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RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS

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CAPÍTULO
4RESPONSABILIDADE 
CIVIL POR DANOS 
AMBIENTAIS
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
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A responsabilidade civil, em sua origem coletiva e ob-
jetiva, com sua evolução, tornou-se individual e subjeti-
va. Entretanto, no período decorrente após a Revolução 
Industrial, determinados casos concretos exigiram novas 
formas de aplicação da responsabilidade civil, o que cumu-
lou com exceções quanto à aplicação da responsabilidade 
subjetiva, fazendo com que a responsabilidade objetiva se 
amoldasse a tais casos.
Com o passar do tempo, a responsabilidade objetiva se 
desenvolveu e ampliou seus critérios, principalmente quanto 
à ideia do risco. Contudo, há várias formas de qualificação 
desse instituto, cumulando na teoria do risco, a mais extrema, 
ligada diretamente aos interesses resguardados pelo Direito 
Ambiental.
A responsabilidade civil ambiental é a consequência 
jurídica da ação humana degradadora que, infelizmente, 
se faz presente na sociedade contemporânea. O homem, ao 
viver, progredir e explorar o mundo em sua volta, ocasiona, 
comumente, danos ambientais passíveis de responsabilização 
jurídica. A Constituição brasileira impõe ao degradador a 
reparação dos danos ambientais, tanto na esfera cível, quan-
to penal e administrativa, como corolário dos princípios da 
precaução e da prevenção.
4.1 Dano Ambiental
Para tratar da responsabilidade por dano ambiental, 
há que tecer algumas considerações do conceito de dano 
em meio ambiente. O dano consiste no prejuízo, na perda 
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do valor de um determinado bem, causada por uma ação ou 
omissão específica. O dano é a alteração de uma coisa, em 
sentido negativo. O dano ambiental seria um prejuízo causado 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A legislação impõe compensações e mitigação dos im-
pactos quando da implantação de uma nova atividade, com 
base no princípio da prevenção. A Lei nº 9.985/2000 exige 
do empreendedor o pagamento de um percentual do custo do 
empreendimento, a ser aplicado na implantação de Unidades 
de Conservação de Proteção Integral, como forma de com-
pensar a perda difusa da biodiversidade causada pelo novo 
empreendimento.
A definição de dano ambiental equilibra-se, pois, entre 
duas vertentes: por um lado, não se trata de um retorno à 
Natureza intacta pelo homem; por outro, estabelece regras 
para que as atividades do homem não venham a causar pre-
juízos ao equilíbrio ambiental. Há inúmeros fatores de ordem 
física, química e biótica que interferem no conceito de dano.
A partir da edição da Lei nº 6.938/81, que instituiu a 
responsabilidade por dano ao meio ambiente, cabe aos órgãos 
e entidades de controle ambiental, assim como ao Ministério 
Público, no âmbito de suas respectivas atribuições, e anali-
sando cada caso concreto, caracterizar os fatos como danos 
ambientais ou não.
Dentro da teoria da responsabilidade civil, não há como 
falar em dever de indenizar sem a ocorrência do dano. Dessa 
feita, o termo dano constitui um dos alicerces essenciais da 
responsabilidade civil.
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A ação civil pública está prevista no artigo 129, III, 
da Constituição Federal, e está regulamentada na Lei n. 
7.347/85. Destina-se a estabelecer responsabilidade por 
danos morais e patrimoniais causados ao meio-ambiente, 
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interes-
se difuso ou coletivo, por infração da ordem econômica e à 
ordem urbanística.
O dano poderá ser causado por ato comissivo ou omis-
sivo. A Ação Civil Pública poderá ter por objeto a condenação 
em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não 
fazer, sem prejuízo à reparação do dano. (Artigo 3º da Lei 
n. 7.347/85).
São partes legítimas para a propositura da Ação Civil 
Pública o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a autarquia, 
empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista 
e as associações que esteja constituída há pelo menos 1 (um) 
ano, nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades 
institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, 
à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
A reparação do dano ambiental pode consistir na inde-
nização dos prejuízos, reais ou legalmente presumidos, ou 
na restauração do que foi poluído, destruído ou degradado
Na questão do dano ambiental, é bastante possível a 
previsão de reparação de um dano ainda não inteiramente 
realizado, mas que fatalmente se produzirá, em decorrência 
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de fatos já consumados e provados, como nas hipóteses de 
dano decorrente de atividades nucleares, danos à saúde e aos 
rios decorrentes do emprego de agrotóxicos, danos ao ecos-
sistema de uma região em razão de vazamentos de oleoduto. 
Todos os danos aos elementos integrantes do patrimônio 
ambiental e cultural, são passíveis de ressarcimento.
Não poderia haver responsabilidade subjetiva do causa-
dor do dano ecológico, se se verificasse que o evento danoso 
poderia ter sido evitado, mediante providências cautelares, 
de acordo com os progressos atuais da ciência. Mas como 
sua culpa nem sempre poderia ser demonstrada, a Lei nº 
6.938/81, artigo 14, § 1º, e a jurisprudência (RT, 625: 157) 
têm-se firmado pela responsabilidade objetiva baseada no ris-
co, ante a fatalidade da sujeição dos lesados ao dano ecológico, 
sendo irrelevante a discussão sobre a culpa do lesante, que 
somente poderá alegar em sua defesa: negação da atividade 
poluidora e inexistência do dano.
O magistrado, para restabelecer o equilíbrio, deverá 
impor a reparação para os casos de necessidade e inevitabi-
lidade da atividade danosa e a interdição para os casos em 
que o ato pernicioso seja incompatível com a conservação da 
vida num ambiente tolerável. Ante os abusos cometidos, é 
preciso intimidar os agentes do dano ecológico, pois a sim-
ples perspectiva do ônus da reparação é insatisfatória. Daí a 
imposição da responsabilidade penal, inclusive das pessoas 
jurídicas (Lei nº 9.605/98 e CF/88, artigo 225, § 3º).
A ação popular, ao lado dos remédios reparatórios, é 
um grande instrumento para proteger o interesse coletivo 
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na seara do dano ecológico, ao lado da ação civil pública do 
mandado de segurança coletivo, do mandado de injunção, 
da ação de inconstitucionalidade por ação ou omissão.
No âmbito do direito internacional, muitos órgãos, para 
garantir a cada um o direito de gozar de um ambiente sadio 
e de viver com dignidade e no bem-estar, têm procurado 
formas para assegurar e consagrar como legítimo interesse 
de agir em juízo a pretensão individual ou coletiva à comu-
nidade contra os danos à ecologia, impedindo a atividade 
poluidora ou exigindo que ela tome medidas para assegurar 
a incolumidade pública.
4.1.1 Responsabilidade Civil por Dano Ambiental 
Natural
A responsabilidade civil por danos causados ao meio 
ambiente, é o resultado de uma conduta positiva ou negativa 
desenvolvida por imprudência ou negligência e que gera dano 
a outrem. Através da responsabilidade civil pode-se exigir, 
juridicamente, a reparação do dano, tentando-se a restituição 
ao estado anterior. Além de compelir o potencial poluidor a 
medidas preventivas.
A ação destruidora da natureza agravou-se neste sé-
culo em razão do incontido crescimento da população e do 
progresso científico e tecnológico, que permitiu ao homem a 
completa dominação da terra, das águas e do espaço aéreo. 
Com suas conquistas, o homem está destruindo os bens da 
natureza, que existem para o seu bem-estar, alegria e saúde; 
contaminando rios, lagos, com despejos industriais, contendo 
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resíduos da destilação do álcool, de plástico, de arsênio, de 
chumboou de outras tantas substâncias venenosas; devas-
tando florestas; destruindo reservas biológicas; represando 
rios, usando energia atômica ou nuclear.
O direito não poderia ficar inerte ante essa triste reali-
dade. Viu-se, assim, o Estado moderno na contingência de 
preservar o meio ambiente, para assegurar a sobrevivência 
das gerações futuras em condições satisfatórias de alimen-
tação, saúde e bem-estar. Para tanto, criou-se um direito 
novo, o direito ambiental, destinado ao estudo dos princípios 
e regras tendentes a impedir a destruição ou a degradação 
dos elementos da natureza.
O meio ambiente, elevado à categoria de bem jurídico 
essencial à vida, à saúde e à felicidade do homem, é objeto, 
hoje, de uma disciplina que já ganha foros de ciência e au-
tonomia: a ecologia. Visa a ecologia, portanto, considerar 
e investigar o mundo como “nossa casa”, sendo conhecida, 
por isso mesmo, como “ciência do habitat”, na medida em 
que estuda as relações dos seres vivos entre si e deles com 
o ambiente.
Há, hoje, no mundo, todo uma grande preocupação 
com a defesa do meio ambiente, pelos constantes atenta-
dos que este vem sofrendo. O dano ecológico ou ambiental 
tem causado graves e sérias lesões às pessoas e às coisas. 
Como qualquer outro dano, deve ser reparado por aqueles 
que o causaram, seja pessoa física ou jurídica, inclusive a 
Administração Pública.
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4.1.2 Responsabilidade civil
É a restauração de um equilíbrio moral e patrimonial 
desfeito e à redistribuição da riqueza de conformidade com 
os ditames da justiça, tutelando a pertinência de um bem, 
com todas as suas utilidades, presentes e futuras, a um su-
jeito determinado.
A fonte geradora da responsabilidade civil, é o interesse 
em restabelecer o equilíbrio violado pelo dano. Na responsa-
bilidade civil são a perda ou a diminuição verificada no patri-
mônio do lesado ou o dano moral que geram a reação legal, 
movida pela ilicitude da ação do autor da lesão ou pelo risco.
A responsabilidade civil cinge-se, portanto, à reparação 
do dano causado a outrem, desfazendo tanto quanto possível 
seus efeitos, restituindo o prejudicado ao statu quo ante1. A 
responsabilidade civil constitui uma relação obrigacional que 
tem por objeto a prestação de ressarcimento.
O dano ao meio ambiente natural tem causado graves 
e sérias lesões às pessoas, às coisas ou ao meio ambiente, 
urgindo sua reparação, por envolver não só abuso no exer-
cício de um direito (CC, art. 188, I), mas também perigosos 
riscos, pois, o verdadeiro problema para numerosos indi-
víduos atingidos em sua pessoa e nos seus interesses não é 
saber o que vale sua causa, no plano jurídico, mas verificar 
se são bastante fortes social, pecuniária e moralmente para 
afrontar um adversário que nada será capaz de fazer recuar.
1 o termo status quo ante bellum (ou statu quo ante bellum), 
é uma expressão em Latim que significa literalmente, «o estado em que 
as coisas estavam antes da guerra.
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Por essa razão, mesmo que o dano ao meio ambiente 
natural acarrete luta desigual, competirá ao legislador ou 
ao órgão judicante restabelecer o equilíbrio, considerando o 
fenômeno sob o prisma da gravidade de seus efeitos, de suas 
anormalidades, das repercussões que possa ter.
Não poderia haver responsabilidade subjetiva do causa-
dor do dano ao meio ambiente natural, se se verificasse que o 
evento danoso poderia ter sido evitado, mediante providên-
cias cautelares, de acordo com os progressos atuais da ciência.
O magistrado, para restabelecer o equilíbrio, deverá im-
por a reparação para os casos de necessidade e inevitabilidade 
danosa e a interdição para os casos em que o ato pernicioso 
seja incompatível com a conservação da vida num ambiente 
tolerável. Ante os abusos cometidos, é preciso intimidar os 
agentes do dano ao meio ambiente natural, pois a simples 
perspectiva do ônus da reparação é insatisfatória.
É óbvio que a norma jurídica não pode impedir que 
um navio derrame petróleo no mar ou que um avião caia 
carregado de bombas atômicas, mas poderá responsabilizar 
severamente aquele em cujo proveito se transporta petróleo e 
impedir que o risco da explosão atômica ameace a destruição.
4.1.3 Responsabilidade objetiva
Nos casos de responsabilidade objetiva, não se exige 
prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o 
dano. Em alguns, ela é presumida pela lei. Em outros, é de 
todo prescindível. Uma das teorias que procuram justificar 
a responsabilidade objetiva é a teoria do risco.
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Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma ativida-
de cria um risco de dano para terceiros. E deve ser obrigada 
a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa.
A responsabilidade civil desloca-se da noção de culpa 
para a ideia de risco, ora encarada como “risco-proveito”, 
que se funda no princípio segundo o qual é reparável o dano 
causado a outrem em consequência de uma atividade reali-
zada em benefício do responsável; ora mais genericamente 
como “risco criado”, a que se subordina todo àquele que, sem 
indagação de culpa, expuser alguém a suportá-lo.
O que se leva em conta é a potencialidade de ocasionar 
danos, ou seja, a atividade ou conduta do agente que resulta 
por si só na exposição a um perigo. Nesse diapasão podería-
mos exemplificar com uma empresa que se dedica a produzir 
e apresentar espetáculos com fogos de artifício. Ninguém 
duvida de que o trabalho com pólvora e com explosivos já 
representa um perigo em si mesmo, ainda que todas as me-
didas para evitar danos venham a ser adotadas.
A responsabilidade objetiva se funda no risco, que ex-
plica essa responsabilidade no fato de haver o agente causado 
prejuízo à vítima ou a seus bens. É irrelevante a conduta cul-
posa ou dolosa do causador do dano, uma vez que bastará a 
existência do nexo causal entre o prejuízo sofrido pela vítima 
e a ação do agente para que surja o dever de indenizar.
4.1.4 Responsabilidade subjetiva
Conforme o fundamento que se dê à responsabilidade, 
a culpa será ou não considerada elemento da obrigação de 
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reparar o dano. Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabili-
dade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do 
agente passa a ser pressuposto necessário do dano indeni-
zável. A responsabilidade do causador do dano somente se 
configura se agiu com dolo ou culpa.
A responsabilidade subjetiva se funda na justificativa 
da culpa ou dolo por ação ou omissão, lesiva a determinada 
pessoa. Desse modo, a prova da culpa do agente será neces-
sária para que surja o dever de reparar.
4.1.5 Responsabilidade por dano ao meio am-
biente natural
O dano ao ambiente apresenta relação estreita com a 
noção de abuso de direito, e em princípio deve ser conside-
rada abusiva qualquer conduta que extrapole os limites do 
razoável e ocasione danos ao meio ambiente e desequilíbrio 
ecológico. A noção desse abuso não é de índole individu-
alista, mas deve ter em vista a coletividade. Em princípio, 
toda atitude individual que cause dano efetivo ou potencial 
à coletividade deve ser reprimida.
Por sua natureza, o dano ecológico depende de perí-
cias de custosa operação, pois muitas vezes esses danos são 
invisíveis e não facilmente identificáveis. Por outro lado, 
temos que levar em conta a disparidade econômica entre o 
agressor e o agredido.
Geralmente, o agressor à natureza é conglomerado 
econômico poderoso, e por essa razão, tendo em vista a vul-
nerabilidade da vítima e sua hipossuficiência, o ordenamento 
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deve municiá-la com instrumentos eficazes de direito material 
e processual.
Em sede de reparação de dano em geral, o prejuízo deve 
ser atual, isto é, já deve ter ocorrido. A responsabilidade por 
dano ecológico vai mais além: todo prejuízo potencial, que 
pode advir no futuro, pode e deveser coibido, portanto, nesse 
diapasão, é aberta toda uma problemática a respeito de dano 
futuro, do impacto ecológico que uma atividade possa vir a 
causar. Em razão desse aspecto, diminui-se a exigência de 
comprovação do nexo causal.
Mesmo que o dano ecológico acarrete luta desigual, 
competirá ao legislador ou ao órgão judicante restabelecer o 
equilíbrio, considerando o fenômeno sob o prisma da gravida-
de de seus efeitos, de sua anormalidade, das repercussões que 
possa ter, de sua continuidade, pois não poderá apreciá-lo se 
passageiro ou acidental, e do grau de tolerabilidade, sempre 
levando em conta as condições da vida moderna.
4.1.6 Excludentes da responsabilidade por dano 
ambiental
O Código Civil, em seu art. 188, declara que não são 
atos constitutivos de ilicitude os que são praticados em le-
gítima defesa, no exercício regular de direito reconhecido; 
com o escopo de remover perigo iminente culminando com a 
destruição ou deterioração de coisa alheia ou lesão à pessoa; 
com a ressalva de que a legitimidade do ato somente se dá 
se houver a necessidade absoluta da prática deste e mesmo 
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assim sem exceder os limites do indispensável na remoção 
do perigo.
Assim, nem a legítima defesa nem o estado de neces-
sidade constituem atos ilícitos. Também não são passíveis 
de indenização os danos que forem praticados no “exercício 
regular de um direito”. Além deste, o “estrito cumprimento 
do dever legal”, outra excludente criminal, também é exclu-
dente na responsabilidade civil.
Também o caso fortuito e a força maior são apontados 
como excludentes, estão ligados ao nexo causal e aparecem 
no parágrafo único do artigo 393 do Código Civil, onde afir-
ma que ambos se verificam no fato necessário em que não 
era possível evitar ou impedir seus efeitos. Embora doutri-
nariamente sejam institutos distintos, na prática legislativa 
ambos se equivalem.
O fato de terceiro ou a culpa exclusiva de terceiro tam-
bém se classificam como excludentes. Entretanto, em se 
tratando de responsabilidade civil, o princípio da obrigato-
riedade do causador direto de reparar o dano é o que predo-
mina, logo, a culpa de terceiro não isenta o autor direto da 
ação danosa de seu dever indenizatório.
Porém, este poderá ingressar com ação regressiva con-
tra o terceiro criador da situação de perigo. Havendo culpa 
exclusiva da vítima ou fato exclusivo da vítima também pode 
ser arguida a exclusão de responsabilidade e seu dever de 
reparar.
Entretanto, em sede de responsabilidade civil objetiva, 
deve-se evitar falar em “culpa”, visto não se discutir a culpa 
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nessa modalidade de responsabilidade, mas sim discutir-se o 
nexo de causalidade, logo, são mais aceitas expressões como 
“fatos de terceiros” ou “fato exclusivo da vítima”.
Não obstante a exposição de todas as excludentes de 
ilicitude acima, em matéria de responsabilidade civil ambien-
tal e por consequência objetiva, nem todas as excludentes 
existentes podem ser arguidas, embora em muitos casos não 
haja consenso; também deve-se ressaltar que o dano am-
biental tem caráter público e assim, não podem ser arguidas 
excludentes do Direito Privado.
4.2 A Imputação de Resultados Tardios
O dano ambiental pode manifestar seus efeitos tão logo 
seja praticado, como também pode se manifestar após anos 
de incubação. Assim, a imputação dos resultados tardios 
merece atenção para que o dano não seja efetivado e não 
fique impune.
Em muitos casos a conduta danosa não produz resul-
tados imediatos, mas quando estes se manifestam ocorrem 
com o resultado exatamente previsto. Também, devem ser 
impunes por que decorrem da conduta inicial sem desdobra-
mento do nexo causal e sem instauração de um novo desdo-
bramento causal, logo, estão vinculados à conduta anterior.
Na legislação brasileira há como imputar ao agente o 
resultado tardio, isso é possível por haver exceção em ajui-
zamento de ação de ressarcimento com pedido genérico, 
incluindo-se aí os resultados tardios, com fundamento no 
inciso II do art. 286 do Código de Processo Civil.
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4.3 Reparação ao Dano Ambiental
A reparação do dano ao meio ambiente, embora maté-
ria de responsabilidade civil, é prevista até mesmo na Lei de 
Crimes contra o Meio Ambiente em seu art. 17, que dispõe 
que a constatação da reparação do dano deve ser feita por 
meio de laudo de reparação de dano ambiental.
Mesmo a sentença penal condenatória pode constituir 
título executivo judicial nos danos causados, nesta, há um 
quantum mínimo para a reparação do dano baseado em 
parâmetros ao ofendido, nesse caso, o meio ambiente. Sua 
execução pode ser procedida após o trânsito em julgado sem 
prejuízo da liquidação do dano, de acordo com o art. 20, 
caput, parágrafo único.
Também vários casos de competência de Juizados 
Especiais Criminais, mediante transação penal ou suspensão 
de processo, são passíveis de resolver tanto o problema na área 
cível quanto na área penal, mediante a reparação do dano.
Assim, há a garantia tanto das medidas preventiva e 
repressiva das sanções penais quanto o escopo da área cível, 
que se resume na reparação do dano. Na Lei de Ação Civil 
Pública seu art. 3º menciona que tal ação pode ter como ob-
jeto condenação em dinheiro ou cumprimento de obrigação 
de fazer ou não fazer.
A reparação ambiental enfrenta, no entanto, a questão 
da dificuldade em equacionar os custos do dano tanto quanto 
à poluição dentro de um determinado país quanto à polui-
ção transfronteiriça. Há, inclusive, a cogitação da busca de 
arbitragem de uma terceira parte para dirimir tais impasses.
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
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QUESTÕES DE APRENDIZAGEM 
UNIDADE 2
Questão 1
São instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente:
I. o estabelecimento de padrões de qualidade am-
biental e o zoneamento ambiental.
II. a avaliação de impacto ambiental e o licencia-
mento e a revisão de atividades efetivamente ou 
potencialmente poluidoras.
III. os incentivos à produção e instalação de equi-
pamentos e a criação ou absorção de tecnologia, 
voltados para a melhoria da qualidade ambiental 
e a criação de espaços territoriais especialmente 
protegidos pelo poder público federal, estadual e 
municipal, tais como áreas de proteção ambien-
tal de relevante interesse ecológico e reservas 
extrativistas.
Assinale a opção correta:
a) Apenas os itens I e II estão certos
b) apenas os itens I e III estão certos
c) Apenas os itens II e III estão certos
d) Todos os itens estão certos
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
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Questão 2
Quanto à constituição e ao funcionamento do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), julgue os itens que 
se seguem.
I. A participação dos membros do CONAMA é consi-
derada serviço de natureza relevante e não será re-
munerada, cabendo às instituições representadas 
o custeio das despesas de deslocamento e estadia.
II. O CONAMA é composto pelo plenário, pelas câma-
ras técnicas e pelos diretórios regionais de políticas 
socioambientais.
III. Nesse Conselho, é obrigatória a presença de um 
representante de sociedade civil legalmente cons-
tituída, de cada uma das regiões geográficas do 
país, cuja atuação esteja diretamente ligada à pre-
servação da qualidade ambiental e cadastrada no 
Cadastro Internacional das Organizações Não-
Governamentais Ambientalistas.
Assinale a opção correta:
a) apenas o item I está certo
b) apenas o item II está certo
c) apenas o item III está certo
d) Todos os itens estão certos
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
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Questão 3
A respeito da ação civil pública, nos moldes da Lei no 
7.347/85, é correto afirmar que:
a) as ações previstas na Lei serão propostas no foro do 
domicílio do autor, cujo juízo terá competência funcional 
para processar e julgar a causa.
b) fica facultado ao Poder Público e a outras associações 
legitimadas nos termos da Leihabilitar-se como litisconsortes 
de qualquer das partes.
c) o Ministério Público possui legitimidade privativa 
para tomar dos interessados compromisso de ajustamento 
de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, 
que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
d) a multa cominada liminarmente só será exigível do réu 
após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas 
será devida desde o dia em que foi judicialmente arbitrada.
e) a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, com 
abrangência nacional, exceto se o pedido for julgado impro-
cedente por insuficiência de provas.
Questão 4
A ação civil pública, nos moldes da Lei n. 7.347/85, é im-
portante instrumento na promoção da tutela coletiva de direitos. 
Com efeito, a referida ação é capaz de gerar a tutela célere de 
direitos transindividuais obedecendo, dentre outros princípios, 
aos ideais de duração razoável do processo e de efetividade.
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
96
Na apuração dos fatos e na colheita de elementos ca-
pazes de indicar a eventual conveniência da propositura de 
uma ação civil pública, ganha destaque a figura do inquérito 
civil no curso do qual, inclusive, pode ser assinado o termo 
de ajustamento de conduta. Com relação ao inquérito civil, 
assinale a afirmativa correta.
a) é procedimento investigatório de caráter adminis-
trativo que obrigatoriamente tem que ser instaurado, a fim 
de fornecer o suporte probatório que lastreará a propositura 
da ação civil pública, a ser ajuizada imediatamente após a 
conclusão do inquérito civil.
b) é procedimento investigatório de caráter administra-
tivo que pode ser instaurado por qualquer dos Co legitimados 
para a propositura da ação civil pública, sempre que julgarem 
ser preciso promover a melhor apuração dos fatos para, só 
então, propor a ação civil pública cabível.
c) é procedimento investigatório de caráter administrativo 
que só pode ser instaurado pelo ministério público, que o fará 
sempre que considerar conveniente promover a melhor apu-
ração dos fatos e colher maiores elementos de convicção para, 
só então e se concluir pertinente, propor a ação civil pública.
d) é procedimento investigatório de caráter jurisdicional 
que pode ser instaurado por qualquer dos Co legitimados para 
a propositura da ação civil pública, sempre que julgarem ser 
preciso promover a melhor apuração dos fatos e, no curso do 
qual, pode ser firmado compromisso de ajustamento de conduta.
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
97
Questão 5
João, militante ambientalista, adquire chácara em área 
rural já degradada, com o objetivo de cultivar alimentos 
orgânicos para consumo próprio. Alguns meses depois, ele 
é notificado pela autoridade ambiental local de que a área é 
de preservação permanente.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
a) João é responsável pela regeneração da área, mesmo 
não tendo sido responsável por sua degradação, uma vez que 
se trata de obrigação proprietário.
b) João somente teria a obrigação de regenerar a área 
caso soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo pro-
prietário, em homenagem ao princípio da boa-fé.
c) o único responsável pelo dano é o antigo proprietário, 
causador do dano, uma vez que João não pode ser respon-
sabilizado por ato ilícito que não cometeu.
d) não há responsabilidade do antigo proprietário ou de 
João, mas da Administração Pública, em razão da omissão na 
fiscalização ambiental quanto da transmissão da propriedade.
Questão 6
No curso de obra pública, a Administração Pública 
causa dano em local compreendido por área de preservação 
permanente. Sobre o caso apresentado, assinale a opção que 
indica de quem é a responsabilidade ambiental.
–RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS–
98
a) em se tratando de área de preservação permanente, 
que legalmente é de domínio público, o ente só responde 
pelos danos ambientais nos casos de atuação com dolo ou 
culpa grave.
b) em se tratando de área de preservação permanente, 
a Administração Pública responderá de forma objetiva pelos 
danos causados ao meio ambiente, independentemente das 
responsabilidades administrativa e penal
c) em se tratando de dano ambiental cometido dentro 
de área de preservação permanente, a Administração Pública 
não tem responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo 
sobre o agente público causador do dano, independentemente 
das responsabilidades administrativa e penal.
d) trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidá-
ria de todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, 
inclusive do agente público que determinou a prática do ato.

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