Prévia do material em texto
35 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Estudos culturais Os estudos culturais promoveram uma reviravolta na análise e inter- pretação das culturas. Isso graças ao uso de novos métodos de aná- lises que possibilitaram juntar diferentes disciplinas para o estudo de determinados fenômenos sociais, culturais e políticos. Os estudos cul- turais surgiram na Inglaterra em meados do século XX e, atualmente, não se restringem mais a esse país, sendo possível identificá-los em vá- rios centros acadêmicos espalhados pelo mundo (ESCOSTEGUY, 1998). O que, afinal, são os estudos culturais? Quais são as suas dimen- sões? Qual relação mantém com a cultura? As respostas a esses ques- tionamentos se relacionam a contextos históricos variados, aos méto- dos de análises empregados pelos pesquisadores e, principalmente, à especificidade de cada área do conhecimento. 36 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Este capítulo propõe mapear e estudar o conceito de cultura com a descrição da sua origem, bem como identificar historicamente a ex- pansão do seu sentido. Além disso, serão analisados quais os senti- dos atribuídos aos estudos culturais, a sua configuração como campo de estudos e os conceitos de ideologia, hegemonia, cultura popular e identidade cultural. O objetivo é possibilitar o contato com o debate em torno das questões de gênero e raça e sua intersecção na construção de hierarquias sociais. 1 Cultura e estudos culturais: definições, conceitos e delimitações Etimologicamente, o termo “cultura” deriva do latim “culturae”, que, na sua origem, significava “cultivar”, e surgiu a partir de outro termo la- tino, “colere”, com o sentido de “cultivar as plantas” ou “ato de plantar”. Com o tempo, de forma análoga à sua origem, o termo passou a ser entendido também como a capacidade intelectual e educacional de uma pessoa, ou, ainda, como o estado do espírito cultivado pela instru- ção, estado do indivíduo que tem cultura, conforme explicam Godoy e Santos (2014). De acordo com Stuart Hall (2006), toda ação social é cultural, pois expressa ou comunica um significado. Nessa perspectiva, a cultura tem uma definição ampla, perpassando todas as esferas da vida, seja ela política, econômica, religiosa ou educacional. A cultura faz isso se cons- tituindo como fundamental para as práticas em sociedade, ao mes- mo tempo que confere sentido à realidade. Na esfera educacional, por exemplo, a cultura se materializa nos currículos e nas diversas práticas escolares, dando origem à cultura escolar. 37Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE A cultura escolar pode ser definida como um conjunto de práticas, normas e teorias que definem os conhecimentos e comportamentos dentro das escolas. Ela é singular, pois cada escola produz sua cultura específica, isto é, um conjunto de significados compartilhados no cotidiano escolar. Nessa definição, como podemos acompanhar, a cultura é concebida como o resultado da ação de todas as pessoas, ou seja, é produzida por todos. No entanto, na extensão do seu significado, a cultura pode ser identificada como produção, distribuição e consumo de bens que compõem a indústria cultural e, ainda, como ferramenta para o desen- volvimento político e social (CANEDO, 2009). A cultura foi se redefinindo, afastando-se da ideia que a colocava como exclusividade do campo da erudição, e foi se aproximando gradativamente dos elementos da tradi- ção popular. Nessa direção, surgiu na Inglaterra, em meados do século XX, uma nova perspectiva nos estudos dos significados das formações culturais, os estudos culturais. Os estudos culturais se configuram como uma área do conhecimen- to na qual as diferentes disciplinas, por meio de métodos analíticos pró- prios, estudam os diversos aspectos da cultura de uma determinada sociedade. Em outras palavras, essa área estuda como a cultura é pro- duzida, compartilhada e modificada, de acordo com as diferentes aná- lises empregadas pela antropologia, pela sociologia e pela história, por exemplo. Vale mencionar que, embora estas sejam disciplinas indepen- dentes, atuam de forma interdisciplinar no estudo da cultura, ou seja, é estabelecida uma relação de interação e diálogo entre as diferentes ciências para compreensão de um determinado fenômeno. 38 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NA PRÁTICA Na educação profissional, algumas experiências pautadas na interdisci- plinaridade têm ampliado as possibilidades de formação e capacitação dos estudantes, rompendo com a fragmentação dos saberes impostos pelas aulas tradicionais. Como exemplo, pode-se citar a experiência do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Itaperuna, que aceitou o desafio de construir a integração e a in- terdisciplinaridade em seus cursos técnicos integrados ao ensino médio. “Com esse objetivo, foi incluído nas matrizes curriculares dos cursos um componente chave denominado ‘Projeto Integrador’, que tem a finalida- de central de garantir a indissociabilidade entre a formação do ensino médio e a formação técnica profissional” (CRUZ et al., 2015, p. 45). Os estudos culturais se constituíram a partir de duas perspectivas fundamentais: o estruturalismo e o culturalismo. Na perspectiva estru- turalista, a cultura não é o resultado das inter-relações entre os sujeitos, mas, sim, de elementos macrossociais; as estruturas se sobrepõem às relações entre os sujeitos. Na perspectiva culturalista, a cultura é o re- sultado de uma prática social na qual a experiência e a interação são centrais, ou seja, as relações sociais se sobrepõem às estruturas. Em outras palavras, no culturalismo, destaca-se o papel da cultura na ex- plicação dos processos de formação individual e coletiva dentro das sociedades, e, no estruturalismo, são construídos modelos explicativos da realidade apoiados em unidades jurídicas, políticas, sociais e econô- micas, denominadas como estrutura. 1.1 Cultura e currículo Etimologicamente, o termo currículo, do latim “scurrere”, refere-se ao curso, ao caminho que se deve percorrer. No contexto escolar, tradi- cionalmente o currículo foi entendido como um conjunto de disciplinas estruturadas dentro de uma determinada lógica. Todavia, ao longo do 39Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. tempo, as concepções de currículo mudaram, conforme contextos his- tóricos específicos. Ou seja, o currículo também é influenciado por fato- res externos, como a política, a família, a igreja, sindicatos, entre outros. PARA SABER MAIS Para saber mais sobre as teorias do currículo, sugerimos a leiturade Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo, de Tomaz Tadeu da Silva (2002), Currículo e diversidade cultural, de J. Gimeno Sacristán (1995), e Currículo: teoria e história, de Ivor Goodson (1995). O currículo pode ser entendido como um conjunto de práticas que possibilitam a divulgação de significados que, juntos, colaborarão para a formação cultural e social dos estudantes. Em outras palavras, “o cur- rículo é, por consequência, um dispositivo de grande efeito no processo de construção da identidade do estudante” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p. 28). O currículo é um campo cultural, sujeito a disputas entre os di- ferentes grupos sociais, na tentativa de se consolidar uma hegemonia. A partir da segunda metade do século XX, os especialistas definiram o currículo em currículo formal, currículo real e currículo oculto. De acordo com Silva (2002), o currículo formal se refere ao currículo prescrito, definido pelo Estado por meio de documentos oficiais dos es- tabelecimentos de ensino, ou seja, define aquilo que deve ser ensinado nas escolas. O currículo real é aquele que ocorre no cotidiano da sala de aula; ele se manifesta na prática do professor com os alunos em processos de ensino. O currículo oculto diz respeito aos vários aspectos do ambiente escolar, que, mesmo não estando prescritos no currículo formal, contribuem implicitamente para o aprendizado dos alunos, ou seja, é tudo aquilo que é apreendido nas relações sociais. 40 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 1 – Currículos CURRÍCULO FORMAL CURRÍCULO REAL CURRÍCULO OCULTO Definido por documentos oficiais Aprendido na prática em sala de aula Acontece no ambiente escolar A relação entre o currículo e a cultura é muito estreita, pois o currí- culo é um espaço de tensão e de imposição de uma certa cultura. Por meio do currículo, podem ser consolidadas situações de opressão e dis- criminação a determinados grupos sociais. Um bom exemplo pode ser observado no processo de colonização do Brasil, no qual a ação jesuí- tica tinha como objetivo promover uma educação como forma de acul- turação, isto é, a inculcação, nos colonizados (indígenas), de práticas, técnicas, símbolos e valores próprios dos colonizadores. Dessa forma, os jesuítas, por meio da catequese realizada em escolas e seminários, pretendiam converter os “gentios” (SAVIANI, 2008). Em outra direção, na contemporaneidade, o processo de constru- ção do currículo tem dialogado com a diversidade e a pluralidade cul- tural. Nessa perspectiva, o currículo tem contribuído para dar visibili- dade a grupos historicamente marginalizados, por exemplo, negros, índios, mulheres, homossexuais, pessoas com algum tipo de deficiên- cia, entre outros, rompendo com uma visão monocultural1 no cotidia- no escolar. 1 O termo “monocultura” é utilizado para fazer referência à existência de uma única cultura. Nesse caso, ocorre a valorização da homogeneidade cultural. Esse fenômeno pode ser observado em países como Japão e China, além de países europeus que não têm medido esforços em proibir a entrada massiva de imigrantes, caracterizando-se como um fundamentalismo cultural (ALASTUEY, 2007). 41Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NA PRÁTICA A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Campos Salles, situ- ada no bairro de Heliópolis, na capital paulistana, desenvolve um projeto pedagógico que se materializa em um currículo bastante abrangente que contempla temas como a exclusão social, a participação da comunidade e a luta pelos direitos humanos, entre outros (EI, 2013). Dessa forma, em vez de aulas expositivas, os estudantes passaram a receber roteiros de estudo, nos quais desenvolvem percursos de aprendizagem individuais e em grupo sobre os mais diferentes campos do conhecimento. 2 Principais conceitos nos estudos culturais: ideologia, hegemonia, cultura popular e identidade cultural Os estudos culturais se relacionam a uma maneira de produção de análise cultural como central na compreensão da sociedade. Dessa for- ma, nos estudos culturais são empregados diversos métodos analíticos nas investigações dos fenômenos sociais, para tanto, apoiam-se nos conceitos de ideologia, hegemonia, cultura popular e identidade cultural. Em outras palavras, são conceitos-chave para compreensão das repre- sentações sociais construídas na sociedade, bem como das relações de força que permeiam a convivência social. 2.1 Ideologia De acordo com Mazzari (2012), o primeiro a cunhar o termo “ideolo- gia” foi o filosofo francês Antoine Destutt de Tracy, em 1796. Para ele, a ideologia seria uma “ciência das ideias”. Nessa direção, a ideologia seria um conjunto de ideias que orienta a convivência em sociedade. Ela é descritiva, à medida que estabelece um ponto de vista sobre como agir, e normativa, no sentido de estabelecer uma prática. 42 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Nos últimos anos, a palavra “ideologia” tem estado no centro de al- guns debates e polêmicas. Particularmente no Brasil, a partir dos pro- testos de 2013, tem ganhado espaço a ideia de que é possível fazer política ou governar sem ideologia. Por outro lado, como bem observou André Singer (2013), estamos diante de processos políticos e sociais nos quais as classes e as ideologias se cruzam. Nesse contexto, é re- chaçado tudo aquilo que supostamente tem viés ideológico. Diante dis- so, indaga-se: o ato de governar não pressupõe uma opção ideológica? As indicações para cargos públicos não seguem uma linha ideológica? Os discursos de combate à ideologia não encobrem outra ideologia? NA PRÁTICA Em junho de 2013, teve início uma série de manifestações, a partir da cidade de São Paulo, contra o aumento da tarifa do transporte público. Os protestos foram iniciados pelo Movimento Passe Livre (MPL), con- taram com a participação de diferentes grupos sociais e rapidamente se espalharam para outras capitais. As Jornadas de Junho, como tam- bém ficaram conhecidas, levaram às ruas mais de 1 milhão de pessoas e, com o tempo, ampliaram suas reivindicações para além do aumento das passagens (MENDES, 2018). Na educação, a ideologia ocorre por meio dos currículos e dos pro- cessos educativos. Nesse caso, a ideologia tanto pode conformar um agir e pensar como pode colaborar para o rompimento de determinadas estruturas. Assim, de uma maneira ou de outra, a ideologia é parte do processo de formação da subjetividade do estudante. Com outras pa- lavras, a ideologia presente na educação escolar pode colaborar para uma prática conservadora ou para uma prática libertadora. 43Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A ideologia é constitutiva das relações sociais e, em uma concepção marxista,2 ela é concebida como uma representação invertida da reali- dade. Ou seja, asideias das classes dominantes apresentam-se como únicas e definitivas, suplantando as contradições sociais. A ideologia ainda pode ser entendida como um conjunto de ideias que ignora as diferenças de classes e cria um sentimento de identidade social. Por exemplo, nas sociedades capitalistas atuais, a estrutura social vem sen- do moldada para atender a um novo modelo de cidadão que se realiza por meio do consumo. Nesse caso, prevalece a ideia de direito ligada à proteção do indivíduo enquanto consumidor. Quando isso ocorre, tem- -se uma situação de hegemonia. 2.2 Hegemonia De acordo com Alves (2010), a noção de hegemonia surgiu no con- texto de uma tradição marxista com o objetivo de se pensar as relações sociais em determinado tempo e espaço. A noção de hegemonia pro- põe uma nova relação entre a estrutura e a superestrutura na análise da sociedade. A estrutura refere-se à base do sistema produtivo em que se concentram os meios necessários à produção (fábricas, máquinas, terras, materiais), e a superestrutura refere-se às instituições (educação, família, religião, mídia, política) que estabelecem formas de dominação ideológica e institucional. Acompanhe na figura 2 um esquema explica- tivo sobre esses dois conceitos: 2 Ideologia, no pensamento marxista, é definida como uma falsa consciência na qual a realidade é invertida. Dessa forma, os interesses de uma determinada classe social dominante são colocados como interesses de toda a sociedade. 44 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 2 – Estrutura e superestrutura Forças produtivas e relações de produção Superestrutura Ideologia Religião Jurídico – ESTADO – Político Estrutura-base/economia Classe dominante Classe dominada - C AP ITA L E CO NÔ M IC O + + CAPITAL ECONÔM ICO - Fonte: adaptado de Soares (2011). Na relação social, a subordinação de um grupo para outro revela que tem sido comum ao grupo subordinado adotar uma concepção de mundo própria do outro grupo. Essa concepção é imposta e exterior ao grupo subordinado e tem como característica a ausência de uma consciência crítica. Assim, a hegemonia ocorre por meio da coerção, isto é, quando é imposta, ou por meio do consenso, quando pressupõe um acordo, em uma relação de simultaneidade, constituindo-se como um território de disputa. 45Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NA PRÁTICA A coerção, quando internalizada, faz o indivíduo pensar que suas ações são determinadas pela sua livre escolha. Um exemplo de coerção ocor- reu em 2018, quando os moradores de um bairro paulistano da Zona Sul resolveram espalhar faixas pelas ruas ameaçando divulgar nas redes sociais as placas dos veículos de clientes das garotas de programas que trabalhavam no local (BRAGA, 2018). A ação fez com que muitas garotas de programa mudassem para outras regiões. Na educação, particularmente no currículo, a hegemonia se cons- trói no campo simbólico, em que determinados conhecimentos são legitimados e outros são negados. Entretanto, o espaço do currículo é marcado também por disputas contra hegemonias. De acordo com Gramsci (2007), a hegemonia e a educação estão integradas na prática social, ou seja, não existe hegemonia sem educação, assim como não existe educação sem hegemonia. Elas funcionam conjuntamente. 2.3 Cultura popular A cultura popular foi definida durante muito tempo em contraposição a uma cultura letrada e de elite ou supostamente refinada. Para muitos, a cultura popular é tudo aquilo que vem do povo, uma cultura “não oficial” das classes “subalternas”, nesse caso, não há uma definição mais preci- sa do termo dando a falsa impressão de homogeneidade. Para outros, a cultura popular corresponderia, ainda, ao folclore, entendido como o conjunto das tradições culturais de um país ou região (ABREU, 2003). A cultura popular, então, corresponde a um saber não oficial e contra-hegemônico, uma vez que se contrapõe aos padrões estabeleci- dos pelas classes dominantes. De acordo com Chartier (1995, p. 79), te- mos, de um lado, uma cultura popular que constitui um mundo à parte, encerrado em si mesmo, independente, e, de outro, uma cultura popular 46 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . inteiramente definida pela sua distância da legitimidade cultural, da qual ela é privada. Somente a partir do século XX a cultura popular passou a ser incluída à ideia de cultura, pois, até então, era concebida como algo menor e fora da cultura idealizada pela elite. IMPORTANTE A cultura popular refere-se aos costumes, saberes e práticas produzidos nas classes populares. Nesse sentido, não pode ser confundida com a cultura de massa, que se caracteriza por transformar em mercadoria os costumes, saberes e práticas para a indústria cultural. 2.4 Identidade cultural Identidade cultural refere-se à identificação e ao pertencimento do sujeito a um determinado grupo social. De acordo com Hall (2006), a identidade cultural é definida no processo histórico, e não biologicamen- te. Nessa perspectiva, os sujeitos assumem diferentes identidades em momentos distintos, isto é, a identidade não é única, nem fechada em si mesma; muitas vezes é contraditória e aponta para diferentes direções. Em outras palavras, a identidade cultural ocorre por meio da interação humana e compartilha um conjunto de valores que orientarão a convi- vência em determinados espaços dentro da sociedade. NA PRÁTICA Na conceituação de identidade, há duas concepções diferentes, mas que se complementam: a identidade social, que corresponde às característi- cas atribuídas pelo grupo ao sujeito, ou seja, quando são conferidas a determinado profissional características relacionadas à sua profissão; e a autoidentidade, que se refere ao sentido que o sujeito atribui a si mes- mo na relação com os outros. Por exemplo: um professor pode atribuir a 47Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. si mesmo atributos positivos, como competente, dedicado e compromis- sado, ao passo que, quando avaliado por seus alunos, esses atributos poderão ser confirmados ou refutados com novos atributos negativos. Assim, a identidade cultural “costura” o sujeito à estrutura social, criando a ideia de pertencimento a um grupo ou sociedade. A identida- de cultural ocorre por meio de processos de negociação e de represen- tações sociais, ou seja, é formada a partir de acordos e de concepções de mundo. Nesse sentido, a educação, por meio dos seus conteúdos curriculares e da cultura escolar instituída, colabora para a constituição da identidade dos estudantes. 3 Gênero e raça no olhar sobre cultura Gênero e raça são categorias importantes na construção de hierar- quias sociais, que corroboram para a instituição de modelos padroniza- dos no imaginário social e, ainda, para a cristalização de preconceitosem contraposição à diversidade cultural. São categorias fundamentais para a compreensão das condições precarizadas de acesso ao emprego, ao salário, à educação, à saúde, à moradia e à cidadania de maneira geral. A conceituação de gênero é bastante complexa, tem uma longa his- tória e aponta para diversas definições. Durante muito tempo, o concei- to de gênero foi utilizado como sinônimo de mulher, com isso, as carac- terísticas relacionadas à mulher foram desvalorizadas em comparação às dos homens. Vale dizer que, no senso comum, as diferenças de gê- nero são entendidas como naturais e são determinadas pelos corpos. Em alguns casos, a conceituação de gênero se apresenta como pos- sibilidade de entender os processos de construção do que é ser homem e do que é ser mulher e como isso opera nas relações sociais. 48 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . PARA SABER MAIS Um filme interessante que possibilita refletir sobre o assunto é Billy Elliot. Esse filme acompanha a vida de um garoto de 11 anos, Billy Elliot, filho de um mineiro de carvão do norte da Inglaterra. O garoto é obrigado pelo pai a treinar boxe. No entanto, em sua academia, há aulas de dança clás- sica, e Billy fica fascinado com a magia do balé. Incentivado pela profes- sora de balé, que vê em Billy um talento nato para a dança, ele resolve, então, pendurar as luvas de boxe e se dedicar de corpo e alma à dança, contrariando a vontade do pai (BILLY Elliot, 2000). As relações de gênero se definem pelos aspectos culturais e sociais, e não pelos fatores biológicos. São construções históricas assentadas em papéis sociais desiguais exercidos por homens e mulheres e apro- priados pela cultura. Em outras palavras, a “diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher. O sexo é atribuído ao biológico enquanto gênero e é uma construção social e histórica” (NOGUEIRA; FELIPE; TERUYA, 2008, p. 4). A ideia de gênero comporta significados simbólicos que se relacio- nam ao sexo biológico. Dessa forma, muitos comportamentos e ativida- des são atribuídos ao homem ou à mulher como exclusivos de cada um, ou seja, o que compete ao masculino e o que compete ao feminino. No entanto, as diferenças entre o masculino e o feminino são transforma- das em desigualdades, fato que tem colaborado para a construção cul- tural de subordinação das mulheres aos homens, isto é, as desigualda- des são aceitas como naturais, criando assimetrias de gênero. Assim, gênero refere-se à construção social do sexo anatômico que distingue a dimensão biológica da dimensão social, ou seja, quando se refere à espécie humana, pressupõe-se a existência de machos e fêmeas, no en- tanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura (BRASIL, 2009). 49Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Com relação à mulher negra, é importante dizer que a construção cultural de subordinação se constitui na intersecção entre gênero e raça, mostrando-se ainda mais perversa. Segundo Holvino (2010), his- toricamente, a mulher negra não foi considerada como sexo frágil, pois seu trabalho como escrava e ama de leite e a exploração que sofreu ao longo do tempo em momento algum a compararam à ideia da mulher branca e frágil que deveria ser protegida e mantida no espaço particular da casa. No campo dos estudos de gênero, tem se destacado a neces- sidade de articulação de gênero e raça, no sentido de dar maior especi- ficidade às mulheres negras. Por fim, é importante reforçar que gênero não é o mesmo que sexo, que só pode ser compreendido na relação com a cultura e que é relacio- nal, ou seja, só é possível pensar e conceber o feminino em relação ao masculino, e vice-versa. Atualmente, o conceito de raça não se sustenta biologicamente, visto que, cientificamente, se comprovou que são mínimas as diferen- ças genéticas entre os seres humanos, independentemente de cor ou qualquer outra característica física. Contudo, no campo social, político e cultural, o termo “raça” é empregado para informar que determinadas características físicas interferem ou determinam o lugar social dos su- jeitos na sociedade. Por outro lado, o Movimento Negro, desde a década de 1970, tem ressignificado positivamente o termo “raça” com a valori- zação da negritude herdada dos diversos povos africanos que vieram para o Brasil (BRASIL, 2004). Nessa perspectiva, além das reivindicações do Movimento Negro, foram adotados slogans de valorização e aceitação da negritude, tais como: “Negro é lindo!”, “Negra, cor da raça brasileira!”, “Negro que te que- ro negro!” e “100% negro”. É importante mencionar que, como resultado das ações do Movimento Negro, foi criada a Lei no 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e privadas no país. 50 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Sob o ângulo educacional, as categorias gênero e raça ainda são pouco representadas no currículo, no espaço escolar e nos materiais didáticos. Muitas vezes, as representações acabam por criar ou reforçar estereótipos e demarcar os espaços dos sujeitos conforme o seu per- tencimento dentro dessas categorias. Dessa forma, colaboram para um processo de ensino e aprendizagem que desconsidera as diferenças e a pluralidade cultural. Considerações finais Neste capítulo, foi possível identificar que “cultura” é um termo im- preciso para designar a diversidade que comportam as sociedades. Nesse sentido, seria mais apropriado o uso do termo no plural, ou seja, “culturas”, que se relaciona de forma mais estreita com a ideia de diver- sidade cultural. Os estudos culturais são um ramo das ciências humanas com um viés interdisciplinar. Configuram-se metodologicamente como uma dis- ciplina ou campo de estudo, cujas áreas de interesse abrangem estu- dos relacionados a cultura popular, gênero, sexualidade, movimentos sociais, multiculturalismo, entre outros. A cultura para os estudos cultu- rais perpassa todas as práticas sociais e suas inter-relações. O currículo pode ser entendido como uma construção cultural e um campo de disputas entre os diferentes grupos e atores sociais e um espaço de circulação de diferentes narrativas. É constituído por um conjunto de prescrições normativas que colaboram para processos de homogeneização do ensino, portanto, não é neutro. O currículo está em constante movimento, não é estático e varia conforme o tempo e o es- paço, ou seja, está em permanente construção. Nos estudos culturais, os conceitos de ideologia, hegemonia, cultura popular e identidade cultural possibilitam a compreensão dos mecanis- mos de manutenção e de mudanças dentro da sociedade. A ideologia 51Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. se configura como um conjunto de ideias e valoresque orientam os comportamentos dos diferentes grupos sociais, já a hegemonia pode ser entendida como o domínio moral e político de uma classe sobre a outra. A cultura popular é o resultado dos diversos saberes e costumes materializados em diferentes manifestações culturais, e a identidade cultural ocorre por meio de processos de interação e negociação entre os sujeitos na sociedade; ela é o que cimenta o sujeito na estrutura da sociedade. Por fim, gênero e raça, para além dos aspectos biológicos, são cons- truções sociais e culturais que desvelam que as hierarquias sociais fo- ram se constituindo tendo como base o preconceito e a discriminação de grupos sociais historicamente marginalizados. Referências ABREU, Martha. Cultura popular, um conceito e várias histórias. In: ABREU, Martha; SOIHET, Rachel. Ensino de história, conceitos, temáticas e metodologias. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. ALASTUEY, Eduardo Bericat. La valoración social del multiculturalismo y del monoculturalismo en Europa. Centro de Estudios Andaluces/Universidad de Sevilla, 2007. Disponível em: https://idus.us.es/xmlui/bitstream/ handle/11441/47602/00000599_090h0101.PDF?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 15 set. 2019. ALVES, Ana Rodrigues Cavalcanti. O conceito de hegemonia: de Gramsci a Laclau e Mouffe. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 80, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102-64452010000200004. Acesso em: 15 set. 2019. BILLY Elliot. Direção: Stephen Daldry. Roteiro: Lee Hall. Produção: Greg Brenman e Jon Finn. United International Pictures, Universal Pictures, set. 2000. BRAGA, Thiago. Moradores da Zona Sul de SP ameaçam expor clientes de prostitutas na internet. Folha de S.Paulo. 20 set. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/moradores-da-zona- 52 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . sul-de-sp-ameacam-expor-clientes-de-prostitutas-na-internet.shtml. Acesso em: 25 out. 2019. BRASIL. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/res em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais. Brasília, DF: SPM, 2009, p. 3, texto 2. Disponível em: http://estatico.cnpq.br/portal/ premios/2014/ig/pdf/genero_diversidade_escola_2009.pdf. Acesso em: 3 out. 2019. BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm. Acesso em: 15 set. 2019. BRASIL. Parecer CNE/CP 003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 maio 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/cnecp_003.pdf. Acesso em: 15 set. 2019. CANEDO, Daniele. “Cultura é o quê?”: reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos poderes públicos. In: V ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA. Salvador, 27-29 maio 2009. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf. Acesso em: 15 set. 2019. CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO INTEGRAL (EI). EMEF Campos Salles transforma currículo e valoriza a autonomia do estudante. EI. 27 ago. 2013. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/experiencias/escola- transforma-curriculo-e-valoriza-a-autonomia-do-estudante/. Acesso em: 30 set. 2019. CHARTIER, Roger. Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 16, p. 179-192, 1995. CRUZ, Bruna Paula da et al. O Projeto Integrador no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Itaperuna, RJ: uma expe- riência em integração e interdisciplinaridade. Revista Educação & Tecnologia, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 45-58, maio/ago. 2015. Disponível em: https:// 53Estudos culturais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. periodicos.cefetmg.br/index.php/revista-et/article/view/726/599. Acesso em: 30 set. 2019. ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Uma introdução aos estudos culturais. Revista Famecos, v. 5, n. 9, 1998. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/ index.php/revistafamecos/article/view/3014. Acesso em: 15 set. 2019. GODOY, Elenilton Vieira; SANTOS, Vinício de Macedo. Um olhar sobre a cultura. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 30, n. 3, p. 15-41, jul./set. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edur/v30n3/v30n3a02.pdf. Acesso em: 15 set. 2019. GOODSON, Ivor. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes, 1995. GRAMSCI, Antonio. Quaderni del carcere. 3. ed. v. 4. Torino: Einaudi, 2007. HALL, Stuart. A identidade em questão. In: HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 7-22. HOLVINO, Evangelina. Intersections: the simultaneity of race, gender and class in organization studies. Gender, Work & Organization, v. 17, n. 3, p. 248-277, maio 2010. MAZZARI, Marcus V. Ideologia: uma breve história do conceito. Estudos Avançados, v. 26, n. 75, p. 359-362, 2012. MENDES, Vinícius. “Junho de 2013 é um mês que não terminou”, diz socióloga. BBC Brasil. São Paulo, 3 jun. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/ portuguese/brasil-44310600. Acesso em: 15 set. 2019. MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre cur- rículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. NOGUEIRA, Juliana Keller; FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar. Fazendo Gênero, Florianópolis, v. 8, 2008. SACRISTÁN, J. Gimeno. Currículo e diversidade cultural. Petrópolis: Vozes, 1995. SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008. 54 Diversidade na educação M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. SINGER, André. Brasil, junho de 2013: classes e ideologias cruzadas. Novos Estudos – CEBRAP, São Paulo, n. 97, nov. 2013. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002013000300003. Acesso em: 15 set. 2019. SOARES, Luiz Felipe. Política e Estado em Marx (estrutura e superestrutura). Etapas do Pensamento Social. 28 jan. 2011. Disponível em: http:// etapasdopensamento.blogspot.com/2011/01/politica-e-estado-em-marx- estrutura-e.html. Acesso em: 3 out. 2019..