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O sindicalismo após a Reforma Trabalhista de 2017 Aluno: João Pedro de Lima Campos | 6732310 24.04.2023 Textos para o Seminário • O futuro do sindicalismo brasileiro em um mundo do trabalho em mudança Clemente Ganz Lúcio • Panorama do sindicalismo no Brasil 2015-2021 Ana Paula Colombi; Anderson Campos; Andréia Galvão; Elaine Regina Amorim; Flávia Ribeiro; Hugo Miguel Oliveira Rodrigues Dias; José Dari Krein; Patrícia Vieira Trópia • REFORMA TRABALHISTA: precarização do trabalho e os desafios para o sindicalismo Andréia Galvão; Bárbara Castro; José Dari Krein; Marilane Oliveira Teixeira DE QUE MANEIRA A REFORMA TRABALHISTA REPERCUTE SOBRE A AÇÃO DOS SINDICATOS? E QUAIS SÃO AS PERSPECTIVAS DE ATUAÇÃO SINDICAL PÓS REFORMA TRABALHISTA? Reforma Trabalhista de 17 Os objetivos [da reforma da legislação e do sistema de relações de trabalho] foram, e continuam sendo: reduzir o custo do trabalho; criar a máxima flexibilidade de alocação da mão de obra, com as mais diversas formas de contrato e ajustes da jornada; reduzir ao máximo a rigidez para demitir e minimizar os custos de demissão, sem acumular passivos trabalhistas; restringir ao limite mínimo as negociações e inibir contratos ou convenções gerais em favor de acordos locais, realizados com representações laborais controladas; e quebrar os sindicatos. (Clement Ganz Lúcio) Antecedentes da Reforma de 17 Contexto favorável à ação sindical a partir de 2004: • Revitalização sindical; • Melhoria nas negociações coletivas; • Participação no governo; • Aumento no número de sindicalizados; • Aumento de greves; • “Nova fase do sindicalismo brasileiro”; • Momento aumento da luta política reivindicativa combinada com uma orientação política moderada na cúpula do movimento sindical (Andréia Galvão; Bárbara Castro; José Dari Krein; Marilane Oliveira Teixeira) Antecedentes da Reforma de 17 Contradições da ação sindical no período 2004-2014: • Aumento do descrédito da população com a entidade sindical; • Perda da importância do sindicato na sociedade; • Subordinação a pautas do governo; • Ausência de um projeto próprio de valorização do trabalho. (Andréia Galvão; Bárbara Castro; José Dari Krein; Marilane Oliveira Teixeira) Resultado do período 2004 - 2014 O aumento de greves entre 2004 – 2014 representou a capacidade dos sindicatos de mobilizar os trabalhadores em nome de demandas econômico-corporativas, sem desconsiderar, é claro, as greves que escaparam dessa lógica. Não houve mobilização em torno de mudança legislativa e da política pública para os trabalhadores. Evidência do afirmado: a dificuldade em mobilizar os trabalhadores nas manifestações de 2013 e a posterior incapacidade de frear a Reforma de 17. Enfraquecimento Sindical Alguns dados • Queda no índice de confiança nos sindicatos de 46 pontos 2009 para 37 pontos em 2013 (recuo de 9 pontos em 4 anos). Em 2018, o índice estava em 35 pontos (recuo de 2 pontos em 4 anos). • Sindicalizados em 2012 era 16,2% dos ocupados; em 2017 era 14,4% dos ocupados; Razões da perda de confiança nos sindicatos: • Alinhamento dos sindicatos ao governo no momento de perda da legitimidade governamental; • Aumento do trabalho informal; • Reversão na tendência de emprego a partir de 2015. Conclusão • Neste cenário de enfraquecimento do poder sindical na sociedade e de perda de legitimidade frente à população em geral, pelo apoio a um governo em declínio, os sindicatos tiveram dificuldade em enfrentar a Reforma de 17. • Junta-se a isso, o fato de que não havia concordância entre as principais centrais sindicais acerca do significado da R17, dificultanto a ação coordenada. • Apesar da capacidade de colocar 35milhões de trabalhadores nas ruas contra a R17, a ação não foi suficiente para impedi-la. Falta de fôlego? Efeitos da Reforma de 17 sobre o sindicalismo • Ampliação de formas precárias de contratação -> fragmentação das bases de representação sindical; • Menor capacidade de negociação dos sindicatos -> negociação individual de aspectos da relação de trabalho e rescisão contratual sem intermédio do sindicato; • Impacto financeiro -> imposto sindical não mais obrigatório. Pode-se falar em dimensão antissindical da reforma trabalhista, em especial com a criação de comissões destinadas a representar os trabalhadores no local de trabalho em concorrência com os sindicatos Principais Mudanças da R17 com impacto nos sindicatos • A prevalência do negociado sobre o legislado - impacto nas negociações coletivas • Fragilização das fontes tradicionais de financiamento do sindicalismo 1) STF definiu que a entidade sindical não pode cobrar a contribuição assistencial de não sindicalizados. 2) a reforma tornou facultativa a contribuição sindical; 3) a MP 873/19 editada pelo governo Bolsonaro obriga o trabalhador a autorizar, individualmente e por escrito, o desconto de qualquer contribuição ao seu respectivo sindicato. • Contrato Intermitente e Terceirização Os poderes do Sindicato • Poder Estrutural – capacidade de mobilização; greves. • Poder Associativo – capacidade de aglutinar membros; • Poder Institucional – capacidade de diálogo e intervenção nas instituições; • Poder Social – legitimidade perante a população em geral Panorama da última década: queda nos poderes em geral, com variações por categoria (Panorama do Sindicalismo 2015 – 2021) Dados Dados Panorama Atual • Os setores mais estruturados da economia e mais organizados sindicalmente (bancários, metalúrgicos, saúde, químicos, assalariados rurais, educação) apresentam maiores perdas relativas, no entanto, ainda são entidades que mantém algum poder estrutural, o que abre possibilidade de ação, dada sua trajetória e histórico de lutas; • Os setores que estão sendo submetidos a um processo de privatização (correios e petroleiros) são os que apresentam uma queda substantiva do seu poder estrutural, uma vez este está totalmente associado aos destinos de uma única empresa; • Os segmentos de trabalhadores com maior estabilidade e vinculados ao setor público são os que ainda mantêm melhores condições de realizar a ação coletiva; • Nos setores mais desestruturados há perda de poder estrutural (motoboys, dos motoristas de aplicativo, dos informais, das domésticas, das costureiras e dos trabalhadores de call center). Ao mesmo tempo, esses setores inovam nas formas de manifestação, com intervenções no espaço público; • Os dados de greve mantiveram-se em patamares elevados até 2017. É certo que prevaleceram greves defensivas, em defesa de direitos lesados.; • A pandemia deu visibilidade para algumas categorias, o que aumentou o seu poder estrutural, como foi o caso dos entregadores e profissionais da saúde; • Na mesma perspectiva, os trabalhadores rurais também ganharam maior visibilidade, dada a importância de gerar alimentos e das estratégias de muitos países de ampliar os estoques frente aos problemas gerados pela pandemia. Desafios para o futuro do sindicalismo • Desafio de compreender o novo mundo do trabalho e seus impactos na ação sindical; • Reestruturação do sistema sindical (liberdade sindical, Convenção 87 da OIT); • Necessidade de ampliação da representação sindical; • Liberdade sindical: apenas registro civil, sem necessidade de autorização do Estado; setor econômico e não territorial; • Contribuição recolhida em folha de pagamento; • A entidade mais representativa terá o direito de representação total • Acordos e convenções, celebrados em negociação por entidades sindicais representativas, depois de aprovados pela maioria dos trabalhadores, atingirão todos os abrangidos no âmbito de representação, independente de filiação sindical. (Clement Ganz Lúcio) Bases para o futuro do sindicalismo • Compreender o trabalhador do futuro (pós-fordista); • Novas dinâmicas de movimentos de trabalhadores (descoladas do local de trabalho, mas articuladas com o mundo do trabalho); • Representação para todos (incluindoinformais, terceirizados, intermitentes, etc); • Agregação; • Presença no local de trabalho (revertendo a tendência); • Proteção sindical e social; • Novas formas de subordinação e o empregador oculto • Financiamento. Conclusão • A Reforma de 17 fragilizou a atuação sindical, especialmente pelo afastamento de sua principal fonte de financiamento e a médio prazo com o aumento de formas contratuais flexíveis e menos sindicalizáveis; • A queda na legitimidade sindical remonta à década de 00 e 10; • Desafios para agregação dos “novos trabalhadores”; • Demandas interseccionais (gênero, raça, localidade); • Desafio da reestruturação sindical frente ao atual cenário de sindicatos enfraquecidos.