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Atuação do fisioterapeuta em Ergonomia Prof.ª Deisiane M.B. Anziliero 15.10.2023 Ergonomia “Ergo” significa trabalho, “normos” significa normas É uma ciência que envolve normas para o trabalho, podendo ser denominada como ciência do “conforto”, para trazer mais comodidade e saúde para o trabalhador. Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu ambiente de trabalho, equipamento e ambiente, principalmente a aplicação dos conhecimentos de Anatomia, Fisiologia e Psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. (BROWNE et al., 1950, apud CORRÊA; BOLETTI, 2015, p. 3) Ergonomia Segundo a Associação Internacional de Ergonomia, o seu estudo pode ser dividido em três domínios de especialização: ➢ Ergonomia Cognitiva ➢ Ergonomia Organizacional ➢ Ergonomia Física Ergonomia Cognitiva ➢ Está relacionada: (SAÚDE MENTAL) • Com o estudo de qualidades como foco, concentração, raciocínio e atenção, que são fatores extremamente importantes no desenvolvimento das atividades laborativas, porque, muitas vezes, há desequilíbrio entre esses fatores, o que pode levar os trabalhadores ao cansaço físico ou até mesmo à exaustão. • A consequência pode ser erro, imprecisão, lesões e acidentes no trabalho, até transtornos psicológicos. ➢ São fatores considerados Riscos cognitivos dentro das empresas: ▪ As elevadas cargas de trabalho ▪ pressões psicológicas ▪ falta de harmonia entre ambiente, empresa e colaboradores, ▪ falta de domínio e de conhecimento pelo trabalhador do processo produtivo Ergonomia Organizacional • Consiste em tudo o que constitui uma empresa, que vai desde elementos físicos até pontos como a filosofia da empresa, observando aspectos de gestão do coletivo, o gerenciamento da dinâmica de trabalho, os horários de trabalho (duração e turnos), os tipos de trabalho (em equipe e cooperativo), monotonia nas atividades laborativas, teletrabalho e a gestão de qualidade. • Cada funcionário é visto como pertencente a um grupo maior, ou seja, a uma equipe de trabalho, figurando como um ser que sofre influências emocionais e sociais, além de ser também um influenciador, ➢ Função da Ergonomia organizacional: Tornar a empresa mais humanizada, buscando melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho e redução de fatores de risco para doenças relacionadas ao trabalho. • Como a Ergonomia organizacional pode intervir? • Fortalecendo a identidade cultural da empresa, como valores e ética. Ergonomia Organizacional ➢ Função da Ergonomia organizacional: Tornar a empresa mais humanizada, buscando melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho e redução de fatores de risco para doenças relacionadas ao trabalho. • Como a Ergonomia organizacional pode intervir? • Fortalecendo a identidade cultural da empresa, como valores e ética. • Identificando e agindo contra relações hierárquicas tóxicas. • Realizando treinamentos com os funcionários no espaço corporativo. • Avaliando a arquitetura do ambiente, que pode influenciar na cultura e no clima que se pretende desenvolver na empresa. Fatores ergonômicos analisados • Posto de trabalho: ferramentas, maquinário, mobiliário, equipamentos de proteção individual (EPIs). • Postura adotada pelo trabalhador. • Ambiente físico: iluminação, ruídos, temperatura, umidade, cores e higienização. • O sistema de gestão organizacional adotado pela empresa. Fatores ergonômicos analisados • Os estudos em Ergonomia priorizam buscar formas de diminuir a carga de trabalho a que os funcionários estão submetidos. • No que diz respeito às questões físicas do trabalhador, o ingresso na vida produtiva se caracteriza por uma rotina de posturas, exercícios e atividades mentais que devem se adequar às metas de produtividade, podendo trazer desdobramentos que vão além do ambiente e das relações de trabalho, uma vez que a maior parte do tempo é dedicada ao trabalho em detrimento do lazer e de cuidados com a saúde, impactando de forma negativa na vida familiar e social. Fatores ergonômicos analisados • Os estudos em Ergonomia priorizam buscar formas de diminuir a carga de trabalho a que os funcionários estão submetidos. • No que diz respeito às questões físicas do trabalhador, o ingresso na vida produtiva se caracteriza por uma rotina de posturas, exercícios e atividades mentais que devem se adequar às metas de produtividade, podendo trazer desdobramentos que vão além do ambiente e das relações de trabalho, uma vez que a maior parte do tempo é dedicada ao trabalho em detrimento do lazer e de cuidados com a saúde, impactando de forma negativa na vida familiar e social. NR-17 NR-17 A NR-17 aborda também as condições ambientais de trabalho, determinando que devam estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado, e nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: NR-17 A NR-17 aborda também as condições ambientais de trabalho, determinando que devam estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado, e nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: NR-17 A NR-17 prevê ainda que, para prevenir sobrecarga psíquica, muscular estática de pescoço, ombros, dorso e membros superiores, as empresas devem permitir a fruição de pausas de descanso e intervalos para repouso e alimentação aos trabalhadores. a) Fora do posto de trabalho. b) Em 2 períodos de 10 minutos contínuos. NR-17 Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, deve ser fornecido suporte adequado para documentos, que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual. Benefícios da realização de AET A Ergonomia oferece informações que permitem a orientação para posturas adequadas, seja no ambiente laboral, seja em casa e durante todo o dia, inclusive na hora de dormir, inserindo hábitos posturais saudáveis no dia a dia, por exemplo, no uso do smartphone. O emprego de avaliações periódicas baseadas em análises ergonômicas do posto de trabalho e do trabalhador possibilita o diagnóstico e a intervenção precoce. Benefícios da realização de AET ➢ Na elaboração da AET, é importante atender a outras normas além da NR-17, como a ABNT 9050:2015, que trata de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. A análise ergonômica deve passar por algumas etapas: • Analisar os riscos ergonômicos da empresa por meio da coleta de dados. • Pontuar o nível de risco existente. • Propor soluções de melhoria para baixar ou eliminar o risco. https://propessoas.ifmt.edu.br/media/filer_public/d6/1 8/d6189631-8485-4aee-b7ae- 1f7ed32ff326/aet_campo_verde.pdf Benefícios da realização de AET ➢ A análise ergonômica traz diversos benefícios para a empresa, tais como: 1.Redução do risco de doenças do trabalho. 2.Diminuição da taxa de absenteísmo (falta ao trabalho). 3.Redução de queixas dos trabalhadores. 4.Mais segurança para execução das tarefas. 5.Melhor compreensão 6.Aumento da produtividade. 7.Auxilia no cumprimento pela empresa das normas em Ergonomia. 8.Pode ser usada como prova em processos trabalhistas, demonstrando os cuidados ergonômicos da empresa. 9.Auxilia no gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO). • A AET deve ser realizada por um profissional capacitado e que vise à redução dos riscosem reduzir a produtividade da empresa, sendo uma aliada na saúde, na segurança e no conforto. • A partir do laudo da análise, podem ser propostas para a empresa adequações que não necessariamente precisam ter custos elevados, pelo contrário, o ideal é a procura por soluções eficazes, porém sem trazer ônus excessivo para a empresa, o que poderia tornar inviável os ajustes necessários. • Ao final, na relação custo-benefício, a contratação de profissionais habilitados como fisioterapeutas especialistas em Ergonomia acaba sendo um investimento que traz benefícios para a empresa e para todos os envolvidos nas atividades laborais. Perícia fisioterapêutica e Perícia Médica Quando existe a disputa de interesses, chamamos no mundo jurídico de “lide”, e, muitas vezes, o juiz, que é o órgão julgador, não tem conhecimento técnico para decidir a quem assiste o direito, sendo necessário então um perito ou um assistente técnico trazendo informações essenciais e específicas sobre o objeto da disputa para o convencimento e decisão da lide. Um dos fundamentos jurídicos para a instituição da perícia é apresentado no Código de Processo Civil Brasileiro (CPC), art. 156: “O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. § 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Percebemos que o CPC não classifica as perícias por profissões, e sim, que a escolha do profissional ocorre a partir da demanda apresentada na lide.” (ART. 156, CPC) Se a questão controversa for de ordem nosológica, caberá ao médico realizar a perícia para definir a patologia, seu prognóstico e a possível evolução clínica. Porém, se a perícia objetiva estabelecer a existência e o grau de capacidade ou incapacidade funcional, o fisioterapeuta, por apresentar conhecimentos específicos para a análise de disfunções a partir do movimento, é, portanto, profissional competente para esta prova pericial (Cartilha Perícia Fisioterapêutica - Perícia Judicial e Assistência Técnica - COFFITO, Ano I/2016). O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determina que, para a realização de perícias em matéria de acidente do trabalho e doenças ocupacionais, deverão ser nomeados profissionais que atendam às normas legais e ético- profissionais para análise do objeto de prova, tais como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, engenheiros, dentre outros, sem prejuízo da nomeação de mais de um profissional, quando a perícia abranger mais de uma área de conhecimento. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determina que, para a realização de perícias em matéria de acidente do trabalho e doenças ocupacionais, deverão ser nomeados profissionais que atendam às normas legais e ético- profissionais para análise do objeto de prova, tais como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, engenheiros, dentre outros, sem prejuízo da nomeação de mais de um profissional, quando a perícia abranger mais de uma área de conhecimento. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico. (ART. 475, CPC) Vale destacar que a Fisioterapia se encontra contemplada na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho (CREFITO-8, 2009), onde é explicitado ao fisioterapeuta “a competência em estabelecer nexo técnico em diferentes áreas de especialidade, a saber: nexo de causa cinesiológica-funcional, ergonômica […].” Sendo assim, o próprio Ministério do Trabalho e Emprego reconhece que a Fisioterapia do Trabalho pode identificar o nexo causal. Atenção! No diagnóstico nosológico, o que identifica doenças, quando ocorre dúvida da presença ou não da doença, a perícia será de competência do médico, porém, quando a doença já tiver sido diagnosticada e claramente comprovada nos autos e a dúvida for sobre o nexo causal e a capacidade funcional residual que a doença esteja causando no periciado, a perícia então será de competência do fisioterapeuta. Atenção! No diagnóstico nosológico, o que identifica doenças, quando ocorre dúvida da presença ou não da doença, a perícia será de competência do médico, porém, quando a doença já tiver sido diagnosticada e claramente comprovada nos autos e a dúvida for sobre o nexo causal e a capacidade funcional residual que a doença esteja causando no periciado, a perícia então será de competência do fisioterapeuta. Resolução 466/2016 - COFFITO O COFFITO editou uma norma específica para a atividade do fisioterapeuta na perícia, por meio da Resolução 466/2016, que ampliou expressamente as prerrogativas do fisioterapeuta perito. A referida norma, em seu artigo 2º, dispõe que: “Compete ao fisioterapeuta, no âmbito de sua expertise, realizar perícias judiciais e assistência técnica em todas as suas formas e modalidades, nos termos da presente Resolução”, sendo, portanto, as perícias fisioterapêuticas transversais a todas as áreas da Fisioterapia. Perícia fisioterapêutica e assistência técnica são classificadas de acordo com as áreas de atuação: ➢ Perícia extrajudicial: É a análise da capacidade funcional do indivíduo no âmbito das atividades funcionais do ser humano. ➢ Perícia judicial Constitui a análise da incapacidade funcional do indivíduo em processos judiciais de qualquer natureza. ➢ Perícia judicial do trabalho: É a análise do litígio, de natureza laboral, referente ao estabelecimento ou não do nexo causal, para tanto, no campo da atuação profissional, é dividida em perícia de capacidade funcional e perícia ergonômica. ➢ Perícia previdenciária É a análise da incapacidade funcional do indivíduo para concessão de benefício previdenciário ou em ação judicial de natureza previdenciária. ➢ Perícia securitária Trata das incapacidades funcionais decorrentes de acidentes, sequelas e doenças multifatoriais que acometem o ser humano. Perícia para pessoas com deficiências: É a análise da capacidade e incapacidade funcional do indivíduo para atividades laborais de processos administrativos para fins de isenção e redução fiscal e benefícios em geral. Como posso me tornar um perito? • Sabemos que o fisioterapeuta é um profissional autorizado pelo CREFITO e sem qualquer restrição quanto às normas legais como o CPC, porém devemos considerar que a Justiça é regional, isto é, estadual, devendo buscar ter conhecimento das exigências do estado de interesse em se tornar perito. • É necessário para a função de perito buscar no site do tribunal seu estado, a forma e data de cadastro, e ainda os cursos oferecidos e ministrados dentro do próprio tribunal. Como posso me tornar um perito? Como posso me tornar um perito? • É de grande relevância para o profissional fisioterapeuta que pretende atuar na área de perícias, a Associação Brasileira de Perícias Fisioterapêuticas (ABRAPEFI), fundada em 2017 por um grupo de fisioterapeutas peritos e assistentes técnicos de diversas regiões do País. Como posso me tornar um perito? • A associação destaca que a perícia fisioterapêutica teve seu início no âmbito da Justiça do Trabalho, por meio das perícias trabalhistas que visavam as circunstâncias que envolviam a saúde do trabalhador. Com o passar dos anos, continuou a se expandir, contemplando outras esferas de atuação profissional, como perícias securitárias, previdenciárias, de pessoa com deficiência, cíveis, criminais e extrajudiciais. OBRIGADO!!! Slide 1: Atuação do fisioterapeuta em Ergonomia Slide 2: Ergonomia Slide 3 Slide 4: Ergonomia Slide 5:Ergonomia Cognitiva Slide 6: Ergonomia Organizacional Slide 7: Ergonomia Organizacional Slide 8: Fatores ergonômicos analisados Slide 9: Fatores ergonômicos analisados Slide 10: Fatores ergonômicos analisados Slide 11: NR-17 Slide 12: NR-17 Slide 13: NR-17 Slide 14: NR-17 Slide 15: NR-17 Slide 16: Benefícios da realização de AET Slide 17: Benefícios da realização de AET Slide 18: Benefícios da realização de AET Slide 19 Slide 20: Slide 21: Slide 22: Slide 23: Slide 24: Slide 25: Slide 26: Slide 27: Slide 28: Slide 29: Resolução 466/2016 - COFFITO Slide 30: Slide 31: Slide 32: Slide 33 Slide 34: Como posso me tornar um perito? Slide 35: Como posso me tornar um perito? Slide 36: Como posso me tornar um perito? Slide 37: Como posso me tornar um perito?