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CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Aleitamento Materno e Introdução da Alimentação Complementar Bruna Franzoni Nutricionista Especialista em Saúde Coletiva e em Nutrição em Pediatria Tópicos a serem abordados 1. A importância do aleitamento materno; 2. Duração do aleitamento materno; 3. Fatores que prejudicam o estabelecimento e a manutenção do aleitamento materno; 4. O que fazer para evitar o desmame precoce; 5. Introdução da alimentação complementar – quando e como iniciar? 6. Erros frequentes na introdução de novos alimentos; 7. Considerações finais; 8. Bibliografia. Por que o aleitamento materno é importante? A importância do aleitamento materno É consenso na literatura mundial que o leite materno é o melhor alimento para os recém-nascidos e crianças com até 2 anos de idade ou mais. A importância do aleitamento materno Alimentação saudável Crescimento e desenvolvimento adequados Prevenção de doenças em curto e longo prazo Programação metabólica A importância do aleitamento materno Portanto, nesse processo são fatores primordiais a amamentação e a introdução correta de alimentos complementares. Extensamente comprovada a superioridade do leite materno sobre outros tipos de leites. Sendo o pré-natal um momento oportuno para sensibilização quanto aos inúmeros benefícios do aleitamento materno, tanto para o bebê, quanto para a mãe. A importância do aleitamento materno Duração do aleitamento materno A Organização Mundial da Saúde recomenda iniciar a amamentação na primeira hora de vida, assim como o aleitamento materno como forma exclusiva de alimentação até os 6 meses de idade e, de maneira complementar, até os 2 anos ou mais. Por que muitas vezes sua prática não acontece conforme o recomendado? Duração do aleitamento materno Diversos são os fatores que prejudicam o estabelecimento e a manutenção do aleitamento materno. Fatores que prejudicam o aleitamento materno Problemas mamários Mamilos doloridos, fissuras, ingurgitamento mamário e mastites, decorrentes de má pega, esvaziamento inadequado das mamas são dificuldades frequentes enfrentadas, que tornam- se obstáculos para o estabelecimento da amamentação. Fatores que prejudicam o aleitamento materno Crenças: “Leite fraco” É uma das principais causas da complementação precoce com outros tipos de leite alegada pelas mães; Aparência “aguada” do colostro faz com que a mãe considere seu leite inferior comparado ao leite de vaca; Mito de o leite não sustentar o bebê, apoiado no fato de o bebê mamar e aparentar não ficar satisfeito (alta digestibilidade). Fatores que prejudicam o aleitamento materno Uso de mamadeiras e chupetas Hábitos que fazem parte da cultura no Brasil; A mamadeira é vista como uma maneira prática de alimentar as crianças pequenas; Causam confusão de bicos, perturbando a criança na hora de sugar a mama; Determinam diminuição da frequência das mamadas, com consequente redução da produção do leite. Fatores que prejudicam o aleitamento materno Introdução precoce de água e chás Crença de que o leite materno não é suficiente para hidratar o bebê (especialmente em épocas mais quentes); Crença de que auxiliam no combate às cólicas (condições naturais e esperadas nos recém- nascidos). Fatores que prejudicam o aleitamento materno Horários para amamentar: “De 3/3 horas” A rigidez de horários pode reduzir o estímulo à produção adequada de leite e propiciar quadros de ingurgitamento mamário. Fatores que prejudicam o aleitamento materno Retorno da mãe ao trabalho O trabalho materno fora do lar é tido como outro obstáculo à manutenção da amamentação; As dificuldades vão ser maiores ou menores dependendo do tipo da ocupação, do nº de horas fora de casa, das leis e relações trabalhistas e do suporte da família, do patrão/colegas de trabalho e, sobretudo, dos profissionais de saúde. O que fazer para evitar o desmame precoce Avaliar a mamada Posicionamento e pega correta; A pega correta evita os problemas mamários e auxilia na sucção e esvaziamento adequados das mamas. Prevenção de problemas mamários; Sucção e esvaziamento da mama. 1ª CONSULTA: O corpo do bebê deve estar alinhado ao corpo da mãe, ou seja: ,“barriga com barriga” (isso facilita a coordenação da respiração, da sucção e da deglutição). A boca do bebê deve estar bem aberta; O lábio inferior fica virado para fora; O queixo tocando o peito da mãe; A aréola mais visível na parte superior do que na inferior; A bochecha do bebê redonda. Perguntas abertas “Como?”, Quando?”, “O que?”, “Por que?”; Dar espaço para a mulher falar; Usar linguagem simples, acessível a quem está ouvindo. 1ª CONSULTA: O que fazer para evitar o desmame precoce Avaliar o ganho de peso A perda de peso é normal após o parto: esperado entre 5 a 7% do peso de nascimento (diurese fisiológica e eliminação de mecônio); Perda de peso até 5 dias após o nascimento e recuperação do seu peso ao nascer em 1-2 semanas de idade; Amamentação bem estabelecida: ganho de peso entre 15 a 40 g por dia. 1ª CONSULTA: O que fazer para evitar o desmame precoce Orientar sobre o aspecto do leite materno Muitas mulheres se preocupam com o aspecto do seu leite: acham que por ser “transparente”, o leite é fraco e não sustenta a criança; Importante que as mulheres saibam que a cor do leite varia de acordo com seu estágio e também ao longo de uma mamada. 1ª CONSULTA: O que fazer para evitar o desmame precoce Composição do LM: COLOSTRO: primeiros 7 dias após o parto. Fluido amarelado, de alta densidade e pequeno volume. Rico em fatores de proteção – imunoglobulinas) LEITE MADURO: a partir da 2ª quinzena após o parto. Estágio final e definitivo. LEITE DE TRANSIÇÃO O que fazer para evitar o desmame precoce Desencorajar uso de bicos artificiais Efeitos imediatos: confusão de bicos, redução na frequência das mamadas, diminuição na produção do leite materno; Efeitos a longo prazo: alterações no desenvolvimento da face, com alterações na respiração, mastigação, deglutição, postura. 1ª CONSULTA: O que fazer para evitar o desmame precoce Orientar o aleitamento em livre demanda A frequência e a duração das mamadas são determinadas pelo bebê; O tempo de duração e o intervalo entre as mamadas são variáveis: – Intervalos de 1 a 3 horas na primeira semana; – Após a lactação estabelecida: 8 a 12 mamadas em 24 horas (aleitamento materno exclusivo). 1ª CONSULTA: O que fazer para evitar o desmame precoce Durante a 1ª semana pós-parto ou até que a amamentação esteja bem estabelecida, as mães devem acordar os bebês para amamentar se 4 horas se passaram desde o início da última mamada. “Devo acordar o bebê para mamar?” O que fazer para evitar o desmame precoce A manutenção da lactação e a produção de leite vão depender principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. IMPORTANTE: O que fazer para evitar o desmame precoce Não recomendar, desnecessariamente, a introdução dos alimentos complementares antes dos 6 meses de idade. Crianças em aleitamento materno: Início da alimentação complementar aos 6 meses. Em uso de fórmula infantil: Início da alimentação complementar aos 6 meses. Em uso de leite de vaca: Início da alimentação complementar aos 4 meses. O que fazer para evitar o desmame precoce Introdução da alimentação complementar- Quando e como iniciar? Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes do 6º mês de vida, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança. Quando iniciar A introdução precoce de outros alimentos está associada a vários fatores, tais como: Maior número de episódios de diarréia e hospitalizações por doença respiratória; Risco de desnutrição (quando os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como quando são muito diluídos); Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno (como o ferro e o zinco); Menor duração do aleitamento materno. Quando iniciar Por que aos 6 meses? Necessidades nutricionais não atendidas somente com o leite materno após o 6º mês de vida; Maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos; Interesse pela alimentação (aceitação); Sustentação da cabeça (introdução); Erupção dos primeiros dentes (mastigação); Remissão do reflexo de protrusão da língua. Quando iniciar A alimentação complementar deve ser introduzida de forma lenta e gradual, mantendo o leite materno até os 2 anos ou mais; Deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; A consistência deve ser oferecida de forma crescente: pastosa, papa e purê (aumento gradativo até chegar à alimentação da família). Como iniciar A refeição deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar: Como iniciar Todos os grupos alimentares devem ser oferecidos a partir da primeira papa principal: Como iniciar SAL Como iniciar AOS 6 MESES Papa de fruta – 2x Não se deve acrescentar açúcar, MEL ou leite às papas. Papa principal – 1x AOS 7 MESES Deve ser acrescentada a segunda papa principal. A partir de 8 meses a criança pode receber os alimentos da família amassados, triturados, desfiados ou cortados em pequenos pedaços; Deve-se incentivar a criança a comer nos horários de refeições da família; Atenção especial às práticas comportamentais, posturais e ambientais (pais são modelos). Como iniciar A criança tende a rejeitar as primeiras ofertas do(s) alimentos(s), pois tudo é novo: a colher, a consistência e o sabor. A literatura traz que é necessária uma exposição de 8 a 15 vezes a um mesmo alimento. . Como iniciar IMPORTANTE: A partir da introdução dos alimentos complementares é necessária a oferta de água à criança (tratada, filtrada e fervida). Como iniciar IMPORTANTE: Introdução precoce da alimentação complementar; Introdução precoce do leite de vaca (antes de 1 ano de idade); Inadequação no preparo (óleo, sal) e consistência das papas (liquidificadas, caldos e sopas com baixa densidade energética); Oferta precoce de açúcares e alimentos industrializados: refrigerantes, sucos artificiais, achocolatados, biscoitos e bolachas recheadas, salgadinhos, macarrão instantâneo. Erros frequentes Considerações finais São bastante frequentes as dúvidas, dificuldades, receios e ansiedades das mães e cuidadores com relação à alimentação das crianças pequenas. Portanto, é fundamental o papel dos profissionais da Atenção Primária à Saúde, para a promoção do aleitamento materno e da introdução da alimentação adequada e saudável nos primeiros anos de vida. Bibliografia • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Versão consulta pública – Brasília: junho/julho, 2018. • Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Aleitamento Materno. Guia Prático de Atualização: Uso de chupeta em crianças amamentadas: prós e contras. Nº 3, Agosto, 2017. • Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Aleitamento Materno. Guia Prático de Atualização: Aleitamento Materno Continuado Versus Desmame. Nº 1, Abril, 2017. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 184 p. • Vitolo, Márcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio – 2ª ed, 2015. • Santiago, Luciano Borges et al. Manual de aleitamento materno. Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri, SP: Manole, 2013. • Marques, Emanuele Souza et al. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Rev Ciência & Saúde Coletiva, 16(5):2461-2468, 2011. Obrigada! © Copyright©2019 Editora Manole Ltda. Todos os direitos reservados. O conteúdo aqui apresentado, na forma de imagens ou texto, é de responsabilidade exclusiva do autor. Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos autores e editores.
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