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Profa. Ma. Patrícia Forestieri UNIDADE I Fisioterapia Preventiva Prevenção: ato ou efeito de prevenir(-se); medida tomada por antecipação a fim de evitar um mal. Medidas para se evitar o desenvolvimento de doenças promover saúde. Saúde (OMS): “situação de completo bem-estar físico, mental e social”. Processo saúde-doença: envolve todas as variáveis que apresentam relação direta com a saúde e a doença e ocorre na interação simultânea entre hospedeiro, agente e ambiente história natural da doença. Prevenção e processo saúde-doença HOSPEDEIRO AMBIENTE AGENTE Organismo vivo que permite desenvolvimento de um agente Causam doenças ou lesões ao ser humano: vírus, bactérias Fonte: autoria própria Características do hospedeiro: idade (crianças, idosos), sexo (homens e mulheres); constituição corporal, genética e imunológica; nível educacional (tempo de estudo), estado ocupacional (profissão), hábitos e costumes (tabagismo, etilismo, sedentarismo). Classificação dos agentes: biológicos (microrganismos), físicos (traumas, calor, radiação, ruído), químicos (fármacos, mercúrio, agrotóxicos), mecânicos (força, atrito, cisalhamento), fatores genéticos (síndromes) e fatores nutricionais (desnutrição, obesidade). Interação constante e dinâmica entre hospedeiro, agente e ambiente Fatores relativos ao ambiente: físico-químicos (poluição, temperatura, umidade), biológicos (contaminação, alterações do meio ambiente como o desmatamento); socioeconômicos, culturais e políticos (condições de moradia e saneamento básico). Interação constante e dinâmica entre hospedeiro, agente e ambiente Fatores de risco para o desenvolvimento de uma doença Instalação da doença Evolução da doença Resolução da doença Fonte: autoria própria Período de pré-patogênese: depende dos fatores ambientais, momento anterior à instalação das doenças, ou seja, o indivíduo ainda não está doente. Período de patogênese: ocorre no momento em que o agente entra em contato com o homem, instala-se, desenvolve-se produzindo a doença e suas consequências como cura, sequelas, cronicidade ou morte. História natural das doenças: entendimento dos níveis preventivos PERÍODO PRÉ- PATOGÊNICO PERÍODO DE PATOGÊNESE Fase de suscetibilidade Antes do aparecimento da doença Fase pré-clínica Doença instalada sem sinais e sintomas Fase clínica Doença avançada com aparecimento de sinais e sintomas Fase residual Sequelas ou cronicidade da doença Fonte: autoria própria Prevenção primária Promoção da saúde Proteção específica Prevenção secundária Diagnóstico precoce e tratamento imediato Limitação do dano Prevenção terciária Reabilitação Níveis de prevenção Fonte: autoria própria HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS Período de pré-patogênese (antes da doença) Período de patogênese (doença instalada no organismo) Fase de suscetibilidade (fatores de risco) Fase pré-clínica (doença nos estágios iniciais) Fase clínica (doença avançada) Fase residual (sequelas ou cronicidade) Promoção da saúde Proteção específica Diagnóstico precoce e tratamento imediato Limitação do dano Reabilitação Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária História natural das doenças e níveis preventivos Fonte: autoria própria Nível primário: ênfase ao trabalho em grupos: palestras e campanhas educativas sobre doenças (diabetes mellitus, por exemplo), estímulo a hábitos de vida saudável, orientações ergonômicas, orientações posturais em crianças e adolescentes, grupos de orientações a gestantes, grupos de orientações a idosos saudáveis. Nível secundário: tratamento de doenças já instaladas: evitar o avanço e as complicações futuras como doenças musculoesqueléticas (tendinites, lombalgias), técnicas de higiene brônquica e exercícios respiratórios em pacientes com pneumonia. Nível terciário: reabilitação de sequela da evolução de uma doença: promover funcionalidade e retorno à sociedade como reabilitação de pacientes com lesão medular; sequela de AVC (derrame cerebral). Atuação do fisioterapeuta nos níveis preventivos Caso clínico para reflexão: Paciente MDS, 68 anos, sexo feminino, procurou o hospital em que você trabalha queixando-se de estar com tosse com expectoração de secreção há uma semana, com piora nos últimos três dias devido a mal-estar geral e febre que não passou após tomar medicamento (antitérmico). Após realizar raio-X de tórax, o médico faz diagnóstico de pneumonia bacteriana e solicita atendimento fisioterapêutico. A paciente relata a você que é tabagista desde os 15 anos de idade (20 cigarros/dia) e relata que: “tenho pressão alta, mas como não sinto nada, parei de tomar os remédios”. Responda: 1. Quem é o hospedeiro? 2. Quem é o agente? 3. Características do hospedeiro que favorecem a doença. 4. Qual nível de atuação do fisioterapeuta nesse caso? Interatividade Responda: 1. Quem é o hospedeiro? É a senhora MDS. 2. Quem é o agente? É a bactéria causadora da pneumonia. 3. Características do hospedeiro que favorecem a doença. Tabagismo e idade (paciente tem mais de 60 anos de idade, é considerada idosa e isso favorece o aparecimento de algumas doenças). 4. Qual nível de atuação do fisioterapeuta nesse caso? Nível secundário, pois a paciente está no período patogênese. O fisioterapeuta deverá realizar técnicas e exercícios respiratórios para ajudar a tratar a pneumonia, além de fazer orientações sobre a importância de cessar o tabagismo e tratar corretamente a pressão alta. Resposta • Trabalho realizado para a sobrevivência do indivíduo Pré-história • Trabalho braçal: desprezível (escravos) • Trabalho intelectual: valorizado Idade Antiga • Trabalho era considerado um castigo (servos) • Nobres não trabalhavam Idade Média • Empresas familiares e artesãos • Produtos de alta qualidade Idade Moderna Século XVIII Trabalho • Industrialização: trabalho assalariado e em larga escala; péssimas condições Ato de exercer uma atividade profissional ou fazer esforço para algo dedicação danos Fonte: autoria própria Início do século XX: organização científica do trabalho a fim de evitar desperdícios e obter maiores ganhos financeiros. O taylorismo e o fordismo Princípios tayloristas Divisão das tarefas Tarefa especializada Minimizar erros Princípios fordianos Qualidade de vida Redução da jornada Aumento de salário Fonte: timetoast.com Fonte: pixabay.com Visão taylor-fordiana: primeiro modelo científico, organização do trabalho tarefa estruturada, ampliar a produção e aumentar os lucros. Trabalho braçal x máquinas e tecnologia robótica: custos e tempo de produção. Descarte da mão de obra humana. Exige qualificação maior e atualizações constantes do trabalhador. Trabalho dinâmico x trabalho estático: maior tempo sentado operando máquinas, computadores grandes exigências intelectuais. Relação homem-trabalho no mundo moderno Desgaste físico, longas jornadas de trabalho repetitivo Problemas psicológicos e emocionais devido à exigência cada vez maior do mercado monotonia, fadiga, motivação e estresse Fonte: autoria própria Fisioterapeuta do trabalho: atuação com abrangente conhecimento: ergonomia, biomecânica ocupacional, legislação trabalhista, entre outros. Equipe multiprofissional: reduzir danos físicos e psicológicos, reduzir custos com acidentes e afastamentos aumentar a lucratividade das empresas. Fisioterapia na saúde do trabalhador Fisioterapia do trabalho Prevenção primária Prevenção terciária Prevenção secundária Fonte:autoria própria Ergonomia ferramenta, processo, ambiente, homem. Ergonomia física: características físicas (postura, movimentos repetitivos). Ergonomia cognitiva: questões mentais dos funcionários (cansaço, desânimo). Ergonomia organizacional: estrutura organizacional da empresa. Ergonomia física Ergonomia ergonomia de concepção ergonomia de correção ergonomia de conscientização ergonomia de participação Fonte: Manual de Ergonomia 250 350-450 550-650 500 mm 1000 1600 Condições ambientais e forma de executar a atividade laboral sem riscos ergonômicos. Agentes: físicos (ruídos, temperaturas), químicos (poeira, gases) e biológicos (bactérias, vírus). Riscos: acidentes (desorganização, máquinas sem proteção) e ergonômicos (esforço físico excessivo, postura inadequada). NR 17: locais que exigem atividades intelectuais e atenção constante: ruídos até 65 DB, temperatura entre 20 ºC a 23 ºC, cores claras e tranquilizantes, mobiliário que permita movimentação sem lesões. NR 17: reduzir os fatores de risco no ambiente de trabalho Norma regulamentadora NR-5 (última atualização em 2011, Portaria SIT n. 247). Instruções que devem ser seguidas pelas empresas. Representantes do empregador e dos empregados. Promover a Sipat: cursos, palestras. Elaborar os mapas de riscos ambientais. Cipa: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes Fonte: compur.com.br WC 6 1 2 3 4 5 7 8 Risco físico Risco químico Risco ergonômico Risco biológico Risco mecânico Avalie a figura. Você, como fisioterapeuta do trabalho, poderia sugerir quais alterações? Interatividade Fonte: depositophotos.com.br Monitor na altura dos olhos. Cadeira com apoio para antebraços. Mãos e punhos alinhados. Coxas e costas alinhadas a 90º. Pernas e coxas alinhadas a 90º ou um pouco mais de apoio para os pés. Resposta Fonte: depositophotos.com.br Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) no Brasil, 9.122, em 2016. Tríade da lesão ocupacional Qualquer alteração musculoesquelética (tronco e membros inferiores). Expressão LER/Dort, conceito de síndrome. Não são frutos exclusivos dos movimentos repetitivos. Doenças ocupacionais Mobiliário inadequado Desconhecimento de ergonomia Hábitos de vida não saudáveis Fonte: autoria própria Caráter multifatorial condições físicas + psíquicas. Fatores intrínsecos: próprios do trabalhador (adoção de posturas inadequadas, alterações emocionais, atividades paralelas – domésticas, esportivas), traumatismos anteriores, vida sedentária e doenças (reumatismo). Fatores extrínsecos: relacionados à empresa, desde os aspectos físicos do posto de trabalho até o ritmo e a organização impostos por ele. Etiologia Repetitividade Força excessiva Postura inadequada Compressão e vibração mecânica Predisposição Fatores psicossociais Principais fatores Primeiro estágio ou grau I: dor espontânea e eventual, sensação de peso e melhora com o repouso. Segundo estágio ou grau II: dor é mais constante e intensa, porém tolerável e pode irradiar-se e causar parestesia. Terceiro estágio ou grau III: dor é constante, intensa e irradiada, com repouso apenas ameniza, perda de força muscular, parestesias e queda na produtividade. Quarto estágio ou grau IV: dor forte, contínua, insuportável, diminuição da força muscular, presença de edema e perda da função. Estágios de evolução das LER/Dort Fonte: adaptado de: BERNARDI (2009). Estágios evolutivos: Grau I Grau II Grau III Grau IV Comprometimento funcional Capacidade produtiva AZUL Rosa: do normal ao muito comprometido Lesões Causas ocupacionais Exemplos Bursite no cotovelo Compressão do cotovelo contra superfícies duras Apoiar o cotovelo em mesas Dedo em gatilho Compressão palmar com força Apertar alicates e tesouras Epicondilites do cotovelo Preensão prolongada de objetos Apertar parafusos, desencapar fios, tricotar Síndrome do canal de Guyon Compressão da borda ulnar do punho Carimbar Síndrome do desfiladeiro torácico Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço Trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones entre o ombro e a cabeça Síndrome do túnel do carpo Movimentos repetitivos de punho, acompanhados por realização de força Digitar, fazer montagens industriais, empacotar Principais LER/Dort Fonte: www.ortopediaeombro.com.br Epicôndilo lateral Exemplos de LER/Dort Fonte: hospitalinfantilsabara.org.br Dedo em gatilho Síndrome do desfiladeiro torácico Fonte: cirurgiaotoracico.com.br Swollen tendon Bent finger Atuação abrangente: Avaliar/identificar fatores de risco presentes no ambiente de trabalho. Avaliação e intervenção ergonômica: realizar as mudanças físicas necessárias. Identificação das condições psicossociais e a intervenção nelas, como estresse, falta de motivação, conflitos no relacionamento entre colegas e chefias, monotonia do trabalho. Exposição aos fatores de risco, como posturas inadequadas, movimentos repetitivos, ritmos exaustivos, entre outros. Participação ativa dos trabalhadores: educar (palestras de conscientização, materiais ilustrativos e educativos). Ginástica laboral. Uso de EPIs. Prevenção das LER/Dort A NR tem anexo específico para operadores de checkout (caixas de supermercados ou de comércio atacadista): Assegurar posturas adequadas e confortáveis tanto na posição em pé quanto sentada. O mobiliário deve evitar que o funcionário realize movimentos de flexão e torção do tronco. Lembrar que as normas abrangem diversas áreas de trabalho Fonte: pixabay.com Inclui duas atividades: Uma questão de múltipla escolha para reflexão sobre os conceitos de prevenção de doenças ocupacionais. Uma questão em que é abordado um caso clínico para elucidar um pouco da aplicação prática do conteúdo desta unidade. Atividade do chat ATÉ A PRÓXIMA! Slide Number 1 Prevenção e processo saúde-doença Interação constante e dinâmica entre hospedeiro, agente e ambiente Interação constante e dinâmica entre hospedeiro, agente e ambiente História natural das doenças: entendimento dos níveis preventivos Níveis de prevenção História natural das doenças e níveis preventivos Atuação do fisioterapeuta nos níveis preventivos Interatividade Resposta Trabalho O taylorismo e o fordismo Relação homem-trabalho no mundo moderno Fisioterapia na saúde do trabalhador Ergonomia NR 17: reduzir os fatores de risco no ambiente de trabalho Cipa: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes Interatividade Resposta Doenças ocupacionais Etiologia Estágios de evolução das LER/Dort Principais LER/Dort Exemplos de LER/Dort Prevenção das LER/Dort Lembrar que as normas abrangem diversas áreas de trabalho Atividade do chat Slide Number 28