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Desenvolvimento Motor: Reflexos e Marcha

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Impresso por Diego Veronez, CPF 396.043.178-30 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 13/04/2021 19:58:47
 
 
 
 
APRENDIZAGEM E 
 
CONTROLE MOTOR 
 
LUCAS PINHEIRO JOSÉ 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
NOVA FRIBURGO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução ao tema 
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    O foco principal de estudos na área de Desenvolvimento Motor é o entendimento de 
como se desenvolve as ações dos seres humanos desde o nascimento, prolongando-se 
por suas vidas. Barreiros e Krebs (2007), afirmam que a área conhecida hoje como 
Desenvolvimento Motor, oriunda do campo da Biologia e da Psicologia no final do século 
XIX, é considerada uma subárea, juntamente com as subáreas da Aprendizagem Motora 
e do Controle Motor. Estas três subáreas geram uma área de conhecimento em comum, 
conhecida como Comportamento Motor. Para Malina (2004) o desenvolvimento motor é 
o processo através do qual a criança adquire padrões de movimentos e habilidades, 
sendo este um processo contínuo de modificações que envolvem a interação de vários 
fatores, tais como, maturação neuromuscular, crescimento físico e características do 
comportamento da criança, tempo de crescimento, maturação biológica e 
desenvolvimento comportamental, os efeitos residuais de experiências prévias do 
movimento e as novas experiências de movimento. Segundo Gabbard (1992) o 
desenvolvimento motor é o estudo do comportamento motor e o processo de mudanças 
biológicas associada ao movimento humano durante o ciclo de vida, sendo visto como o 
processo de mudança no comportamento motor resultando da interação da 
hereditariedade e ambiente. A importância do fator hereditariedade também foi 
ressaltada por Eckert (1993) na formação do indivíduo aliado a influência do meio 
ambiente. 
    Embora estes e outros autores sigam o paradigma tradicional do desenvolvimento 
motor, o qual tinha como enfoque principal a maturação do sistema nervoso central como 
premissa para o desenvolvimento, esta área vem sendo fortemente influenciada desde a 
década de 80 por novas teorias e abordagens sistêmicas emergentes. Podemos 
observar a influencia das abordagens sistêmicas contemporâneas (sistemas dinâmicos 
e teoria bioecológica), que surgiram no final do século XX, quando, em 2001 os autores 
Gallahue e Ozmun referem-se ao desenvolvimento motor, em uma nova abordagem, 
como uma alteração contínua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida, 
proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e 
as condições do ambiente. Com isto, surge o Modelo da Ampulheta (Gallahue; Ozmun,    
2001), um modelo heurístico que conceitua e explana o processo de desenvolvimento 
motor. 
    O conteúdo proveniente da hereditariedade e ambiente preenche primeiramente a fase 
reflexiva, até atingir o estágio de inibição dos reflexos e dando início aos movimentos 
voluntários da criança. Contudo, para o melhor entendimento dos movimentos 
voluntários e as fases/estágios subseqüentes, se faz necessário a compreensão das 
primeiras formas do movimento humano, os reflexos. Com isto, o objetivo deste estudo é 
abordar a temática dos movimentos reflexos no contexto do desenvolvimento motor, com 
enfoque no reflexo da marcha. 
1. OBJETIVO GERAL DO ESTUDO 
 Embora exista uma divergência quanto ao surgimento e desaparecimento do movimento 
reflexo, dando espaço ao início dos movimentos voluntários e rudimentares, podemos 
concluir que por volta dos seis meses a maioria das formas de movimentos que 
chamamos de reflexo, vão se tornando movimentos voluntários com um baixo grau de 
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controle da criança. O reflexo da marcha tem um valor especial, visto que este reflexo é o 
movimento que antecede um dos comportamentos mais importante do ser humano, o 
caminhar. Contudo, não existe um consenso nos aspectos temporais, relacionando o 
aparecimento e a inibição destes movimentos involuntários. Novos estudos se fazem 
necessários para tentar desmistificar a duração temporal dos reflexos, determinando 
com maior exatidão a fronteira entre os reflexos e a inibição destes movimentos visando 
antecipar um possível diagnóstico da criança a respeito do seu desenvolvimento motor. 
Nota-se também a carência de instrumentos que viabilizem a mensuração quantitativa 
dos reflexos, ficando estes vulneráveis a avaliação qualitativa do avaliador e dificultando 
a padronização. 
2. HISTÓRIA E COMO SURGIU 
 Fases e estágios do desenvolvimento 
    Para o delineamento e contextualização das fases do desenvolvimento motor, serão 
utilizados como foco da pesquisa os modelos conceituais propostos por Anita Harrow 
(1983), David L. Gallahue; Ozmun (2005) e Carl Gabbard (1992). É possível identificar 
semelhanças dentre estas três propostas, tais como a base destes modelos conceituais, 
a qual trás os movimentos reflexos como alicerces dos movimentos humanos. A 
diferença entre os modelos está no número de fases/estágios designados por cada 
autor, nomenclaturas utilizadas e na variação temporal destes estágios de 
desenvolvimento. Anita Harrow dividiu seu modelo teórico em seis níveis de 
desenvolvimento motor, partindo dos “Movimentos Reflexos” (menos complexos) até o 
estágio de “Comunicação não Verbal” (mais complexo). No modelo de Gallahue são 
propostos quatro estágios, começando por “Movimentos Reflexos” até “Movimentos 
Especializados” e, Gabbard propôs seis estágios de desenvolvimento, começando com 
a fase “Reflexiva/Rudimentar” até a fase de “Regressão”. 
 Reflexos 
    No processo de desenvolvimento motor é possível observar desde o nascimento que a 
criança apresenta algumas pequenas movimentações, denominados movimentos 
reflexos que, para Malina e Bouchard (2002), geralmente se originam de estímulos 
diversos provenientes do meio externo, como som, luz, toque ou posição do corpo 
(GABBARD, 2008). Alguns dos reflexos são bastante simples e mediados ao nível da 
medula espinhal, outros são mais complexos e exigem a integração dos centros do 
tronco cerebral, os labirintos, e outros centros nervosos em desenvolvimento. 
    Nos trabalhos de Gallahue; Ozmun (2001), Harrow (1983) e Gabbard (2008), os 
primeiros movimentos que o feto faz são classificados como reflexos, movimentos 
involuntários controlados subcorticalmente, ao passo que, possivelmente venham a 
formar a base para as seguintes fases do desenvolvimento motor. Berns (2002), 
corroborando com os autores supracitados, classifica os reflexos como reações não 
aprendidas, inatos e involuntários, de uma parte do corpo a um estímulo externo. 
Segundo Bornstein e Lamb (2005) os pioneiros do desenvolvimento motor da década de 
1930, Myrtle McGraw e Arnold Gesell, consideraram os comportamentos de sucção, o 
giro da cabeça, contração muscular rápida, preensão e 
caminhada como sendo reflexos da criança. Durante os quatro últimos meses dentro do 
útero até aproximadamente o quarto mês da vida pós-natal, os reflexos e estereótipos 
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dos bebês são a forma dominante do movimento humano (Payne e Isaacs 1991), o que é 
também sustentado por Gabbard (1992) que coloca a fase reflexiva iniciando por volta do 
terceiro mês intra-uterino, prolongando-se aproximadamente até o sexto mês após o 
nascimento. 
    Embora os pesquisadores da área do desenvolvimento motor não determinem 
univocamenteo fim da fase de reflexo/reflexiva, de fato existe uma tendencia sobre o 
início e o fim dos movimentos reflexos. Há uma concordância de que a fase reflexiva 
começa a surgir no período pré-natal e continua aproximadamente até o quarto ou sexto 
mês de vida da criança. (Harrow 1983; Payne e Isaacs 1991; Berns 2002; Malina 2004; 
Gallahue; Ozmun, 2005). Berk (1994) discorda, colocando a idade do desaparecimento 
do reflexo por volta dos dois meses de idade. 
    Embora exista um consenso na literatura que o reflexo desaparece prioritariamente 
antes do movimento voluntário, Cratty (1979) coloca que a dificuldade em estudar os 
movimentos reflexos da criança está na variabilidade na qual eles aparecem e 
desaparecem. A classificação proposta por Harrow (1983) divide os movimentos reflexos 
em espinhais e supra-segmentais. Os supra-segmentais envolvem a participação do 
cérebro. Os reflexos espinhais, por sua vez, dividem-se em reflexos segmentais, que 
ocorrem no percurso do segmento espinhal, e inter-segmentais, que envolvem mais de 
um segmento espinhal. Os reflexos dos bebês para (Payne e Isaacs 1991), corroborado 
por (Gallahue; Ozmun, 2005), são considerados cruciais para o desenvolvimento de 
movimentos voluntários subseqüentes, servindo como fonte primária de compilação de 
informações no período neonatal. Há evidencias de que existe conexão entre 
comportamentos reflexos precoces e movimento voluntário posterior. 
    Até aproximadamente o quarto mês o bebê atravessa o estágio de codificação de 
informações, (GALLAHUE; OZMUN, 2005), no qual as diversas reações causadas por 
seus centros cerebrais inferiores servem como meios primários para conhecer seu 
ambiente, buscar alimentos e procurar proteção. Ao final do quarto mês tem inicio o 
estágio de decodificação de informações, proposto pelos mesmos autores supracitados. 
É quando o comando subcortical dos movimentos do bebê começa a ser substituído por 
atividade motora voluntária gerenciada pelo córtex, agora mais desenvolvido. Isto quer 
dizer que neste momento o bebe começa a ganhar controle sobre seus movimentos 
através de sua nova habilidade de processar informações, ao passo que a reação 
instintiva a estímulos vai sendo paulatinamente superada. 
    Reflexos como o engatinhar, labirinto, apreensão palmar e caminhada são essenciais 
para a realização normal do engatinhar, posição ereta, apreensão e marcha voluntária 
respectivamente. Alguns estudos recentes vêm se preocupando com os movimentos 
reflexos e 
associando-os com desordens no processo de maturação do sistema nervoso central, 
restrições e evoluções no desenvolvimento motor entre outros problemas neurológicos 
(Capute et al., 1984; Moraes e Krebs, 2002 ;Guimarães e Tudella 2003; Olhweiler et al. 
2005; Krebs, Moraes e Todorov, 2005). Gallahue e Ozmun (2005) observaram em suas 
pesquisas quatro condições que indicam suspeita para disfunção neurológica: Atraso na 
inibição de um reflexo, completa ausência de um reflexo, reações reflexas bilaterais 
desiguais e, por fim, reações demasiadamente fortes ou fracas. Outra consideração dos 
mesmos autores é a de que a completa ausência de um reflexo é menos significativa que 
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um reflexo que perdure por tempo demasiado. 
    O papel primário de estimular o sistema nervoso central e os músculos também é dos 
movimentos reflexos. A presença de alguns reflexos oferece ao neonato condições para 
uma sutil, porém imprescindível, capacidade de buscar alimentos, como ocorre no 
reflexo de busca, onde a cabeça do neonato volta -se em direção a qualquer contato 
recebido em seu rosto, como ocorre na amamentação. Outra importante função destes 
movimentos autômatos é de fornecer certo grau de proteção ao bebê. No reflexo moro, 
sob uma situação de susto ou insegurança quanto ao seu apoio, os braços e pernas do 
recém nascido estendem e flexionam vigorosa e repentinamente, bem como suas mãos 
abrem-se por completo, preparando-se de antemão para uma queda. 
    Os reflexos foram divididos por Gallahue e Ozmun (2005) em Reflexos Primitivos 
(moro, susto, busca, sucção, palmar-mental, palmar-mandibular, preensão plantar, 
babisnki, preensão plantar e firmeza do pescoço) e Reflexos Posturais (corretivo 
labiríntico, corretivo visual, levantamento dos braços, amortecimento e apoio, corretivo 
do pescoço, corretivo do corpo, engatinhar, nadar e caminhar). Os denominados 
primitivos estão intimamente associados à obtenção de alimento e à proteção do bebê. 
Aparecem primeiramente na vida fetal e persistem por todo o primeiro ano de vida. Já os 
reflexos posturais fazem lembrar e podem ser associados aos movimentos voluntários 
posteriores. Os reflexos posturais automaticamente fornecem para um indivíduo a 
manutenção de uma posição ereta em relação ao seu ambiente. Encontrados em todos 
os bebês normais, nos primeiros anos de vida pós-natal, e podem, em alguns casos, 
persistir no decorrer do primeiro ano. 
    Para Malina (2002) os reflexos primitivos são bem desenvo lvidos entre o nascimento e 
os primeiros três meses de vida e, após este período há um declínio em sua intensidade, 
porém os reflexos posturais começam a surgir por volta dos três meses de idade e a 
intensidade das respostas aumenta no decorrer da primeira infância. Este entendimento 
sugere que enquanto os reflexos primitivos vão gradativamente desaparecendo, os 
reflexos posturais vão sendo mais evidenciados. 
    O caminhar é uma tarefa funcional que exige coordenação entre alguns segmentos do 
corpo e interações complexas. Alguns estudos buscam compreender o andar tentando 
descrever os movimentos normais e possíveis condições patológicas (BARR e 
SHERRY, 2003). A marcha independente é talvez um dos comportamentos mais 
importantes do ser humano, sendo a tarefa mais importante do desenvolvimento nos 
primeiros dois anos de vida e considerada talvez o marco do desenvolvimento motor 
(MALINA, 2004). Segundo McGraw (1932) a transição da fase da infância para a 
meninice no ciclo de crescimento do indivíduo, é convencionalmente marcada pela idade 
a qual a criança começa a ficar na posição ereta e caminha sozinha. 
    As mudanças que levam ao caminhar são essencialmente uma série de mudanças 
posturais através da qual a criança ganha o controle motor necessário para primeiro 
assumir a posição ereta, seguido da fase de manutenção da postura e finalmente 
assumir a marcha independente (MALINA, 2004). O reflexo da caminhada é um 
precursor de um importante movimento voluntário, a marcha. Este reflexo é observado 
quando segura-se o bebê ereto com os pés tocando uma superfície de suporte; a 
pressão sobre a parte inferior dos pés faz com que as pernas subam e descem. 
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    Esta ação da perna geralmente ocorre de forma alternada e consequentemente 
assemelha-se a uma forma rudimentar de marcha. Embora esse reflexo seja chamado 
de reflexo da marcha, não existe estabilidade do quadril nem acompanhamento dos 
movimentos do braço, os quais ocorrem na marcha voluntária (GALLAHUE; OZMUN, 
2005). O reflexo da marcha está ligado aos reflexos posturais, os quais fornecem a 
criança uma habilidade de reagir às forças gravitacionais e mudanças no equilíbrio, 
sendo estas reações involuntárias que dão suporte a criança para manter a postura. Este 
reflexo geralmente pode aparecer dentro das primeiras semanas após o nascimento e 
persiste até o terceiro (Cratty, 1979) quinto ou sexto mês (Payne & Isaacs, 1991) e é uma 
das respostas involuntárias mais debatidas no repertório motor da criança (Gabbard, 
1992). Segundo Cratty (1979) por volta do final da segunda semana devida, 
aproximadamente 58% dos bebês irão “caminhar” quando seguradas na posição ereta e 
com os pés tocando uma superfície horizontal. 
    Gallahue e Ozmun (2005) remetendo aos resultados das pesquisas de Zelazo (1976) e 
Bower (1976) ressaltam que a idade do caminhar independente pode ser atingida mais 
cedo em condições de prática precoce e persistente deste reflexo. Entretanto, a 
afirmação de que a perpetuação de um reflexo através de exercícios acelera o 
surgimento de um comportamento voluntário não é válida. Aspectos como o 
fortalecimento dos membros exercitados (Gallahue apud Thelen, 2005), devem ser 
considerados. Novas pesquisas são necessárias para o esclarecimento destes 
importantes estudos. 
Relação entre aprendizagem motora e desenvolvimento motor 
O desenvolvimento é o conjunto de processos de transformação dos organismos. O 
desenvolvimento motor consiste numa relação entre a maturação e a aprendizagem, 
expressa numa motricidade mais elaborada e num melhor ajustamento do 
comportamento às características circunstanciais do envolvimento. A aprendizagem é 
simultaneamente causa e efeito do processo de desenvolvimento humano ao longo da 
vida. A criança aprende pelo movimento, “novos mundos” que lhe vão criar novos 
desafios que por sua vez a estimulam a continuar a aprender. Conforme a criança 
cresce, vai organizando as suas capacidades motoras de acordo com a sua maturidade 
nervosa e com os estímulos do meio que a rodeiam. A organização motora é 
fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas, das percepções e dos 
esquemas sensoriomotores da criança. 
A experiência motora (aprendizagem motora) propicia o amplo desenvolvimento dos 
diferentes componentes da motricidade, tais como a coordenação, o equilíbrio e o 
esquema corporal. Esse desenvolvimento é fundamental, particularmente, na infância, 
para o desenvolvimento das diversas habilidades motoras básicas como andar, correr, 
saltar, correr e lançar. No entanto, embora o desenvolvimento motor não ocorra de forma 
linear, é fundamental que se ofereça à criança um ambiente diversificado, de situações 
novas e que propicie meios diversos de resolução de problemas, uma vez que o 
movimento se apresenta e se aprimora por meio dessa interação, das mudanças 
individuais com o ambiente e a tarefa motora, ou seja através da AM. 
Assim o desenvolvimento motor como campo de estudo, debruça-se sobre as 
modificações ou a evolução do comportamento motor ao longo da vida do indivíduo (Life 
Span), relacionando-o com os mecanismos neurofisiológicos e biomecânicos do controlo 
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motor e da aprendizagem motora e integrando-as no contexto biopsicossocial de cada 
sujeito 
Relação entre aprendizagem motora e performance motora 
Aprendizagem motora são mudanças em processos internos que determinam à 
capacidade do individuo de produzir uma ação motora. O nível de aprendizagem motora 
do individuo melhora com a pratica e é, frequentemente, inferido pela observação de 
níveis relativamente estáveis da performance motora (PM) da pessoa. Quando uma 
pessoa corre, caminha, lança uma bola, toca piano, chuta uma bola ou dança, esta está 
a utilizar uma ou mais habilidades motoras. A aprendizagem inicial é caracterizada por 
tentativas do individuo de adquirir uma idéia do movimento ou entender o padrão básico 
de coordenação. 
Aprender exige uma modificação estrutural interna que se observa geralmente através 
do desempenho numa alteração estável (persistente no tempo) do comportamento do 
indivíduo como resultado da prática e/ou experiência. A performance ou desempenho 
motor é um indicador objectivo que traduz o grau de integração e/ou aplicação das 
aprendizagens realizadas. Centra-se nos resultados – “outcomes” - e não nos processos 
de aprendizagem. É o indicador objectivo e indireto do grau de aprendizagem. No 
entanto a performance não reflecte de forma transparente as alterações estruturais 
correspondentes. Entre as várias causas que limitam a correspondência entre a 
aprendizagem e a performance estão, por exemplo, o estado emocional/afectivo do 
indivíduo ou factores de condição do sistema muscular, em dado momento. A principal 
diferença entre aprendizagem motora e performance motora é que a performance 
motora é sempre observável e influenciada por muitos fatores. A aprendizagem motora, 
em contraste, é um processo interno que reflete o nível de capacidade de desempenho 
do indivíduo, podendo ser avaliado por demonstrações relativamente estáveis. 
O nível da AM aumenta com a prática e é inferida pela observação na PM mas só há AM 
quando a PM apresenta as seguintes características: 
 · Aperfeiçoamento (com melhorias) 
 · Consistência (com uniformidade nos resultados) 
 · Estabilidade (que se mantém num estado de equilíbrio) 
 · Persistente (que se mantém apesar de contrariedades ou dificuldades) 
 · Adaptabilidade (que se adapta às circunstâncias) 
Assim se o nível de proficiência da performance do indivíduo for relativamente estável ao 
longo de várias observações e sob diferentes conjuntos de circunstâncias, o profissional 
pode assumir que o desempenho é um reflexo preciso do nível de aprendizagem motora 
desse indivíduo. 
Resumindo podemos definir AM, enfatizando os seguintes aspectos: a) a aprendizagem 
resulta da prática ou da experiência; b) a aprendizagem não é diretamente observável; c) 
as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na performance; d) a 
aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso central; e) a 
aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance; f) as mudanças na 
aprendizagem são relativamente permanentes. A aprendizagem motora, portanto, dá-se 
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por meio de uma combinação complexa de processos cognitivos e motores. 
Factores de influencia das atividades motoras 
O estudo da AM ajuda a estabelecer estratégias para terapeutas no desenvolvimento de 
ações efetivas para o aumento das habilidades motoras e da reabilitação. Este assunto é 
de grande importância, porque tenta compreender como as pessoas aprendem ou 
reaprendem habilidades motoras, como elas as desenvolvem e usam tais habilidades 
em várias situações. A aprendizagem envolve uma modificação no estado interno de 
uma pessoa, que deve ser inferida a partir da observação do comportamento ou do 
desempenho daquela pessoa. Para que a aprendizagem seja efetiva deve-se considerar 
as variáveis que interferem neste processo. 
O indivíduo está constantemente a sofrer influências de suas restrições individuais 
(características físicas e mentais próprias), das restrições ambientais (características do 
ambiente físico ou sociocultural) e das restrições da tarefa (metas empreendidas). 
Qualquer alteração num destes fatores afetará o movimento que surge destas 
interações, evidenciando o processo dinâmico e sistêmico da aprendizagem motora. 
Assim os factores de influencia da aprendizagem motora podem ser divididos em: 
factores relacionados com o indivíduo (o aprendiz, Quem?), factores relacionados com a 
tarefa (a tarefa, O quê?) e factores relacionados com o contexto (o meio, Onde?). 
Nem todos os autores têm o mesmo conceito de AM. Alguns salientam o aspecto externo 
da modificação do comportamento, outros a construção pessoal, experiencial; uns dão 
maior ênfase ao processo da aprendizagem, enquanto outros ao produto desse 
processo. 
 
3.    (MATERIAS E MÉTODOS ) 
  
  Segundo Payne e Isaacs (1991) é possível identificar a presença ou não de reflexos de 
diversas maneiras, porém existem poucas maneiras de mensurar sua intensidade. 
Alguns testes e escalas sãoencontrados na literatura com o propósito de analisar o 
desenvolvimento da criança com algum enfoque nos reflexos, porém grande parte 
desses testes são qualitativos, tais como: Escala de Bayley II (criada em 1953 e    
atualizada em 1977); Exame Neurológico do Bebê a Termo   (1964);  Peabody 
Developmental Motor Scale (Escala PDMS atualizada em 2000); Avaliação dos   –
Movimentos da Criança (MAI criado em 1980);–  Test of Infant Motor Performance (TIMP  
– criado em 1993); Escala Motora Infanti l de Alberta (AIMS criada em 1994). Com o     –
enfoque quantitativo, podemos destacar o  Primitive Reflex Profile (Perfil dos Reflexos  
Primitivos PRP) proposto por Capute et al. (1984) como um teste quantitativo que –
mensura o reflexo primitivo de preensão plantar. 
 
3.1.2 Procedimentos 
 
• Aprendizagem: centro de toda educação. • Qualquer que seja o objetivo sempre estará 
ocorrendo interação entre professor e aluno. • Interação depende da forma como o 
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professor estrutura local ou ambiente de aprendizagem. 
Daí que para o professor torna-se fundamental compreender: 
• Como a pessoa aprende ? • Quais os aspectos do comportamento humano que 
envolvem a aprendizagem ? • Até que ponto a aprendizagem é semelhante para todos os 
tipos de comportamento, ou muito diferenciada para cada tipo de comportamento? 
Para compreender a pessoa em termos de comportamento humano, a perspectiva 
desenvolvimentista defende, para fins de análise, a criação de CATEGORIAS DE 
COMPORTAMENTO (DOMINIOS) para determinar, didaticamente, quais os tipos de 
aprendizagem podem ocorrer em cada um desses domínios, lembrando que na 
realidade concreta tudo se relaciona e é inseparável. 
Domínios: 
COGNITIVO: semelhante a “atividades intelectuais” (Guilford, 1959). 
Característica principal: Capacidade do organismo para fazer uso da informação de que 
dispõe. 
Exemplos: • descoberta ou reconhecimento da informação (cognição); • retenção ou 
armazenamento de informação ( memória); • geração de informações a partir de certos 
dados; • tomadas de decisão ou julgamentos. 
Guilford e Bloom, desenvolveram Taxonomias como base para a compreensão e 
desenvolvimento operacional de objetivos educacionais. Sua organização envolve um 
amplo espectro de capacidades que vão além da memorização. 
AFE T IV O: Trata dos sentimentos e das emoções manifestadas comportamentalmente. 
Característica principal: Maior parte deste tipo de comportamentos é aprendido 
(Berkowitz) na forma de comportamento social. 
Krathwhl, Bloom e Masic (1964) elaboraram taxonomias na tentativa de elaborar uma 
classificação: 
Exemplos: 
• Receber (prestar atenção). 
• Responder. 
• Valorizar. 
• Organizar ( sistemas de valores) 
• Caracterização de um va lor ou complexo de valores. 
Outros : Motivação, interesse, respeito ao próximo, responsabilidade. 
Observação: Quando adequadamente reconhecidos tais comportamentos, devem ser 
planejados e trabalhados em sala de aula de forma explicita e permanentemente. 
MOTOR: Estabelece uma base para identificação do movimento corporal humano. 
Este domínio também é denominado Psicomotor, dada a relação racional/mental com a 
maioria das habilidades motoras. 
Habilidades motoras simples e fundamentais incluindo atividades esportivas, industriais, 
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militares (tais como pilotar um avião), encontram-se classificadas neste domínio e 
envolvem componentes dos outros tipos de comportamento. 
A compreensão dos domínios é importante para distinguir as atividades de Educação 
Física em termos de sua especificidade em relação aos mundos em que se desenvolve 
esta prática profissional (esporte, lazer, portadores de necessidades especiais e 
geracional, educação e “fitness”. 
C APACIDAD E : 
Fleishman (1972): qualidade geral do indivíduo relacionada com a execução de uma 
variedade de habilidades ou tarefas. Capacidade e um trazo geral ou qualidade de um 
indivíduo relacionada com o desempenho de uma variedade de habilidades motoras, tais 
como FORÇA, VELOCIDADE, TEMPO DE REAÇÃO, FLEXIBILIDADE, EQUILIBRIO, 
etc. 
CAPACIDADES MOTORAS GLOBAIS: 
Qualidades caracterizadas por envolver a grande musculatura do corpo como base 
principal do movimento. Precisão não é o mais importante embora coordenação seja 
essencial ao movimento (ex. Habilidades motoras fundamentais: correr, lançar, saltar, 
etc. 
CAPACIDADES MOTORAS FIANIS: 
Qualidades caracterizadas por envolver e controlar musculatura pequena do corpo a fim 
de garantir execução bem sucedida e elevada em termos de PRECISÃO. Habilidades 
motoras finais requerem geralmente o envolvimento da coordenação óculo -manual. Ex. 
Escrever, tocar piano, trabalhar em relógios, etc. 
PADRÃO DE MOVIMENTO: 
• Grupo amplo ou séries de atos motores desempenhados com graus menores de 
habilidade que são dirigidos a alguma meta externa. Ex. Arremesso com a mão acima da 
cabeça. 
• Para Gallahue o padrão de movimento envolve elementos básicos de uma certa 
habilidade motora. ( correr, arremessar, lançar). 
• Ação motora completa com utilização da musculatura grande do corpo. • Movimentos 
que constituem a estrutura básica de certas habilidades motoras especificas. 
• Componentes básicos do movimento que podem ser generalizados para as 
necessidades especificas de uma habilidade motora em particular. Ex. chutar a gol, em 
queda livre, em movimento ou no chão, uma bola redonda, oval, pequena, grande, etc. 
PADRÃO MOTOR = MOTOR PATTERN: 
Eqüivale a PADRÃO MOVIEMNTO. Depende das capacidades motoras globais. Ação 
motora de menor precisão e maior disponibilidade na sua adaptação a várias situações. 
Movimento global que confere versati lidade ao indivíduo. Ex. Lançar (no handebol, no 
basquete, o dardo, etc.) Se preocupa mais com o comportamento global do indivíduo 
AQUISIÇÃO MOTORA (NOÇÃO) = MOTOR SKILL ( DISTREZA MOTORA) 
Eqüivale a habilidade motora fina. Ação motora de grande precisão e controle que visa 
resultado (objetivo) especifico ( enfiar bola num cesto, escrever, etc.).

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