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TGDP Ponto 2 2023

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Faculdade de Direito de São Paulo - 1862
 Rui Barbosa – 1849 - 1923
	“Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas ideias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas. Já se vê quanto vai do saber aparente ao saber real.”
Teoria Geral do Direito Penal I - Aula 01
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Política Criminal
Criminologia
 Dogmática
2. Direito Penal e Constituição. Princípios penais fundamentais.
Teoria Geral do Direito Penal - Aula 02
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Caso prático:
	Na madrugada do dia 21 de julho de 2019, a menor Jéssica dos Santos foi internada no hospital por apresentar um agravamento de seu estado de saúde em consequência da anemia falciforme. Jéssica, que contava com 13 anos de idade, foi submetida a exames clínicos, onde se constatou uma baixíssima quantidade de componentes hemáceos, o que exigia urgente transfusão de sangue. Esse diagnóstico foi apresentado aos pais da menor, que, apesar dos esclarecimentos feitos pelos médicos do hospital, recusaram-se a permitir a transfusão, invocando preceitos da religião Testemunhas de Jeová, da qual são adeptos. Por conseguinte, a paciente veio a falecer entre 4h10min e 4h30min do dia 22 de julho de 1993. O Ministério Público apresentou denúncia contra os pais da menor, incursos no crime de homicídio doloso.
3/27/23
Introdução
Limites do Direito Penal no Estado Democrático de Direito: a influência dos modelos de Estado no Direito Penal. 
Estado, Sociedade e Direito
Conformação social
Modelo de Estado
Expectativas sociais
Política criminal
Direito Penal
Estado de Direito X Estado Absoluto
Império da lei, como expressão da vontade geral; 
Divisão de poderes; 
Legalidade da administração (atuação conforme a lei e submetida a controle judicial); e 
Garantia jurídico-formal e efetiva realização material de direitos e liberdades fundamentais.
Estado Liberal 
Liberdade individual
Ausência de coação
Neutralidade do Estado
Por ser a igualdade que fundamenta o Estado Liberal meramente formal, o liberalismo acaba por encobrir as desigualdades sociais de fato, apresentando um conceito de liberdade inoperante, que não permite a busca de soluções às contradições sociais.
Estado Social 
Da imparcialidade à intervenção estatal:
 + Proteção da sociedade frente ao Estado à proteção da sociedade por meio da ação do Estado;
+ Implementação dos direitos sociais;
+ Reconhecimento e materialização do princípio de solidariedade e de justiça social.
- Burocracia excessiva;
- Intervencionismo negativo e autoritário
Intervenção penal no Estado Social
Interesses fundamentais valorados conforme sua importância para o sistema social;
Minorias subordinadas à maioria;
Preocupação penal com eficácia, e não com o indivíduo;
Intervenção penal = Terror penal
Estado Democrático de Direito
Orientação material do Estado Social à democracia;
O Estado deverá criar condições sociais que favoreçam efetivamente o desenvolvimento de seus cidadãos;
	
	A razão é clara: o sistema social é posto a serviço do indivíduo, e não o contrário.
Fundamentos do Estado Democrático de Direito brasileiro
Pluralismo Político(art. 1º., V, CR)
Dignidade Humana(art. 1º., III, CR)
Função do Direito Penal
“No meio de taes questões sem sahida, parvamente suscitadas, e ainda mais parvamente resolvidas, occupa lugar saliente a celebre questão da origem e fundamento do direito de punir. É uma espécie de adivinha, que os mestres crêm-se obrigados a propôr aos discipulos, acabando por ficarem uns e outros no mesmo estado de perfeita ignorância.” BARRETO, Tobias. Obras completas. Vol V. Menores e loucos e fundamento do direito de punir.
Direito Penal e Constituição
Supremacia do texto constitucional: concepções formal e material.
Positivação de valores fundamentais: tríplice dimensão (fundamentadora, orientadora e crítica).
Vinculação penal negativa e positiva.
Constituição como paradigma de legitimidade do Direito Penal
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Princípios penais fundamentais
 Os princípios limitadores impostos ao sistema penal derivam da prévia decisão política que estabelece sua função.
 São inacabados em sua realização e abertos em seu enunciado.
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A pretensão de taxatividade dos princípios penais fundava-se em um pretenso ‘jus puniendi’ ou direito subjetivo de punir do Estado. Tal ‘jus puniendi’ não existe, tratando-se na verdade de uma ‘potentia puniendi’ que necessita contenção e redução.”
Zaffaroni, Eugenio Raúl 
Assim, os princípios são passíveis de constante atualização, conforme as novas demandas advindas do avanço social. 
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“
”
Princípio da legalidade (CR, art. 5º, XXXIX)
Sua expressão constitucional aparece na origem do constitucionalismo: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.
No âmbito penal, foi precisado por FEUERBACH na fórmula latina:
“Nullum crimen sine lege, nulla poena sine lege, nullum crimen sine poena legale.”
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Princípio da legalidade
Finalidade do princípio (Iluminismo): proteção dos direitos e liberdades do indivíduo contra abusos do Estado.
ASSIM, o princípio não se aplica a qualquer matéria penal, mas apenas aos casos de criminalização ou agravamento da responsabilidade do agente, sob pena de funcionar contra sua própria teleologia. 
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Princípio da legalidade
Análise de efeitos em 5 planos distintos:
Extensão (já tratado);
Fonte (exigência de lei formal);
Taxatividade;
Proibição de analogia;
Proibição de retroatividade (ponto 03).
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Princípio da legalidade
Garantias advindas do princípio:
Garantia criminal;
Garantia penal;
Garantia jurisdicional;
Garantia de execução
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Princípio da legalidade (CP, art. 1º)
Sob o ponto de vista FORMAL, significa que a única fonte produtora de lei penal no sistema brasileiro são os órgãos constitucionalmente habilitados e a única lei penal é a lei formal por eles emanada, conforme ao procedimento estabelecido pela própria Constituição.
Por isso, o Poder Executivo, os juízes e Administração não podem produzir leis penais.
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Princípio da legalidade
Da mesma forma, costumes, doutrina e jurisprudência NÃO podem ser fontes de proibições penais, embora possam constituir fontes de interpretação penal:
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1º. Requisito da legalidade
Lex scripta
Princípio da legalidade
Outros requisitos:
 Lex praevia – Irretroatividade da lei penal
 Lex stricta – taxatividade
 Primeira dificuldade: tipos penais abertos
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Princípio da legalidade
 Pode uma lei penal limitar-se a estabelecer uma cominação, deixando que o comportamento proibido seja determinado por outra lei? 
		LEI PENAL EM BRANCO 						(BINDING)
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Princípio da legalidade
Lei penal em branco - dificuldade de difícil solução: Delegação legislativa constitucionalmente proibida.
Hipótese de reenvio normativo tolerável: 
Leis penais em branco impróprias, que reenviam a outra norma emanada da mesma fonte (reenvio interno – outra disposição da mesma lei – ou externo – a outra lei da mesma hierarquia da lei penal).
Reenvio de complemento, restando o núcleo do comportamento proibido na esfera restrita da lei penal. 
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Princípio da presunção de inocência
De origem procedimental, porém com valor material essencial. (art. 5º,LVII, CR)
Deve incidir na interpretação das normas penais, conforme tem afirmado o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, o que implica alterar os rumos da teoria do delito.
 = Imposição de análise estrutural negativa dos elementos do delito.
Portanto, norma incriminadora não deve ter função de afirmar a responsabilidade do agente, mas sim de limitar o exercício do poder punitivo do Estado.
	
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Princípio da culpabilidade 
“Nulla poena sine culpa”
CR, art. 5º, XLV – Responsabilidade penal subjetiva
Impossibilidade de punir a personalidade (DireitoPenal do fato)
Impossibilidade de atribuir um delito a alguém por meio da simples constatação da relação causal.
Individualização da responsabilidade penal (responsabilidade pessoal)
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“Princípio” da proporcionalidade
Requisitos:
Idoneidade ou adequação: reação deve ser apta a atingir os objetivos propostos (adequação meio/fim);
Necessidade ou exigibilidade: menor prejuízo dentre as providências possíveis;
Proporcionalidade em sentido estrito: reação deve ter a mesma gravidade do comportamento delitivo
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Princípio da intervenção penal mínima
Direito Penal como ultima ratio
Cuidado com transformação de intervenção penal mínima em intervenção penal máxima: simbolismo penal
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Princípio da ofensividade
	Decorre da função do Direito Penal – proteção subsidiária de interesses sociais fundamentais – e do princípio da intervenção penal mínima.		
	Lei Federal n. 11.343/06:
	Art. 28. “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: (...)”
	
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Teoria Geral do Direito Penal I - Aula 01
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Leituras recomendadas:
HC 268.459/SP – 6a. T. STJ – Rel. Min. Maria Thereza R. Assis Moura. 
TAVARES, Juarez. Fundamentos de teoria do delito. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2018, p. 60 a 83.
BECHARA, Ana Elisa L. S. Bem jurídico-penal. São Paulo: Quartier Latin, 2014, p. 31 a 88.
FERRAJOLI, Luigi. Legalidad civil y legalidade penal. Sobre la reserva de código en materia penal. Cuadernos de doctrina y jurisprudencia penal, n. 15, 2003.
GIMBERNAT ORDEIG, Enrique. Concepto y método de la ciencia del derecho penal. Tecnos, p. 11-43.
MIR PUIG, Santiago. Introducción a las bases del derecho penal. 2ª. edição. Montevideo, Bdef, 2007, p. 71-101.
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