exposição contínua à mesma droga ou droga semelhante. Os 
complexos são formados através da ativação da cascata de proteínas do sistema 
complemento. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
As doenças decorrentes de complexos imunes podem ser classificadas como: 
(ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999c) 
• Infecção persistente: uma infecção de baixo grau e resposta fraca de anticorpos 
formam complexos imunes cronicamente e sua conseqüente deposição nos 
tecidos. 
• Doença auto-imune: nas doenças auto-imunes a produção constante de auto-
anticorpos formam continuamente complexos imunes e os sistemas responsáveis 
pela remoção destes; os complexos começam a se depositar nos tecidos. 
• Inalação de material antigênico: complexos imunes são formados na superfície 
corporal e são seguidos de exposição a antígenos extrínsecos. 
A hipersensibilidade do tipo III ocorre, pois os complexos imunes podem 
desencadear uma série de processos inflamatórios, pois interagem com o sistema 
complemento estimulando a liberação de aminas vasoativas e fatores quimiotáticos de 
mastócitos e basófilos. As aminas liberadas promovem a retração endotelial 
aumentando a permeabilidade vascular permitindo, assim, deposição de complexos 
imunes nas paredes dos vasos. Polimorfonucleares tentam internalizar os complexos 
mas não conseguem pois estes estão ligados às paredes dos vasos, então liberam seu 
conteúdo lisossomal por exocitose que se forem liberados em íntima justaposição aos 
tecidos portadores dos complexos podem danificar o tecido. (ROITT; BROSTOFF; 
MALE, 1999c; SILVA, 2003) 
Os complexos imunes permanecem na circulação por período prolongado 
entretanto, só causam problemas quando passam a se depositar nos tecidos. Os 
complexos imunes depositados podem ser visualizados por imunofluorescência sendo o 
órgão afetado o local ideal para sua visualização, portanto amostras teciduais podem ser 
examinadas para a detecção de imunoglobulinas e complemento. Esse exame nos traz 
 
 13
informações sobre a gravidade da doença baseando-se na composição, padrão e a área 
particular do tecido afetado. Já os complexos circulantes podem ser encontrados ligados 
aos eritrócitos ou livres no plasma. Uma vez que os complexos ligados têm menor 
chance de causar danos, o maior interesse está em se determinarem os complexos livres. 
Porém deve-se entender que os complexos imunes livres só causarão problemas quando 
se depositarem nos tecidos. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999c) 
A reação típica desse tipo de reação é a doença do soro que se manifesta, mais 
comumente com os sintomas de febre, artrite, aumento de linfonodos, urticária e 
exantemas maculopapulares. Alem dessas manifestações relacionadas a doença do soro, 
a nefrite intersticial aguda, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e alguns tipos 
de endocardite bacteriana também são manifestação clínicas de hipersensibilidade do 
tipo III. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004; MALLOZI, 2007) 
2.4 Hipersensibilidade tipo IV 
A hipersensibilidade do tipo IV é caracterizada por reação eczematosa no local 
de contato com o alérgeno e é dividida em três variantes: 
Os haptenos penetram na pele e conjugam-se com proteínas do organismo 
formando um complexo hapteno-carregador na epiderme. Então, as células de 
Langerhans, que carregam o antígeno, migram para a área cortical do linfonodo onde 
apresentam o antígeno às células T CD4+ e produzem algumas células T CD4+ de 
memória. Poucas horas após a aplicação de um alérgeno, ocorre uma pequena 
diminuição do número de células de Langerhans na epiderme. (ROITT; BROSTOFF; 
MALE, 1999d) 
Após o contato com o alérgeno, ocorre a degranulação e liberação de citocinas 
pelos mastócitos. Essas citocinas induzem a adesão intercelular criando um gradiente de 
movimentação das células em direção à epiderme e a junção dermo-epidermal. Após 4-
8 horas, um infiltrado de células aparece ao redor dos anexos e dos vasos sanguíneos. 
Os macrófagos invadem a derme e epiderme em 48 horas tendo pico de concentração 
em 48-72 horas. (ROITT; BROSTOFF; MALE, 1999d) 
Os sintomas clínicos são caracterizados por dermatite de contato, prurido, 
eritema e lesões elevadas. (GRAHAME; SMITH; ARONSON, 2004, MALLOZI, 2007) 
 
 14
2.5 Hipersensibilidades não classificadas 
Foram propostos diversos mecanismos para explicar as reações com suspeita de 
hipersensibilidade que não se encaixam na classificação de Gell e Coombs. Esses 
mecanismos estão esquematizados na Tabela 1. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
 
Tabela 1 – Reações de hipersensibilidade não classificadas 
Mecanismo de reação de hipersensibilidade não classificada por Gell e Coombs 
A Exantema morbiliforme por respostas específicas de células T 
1- Envolvimento de moléculas MHC* de classe 1 
2- Ligação de drogas às proteínas intracelulares 
3- Conjugados droga-peptídeo + moléculas MHC* de classe 1 
4- Células TCD 8+ mediam inflamação e citotoxicidade 
B Imunidade inata evocada por processos infecciosos modula resposta imunológica 
contra drogas podendo explicar assim o aumento da resposta de hipersensibilidade a 
drogas em pacientes com AIDS**. 
C Hepatite auto-imune associada com anticorpos contra o citocromo P450 - halotano 
* MHC: moléculas do complexo principal de histocompatibilidade. 
** AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida. 
 Fonte: (SILVA; ROSELINO, 2003) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15
3 EPIDEMIOLOGIA 
As reações adversas a medicamentos são responsáveis por um alto custo e 
morbidade. 
Segundo MALLOZI (2007), as reações adversas podem ser divididas em: 
3.1.Reações adversas previsíveis 
•Superdosagem ou toxicidade: diretamente relacionado a quantidadedo 
medicamento no organismo sendo esperadas sempre que o limite for ultrapassado. 
•Efeito colateral: efeitos indesejáveis que ocorrem dentro das doses 
esperadas sendo decorrentes das ações farmacológicas do fármaco. 
•Efeito secundário: reações inevitáveis não decorrentes de ações 
farmacológicas. 
•Interações medicamentosas: quando mais de uma droga for administrada 
simultaneamente mais interagem causando reações adversas. 
 
3.2.Reações adversas imprevisíveis 
• Intolerância: pacientes suscetíveis possuem limiar diminuído para a ação 
farmacológica do medicamento. 
• Idiossincrasia: resposta anormal a algum medicamento diferente de sua 
ação farmacológica. 
• Pseudoalérgicas: liberação imediata de mediadores de mastócitos 
independente de anticorpos. 
• Alérgicas ou hipersensibilidade: decorrentes de resposta a mecanismo 
imunológico específico. 
 As reações alérgicas ou de hipersensibilidade aos medicamentos correspondem a 
um terço das reações adversas a medicamentos e são responsáveis por cerca de 3 a 6% 
das internações hospitalares ocorrendo em 10 a 15% dos pacientes hospitalizados. O 
custo das reações alérgicas a medicamentos muitas vezes é subestimado, pois a maioria 
delas não ocorre em ambiente hospitalar. (DIAS, 2004) 
 Estima-se que a incidência das reações alérgicas a medicamentos na população 
geral seja de cerca de 0,95%. (MALLOZI, 2007) 
 Dentre os medicamentos que causam reações de hipersensibilidade destacam-se 
as penicilinas, provavelmente pela prévia exposição dos pacientes a produtos que 
contenham antimicrobianos (alimentos derivados de animais tratados com penicilinas e 
 
 16
vacinas com antimicrobianos), sulfonamidas que em pacientes HIV positivos causam 
dez vezes mais reações de hipersensibilidade com índice acima de 40%. (DIAS, 2004) 
 Em estudo realizado em um hospital em Singapura, os antiepilépticos e 
penicilinas são responsáveis por 7% das reações de hipersensibilidade. Em crianças, 
82% dos casos de hipersensibilidade são decorrentes do uso de antibióticos beta-
lactâmicos e 5% são causados por sulfonamidas. (DIAS, 2004) 
 A freqüência das manifestações alérgicas a penicilinas varia entre 2 e 3% sendo 
que a duração do tratamento aumenta o risco para 3 a 5%. As alergias graves têm 
incidência de 1caso a cada 10.000 pacientes tratados. (SASTRE; CARDONA, 2000) 
 As drogas que mais causam reações anafiláticas são os antibióticos beta-
lactâmicos (responsável por 75% das reações anafiláticas fatais nos EUA), 
cefalosporinas, sulfonamidas, entre outras. (CRIADO, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17
4 PRINCIPAIS FÁRMACOS CAUSADORES DE REAÇÕES 
IMUNOLÓGICAS 
4.1 Sulfonamidas 
As sulfonamidas foram descobertas por volta de 1935 por Gerhard que 
descobriu as propriedades quimioterápicas do protonsil (corante azo). Mais tarde, 
Trefouel, Nitti e Bovet descobriram que o protonsil era reduzido e sua ligação azo 
rompida liberando a sulfonamida ativa. Com o surgimento da resistência às 
sulfonamidas, as penicilinas e outros antibióticos passaram a ocupar um lugar de 
destaque. Então, na década de 70, o sulfametoxazol foi associado à trimetoprima 
havendo assim uma ampliação no uso das sulfonamidas. As sulfonamidas além de 
serem utilizadas com agentes antibacterianos, deram origem a outros compostos de 
valor terapêutico como, por exemplo, os diuréticos tiazídicos. (CARVALHO, 1998) 
As sulfonamidas possuem uma estrutura química muito semelhante ao ácido p-
aminobenzóico (PABA). As características físicas, químicas, farmacológicas e 
antibacteriana mudam de acordo com a ligação de radicais ao grupo amídico ou 
amínico. (CHAMBERS, 2003b) 
4.1.1 Classificação 
De acordo com CARVALHO (1998), as sulfonamidas podem ser classificadas 
de acordo com diversos critérios como espectro, duração de ação, uso terapêutico e 
estrutura química. A aplicação mais utilizada é a classificação de acordo com a 
aplicação terapêutica, porém esta não é perfeitamente correta, pois algumas 
sulfonamidas podem pertencer a mais de um grupo. Esta classificação será utilizada 
uma vez que trata-se da mais usual e conhecida. 
4.1.1.1 Sulfonamidas sistêmicas 
As sulfonamidas sistêmicas são utilizadas para o tratamento de infecções 
sistêmicas. 
4.1.1.1.1 Curta ação 
 Rapidamente absorvidas e excretadas, sendo sua meia vida de 4-7 horas. Os 
altos níveis urinários fazem com que sejam a droga de escolha utilizada no tratamento 
de infecções do trato urinário. 
 
 
 18
 - Sulfisoxasol 
 - Sulfametizol 
 - Sulfaclorpidazina 
 - Sulfacetamida 
 - Sulfamerazina 
 - Sulfametazina 
 - Sulfatiazol 
4.1.1.1.2 Ação intermediária 
 Absorvidas mais lentamente que as sulfonamidas de ação curta tendo sua meia 
vida de 10-12 horas. Utilizadas em infecções que requerem terapia prolongada. 
 
 - Sulfametoxazol 
 - Sulfafenazol 
 - Sulfamoxol 
 - Sulfadiazina 
4.1.1.1.3 Ação prolongada 
Rapidamente absorvidas e lentamente excretadas, sua meia-vida é em torno de 
17-40 horas podendo algumas delas apresentarem meia-vida de até 150 horas. A lenta 
excreção deve-se a sua característica lipofílica. O uso clínico é justificado apenas em 
algumas situações: baixa concentração urinária da droga ativa, sendo uma desvantagem 
em relação com as sulfonamidas de ação curta; não penetram de forma tão satisfatória 
no liquido cefalorraquidiano, se comparadas com as sulfonamidas de ação curta; podem 
alcançar concentrações excessivas no sangue devido a sua eliminação lenta. Hoje em 
dia apenas a sulfadoxina ainda está em uso (tratamento da malária em associação com a 
pirimetamina), pois as outras sulfas desse grupo têm grande potencial de causarem 
reações de hipersensibilidade por tempo prolongado. 
 
 - Sulfametoxipridazina 
 - Sulfadoxina 
 - Sulfametoxipirimidina 
 
4.1.1.1.4 Sulfonamidas intestinais 
 
 19
Sua absorção no trato gastrintestinal é pequena alcançando assim altas 
concentrações no lúmen do cólon. Por apresentar essa característica elas são muito 
utilizadas em infecções intestinais e cirurgias intestinais. 
 
- Sulfassalazina 
- Sulfaguanidina 
- Ftalilsulfatiazol 
-Succinilsulfatiazol 
 
4.1.1.1.5 Sulfonamidas de ação tópica 
As sulfonamidas de ação tópica são utilizadas na pele, mucosas e no olho. 
 
- Sulfacetamida 
- Sulfisoxazol 
- Sulfadiazina de prata 
- Mafenida 
 
4.1.2 Mecanismo de ação 
As sulfonamidas são análogos estruturais do PABA (ácido paraminobenzóico). 
Para o microrganismo formar o ácido diidropteróico ele precisa utilizar o PABA então 
as sulfonamidas, através da inibição competitiva, impedem a incorporação do PABA 
agindo assim como antimetabólito. As sulfonamidas impedem o crescimento através da 
inibição da síntese do ácido fólico. Portanto, as sulfonamidas têm ação bacteriostática. 
(CARVALHO, 1998; CHAMBERS, 2003b) 
 
4.2 Antibióticos beta-lactâmicos 
Existem mais de 50 antibióticos beta-lactâmicos comercializados no mundo. 
Estes são caracterizados pela presença de um anel beta-lactâmico comum. Sendo 
representados por: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas, nocardicinas e 
monobactâmicos. Os beta-lactâmicos são medicamentos com baixa toxicidade 
permitindo assim, uso prolongado com a dose máxima de efeito. (SASTRE; SASTRE; 
CARDONA, 2000; SILVA, 1998) 
 
 20
No metabolismo das penicilinas e cefalosporinas, são formados compostos que 
se juntam às proteínas plasmáticas provocando a ruptura do anel beta-lactâmico. Com 
isso, pode ocorrer a formação de um antígeno que desencadeia uma resposta imune. Os 
beta-lactâmicos podem causar respostas imunológicas do tipo I, II, III ou IV, sendo que 
em 50% dos casos onde há desenvolvimento de hipersensibilidade, são reações do tipo 
I. (SASTRE; CARDONA, 2000) 
4.2.1 Penicilinas 
As penicilinas foram descobertas por Alexandre Fleming em 1929, porém 
quantidades significativas da penicilina G foram conseguidas em 1940 por Chain, 
Floreye seus colaboradores. Então 10 anos mais tarde, a quantidade disponível de 
penicilina para uso clínico já era ilimitada. Essa síntese é realizada através de cultura de 
fungos Penicillium notatum e P. chrysogenum. Através da manipulação química desses 
produtos naturais, originou-se um grande número de derivados semi-sintéticos que dão 
origem a diversos antibacterianos. (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998) 
 As penicilinas pertencem ao grupo dos antibióticos beta-lactâmicos devido à 
presença de um anel lactâmico de quatro membros. A estrutura básica é formada por um 
anel tiazolidínico, fixado em um anel beta-lactâmico que transporta um grupo amino 
secundário podendo haver ligação de radicais ao grupo amino. (CHAMBERS, 2003a) 
4.2.2 Classificação 
 A classificação das penicilinas é feita através da ligação de diferentes radicais ao 
ácido 6-aminopenicilânico (6-APA). Essas ligações determinam as propriedades 
farmacológicas, físico-químicas e terapêuticas da molécula formada. (CHAMBERS, 
2003a; SILVA, 1998) 
 Classificação segundo SILVA (1998): 
4.2.2.1 Penicilinas naturais 
As principais características são maior atividade contra microorganismos Gram-
positivos, cocos Gram-negativos e anaeróbios não produtores de beta-lactamase, pois 
são sensíveis à hidrólise por ação das beta-lactamases, além de possuírem pouca 
atividade contra bastonetes Gram-negativos. (CHAMBERS, 2003a) 
O grupo é representado pelas seguintes drogas: 
- Penicilina G (benzilpenicilina) (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998) 
 
 21
- Penicilina G-procaína (SILVA, 1998) 
- Penicilina G-benzatina (SILVA, 1998) 
4.2.2.2 Penicilinas penicilinase – resistentes 
Ativas contra estafilococos e estreptococos, inativas contra enterococos, 
bactérias anaeróbias e cocos e bastonetes Gram-negativos. Resistentes às beta-
lactamases estafilocócicas. (CHAMBERS, 2003a) 
O grupo é representado pelas seguintes drogas: 
- Nafcilina (CHAMBERS, 2003a; SILVA, 1998) 
- Meticilina (SILVA, 1998) 
- Penicilinas Isoxazolílicas (SILVA, 1998) 
 - Oxacilina 
 - Cloxacilina 
 - Dicloxacilina 
4.2.2.3 Penicilinas de espectro ampliado 
São sensíveis às beta-lactamases. Conservam o espectro antibacteriano da 
penicilina e apresentam maior atividade contra microrganismos Gram-negativos. 
(CHAMBERS, 2003a) 
O grupo é representado pelas seguintes drogas: (SILVA, 1998) 
- Penicilinas de segunda geração 
 - Ampicilina 
 - Amoxacilina 
 - Bacampicilina 
 - Ciclacilina 
- Penicilinas de terceira geração 
 - Carbenicilina 
 - Ticarcilina 
- Penicilinas de quarta geração 
 - Azlocilina 
 - Mezlocilina 
 
 22
4.2.2.4 Amidinopenicilina 
Ativa contra microrganismos Gram-negativos, inativa contra Gram-positivos e 
sensível às beta-lactamases. A amidinopenicilina ainda não é comercializada no Brasil. 
(SILVA, 1998) 
4.2.2.5 Outros antibióticos beta-lactâmicos 
- Carbapenêmicos 
 - Imipenen 
- Monobactâmicos 
 - Aztreonam 
4.2.2.6 Mecanismo de ação 
Assim como todos os outros antibióticos beta-lactâmicos, as penicilinas 
interferem na síntese da parede celular bacteriana inibindo seu crescimento. Só exercem 
ação bactericida se as células estiverem em crescimento ativo e sintetizando sua parede 
celular. O processo de morte celular não está totalmente esclarecido, mas sabe-se que o 
processo envolve enzimas bacterianas que remodelam e decompõe a parede celular. 
(CHAMBERS, 2003a) 
De acordo com as diferentes penicilinas a absorção via oral vai variar 
dependendo de sua estabilidade em meio ácido. A absorção por via parenteral é rápida 
e completa, sendo que, a via intravenosa é a preferida, pois causa menos dor. A 
excreção ocorre através dos rins porém pequenas quantidades também são excretadas 
por outras vias. (CHAMBERS, 2003a) 
4.2.3 Cefalosporinas 
 As cefalosporinas são derivadas do fungo Cephalosporium acremonium que é 
capaz de produzir antibióticos semelhantes à penicilina, mas com características como 
resistência à beta-lactamase e ação contra Gram-positivos e negativos. Com o 
isolamento do ácido 7-aminocefalospôranico foi possível efetuar a produção em larga 
escala do medicamento o que permitiu a síntese de uma grande variedade de 
cefalosporinas dificultando a seleção racional do médico para a escolha do 
medicamento. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
 As cefalosporinas, além de possuírem um anel beta-lactâmico possuem um anel 
diidratiazínico, unido ao anel beta-lactâmico. Apresentam baixo poder antimicrobiano, 
 
 23
porém com a introdução de cadeias laterais geraram-se produtos com maior potência e 
características diferentes entre si. (ROCHA, 1998; SASTRE; CARDONA, 2000) 
4.2.3.1 Classificação 
 A classificação das cefalosporinas é feita de acordo com algumas características 
dependendo principalmente do espectro de ação microbiana. (CHAMBERS, 2003a; 
ROCHA, 1998) 
 
 
4.2.3.1.1 Primeira geração 
Essa classe de cefalosporinas é caracterizada por sua ação contra cocos Gram-
positivos. Raramente é a droga de escolha para infecções sendo a droga de escolha para 
profilaxia cirúrgica. Constitui também uma alternativa para pacientes com 
hipersensibilidade às penicilinas. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
- Cefalotina 
- Cefazolina 
- Cefapirina 
- Cefacetrila 
- Cefalexina 
- Cefradina 
- Cefadroxil 
- Ceflacor 
 
4.2.3.1.2 Segunda geração 
Geralmente são menos ativas, que as cefalosporinas de primeira geração, contra 
Gram-positivas, porém apresentam também ação contra microorganismos Gram-
negativos. Têm sido utilizadas principalmente para o tratamento de otites, sinusites ou 
infecções das vias aéreas inferiores. (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
- Cefamandol 
- Cefuroxima 
 
 24
- Ceforanida 
 
4.2.3.1.3 Terceira geração 
Possuem atividade contra Gram-negativos aeróbios aumentada. É o tratamento 
de escolha para diversas infecções causadas por microorganismos resistentes à maioria 
dos outros fármacos. São os fármacos de primeira escolha para o tratamento de 
gonorréia. Podem também ser utilizadas para o tratamento de meningite, pois penetram 
no SNC (sistema nervoso central). (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
São elas: (CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
- Cefotaxima 
- Ceftriaxona 
- Cefmenoxima 
- Ceftazidima 
- Cefoperazona 
- Cefaloridina 
 
4.2.3.1.4 Quarta geração 
Possuem atividade contra Gram-negativos além de evidenciarem considerável 
eficácia contra Gram-positivos. Assemelham-se muito às cefalosporinas de 3ª geração 
porém são mais resistente à hidrólise causadas por beta-lactamases que inativam muitas 
cefalosporinas de 3ª geração. Este grupo é representado pela cefepima. (CHAMBERS, 
2003a; ROCHA, 1998) 
4.2.3.2 Mecanismo de ação 
As cefalosporinas também são antibióticos beta-lactâmicos, assim como as 
penicilinas, que interferem na síntese da parede celular bacteriana inibindo assim o seu 
crescimento. (CHAMBERS, 2003a) 
 
 
 25
5 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE CAUSADAS POR 
MEDICAMENTOS 
5.1 Sulfonamidas 
A grande variedade de reações de hipersensibilidade causadas pelas 
sulfonamidas deve-se à alergia promovida pela droga ativa e seus metabólitos. Todas as 
sulfonamidas e seus derivados apresentam características alergênicas cruzadas. 
(CHAMBERS, 2003b) 
As reações de hipersensibilidade causadas por sulfonamidas são: 
• Anafilaxia 
• Anemia Hemolítica 
• Dermatite esfoliativa 
• Eczemas 
• Eritema multiforme 
• Síndrome de Stevens Johnson 
• Eritema nodoso 
• Eritema tóxico 
• Erupções fixas 
• Exantema mobiliforme 
• Fotosensibilidade e fototoxicidade 
• Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) 
• Nefrite 
• Pustulose exantematica (eritema difuso) 
• Trombocitopenia 
• Vasculites 
5.2 Penicilinas 
As penicilinas, no geral, causam sensibilização e reatividade cruzada. A 
sensibilização ocorre em decorrência dos produtos de degradação das penicilinas que seligam a macromoléculas, formando assim haptenos, que geram os determinantes 
antigênicos principal e secundário. (CHAMBERS, 2003a; SÃO PAULO [200?]) 
 As penicilinas podem causar reações imunológicas que abrangem todos os tipos 
de reações descritas no tópico 2, porem, os sintomas apresentados mudam de acordo 
com o tipo de hipersensibilidade apresentada. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
 
 26
As reações de hipersensibilidade causadas por penicilinas são: 
• Anafilaxia 
• Anemia hemolítica 
• Angioedema 
• Broncoespasmo 
• Dermatite esfoliativa 
• Doença do soro simile 
• Eczemas 
• Eritema multiforme 
• Erupções fixas 
• Síndrome de Stevens Johnson 
• Eritema tóxico 
• Exantema mobiliforme 
• Fotosensibilidade e fototoxicidade 
• Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) 
• Nefrite 
• Pustulose exantematica (eritema difuso) 
• Trombocitopenia 
• Urticária 
• Vasculites 
 
5.3 Cefalosporinas 
As cefalosporinas podem sensibilizar o indivíduo e desencadear uma série de 
reações de hipersensibilidade idênticas às da penicilina. O núcleo químico das 
cefalosporinas é suficientemente diferente do das penicilinas possibilitando que 
indivíduos com histórico de alergia às penicilinas possam tolerar as cefalosporinas. 
(CHAMBERS, 2003a; ROCHA, 1998) 
As reações de hipersensibilidade causadas por cefalosporinas são: 
• Anafilaxia 
• Anemia hemolítica 
• Doença do soro símile 
• Pustulose exantematica (eritema difuso) 
 
 27
6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
As manifestações clínicas causadas por sulfonamidas, penicilinas e 
cefalosporinas são descritas a seguir. 
6.1 Anafilaxia 
A anafilaxia é uma reação alergica grave, apesar de rara. É causada por reação 
de hipersensibilidade tipo I, ou seja, mediada por anticorpos IgE ou IgG. (SÃO 
PAULO, [200-?]) 
Trata-se de uma reação sistêmica, de rápida instalação podendo causar reações 
tão intensas que causam risco de vida ao paciente. (DIAS, 2004; CRIADO, 2004a) 
Os medicamentos são responsáveis por 13 a 20% dos casos de anafilaxia, sendo 
os antibióticos B-lactâmicos responsáveis por 75% das reações anafiláticas fatais nos 
Estados Unidos, porem, alem dos B-lactâmicos, outros medicamentos também causam 
reações anafiláticas. As causas de anafilaxia podem ser evidenciadas de acordo com a 
figura 1. (CRIADO, 2004a; WYATT, 1996) 
 
Idiopática; 
37%
Alimentos; 
34%
Exercícios; 
7%
Látex, 
hormônios 
e picadas 
de insetos; 
2% Drogas*; 
20%
 
Figura 1: Causas de anafilaxia. Fonte: (WYATT, 1996) 
*Drogas: Antinflamatórios não-esteroidais: aspirina; Penicilinas, cefalosporinas, insulina, 
sulfonamidas, hemoderivados, vacinas, enzimas tripsina, quimopapaína e estreptoquinase. 
 
Os sintomas clínicos podem ser observados entre 30 minutos e 1 hora após o 
contato com o alérgeno e são caracterizados por prurido generalizado, urticária, 
sintomas rinoconjuntivais, angioedema, hipotensão, sibilos, dores abdominais, diarréia, 
vômito, contrações uterinas, arritmias cardíacas, tosse, sensação de opressão torácica, 
 
 28
febre, ansiedade, transpiração excessiva, palidez, confusão e desorientação. Em alguns 
casos pode ocorrer reaparecimento dos sintomas após algumas horas. (CRIADO, 2004a; 
SILVA, 2003) 
A anafilaxia é comumente confundida com as reações vaso-vagais que ocorrem 
após intervenções dolorosas, sendo os sintomas característicos palidez, náuseas 
diaforese profusa e síncope. Pode ser diferenciada pela ausência de prurido, presença de 
pulsação lenta e pressão sanguínea normal. (WYATT, 1996) 
Reações anafilactóides também são frequentemente confundidas com as reações 
anafiláticas não sendo relacionadas a mecanismos imunes mas levando a ativação de 
mastócitos e liberação de mediadores. (CRIADO, 2004a) 
O reconhecimento de pacientes com anafilaxia deve ser o mais rápido possível e 
o tratamento iniciado rapidamente, diminuindo, assim, reações fatais. (CRIADO, 
2004a) 
6.2 Anemia hemolítica 
A anemia hemolítica é decorrente da destruição precoce de hemácias, causada 
pela fixação de imunoglobulinas ou complementos na superfície da membrana das 
hemácias causando sua lise. Os eritrócitos de indivíduos normais apresentam menos de 
50 moléculas de IgG por glóbulo vermelho, enquanto, geralmente, as hemácias de 
pacientes com AHAI (anemia hemolítica auto-imune) estão recobertas com grande 
quantidade de IgG. (BRAGA, 1998) 
Na maior parte dos casos, os pacientes apresentam teste de Coombs positivo, 
mas sem repercusão clínica pois a eritropoiese é capaz de compensar a sobrevida das 
hemácias. São observados sinais clínicos e laboratoriais de hemólise como icterícia, 
esplenomegalia, reticulose, esferócitos e policromasia apesar de não se desenvolver 
anemia. Essa situação é denominada hemólise compensada. (CANÇADO; LANGHI; 
CHIATTONE, 2005) 
Os principais mecanismos causadores de anemia hemolítica são, segundo 
Segundo (CANÇADO; LANGHI; CHIATTONE, 2005): 
• Adsorção da droga: onde o medicamento funciona como hapteno 
ligando-se fortemente às proteínas da membrana eritrocitária resultando 
na síntese de anticorpos contra a droga que esta ligada às hemácias. 
• Adsorção de imunocomplexos: os anticorpos que reagem com o 
medicamento formando imunocomplexos que são adsorvidos por 
 
 29
receptores das hemácias que ativam o sistema complemento e 
desencadeiam a hemólise intravascular. 
• Indução de auto-imunidade: alguns medicamentos podem induzir a 
formação de auto-anticorpos que reagem contra antígenos eritrocitários, 
geralmente relacionados ao Rh sanguíneo. 
6.3 Angioedema e urticária 
O angioedema consiste em edema da região profunda da derme e do tecido 
celular subcutâneo. Acomete áreas como língua, lábios, pálpebras e pode também 
ocorrer nas extremidades.Se diferencia da urticária, pois não causa prurido. Seu tempo 
de duração pode variar entre 1-2 horas ou persistir por dias. (MARHOLZ, 2002; 
MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999) 
Já a urticária apresenta-se de forma muito variável sendo, em geral, pruriginosa, 
circunscrita, eritematopapulosa ou macular, geralmente regride em 24-48 horas sem 
aspectos residuais. (MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999) 
O angioedema e a urticária podem se manifestar concomitantemente, apesar de 
serem mais freqüentes manifestações isoladas de urticária. Vide figura 2. (MEDEIROS; 
SOARES; MENDES, 1999) 
 
Figura 2: Urticária pelo ácido acetil salicílico. Fonte: (CRIADO, 2004a) 
 
Estas são decorrentes de estímulos antigênicos ou físicos, ação direta de 
fármacos sobre células e/ou mediadores bioquímicos de reações de hipersensibilidade, 
 
 30
doenças sistêmicas ou por mecanismos de auto-imunidade e idiopáticos, e podem ser 
classificados em agudos e crônicos. (MEDEIROS; SOARES; MENDES, 1999) 
As penicilinas causam reações de angioedema e urticária através do mecanismo 
de hipersensibilidade do tipo I. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
Os fatores etiológicos das reações de urticária e angioedema podem ser descritos 
de acordo com a tabela 2 e os mecanismos propostos para a liberação de histamina estão 
esquematicamente demonstrados através da figura 3: 
 
Tabela 2: Urticária / Angioedema – Fatores etiológicos 
1) Fatores físico: frio, pressão, solar, exercícios; 
2) Alergia medicamentosa ou alimentar; 
3) Infecções; 
4) Infestações; 
5) Síndromes hereditárias: urticária ao frio familiar, angioedema vibratório familiar, 
defeciência do inativador de C3b, amiloidose + surdez + urticária + dores nos membros; 
6) Malignidades: leucemia; linfoma; mieloma múltiplo; carcinoma: do cólon, do reto, 
dos pulmões e dos ovários; neoplasias malignas hepáticas; 
7) Doenças endócrinas: diabetes mellitus, hiper ou hipotireoidismo, 
hiperparatireoidismo, ovariopatias, dermatite auto-imune à progesterona; 
8) Doença por imunocomplexos: LES, AR, urticária, vasculites; 
9)Auto-imunidade; 
10) Urticária / angioedema idiopáticos. 
Fonte: (CRIADO, 1999) 
 
 
 31
 
Figura 3: Mecanismo de liberação de histamina pelosmastócitos. Os estímulos físicos 
liberadores diretos, agentes colinérgicos, anafilotoxinas, a ligação de antígenos à IgE 
nos receptores de alta afinidade à IgE (FceRla) estimulam o aumento do 
GMPc(guanosina monofosfato cíclico) e a liberação da histamina. Fonte: (CRIADO, 
1999) 
6.4 Broncoespasmo 
Trata-se de uma constrição reversível das vias aéreas pequenas do trato 
respiratório distal. Podem ser causadas por diversos agentes, entre eles, as penicilinas. 
Dispnéia, sibilos, cianose e tosse, são as manifestações clínicas que podem ser 
observadas. Em alguns casos, o paciente também pode apresentar dificuldades para falar 
e taquicardia grave e nos casos graves pode-se observar "pulso paradoxal". 
(FERNANDO, 1999) 
 
6.5 Dermatite esfoliativa 
É um distúrbio inflamatório da pele caracterizado por eritema generalizado e 
descamação da pele. Apresenta incidência de um a 71 por 100.000 pacientes 
dermatológicos. Vide figura 4. (KONDO, 2006) 
Os quadros de dermatite esfoliativa à reação a drogas são em geral de instalação 
rápida e tendem a regredir rapidamente com a retirada do medicamento envolvido. 
(CRIADO, 2004a) 
 
 32
Uma a quatro semanas após o início do uso do medicamento surgem prurido 
associado ao eritema difuso, envolvendo cerca de 90% da superfície corpórea, e 
linfoadenopatia, seguida por descamação. Ocorrem prurido e sensação de queimação 
difusa. Pode levar a complicações sistêmicas, como distúrbio hidroeletrolítico, 
termorregulatório, insuficiência cardíaca, taquicardia, síndrome de escape capilar e 
infecção. (CRIADO, 2004a) 
 
 
Figura 4: Dermatite esfoliativa. Fonte: (CRIADO, 2004a) 
 
Durante um estudo em que foram revisados os prontuários de pacientes com 
diagnóstico de dermatite esfoliativa atendidos no Setor de Dermatologia do Hospital 
Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP), da Universidade Estadual de 
Londrina, no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2003, a psoríase e erupções 
causadas por drogas foram os fatores mais freqüentemente associados com dermatite 
esfoliativa, com 11 casos cada. Os medicamentos mais relatados foram alopurinol, 
carbamazepina, penicilina, ouro e isoniazida, porém várias classes de medicamentos 
podem ter sido responsáveis pelo quadro. Neste estudo, o grupo das sulfoniluréias foi o 
principal agente implicado entre os medicamentos, com três casos. (KONDO, 2006) 
6.6 Doença do soro 
É causada pelo mecanismo de reação de hipersensibilidade do tipo III. Sendo as 
manifestações cutâneas particulares eritema na porção lateral dos dedos de mãos e pés, 
(ocorrendo em 90% dos casos), apresentando-se morbiliforme em 2/3 dos pacientes e 
algumas vezes urticariforme. Raramente podem ser observados urticária, vasculite 
 
 33
leucocitoclástica e eritema multiforme. Metade dos casos apresenta envolvimento 
visceral. Os sintomas clínicos comuns são febre, erupção cutânea, sintomas 
constitucionais, artrite e artralgias. (CRIADO, 2004b) 
Os medicamentos relacionados com este tipo de manifestação são os soros 
heterólogos e vacinas. A doença do soro pode ser causada também pelas penicilinas, 
cefalosporinas, minociclina, propranolol, estreptoquinase e antiinflamatórios não- 
hormonais. As frações C3 e C4 do complemento encontram-se acentuadamente 
diminuídas na doença do soro enquanto em geral são normais na doença do soro-símile. 
(CRIADO, 2004b) 
6.7 Eczema 
 Trata-se de uma doença cutânea inflamatória. O eczema agudo é caracterizado 
por eritema, exsudação e vesiculação, acometendo principalmente couro cabeludo, face 
e superfícies extensoras dos membros. Já o eczema subagudo ou crônico apresenta 
sintomas como escoriações, liquenificação, pouca ou nenhuma exsudação, e as lesões 
localizam-se preferencialmente em flexuras. (CAMELO-NUNES, 2004) 
Seu mecanismo de ação consiste na reação de hipersensibilidade do tipo IV 
podendo ser ilustrado pela figura 5. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
 
Figura 5 : Eczema. Fonte: (ATOPIC) 
6.8 Eritema multiforme / Síndrome de Stevens-Johnson 
Hoje em dia, é possível separar pacientes com eritema multiforme dos 
portadores da Síndrome de Stevens-Johnson com base nos sintomas clínicos e na 
origem da doença. (CRIADO, 2004a) 
O eritema multiforme é constituído por erosões mucosas e lesões cutâneas 
características (alvos típicos, com ou sem bolhas), de distribuição simétrica. 
 
 34
Compreende casos recorrentes, pós-infecciosos ou eventualmente relacionados com 
exposição a fármacos apresentando baixa morbidade e nenhuma letalidade. (CRIADO, 
2004a) 
 A Síndrome de Stevens-Johnson é caracterizada pela presença de lesões 
semelhantes às do eritema multiforme, porém apresenta máculas purpúricas e bolhas 
distribuídas ou lesões em alvos atípicos sobre o dorso das mãos, palmas, plantas dos 
pés, região extensora das extremidades, pescoço, face, orelhas e períneo, podendo haver 
envolvimento da face e do tronco. Constitui uma reação adversa grave a droga, com alta 
morbidade e prognóstico reservado em muitos casos. (CRIADO, 2004a) 
As figuras 6 e 7 demostram lesões causadas pelo eritema multiforme e/ou 
síndrome de Stevens-Johnson. 
 
Figura 6: Alvos típicos elevados. Presença de halo concêntrico em 
torno de um disco necrótico central. Síndrome de Stevens-Johnson. 
Fonte: (CRIADO, 2004a) 
 
 
 35
 
Figura 7: Máculas purpúricas. Elementos purpúricos hora isolados, 
hora coalescentes na orelha e na face. Síndrome de Stevens-
Johnson devido ao uso de carbamazepina e fluoxetina. Fonte: 
(CRIADO, 2004a) 
6.9 Eritema nodoso 
O eritema nodoso foi descrito em 1978 por Robert William, porem, apenas no 
século XX teve importância devido à associação com doenças como faringite 
estreptocócica, tuberculose e sarcoidose. Trata-se de uma erupção cutânea nodular, 
dolorosa, decorrente de uma reação inflamatória do tecido subcutâneo atingindo 
principalmente os membros inferiores. (GIORGI, 2002) 
Sua patogênese ainda é desconhecida, porem, sabe-se que trata-se de 
hipersensibilidade mediada por células sendo desencadeada a partir da interação 
exacerbada entre o mecanismo imune e fatores desencadeantes como agentes 
infecciosos, medicações e doenças malignas. A lesão inicial é caracterizada por um 
processo inflamatório infiltrativo de linfócitos e macrófagos seguido da formação de 
células gigantes e granuloma. Os sinais clínicos são caracterizados por nódulos 
dolorosos, únicos ou múltiplos nos membros inferiores, principalmente tornozelos e 
joelhos, sendo incomum em tronco, membros superiores e face. De acordo com sua fase 
 
 36
evolutiva os nódulos variam de vermelho ao amarelo. Indivíduos de pele negra 
apresentam lesões hiperpigmentadas. Conforme as figuras 8 e 9. (GIORGI, 2002) 
 
 
 Figura 8: Eritema nodoso. Fonte: (GIORGI, 2002) 
 
 
Figura 9: Nódulo eritematoso em membro inferior direito, em fase de regressão, 
após início de tratamento. Fonte: (D´ AVILA, 2005) 
 
 Os nódulos duram, em média, de 7 a 15 dias e costumam desaparecer 
espontâneamente porem novas lesões aparecem antes que as anteriores estejam 
completamente cicatrizadas. (CARNEIRO, 2005) 
Em um estudo realizado por 16 anos no Hospital do Servidor Público Estadual 
(HSPE), o eritema nodoso foi considerado idiopático em 42,8% dos casos, apresentando 
uma causa aparente em 57,2% dos pacientes. As sulfonamidas, alem de outros 
fármacos, são citado como causas do eritema nodoso assim como as penicilinas, 
barbitúricos e salicilatos, têm sido mencionadas como prováveis agentes, embora 
raramente se comprove tal relação pois estes podem ser administrados em doenças 
associadas ao eritema nodoso. Na tabela 3 pode-se verificar quais as substâncias e 
medicaemtnos que estão associados ao eritema nodoso. (GIORGI, 2002) 
 
 
 
 37
 
Tabela 3: Substâncias e medicamentos associados ao eritema nodoso 
 
Sulfonamidas 
Penicilinas 
Contraceptivos orais 
Sais de ouro 
Prazosin 
Salicilatos 
Brometos 
MinociclinaFenitoína 
Clorotiazida 
Nitrofurantoína 
D-penicilamina 
Talidomida 
Isotretinoína 
Interleucina 2 
Vacina contra hepatite B 
 
Fonte: (GIORGI, 2002) 
 
6.10 Eritema tóxico 
Trata-se de uma dermatose transitória, comun e benigna, não causando maior 
preocupação do ponto de vista clínico. É caracterizada pela presença máculas e pápulas 
eritematosas, vesículas e pústulas. Ver figura 10. (PEREIRA; GONTIJO, 2001) 
Os sinais clínicos se iniciam com eritema na face espalhando-se em seguida para 
região frontal, tronco e membros, posteriormente surgem pápulas sobre uma base 
eritematosa e edematosa. As pápulas apresentam consistência firme à palpação e em 24 
horas, desenvolvem coloração róseo-amarelada. (PEREIRA; GONTIJO, 2001) 
Existem relatos de eritema tóxico causados por penicilinas, furosemidas, 
fenilbutazona, sulfonamidas, sulfoniluréias e diuréticos tiazídicos. (GRAHAME; 
SMITH; ARONSON, 2004) 
 
 
 38
 
Figura 10: Eritema tóxico: máculas, pápulas e placas eritematosas, disseminadas no 
tronco. Fonte: (PEREIRA; GONTIJO, 2001) 
6.11 Erupções fixas ou eritema pigmentar fixo 
O eritema pigmentar fixo ou erupção fixa, provavelmente, é o quadro mais 
comum de reação a medicamentos. Dentre os medicamentos que podem causar essas 
reações estão as penicilinas e as sulfonamidas. (ALCHORNE, 1980) 
Os sinais clínicos são lesões numulares eritematosas com hipercromia posterior. 
Com re-exposição ao medicamento, a lesão torna-se eritematosa e pode acomenter 
novas regiões. Acomete principalmente periorificios, incluindo mucosa genital. Trata-se 
de uma reação de hipersensibilidade não classificada. Ver figura 11. (SILVA; 
ROSELINO, 2003) 
 
 
Figura 11: A- Eritema pigmentar fixo: lesão numular eritematoacastanhada. B e C- 
Eritrodermia octiosiforme, causada por anticonvulsivante. Fonte: (SILVA; 
ROSELINO, 2003) 
 
 
 39
6.12 Exantema morbiliforme 
O exantema morbiliforme é a erupção cutânea a droga mais comum sendo 
responsável por 30 a 50% dos casos. Caracteriza-se de um exantema simétrico com 
máculas e pápulas confluentes, conforme figura 12. Trata-se de uma reação de 
hipersensibilidade do tipo não classificada. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
 
Figura 12: Exantema morbiliforme. Elementos papuloeritematosos não coalescentes no 
abdômen, entremeados por pele sã. Exantema pela amoxicilina. Fonte: (CRIADO, 
2004a) 
 
6.13 Fotosensibilidade e fototoxicidade 
A maior parte dos agentes fotossensibilizantes tópicos reage ao espectro de ação 
de UVA (raios ultravioleta A). Os agentes químicos sistêmicos ou tópicos podem causar 
dois tipos de fotorreações: fototóxico e fotoalérgico. Nas reações de fotosensibilidade, o 
espectro de absorção da droga é máximo, em determinado comprimento de onda (320-
400 nm UVA) e induz a alteração molecular no material exógeno. As reações de 
fototoxicidade são reações cutâneas não imunológicas. Já as reações fotoalérgicas 
constituem uma reação imunológica anormal adquirida a luz. A absorção de 
determinados comprimentos de onda provoca alterações em suas configurações 
químicas e essas substâncias transformam-se em haptenos que se ligam a proteínas na 
pele tornando-se um Ag completo capaz de causar uma resposta imunológica de 
hipersensibilidade do tipo IV. As manifestações clínicas são eczemas. (PARKER, 2001) 
6.14 Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) 
A Necrólise Epidérmica Tóxica (síndrome de Lyell) é caracterizada por extenso 
 
 40
destacamento da epiderme secundário à necrose (necrólise da epiderme). Em 1956 
Lyell instituiu o termo "necrólise epidérmica tóxica". Trata-se de uma reação adversa à 
droga rara, sua incidência na Europa é de 1 caso para cada milhão de habitantes ao ano. 
Pacientes com AIDS apresentam risco maior, cerca de 1 caso para cada 1.000 pacientes 
por ano. (CRIADO, 2004a) 
É uma reação que leva à divisão suprabasilar na epiderme com necrose da maior 
parte da epiderme acima. Quando a lesão é extensa, muitas vezes é fatal e pode ser 
confundida com a Síndrome de Stevens-Johnson por acometer, também, as mucosas. 
(PARKER, 2001) 
As características iniciais são alguns sintomas inespecíficos como influenza-
símile, tais como febre, dor de garganta, tosse e queimação ocular. A erupção 
eritematosa surge simetricamente na face e na parte superior do tronco, com extensão 
craniocaudal, provocando sintomas de queimação ou pele dolorida. As lesões cutâneas 
individuais são caracterizadas por máculas eritematosas, de contornos mal definidos, 
com centro purpúreo. No início, em alguns casos as lesões podem prevalecer nas áreas 
fotoexpostas da pele. O auge do processo é caracterizado por denudação da epiderme 
necrótica que se destaca em verdadeiras lamelas ou retalhos, dentro das áreas atingidas 
pelo eritema de base. A epiderme é elevada pelo conteúdo seroso de bolhas flácidas que 
confluem e provocam sua ruptura e descolamento, causando o aspecto de uma grande 
queimadura, com a derme desnuda, sangrante, eritêmato-purpúrica e com contínua 
eliminação de serosidade, contribuindo para o desequilíbrio hidroeletrolítico e 
acentuada perda protéica. O extenso acometimento cutâneo pode causar estado de 
falência cutânea aguda. De 85% a 95% apresentam acometimento das membranas 
mucosas, sendo comum isso preceder o envolvimento da pele por cerca de um ou dois 
dias. Em ordem de freqüência acomete orofaringe, olhos, genitália e ânus. Erosões 
extensas e dolorosas determinam crostas labiais, salivação, impedimento da 
alimentação, fotofobia, micção e evacuação dolorosas. (CRIADO, 2004a) 
Acredita-se que as drogas são a maior causa de necrólise. O mecanismo 
imunológico proposto para a causa é a apoptose de queratinócitos. (SILVA; 
ROSELINO, 2003) 
Entre os medicamentos que podem causar a necrólise epidérmica, mais 
comumente, estão as sulfas. Continuamente são relatadas novas drogas que podem 
desencadeá-la. Vide figura 13, 14 e 15. (CRIADO, 2004a) 
 
 41
 
Figura 13: Necrólise epidérmica tóxica. Observar o eritema difuso 
na face, área de descolamento epidérmico na pálpebra inferior e 
acometimento dos lábios com crosta hemática. Necrólise 
epidérmica tóxica devido ao uso de piroxicam. Fonte: (CRIADO, 
2004a) 
 
Figura 14: Necrólise epidérmica tóxica. Extenso acometimento 
com várias áreas de derme desnudas na pele. Uso de 
benzodiazepínico. Fonte: (CRIADO, 2004a) 
 
 
 42
 
Figura 15: Necrólise epidérmica tóxica. Áreas extensas de 
desnudação epidérmica que determinam a síndrome da falência 
aguda. Uso de cefalexina. Fonte: (CRIADO, 2004a) 
6.15 Nefrite túbulo intersticial aguda 
A nefrite túbulo intersticial aguda medicamentosa pode ser induzida por diversas 
drogas. Em algumas séries de biópsias realizadas nos últimos 15 anos, em 85 casos, 
41% estavam relacionados aos antibióticos beta-lactâmicos. (OLIVEIRA; 
CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000) 
Nenhum mecanismo imunopatogênico unificado pode ser aplicado em todos os 
casos de nefrite túbulo intersticial aguda (NTIA). Existe uma seqüência lógica proposta 
onde a resposta imune inicia-se com reconhecimento do antígeno estranho ou de auto-
antígenos modificados, assim, a doença ocorreria dependendo da predisposição genética 
e do grau de estimulação imune do paciente. A injúria intersticial pode ocorrer 
decorrente de um mecanismo de imunidade humoral (anticorpo antimembrana basal 
tubular, formação e deposição de complexos imunes), primeiramente, imunidade celular 
(citotoxicidade por células T, hipersensibilidade retardada e citotoxicidade mediada por 
células dependente de anticorpo) e/ou hipersensibilidade do tipo I. (OLIVEIRA; 
CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000) 
As drogas que mais comumente são relatadas como causadoras de nefrite túbulo 
intersticial aguda podem ser vistas na tabela 4 e na tabela 5 pode-se verificar a 
incidência das manifestações clínicas de nefrite túbulo intersticial aguda causada por 
antibióticos beta-lactâmicos: 
 
 
 43
 
Tabela4: Drogas comumente reportadas como causadoras de Nefrite Túbulo 
Intersticial Aguda Medicamentosa 
 
 
Antibióticos beta-lactâmicos 
Amoxacilina 
 Ampicilina 
 Ceflacor 
Cefalexina 
 Cefalotina 
 Cefotaxima 
 Cefotan 
 Cefradine 
 Oxacilina 
 Penicilina 
 
Outros antimicrobianos 
 Ciprofloxacina 
 Rifampicina 
 Sulfametoxazol 
 Vancomicina 
 
Diuréticos 
 Furosemida 
 Tiazidas 
 
Antinflamatórios não-esteroidais 
 Ácido 5-aminossalicilico 
 Ácido mefenâmico 
 Diclofenaco 
 Fenoprofeno 
 Lindometacina 
 Naproxeno 
 Paracetamol 
Piroxicam 
 
Outras drogas 
 Aciclovir 
 Alopurinol 
 Cimetidina 
 Fenitoína 
 Omeprazol 
 Ranitidina 
 
Fonte: (OLIVEIRA; CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000) 
 
 
 
 
 44
Tabela 5: Incidência das manifestações clínicas de Nefrite Túbulo Intersticial Aguda 
Medicamentosa causada por antibióticos beta-lactâmicos (exceto meticilina). 
Idade média (limites) 47 anos 
Sexo feminino 64 % 
Duração do tratamento 11 dias 
Febre 53% 
Rash 50% 
Eosinofilia 55% 
Febre, rash ou eosinofilia 85% 
Hematúria 59% 
Proteinúria de 24 horas 0,42 g 
Síndrome nefrótica 6% 
Oligúria 46% 
Necessidade de diálise 34% 
Fonte: (OLIVEIRA; CENDOROGLO NETO; SANTOS, 2000) 
 
 44
6.16 Pustulose exantemática 
A pustulose exantemática acomete principalmente as áreas intertriginosas ou na 
face como eritema difuso escarlatiniforme de instalação aguda. Prurido e ardência local 
são sintomas descritos pelos pacientes. O eritema dá lugar a centenas de pequenas 
pústulas não foliculares estéreis, algumas vezes essas pústulas podem confundir o 
diagnóstico com a necrólise epidérmica sistêmica. Pode ocorrer intenso edema na face, 
lesões purpúricas (principalmente nas pernas) e lesões semelhantes ao eritema 
multiforme nas pernas. Cerca de 20% dos pacientes podem apresentar envolvimento 
mucoso, sendo uma lesão leve e autolimitada. Os sintomas cutâneos são frequentemente 
acompanhados por febre acima de 38ºC. No hemograma pode-se verificar leucocitose e 
eosinofilia em um terço dos pacientes. Além das penicilinas, cefalosporinas e sulfas, 
existem diversas drogas descritas que podem causar pustulose exantemática. Alguns 
autores concluiram que a pustulose exantemática parece ser a expressão de uma reação 
onde a células, ligada a droga inicia uma resposta imune droga-específica CD4 e CD8 
positiva resultando em uma expressão elevada da IL8. Conforme demosntrado na figura 
16. (CRIADO, 2004b) 
 
Figura 16: Pustulose Exantemática Generalizada Aguda pós-exposição à 
bamifilina. Dezenas de pequenas pústulas não foliculares, de 1 a 3 mm de diâmetro na 
face lateral da coxa. Fonte: (CRIADO, 2004b) 
 
 
 45
 
6.17 Trombocitopenia 
A trombocitopenia pode ser causada por distúrbios na produção de plaquetas, na 
sua distribuição ou destruição. A trombocitopenia causada por medicamento trata-se de 
uma reação imunológica com três mecanismos propostos para a causa de destruição 
prematura de plaquetas: (SHUMAN, 2001) 
• Desenvolvimento de auto-anticorpos contra antígenos da membrana plaquetária; 
• Ligação de imunocomplexos aos receptores Fc de plaquetas; 
• Lise de plaquetas devido à fixação do complemento sobre sua superfície; 
São descritas mais de 50 drogas que podem causar trombocitopenia imune, 
dentre elas estão penicilinas e sulfas, porem raramente é confirmada. Na maioria dos 
casos de trombocitopenia, a droga precisa estar presente para causar a ligação do Ac e 
da trombocitopenia. Após a suspensão do tratamento a contagem de plaquetas 
normaliza-se em alguns dias. (SHUMAN, 2001) 
6.18 Vasculites 
As vasculites causadas por hipersensibilidade são divididas em dois grupos 
distintos sendo que no primeiro o antígeno é estranho ao hospedeiro e no segundo o 
antígeno é endógeno. A característica essencial da vasculite por hipersensibilidade é a 
venulite leucocitoclástica (restos de neutrófilos que se infiltraram nos vasos acometidos 
e ao seu redor). As lesões cutâneas são os sintomas que geralmente predominam, sendo 
elas a púrpura palpável clássica (resultado do extravasamento dos eritrócitos os tecidos 
que circundam as vênulas afetadas), máculas, pápulas, vesículas, bolhas, nódulos, 
úlceras e urticária. Alem das lesões cutâneas, pode-se verificar também o acometimento 
de sistemas ou órgãos. Ver figura 17. (ROSENWASSER, 2001) 
Histopatologicamente, podem ser definidas pela presença de inflamação e 
necrose da parede dos vasos sangüíneos da pele. Cerca de 7 a 21 dias após o início da 
droga a doença se manifesta. As vasculites atribuídas à exposição a medicamentos são 
raras, mas aparentemente concorrem para cerca de 10% a 20% das vasculites dérmicas. 
 
 46
É difícil quantificar a freqüência com que a vasculite induzida por droga é estritamente 
cutânea. A experiência clínica sugere que a maioria dos casos esteja confinada a pele e 
tenha curso autolimitado, porém poderá estar associada com graus variados de sintomas 
sistêmicos incluindo atralgia, mal-estar e febre. (CRIADO, 2004b) 
 
 
Figura 17: Vasculite de hipersensibilidade ao propiltiouracil. Observar a 
equimose com necrose cutânea central no membro superior. Fonte: (CRIADO, 2004b) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47
 
7 DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de reações imunológicas a medicamentos deve ser composto de 
histórico detalhado, exame físico e exames laboratoriais. Quando muitas drogas são 
administradas concomitantemente pode ocorrer diagnóstico equivocado, portanto 
aconselha-se montar uma relação de medicamentos utilizados pelo paciente e as datas 
de administração, coletar dados relacionados às reações anteriores. (PORTER; 
MELDRUM, 2003; DIAS 2004; SILVA, 2003) 
Na maioria das vezes desconhece-se o mecanismo pelo qual as reações são 
causadas, além disso, muitas vezes, mais de um medicamento é utilizado 
concomitantemente podendo causar diagnósticos errôneos que acabam impondo 
restrições desnecessárias, além disso, alguns pacientes somatizam os sintomas 
aumentando assim a necessidade do médico saber diferenciar uma "alergia" de uma 
"não alergia”. (DIAS, 2004) 
O exame físico pode auxiliar na definição do tipo de reação, correlacionando 
com o intervalo da administração dos diferentes medicamentos podendo assim indicar a 
causa e mecanismo provável. Na prática, quando existem várias drogas utilizadas 
concomitantemente, deve-se optar, pela droga que mais causa hipersensibilidade e por 
aquela que o uso iniciou-se por último. (SILVA; ROSELINO, 2003) 
Alem do exame físico alguns testes laboratoriais são utilizados na identificação 
dos mecanismos imunológicos das reações de hipersensibilidade segundo a 
classificação de Gell & Coombs. Ver tabela 6. (DIAS, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48
 
 
Tabela 6: Testes laboratoriais de acordo com o mecanismo de ação 
Tipo de reação Mecanismo imunológico Teste laboratorial 
I (imediata) IgE – basófilos e/ou 
mastócitos. 
Testes cutâneos e 
intradérmicos, RAST. 
II (citotóxico) IgG e/ou IgM – antígenos 
na membrana de células. 
Teste de Coombs (IAT, 
DAT). 
III (imunocomplexos) Complexos de IgM e/ou 
IgG – antígenos solúveis. 
Complemento (C3, C4), 
teste de imuno-
histoquímica (IFI, IFD). 
IV (tardia) Células T Teste epicutâneo (patch) e 
intradérmicos, 
transformação linfocitária 
“in vitro”, dosagem de 
citocinas. 
RAST (radioallergosorbent assay): pesquisa de IgE específica em soro; IAT/DAT: teste 
de antiglobulina indireta / teste de antiglobulina direta; IFI/IFD: teste de 
imunofluorescência direta. Fonte: (DIAS, 2004) 
 
A identificação da participação ou não de mecanismos imunológicos é de 
primordial importância para que a conduta terapêutica seja acertada. Por isso, o 
diagnóstico diferencial entre reação alérgica e pseudo-alérgica deve ser feito com base 
nos dados de anamnese, exame físico geral e exames laboratoriais que podem ser 
específicos ou complementares. (DIAS, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49
8 TRATAMENTO 
Demaneira geral, o tratamento fundamental das reações de hipersensibilidade a 
medicamentos consiste na suspensão do medicamento. O uso de corticosteróides ou 
anti-histamínicos vai depender do tipo de hipersensibilidade envolvida. O tratamento 
das reações tópicas do tipo exudativas consiste em compressas com permanganato do 
potássio ou água boricada, já lesões crostosas ou descamantes podem ser prescritos 
pomadas ou cremes. Casos mais graves como Síndrome de Stevens-Johnson e NET 
(necrólise epidérmica tóxica) deve-se atentar ao desequilíbrio hidroeletrolítico e 
cuidados oftalmológicos. No caso de necessidade de uso de antibióticos, sua introdução 
deve ser cuidadosa. Já o uso de cortiesteróides é controverso. (SILVA; ROSELINO, 
2003) 
 
8.1 Anafilaxia 
O tratamento vai depender da gravidade da reação, porem, o reconhecimento do 
paciente com anafilaxia deve ser o mais rápido possível e o tratamento deve ser iniciado 
imediatamente, diminuindo assim reações fatais. (BARE, 2002; CRIADO, 2004) 
 O objetivo imediato é a manutenção da permeabilidade das vias aéreas e da 
pressão arterial. Nas reações mais graves é necessário aporte com oxigênio. A 
epinefrina deve ser administrada rapidamente, sendo a dose padrão de 0,01ml/kg de 
uma solução de 1:1000 até no máximo, 0,3 a 0,5 ml, via subcutânea a cada 10 a 20 
minutos até a estabilização do paciente. (CRIADO, 2004a) 
 A epinefrina é a droga mais importante para o tratamento de anafilaxia e deve 
ser administrada por via intramuscular pois alguns estudos recentes demonstraram que 
quando utilizada por via subcutânea, a velocidade de absorção é insatisfatória pois os 
picos podem ser observados em 25 minutos enquanto, quando administrada por via 
intramuscular, os picos séricos são observados em 5 a 6 minutos. Além disso, quando 
aplicada na coxa, apresenta picos mais rapidamente do que quando aplicada no braço. 
(SÃO PAULO, [200-?]) 
 
 
 
 
 
 
 50
Quadro 1: Fluxograma de tratamento de anafilaxia 
 
Anafilaxia 
Manifestações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (SÃO PAULO, [200-?]) 
Manifestações 
cutâneas 
(Angioedema, 
urticária) 
Hipotensão 
Dificuldades 
respiratórias 
Apenas 
manifestações 
cutâneas leves 
sem 
dificuldades 
respiratórias ou 
hipotensão 
Epinefrina (adrenalina) 1:100, 0,3 a 0,5ml 
(adultos) 0,01ml/kg até o máximo de 0,3ml 
(crianças) IM. 
+ 
Hidrocortisona 5-10mg/kg EV a cada 6hs ou 
succinato de metilpredinisolona 2 mg/kg IM ou 
EV (dose incial). 
+ 
Em caso de edema laríngeo leve ou moderado – 
pode ser utilizado epinefrina por nebulização, 
1:1000, 2,5 a 5ml para adultos ou 0,1mg/kg em 
crianças, diluídos para nebulização, (reduzir a 
dose em pacientes cardíacos) mas não debe ser 
administrada epinefrina intramuscular como 
tratamento inicial, não sendo este um substituto 
para a administração de epinefrina IM. 
+ 
Em caso de broncoespasmo – nebulização com 
fenoterol e NaCl 0,9%. 
+ 
Assegurar oxigenação, matendo o paciente em 
decúbito dorsal, com o pescoço em extensão. 
+ 
Administrar oxigênio úmido por máscara 
(100% - 4 a 6l/min). 
+ 
Se após todos os procedimentos persistir a 
obstrução das vias aéreas, debe-se proceder a 
entubação traqueal. 
+ 
Monitorar sinais vitais (freqüência cardíaca, 
pressão arterial, pulso e freqüência 
respiratória). 
 
Epinefrina 1:1000 0,3 a 
0,5ml (adultos) e 
0,01ml/kg até o máximo 
de 0,3ml (crianças) IM. 
+ 
Hidrocortisona 5-
10mg/kg EV a cada 6hs 
ou succinato de 
metilpredinisolona 
2mg/kg IM ou EV (dose 
inicial). 
+ 
Manter o paciente 
deitado com as pernas 
elevadas. Preparar 
venólise pois se os 
medicamentos anteriores 
não forem afetivos para 
o choque, utilizar 
fluidoterapia com 
cristalóides (NaCl 0,9% 
ou Ringer Lactato). 
Prometazina inj. 0,25 a 
1mg/kg a cada 12 horas IM 
ou EV podendo 
eventualmente ser substituído 
por epinefrina (adrenalina) 
1:1.000 a 0,5 ml (adultos) 
0,01 ml/kg até o méximo de 
0,3ml (crianças IM. 
+ 
Hidrocortisona 5-10mg/kg 
EV a cada 6hs ou succinato 
de metilprednisolona 2 mg/kg 
IM ou EV (dose inicial) 
+ 
Monitorar sinais vitais 
(freqüência cardíaca, pressão 
arterial, pulso e freqüência 
respiratória). 
+ 
Verificar qualquer sinal de 
obstrução das vias aéreas 
(edema de língua, de palato 
mole, úvula, laringe e 
broncoespasmo). 
 
 51
 
8.2 Anemia hemolítica 
O tratamento da anemia hemolítica causada por medicamentos tem como 
principais objetivos reduzir a quantidade de anticorpos viáveis e diminuir ou cessar a 
hemólise mediada por auto-anticorpos ou complemento. Quando a droga corresponde 
ao principal componente do antígeno a suspensão da mesma, geralmente, é o suficiente 
para assegurar o término da hemólise. Quando o anticorpo tem atividade sobre outras 
glicoproteínas ou antígenos eritrocitários, o processo é auto-limitado e entre 2 ou 12 
semanas, após a suspensão da droga, o quadro hemolítico tem sua resolução completa. 
(CANÇADO; LANGHI; CHIATTONE, 2005) 
8.3 Angioedema e urticária 
A adrenalina mostra-se clinicamente útil no manejo agudo da urticária e 
angioedema. Deve ser administrada em uma série de injeções de 0,2 a 0,3 ml de uma 
diluição de 1:1000 por via subcutânea com intervalos de 3 minutos por 2 ou 3 vezes, até 
o controle dos sintomas. (FRANK, 2001) 
Epinefrinas de ação prolongada podem ser úteis, porem, seu uso é contra 
indicado para pacientes que apresentam doença cardiovascular grave. (FRANK, 2001) 
 
8.4 Broncoespasmo 
O tratamento consiste em administrar oxigênio suplementar, um agonista beta-
adrenérgico, em aerossol utilizando um nebulizador em doses que podem ser repetidas 
em intervalos de 20 minutos ou continuamente. Ou por via endovenosa, iniciando com 
uma solução de infusão contendo 5 mg em 500 ml. Se não houver resposta satisfatória 
após 2 a 3 doses de salbutamol, iniciar hidrocortisona endovenosa na dose de 300 mg, 
seguida de doses de 200 mg a cada 4 h até melhora do paciente. Ao mesmo tempo que 
os corticosteróides endovenosos pode-se iniciar Prednisolona via oral na dose de 
40mg/dia. Em casos graves, a aminofilina pode ser associada. (FERNANDO, 1999) 
 
8.5 Dermatite esfoliativa 
O tratamento inicial consiste na suspensão do medicamento. O estado nutricional 
e a reposição hidroeletrolítica devem ter atenção. Medidas locais como banhos de 
 
 52
amido, compressas úmidas sobre as crostas, utilização de emolientes suaves e 
corticosteróides tópicos. Os anti-histamínicos orais podem ser utilizados para alívio do 
prurido e ansiedade. Sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca ou respiratória devem 
ter rápida assistência e hospitalização. (CRIADO, 2004a) 
8.6 Doença do soro 
Quando tratado com anti-histamínicos e corticosteróides, o paciente responde de 
imediato e por completo, quando não tratado, a evolução se dá em alguns dias ou 
algumas semanas. Nos casos onde o paciente apresenta neurite periférica e síndrome de 
Guillain-Barré é necessário realizar terapia agressiva incluindo suporte ventilatório. 
(BARE; SMELTZER, 2002) 
Alem dos cuidados acima deve-se retirar a droga e observar cuidadosamente a 
evolução do acometimento sistêmico do paciente. (CRIADO, 2004b)
 
8.7 Eczema 
Além da retirada da droga, o tratamento consiste no uso de esteróides tópicos, 
emolientes e anti-histamínicos sistêmicos. (PARKER, 2001) 
 
8.8 Eritema multiforme (Síndrome de Stevens-Johnson) e Necrólise 
epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell) 
O tratamento dos pacientes com síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise 
epidérmica tóxica é similar ao tratamento de pessoas que apresentam queimaduras 
extensas. Devem ser observados em UTI, isolamento e ambiente aquecido, evitando-se 
o trauma cutâneo. Qualquer droga utilizada deve ser suspensa, a não ser àquelas 
essenciais à vida, e realizar reposição de fluidos via endovenosa. Deve-se utilizar sonda 
nasogástrica pois o paciente apresenta perda calórica e protéica. O uso de 
corticosteróides só deve ser feito após 48 horas do

Mais conteúdos dessa disciplina