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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 O uso indiscriminado de antimicrobianos durante a pandemia da COVID-19 como possível fator influenciador da resistência bacteriana em efluentes hospitalares no Brasil The indiscriminate use of antimicrobials during the COVID-19 pandemic as a possible factor influencing bacterial resistance in hospital effluents in Brazil El uso indiscriminado de antimicrobianos durante la pandemia de COVID- 19 como posible factor de influencia en la resistencia bacteriana en efluentes hospitalarios en Brasil DOI: 10.55905/revconv.17n.3-009 Originals received: 01/26/2024 Acceptance for publication: 02/16/2024 Líllian Oliveira Pereira da Silva Doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente Instituição: Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Endereço: Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil E-mail: silvalop95@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7788-5527 Jaime Antonio Abrantes Doutor em Ciências: Saúde Pública e Meio Ambiente Instituição: Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Endereço: Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil E-mail: jaime.abrantes@fiocruz.br Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9989-0864 Joseli Maria da Rocha Nogueira Doutora em Saúde Pública Instituição: Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Endereço: Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil E-mail: joseli.maria@fiocruz.br Orcid: https://orcid.org/ 0000-0003-4923-6500 RESUMO De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as bactérias resistentes aos antimicrobianos serão responsáveis por cerca de dez milhões de mortes anuais até 2050. O uso indiscriminado destes fármacos, bem como seu despejo inadequado, são apontados como os principais desafios ambientais a ser enfrentado pela saúde pública mundial. O presente estudo exploratório teve como objetivo avaliar o impacto da comercialização de azitromicina, ivermectina e cloroquina, durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, na detecção ambiental de bactérias resistentes no período pós-pandêmico utilizando dados secundários referentes à venda de medicamentos mailto:silvalop95@gmail.com mailto:jaime.abrantes@fiocruz.br mailto:joseli.maria@fiocruz.br 2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 controlados industrializados em todo o país. Somente durante o período da pandemia, houve um aumento de 1,375 milhões de unidades de antibióticos comercializas e mais de 1.5 milhões de unidades de cloroquina foram vendidas no Brasil. Há uma tendência linear quanto ao aumento de isolados bacterianos resistentes, atribuida ao uso indiscriminado de antimicrobianos e a comercialização do KIT COVID no Brasil. Embora o impacto para a saúde pública ainda não possa ser mensurado, o despejo destes fármacos e a ausência de tratamento adequado dos efluentes hospitalares podem ser prejudiciais à biota em diferentes níveis tróficos, além de causar distúrbios à saúde humana e animal, através da alteração da microbiota, pela infecção direta ou vetorada de microrganismos resistentes. Os dados apresentados apontam a necessidade de traçar novas estratégias para mitigar o impacto da AMR, bem como novos estudos para o monitoramento de microrganismos resistentes, antimicrobianos e seus resíduos em efluentes hospitalares. Palavras-chave: antibióticos, bactérias resistentes, Cloroquina, esgoto hospitalar, Ivermectina. ABSTRACT According to the World Health Organization, bacteria resistant to antimicrobials will be responsible for ten million deaths per year by 2050. The indiscriminate use of these drugs, as well as their inadequate disposal, are indicated as the main environmental challenges to be faced by the global public health. This exploratory study aimed to assess the impact of antimicrobial sales during the COVID-19 pandemic in Brazil on the environmental detection of resistant bacteria during the post-pandemic period using secondary data concerning the sale of controlled industrialized medications across the country, where an increased sale of 1.375 million antibiotic units was noted during the pandemic. A linear trend was observed regarding the possible increase in resistant bacterial isolates, attributed to the use of antimicrobials during the COVID-19 pandemic, given the commercialization of the COVID KIT in Brazil, containing, among other drugs, azithromycin, ivermectin and chloroquine. During the pandemic period, more than 1.5 million chloroquine units were sold in Brazil. Although the impact on public health cannot yet be measured, the consumption of these drugs and lack of adequate hospital effluent treatment of affect biota at different trophic levels, as the environment is increasingly favorable for the selection, transfer, and transmission of resistance genes. In addition, can cause human and animal health disturbances through microbiota alterations by direct or vector infection of resistant microorganisms. The presented data point the need to outline new strategies to mitigate AMR impacts, as well new studies to monitor resistant microorganisms, antimicrobials, and their components in hospital effluents. Keywords: antibiotics, Chloroquine, hospital sewage, Ivermectin, resistant bacteria. RESUMEN Según la Organización Mundial de la Salud, las bacterias resistentes a los antimicrobianos serán responsables de diez millones de muertes al año en 2050. El uso indiscriminado de estos medicamentos, así como su eliminación inadecuada, se señalan como los principales desafíos ambientales a los que se enfrentará el planeta. salud pública. Este estudio exploratorio tuvo como objetivo evaluar el impacto de las ventas de antimicrobianos durante la pandemia de COVID-19 en Brasil en la detección ambiental de bacterias resistentes durante el período pospandemia utilizando datos secundarios sobre la venta de medicamentos industrializados controlados en todo el país, donde una mayor venta Durante la pandemia se registró un consumo de 1,375 millones 3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 de unidades de antibióticos. Se observó una tendencia lineal en cuanto al posible aumento de aislados bacterianos resistentes, atribuido al uso de antimicrobianos durante la pandemia de COVID-19, dada la comercialización en Brasil del KIT COVID, que contiene, entre otros fármacos, azitromicina, ivermectina y cloroquina. Durante el período de la pandemia, se vendieron en Brasil más de 1,5 millones de unidades de cloroquina. Aunque aún no se puede medir el impacto en la salud pública, el consumo de estos medicamentos y la falta de un tratamiento adecuado de los efluentes hospitalarios afectan a la biota en diferentes niveles tróficos, ya que el ambiente es cada vez más favorable para la selección, transferencia y transmisión de genes de resistencia. Además, pueden provocar alteraciones en la salud humana y animal mediante alteraciones de la microbiota por infección directa o vectorial de microorganismos resistentes. Los datos presentados señalan la necesidad de delinear nuevas estrategias para mitigar los impactos de la RAM, así como nuevos estudios para monitorear microorganismos resistentes, antimicrobianos y sus componentes en los efluentes hospitalarios. Palabras clave: alcantarillado hospitalario, bacterias resistentes, antibióticos, Cloroquina, Ivermectina. 1 INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a resistência aos antimicrobianos (AMR, do inglês, Antimicrobial resistance) é uma das principais causas de mortes em todo o mundo, com cerca de 700 mil mortes anuais (OPAS/OMS, 2019), sendo preocupante o aumento de bactérias pan-resistentes, ou seja, resistentes a todas as classes de antimicrobianos comercializados atualmente (Hsu, 2020; Vellano e Paiva, 2020). Durantea pandemia da Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19, do inglês, Coronavirus Disease 2019), o uso indiscriminado de antimicrobianos passou a ser uma preocupação resultante da prescrição do chamado ‘KIT COVID’, que continha fármacos como a azitromicina, ivermectina e a cloroquina. Ainda que sem comprovação científica de sua eficácia, estes medicamentos foram utilizados não só como tentativa de tratamento e/ou profilaxia contra o SARS-CoV-2 (Furlan e Caramelli, 2021; Marinho e Paz, 2021), mas também a fim de evitar o aumento casos de coinfecções bacterianas, dada sua semelhança clínica com a COVID-19 (Silva et al., 2022). O uso indiscriminado de antimicrobianos acaba por favorecer a seleção de bactérias resistentes ao tratamento, trazendo mais um problema para a saúde pública (Silva e Nogueira, 2021a). Outra preocupação em relação a esses fármacos é a sua introdução em ambientes aquáticos, como rios, oceanos e lagoas, podendo atingir o lençol freático (Comber et al., 2020), uma vez que as tecnologias de tratamento de águas residuais usadas, em geral, não são capazes de eliminar completamente esses antimicrobianos. O contato destes resíduos com o microbioma 4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 pode estimular a AMR e servir como reservatório de genes de resistência, originando, assim, o chamado resistoma (Usman et al., 2020; Lima, 2022). O surgimento de microrganismos resistentes pode alavancar outra pandemia, ainda mais perigosa, afetando a saúde ambiental, humana e animal (UNEP, 2022). Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar o impacto da comercialização de antimicrobianos durante a pandemia de COVID-19 no Brasil na detecção de bactérias resistentes no ambiente no período pós-pandêmico. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório de todo o território nacional, utilizando dados secundários referentes à venda de medicamentos controlados industrializados a partir do portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), disponível em: https://www.gov.br/pt- br/servicos/consultar-dados-de-vendas-de-medicamentos-controlados-antimicrobianos-e- outros, e fazendo uso das informações registradas pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). A seleção dos antimicrobianos para o filtro de unidades comercializadas foi baseada no estudo realizado por Silva e colaboradores (2022), que verificaram quais foram os fármacos utilizados na prática clínica durante a pandemia de COVID- 19 no Brasil. Os dados obtidos foram referentes ao período entre 2017 e 2022, tendo como medida de consumo, a unidade física dispensada. A fim de categorizar e comparar a venda durante a pandemia, os resultados obtidos foram agrupados em triênios: pré-pandemia (2017 a 2019) e pandemia (2020 a 2022). Para elaboração dos gráficos, utilizou-se o Microsoft Excel®. Em seguida, uma revisão integrativa da literatura foi realizada, filtrando trabalhos publicados em 2023, tendo em vista o fim do estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à COVID-19 em maio deste ano (OPAS/OMS, 2023), utilizando, como fonte dos dados, o Portal de Periódico da Capes e PubMed. Para realização da busca, foram utilizadas palavras-chave como Resistência bacteriana (Bacterial resistance); Resistência antimicrobiana (Antimicrobial resistance); Efluentes hospitalares (Hospital effluents); Esgotos hospitalares (Hospital sewages); Resíduos de antibióticos (Antibiotic residues); Antibióticos (Antibiotics); Antimicrobianos (Antimicrobials); Resistência multidroga (Multidrug resistance); Cloroquina (Chloroquine); Hidroxicloroquina (Hydroxychloroquine). http://www.gov.br/pt- 5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Sendo assim, a estratégia de busca se deu pela seguinte associação: ““Resistência bacteriana” OR “Bacterial resistance” OR “Resistência antimicrobiana” OR “Antimicrobial resistance” OR “Resistência multidroga” OR “Multidrug Resistance” AND “Efluentes hospitalares” OR “Hospital effluents” OR “Esgotos hospitalares” OR “Hospital Sewages” AND “Resíduos de antibióticos” OR “Antibiotic residues” OR “Antibióticos” OR “Antibiotics” OR “Antimicrobianos” OR “Antimicrobials” OR “Cloroquina” OR “Chloroquine” OR “Hidroxicloroquina” OR “Hydroxychloroquine” AND “Ivermectina” OR “Ivermectin”” Realizou-se a leitura dos títulos, seguido da leitura dos resumos e a presença das palavras- chave utilizadas. Os artigos aprovados foram lidos na íntegra e aqueles que apresentavam informações pertinentes foram selecionados para compor os resultados. Os atalhos metodológicos utilizados estão descritos na Tabela 1. Tabela 1 – Atalhos metodológicos implementados e suas limitações Atalho metodológico Descrição Justificativa Limitação identificada Tempo de publicação das evidências Pesquisas publicadas em 2023 Ênfase no período pós- pandemia da COVID- 19 Exclusão de artigos relevantes publicados anteriormente. Consulta de literatura cinzenta Sim Período de produção dos resultados pós- pandemia Exclusão de artigos não publicados, teses, dissertações e matérias de jornal. Revisão por pares externos Não Redução no prazo de realização do estudo Possibilidade de viés de seleção e baixa reprodutibilidade. Idiomas de publicação Português e inglês Capacitação dos integrantes Exclusão de artigos relevantes publicados em outros idiomas. Fonte: Os autores (2023). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 COMERCIALIZAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS E A AMR Somente durante os anos de pandemia (2020-2023), mais de 68 milhões de unidades de antibióticos foram vendidas no Brasil (Silva, 2023). Dada a heterogeneicidade dos protocolos implementados como profilaxia ou tratamento contra a COVID-19 (Silva et al., 2022), os principais antimicrobianos comercializados durante o período pandêmico podem ser encontrados na Tabela 2. Tabela 2 – Principais antibióticos utilizados durante a pandemia. Classe farmacológica Antimicrobiano Aminoglicosídeo Amicacina 6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Análogos do ácido fólico Trimetropim Beta-lactâmicos Imipenem, Meropenem, Cefotaxima, Ceftriaxona, Ceftarolina, Cefepime, Ceftazidima, Ampicilina-Sulbactam, Piperaciclina, Tazobactam Fluoroquinolonas Levofloxacino, Moxifloxacino Glicopeptídeos Vancomicina Macrolídeos Azitromicina, Claritromicina, Ivermectina Oxazolidinonas Linezolida Sulfonamidas Sulfametoxazol Tetraciclinas Doxiciclina Aminoquinolonas Hidroxicloroquina, Cloroquina Fonte: Adaptado de Silva et al. (2022). Ao comparar as vendas do triênio anterior à pandemia (2017-2019) com as do período pandêmico (2020-2022), nota-se um aumento de mais de 1.375 milhões de unidades comercializadas (2%), demonstrando que houve uma busca por antimicrobianos nos últimos três anos (Figura 1). Figura 1 – Unidades de antibióticos vendidas no Brasil de acordo com os períodos estudados: pré-pandêmicos (2017-2019) e pandêmico (2020-2022). Fonte: Adaptado de Silva (2023) Ainda durante a pandemia, a comercialização de antiparasitários expandiu (Silva, 2023), tendo a hidroxicloroquina e a ivermectina difundidas pelo Governo Federal e Forças Armadas (Costa, 2023), cuja distribuição destes fármacos alcançou a marca de 2 milhões de comprimidos para todo o Brasil (Tabela 3). 7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Tabela 3 – Unidades de antibióticos, hidroxicloroquina e ivermectina vendidas no Brasil de acordo com os períodos estudados: pré-pandêmicos (2017-2019) e pandêmico (2020-2022). ANO Antibióticos Ivermectina Hidroxicloroquina P ré -p a n d em ia 2017 12.284.84420 n.r. 2018 12.117.615 67 n.r. 2019 42.977.555 76 5 P a n d êm ic o 2020 33.352.892 452.966 724.183 2021 32.649.764 9.937 806.802 2022 2.752.409 135 5.963 Total 136.135.079 463.201 1.536.953 Legenda: n.r. – Não registrado. Fonte: Adaptado de Silva (2023). É válido ressaltar que a hidroxicloroquina e a ivermectina não eram medicamentos controlados pela ANVISA, onde a necessidade de retenção de receita só foi publicada em julho de 2020, após sua comercialização no KIT COVID (Silva, 2022). Em 2021, o registro de venda de medicamentos sujeitos a controle especial no SNGPC foi temporariamente suspenso e, no ano seguinte, a transmissão destes dados se tornou voluntária para os estabelecimentos, fazendo com que não seja possível precisar as informações disponibilizadas, aumentando a subnotificação (Brasil, 2022). A Cloroquina, bem como seu derivado, Hidroxicloroquina, apresentam uma estrutura análoga à Quinina, (Callefi, 2015), favorecendo a descoberta das quinolonas e fluoroquinolonas, antibióticos utilizados no tratamento de infecções do trato urinário (Idowu; Schweizer, 2017). Durante a pandemia, regiões com incidência elevada de COVID-19 também apresentaram altas taxas de eliminação de aminoquinolonas pela excreção dos pacientes (Ferreira; Carvalho, 2023). Por se tratar de moléculas análogas, o uso da cloroquina pode acarretar a resistência cruzada às fluoroquinolonas. Na Guiana, a resistência à ciprofloxacina foi avaliada em cepas de Escherichia coli isoladas de amostras de 535 moradores de um vilarejo que nunca teve contato com este antibiótico, apenas com a cloroquina, apresentando 5,4% de positividade (n = 30) (Davidson et al., 2008). Pertencente à família dos macrolídeos, a ivermectina apresenta atuação frente à cepas de micobactérias resistentes aos antimicrobianos, como o Mycobacterium tuberculosis e o 8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Mycobacterium bovis (Lim et al., 2013; Piras et al., 2022). Relatos de atividade inibitória contra bactérias Gram positivas e Gram negativas, incluindo Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Chlamydia trachomatis, também são encontrados na literatura (Pettengill et al., 2012; Piras et al., 2015; Piras et al., 2022). De acordo com os dados divulgados por Menezes (2021), a AMR segue uma tendência linear quanto ao aumento de isolados resistentes após o período pandêmico, estando diretamente relacionado ao uso indiscriminado de antimicrobianos. Estudos realizados durante o período pandêmico relatam o aumento da resistência bacteriana, abrangendo cepas de Acinetobacter spp., Pseudomonas spp. e Klebsiella spp., estando relacionado ao uso excessivo de antimicrobianos em pacientes acometidos pela COVID-19, mesmo quando não apresentavam coinfecção bacteriana (Bazaid et al., 2022; Desai et al., 2022; Mares et al., 2022). Em 2022, no Irã, as concentrações de Azitromicina em esgotos aumentaram de 9 a 48 vezes em relação aos dados obtidos antes da pandemia (Mirzaie et al., 2022). Outros antimicrobianos, como a claritromicina e sulfametoxazol, também foram encontrados com maior frequência nos esgotos durante a pandemia da COVID-19 (Ferrara et al., 2023). Na Índia, observou-se a predominância de genes de resistência contra aminoglicosídeos, macrolídeos, carbapenêmicos, trimetoprim e sulfonamidas em todas as amostras de esgoto testadas. Além disso, identificaram o gene mcr-5.1 de resistência à colistina móvel pela primeira vez no esgoto de um hospital indiano, demonstrando que houve uma mudança no perfil de resistência em efluentes hospitalares após a pandemia (Talat et al., 2023). Na China, utilizando metagenômica e bioinformática para analisar a comunidade microbiana de um esgoto hospitalar, Sun e colaboradores, em 2023, identificaram cerca de 1568 genes de resistência, correspondendo a 29 tipos e subtipos de antibióticos. Além disso, perfis de resistência múltipla foram observados, onde cerca de 82,8% foram considerados resistentes a múltiplas drogas (MDR, do inglês, Multidrug resistant) e 17,2% correspondiam a cepas extensivamente resistentes a medicamentos (XDR, do inglês, Extensively drug resistant), onde 16 genes de resistência foram associados a outros antibióticos (Liu et al., 2023). A resistência aos carbapenêmicos está cada vez mais presente em diferentes cepas da ordem Enterobacterales, principalmente pela transferência plasmidial dos genes correspondentes às carbapenemases (Marathe et al., 2023). Na Noruega, cinco cepas de E. coli multirresistentes foram detectadas nos afluentes e efluentes da estação de tratamento que recebe esgoto hospitalar 9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 da região (Marathe et al., 2023). Os autores afirmam que casos de resistência aos carbapenêmicos são mínimos, contudo, a detecção recorrente destes genes na estação de tratamento destaca os riscos para a disseminação desse plasmídeo em clínicas. Casos de bactérias resistentes em esgotos hospitalares da Malasia, África do sul, China e Índia também foram relatados, incluindo cepas multirresistentes de Salmonella Typhi, Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter sp. e Aeromonas veronii (Bakon et al., 2023; Kumawat et al., 2023; Okafor; Nwodo, 2023; Zhu et al., 2023). Ressalta-se que as tecnologias convencionais não são capazes de remover as bactérias resistentes e/ou seus genes de resistência dos efluentes hospitalares, tornando-o um polo de propagação da AMR (Silva, 2020). No Irã, foram comparadas as taxas de cepas resistentes de E. coli e genes associados à resistência bacteriana no esgoto de um hospital, onde a resistência a múltiplas drogas esteve em 90% dos isolados de esgoto bruto (n = 30) e em 96,66% dos isolados de esgoto tratado (n = 30), demonstrando a ineficácia dos tratamentos de efluentes (Bozorgomid et al., 2023). Em um estudo realizado em Ribeirão Preto, município de São Paulo (Brasil), 28 isolados de esgoto hospitalar foram considerados multirresistentes, incluindo quatro isolados não susceptíveis a pelo menos 50% dos antibióticos testados, tendo como principal representante a Klebsiella pneumoniae, conhecida pela produção de carbapenemase (Nakamura-Silva et al., 2023). Tais resultados corroboram para com os achados de Liu e sua equipe (2023), que identificaram a cepa de K. pneumoniae carbapenemase (KPC) como a principal espécie entre os isolados resistentes a carbapenêmicos no esgoto de um hospital terciário em Changchun, China. Ainda que apresentem elevada importância clínica, o perfil do resistoma em efluentes hospitalares ainda não recebe a devida atenção. Embora não tenha sido detectado no esgoto, a mudança do perfil de sensibilidade das bactérias frente aos antimicrobianos em infecções hospitalares foi relatada em um hospital privado, situado em Fortaleza (Ceará-CE, Brasil), onde houve uma redução na sensibilidade de P. aeruginosa e K. pneumoniae e Serratia sp. após o aumento na prescrição de antimicrobianos, incluindo cefalosporinas, durante a pandemia, além do reaparecimento de infecções causadas por Acinetobacter baummannii multirresistente (Mesquita et al., 2022). 10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 A partir disso, destaca-se a necessidade de novas metodologias e estudos relacionados ao resistoma em diferentes regiões, principalmente após o uso excessivo e indiscriminado de antimicrobianos durante a pandemia da COVID-19. 3.2 IMPACTO AMBIENTAL Os antimicrobianos, bem como seus metabólitos, podem ser considerados poluentes emergentes, não sendo regulamentados quanto a sua concentração no ambiente, além de pouco compreendidos para exposição longa, aumentandoos riscos ecotoxicológicos em corpos hídricos (Corcoll et al., 2014; Daughton, 2014; Ferreira; Carvalho, 2023). É de extrema importância realizar o gerenciamento da antibioticoterapia nos hospitais, haja visto o despejo destes fármacos e a ausência de tratamento adequado dos efluentes hospitalares (Sun et al., 2023), uma vez que estes fármacos são metabolizado pelo fígado e excretado pelos rins, fazendo com que a molécula, íntegra ou parcialmente metabolizada, seja detectada nos efluentes (Soares, 2022), criando um ambiente favorável para a seleção de genes de resistência. Além da sua influência na AMR, os antimicrobianos podem apresentar efeitos negativos na biota em diferentes níveis tróficos (Lima, 2022). Quando em contato com o ambiente, os resíduos de antimicrobianos podem se absorvidos pelas plantas, retardando a germinação, reduzir a biomassa destes vegetais ou até mesmo interferir nos processos fisiológicos, como a fotossíntese, causando potenciais efeitos ecotoxicológico (Wang, 2015; Lima, 2022). Outro ponto que merece destaque é o potencial destes fármacos em causar distúrbios à saúde humana e animal, como reações alérgicas, efeitos tóxicos crônicos após exposição prolongada e interrupção das funções do sistema digestivo, principalmente através da alteração da microbiota e pela infecção direta ou vetorada de microrganismos patogênicos, como Aeromonas sp., Salmonella sp., Escherichia sp., Pseudomonas sp. e Staphylococcus sp. (Sanford et al., 2012; Jechalke et al., 2014; Lima, 2022). Para a fauna aquática, a exposição aos antimicrobianos pode ocasionar alterações enzimáticas, hepáticas e teciduais nas brânquias, além de alguns efeitos tóxicos, como neurotoxicidade, danos lipoperoxidativos graves e alterações histopatológicas (Robison; Belden; Lydy, 2005; Gomes, 2013; González-Pleiter, 2013; Oliveira et al., 2023), além da exposição da população ribeirinha pelo consumo de alimentos contaminados (Zagui, 2022). 11 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 Silva e colaboradores (2022) afirmam que ainda não é possível mensurar o prejuízo que o uso indiscriminado e exacerbado destes fármacos durante a pandemia causará para a saúde pública, ainda que a OMS tenha previsto mais de 10 milhões de mortes anuais relacionadas à bactérias resistentes e formas associadas à AMR até 2050 (OPAS/OMS, 2019). No que tange o conceito de Saúde única (do inglês, One Health), a presença de bactérias multirresistentes no esgoto hospitalar pode representar um risco à saúde, sendo capazes de se reproduzir e se disseminarem no ambiente (Abrantes, 2022), favorecendo a emergência e reemergência de doenças. Ao reconhecer a interligação entre a saúde humana, animal, alimentar e ambiental, o presente estudo sugere que a comercialização de antimicrobianos durante a pandemia da COVID- 19 pode estar relacionada ao aumento da resistência bacteriana, onde torna-se urgente traçar novas estratégias para mitigar o impacto da AMR na saúde única, bem como a realização de novos estudos para o monitoramento de microrganismos resistentes em efluentes hospitalares. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ainda que o presente estudo apresente limitações relacionadas à subnotificação das vendas de antimicrobianos, foi possível notar o aumento exponencial na comercialização de tais fármacos durante a pandemia. Ressalta-se que, nos próximos anos, o uso indiscriminado destes fármacos pode ser responsável por muitas mortes, oriundas de infecções multirresistentes ou até mesmo pan-resistentes. Há, portanto, uma emergência na gestão e adequação no uso de antimicrobianos, tendo em vista o aumento das taxas de resistência microbiana pós-pandemia. Destaca-se a necessidade de novas estratégias para tentar mitigar resistência bacteriana, uma vez que estes antimicrobianos podem ser amplamente detectados no ambiente, fazendo com que os efluentes hospitalares apresentem um grande potencial para a disseminação de bactérias resistentes, atuando como reservatórios de genes de resistência e favorecendo a iminência de uma pandemia causada por bactérias pan-resistentes. 12 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo apoio financeiro. Silva, L.O.P. agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES - 001) e pelo apoio da FAPERJ pelo projeto E-26/210.882/2021 e E- 26/202.440/2022. 13 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.3, p. 01-16, 2024 jan. 2021 REFERÊNCIAS Abrantes, J.A. Avaliação da resistência bacteriana em Estações de Tratamento de Esgoto da Fiocruz com ênfase no perfil fenotípico e molecular para beta-lactamases em enterobactérias. 116f. Tese (Doutorado em Saúde pública e meio ambiente) Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022. Bakon, S. K. et al. Prevalence of Antibiotic-Resistant Pathogenic Bacteria and Level of Antibiotic Residues in Hospital Effluents in Selangor, Malaysia: Protocol for a Cross-sectional Study. JMIR Research Protocols, v. 12, n. 1, p. e39022, 2023. Bozorgomid, A. et al. 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