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Osteomuscula� SEMIOLOGIA Articulação: . É uma região anatômica que estabelece a contiguidade entre ossos ou cartilagens, possibilitando que o movimento seja direcionado nesse segmento. Podendo ser de natureza fibrosa (suturas do crânio) no qual dificultam o movimento, ou de natureza cartilaginosa (como sacroilíaca) e sinovial que são as que têm maior interesse no estudo semiológico do sistema locomotor. Componentes: cápsula, membrana sinovial e a cartilagem de revestimento, e esta protege a superfície óssea. Externamente reforçando a cápsula encontra-se o líquido sinovial que nutre e lubrifica, diminuindo o atrito e o desgaste das superfícies cartilaginosas. Cartilagem: . Constituída principalmente de colágeno. Sua propriedade é elasticidade, maleabilidade e plasticidade. Enquanto sua vulnerabilidade reside na incapacidade de auto regenerar-se. A superfície lisa e polida da cartilagem possibilita o deslizamento das extremidades articuladas com o mínimo de atrito. As pressões que suportam são variáveis, podendo ser muito elevadas, até 350kg/cm², como ocorre nos joelhos. Apresenta como característica: cor branco-azulada, superfície luzidia, brilhante, polida externamente e é fortemente aderida ao tecido ósseo. Líquido sinovial: . Se interpõe como uma película entre as superfícies articulares. Seu aspecto é de clara de ovo, amarelo-clara, límpido, alcalino, altamente viscoso e incoagulável. Sua quantidade normal varia de 0,5 a 2ml em uma grande articulação como a do joelho. É constituído de proteínas, glicose, eletrólitos, células, ácido hialurônico. Esses elementos variam e sua análise nas enfermidades articulares pode ser de importância diagnóstica. Bursas ou bolsas serosas: . Quase todas as articulações têm bolsas periarticulares que servem para facilitar a movimentação, tornando os movimentos suaves e quase sem atrito. Do ponto de vista clínico, as mais importantes são as do ombro, do cotovelo, coxofemorais e as do joelho. Tendões: . São estruturas transmissoras da tensão muscular as partes móveis nas quais se inserem. As suas principais características biomecânicas são elasticidade, flexibilidade e resistência à compressão. Tais propriedades resultam da composição altamente organizada do colágeno e da função combinada com outros tecidos conjuntivos, com fáscias e com ligamentos. A função do tendão pode ser prejudicada nas seguintes eventualidades: - Ruptura (parcial ou completa). - Aderência. - Estenose da bainha. - Isquemia e inflamação. 1 - Atrofia. - Degeneração ou calcificação são observadas em condições que dependem de trauma, de doenças sistêmicas ou de distúrbios metabólicos. Entesopatia ou entesite, são patologias que acometem os tendões, e inserções musculares e ósseas. → Primária ou secundariamente, sendo a isquemia o denominador comum dos fatores causais. Exame clínico: . “Fornece a principal contribuição para o diagnóstico das afecções das articulações, bursas e tendões” Identificação do paciente: informações em relação a idade é importante. - Febre reumática, dos 5 aos 15 anos. - Doença reumatoide dos 20 aos 40 anos. - Lúpus eritematoso sistêmico entre 20 e 40 anos. - Gota após a quinta década. - Osteoartrose acima dos 50 anos. Quanto ao sexo: o lúpus eritematoso disseminado, a doença reumatoide, a esclerose sistemica progressiva, os nódulos de Heberden e a osteoporose são mais frequentes no sexo feminino, enquanto a espondilite anquilosante, a gota e a poliarterite nodosa predominam no sexo masculino. Ocupação do paciente: muito útil no raciocínio diagnóstico. Ex: lavadeiras, a síndrome do túnel do carpo. - Nos digitadores, a tendinite do ombro. - Nos tenistas a epicondilite. - Nas pessoas que se mantém por longos períodos sentadas ou trabalham em má postura, a lombalgia. História da doença atual: - Duração: como por exemplo a queixa articular tem significado clínico, menos de 1 mês na febre reumática, podendo durar anos na doença reumatóide, o modo de início (insidioso na doença reumatóide, abrupto na gota e na bursite). - Sinais e sintomas inflamatórios: dor, calor, rubor e edema = processos reumáticos em atividade, crepitações ou estalidos nos processos degenerativos, artralgias na maioria das colagenoses. - Dor: é de grande importância na HDA. Deve-se explorar minuciosamente o sintoma da dor, que pode ser aguda (gota, bursite), surda (artrose), localizada (doença reumatoide) e com irradiação para o trajeto do nervo comprometido (cervicobraquialgia ou lombociatalgia). - Rigidez: é habitual dos reumatismos de natureza inflamatória e degenerativa. - Manifestações sistêmicas: febre, anorexia, perda de peso, fraqueza, também precisa ser esclarecida ao se obter a história do paciente, bem como os tratamentos realizados, a evolução, o comprometimento extra-articular, os antecedentes pessoais e familiares, dos quais são obtidas informações de grande utilidade na elaboração do diagnóstico. Sinais e sintomas: . Os sintomas mais comuns das enfermidades articulares são: dor (artralgia), sinais inflamatórios, componente de rigidez (pós-repouso), crepitação articular, manifestações sistêmicas, principalmente febre, astenia, perda de peso e anorexia. Dor (artralgia): . Devem-se investigar todas as características semiológicas. Lembrando que por vezes, a dor vem acompanhada de outros sintomas, como parestesias (formigamento) decorrente da compressão de raízes nervosas na coluna cervical ou lombar. - Aguda: gota, bursite, artrite séptica. - Crônica: artrite reumatoide, artrose, em peso a artrose e muito intensa a gota, artrite séptica. Artralgia = dor na articulação. A influência dos movimentos sobre a dor é bastante informativa, como por exemplo nos movimentos de abdução e rotação interna do braço que agravam a dor no ombro: primeira hipótese de bursite ou tendinite do ombro. Contratura da musculatura lombar, levando o paciente a se curvar para frente ou para um lado, é observada nos pacientes com hérnia discal lombar. Dores musculares com atrofia, fraqueza, perda da força e da mobilidade indicam miosite. 2 Espondilite anquilosante: . A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas, mas também pode afetar outras articulações do corpo. É considerada uma forma de artrite axial, uma vez que afeta as articulações da coluna vertebral. A causa exata da espondilite anquilosante é desconhecida, mas acredita-se que envolva uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Os sintomas incluem dor e rigidez nas costas e nas articulações sacroilíacas, que podem piorar com o repouso e melhorar com o movimento. Outros sintomas podem incluir fadiga, perda de apetite, perda de peso e febre baixa. Não há cura para a espondilite anquilosante, mas o tratamento pode ajudar a controlar os sintomas e prevenir complicações. O tratamento pode incluir medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), terapia biológica, fisioterapia, exercícios e outras terapias para ajudar a manter a flexibilidade e a função das articulações afetadas. Crepitação articular: . É sinal característico de comprometimento da cartilagem articular e está presente em todos os processos com degeneração daquele elemento, como ocorre nas artroses e nas artropatias neurogênicas. Manifestações sistêmicas: . Em febre, astenia, anorexia e perda de peso. São frequentes nas doenças difusas do tecido conjuntivo (DDTC), colagenoses e nos processos neoplásicos. Entre as doenças sistêmicas de natureza inflamatória, devem ser citadas: artrite reumatoide, doença reumática, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica progressiva, dermatopolimiosite e vasculites. As doenças articulares degenerativas e metabólicas raramente se acompanham de manifestações sistêmicas, pois são doenças localizadas nas próprias articulações sem comprometer o organismo como um todo. Artrite: . Presença de sinais flogísticos (dor, edema, calor e rubor), aos quais se soma quase sempre a limitação dos movimentos. No que se refere a artrite, logode início, deve-se procurar definir qual estrutura articular está comprometida e dolorida. Rubor da pele na área da articulação constitui o sinal menos frequente de inflamação. O aumento da temperatura é mais bem evidenciado com o dorso dos dedos, sempre comparando com a articulação homóloga. Palpação: . É possível identificar aumento do volume articular, a presença de pontos hipersensíveis, presença de tumorações (nódulos, ossificações, neoplasias) e o aumento da temperatura local. A presença de calor local é sinal seguro de processo inflamatório. Ainda pela palpação é possível caracterizar crepitações que quando grosseiras e no nível das articulações, denotam comprometimento da cartilagem articular, significando degeneração articular. Lembrando que crepitações de um osso relacionam-se com fratura. Utilizando-se a inspeção e palpação de modo conjugado, são estudados os seguintes elementos: 1. pele e anexos. 2. tecido celular subcutâneo. 3. musculatura. 4. rede vascular. 5. sistema nervoso. 6. estruturas osteoarticulares. 7. forma e tamanho dos vários segmentos e pontos dolorosos. 3 Síndrome do túnel do carpo: . Compressão do nervo mediano na região do punho, que além da dor tem como uma das manifestações clínicas parestesias na mão. - Tratamento: descompressão do nervo mediano. Exame físico: . 1. O exame físico das extremidades e articulações é efetuado pela inspeção, palpação e movimentação. 2. Esses procedimentos são sempre usados de maneira associada, um para completar o outro. 3. Em algumas ocasiões, utiliza-se a ausculta. Extremidades articulações: . Deve ser examinado de pé, sentado ou deitado, sempre se descobrindo de modo suficiente a região a ser examinada. Quando sentada, suas mãos devem repousar sobre as coxas ou sobre o leito, em estado de relaxamento. Objetivos: posicionar o paciente de modo confortável. Deve-se ter uma boa iluminação. Ao comparar as articulações homólogas lhe permite reconhecer aumento de volume, rubor, atrofia, desalinhamento articular, deformidades, fístulas, tumores, mesmo quando de pequena monta. Inspeção da postura: . Com o paciente em posição ortostática, verifica-se a presença de geno varo ou geno valgo, pé plano ou cavo, escoliose e cifose. Pode ocorrer, não raramente, a concomitância de algumas dessas alterações, às vezes associada a varizes e hipodesenvolvimento muscular. A determinação do peso do paciente em relação a idade e a altura é o indicador mais objetivos de sobrecarga, indubitavelmente prejudicial à coluna lombar e as articulações coxofemorais, dos joelhos, dos tornozelos e dos pés. Observa-se também a marcha, pois ela costuma modificar-se nos processos articulares da coluna ou dos membros inferiores. Exames de pele e anexos: . 1. Esclerodermia: pele dura, inelástica com desaparecimento do pregueamento normal das mãos, antebraços, face e abdome. 2. Lesões eritemato escamosas atróficas, principalmente na face, ou simplesmente eritematosa são sugestivas de lúpus eritematoso sistêmico. 3. Eritema e edema periorbitário configuram o heliotropo da dermatomiosite, fenômeno de Raynaud (palidez, seguida de rubor e cianose) pode surgir na esclerodermia, no lúpus e mais raramente na doença reumatóide. Eritema palmar pode ser observado na febre reumática. Inspeção: detectar a presença de curvaturas anormais (cifose, escoliose ou sua combinação, ou seja cifoescoliose), de acentuação da lordose, de modificação da cor da pele, como manchas parecidas com café com leite que aparecem na neurofibromatose. Palpação: deve ser realizada com delicadeza, podendo despertar dor intensa, como nos casos de hérnia discal. Devem ser palpadas as massas musculares, 4 principalmente as da goteira vertebral, procurando hipertrofias e retificações da coluna. A palpação das apófises espinhosas e dos espaços intervertebrais é também fundamental nas afecções inflamatórias e compressivas, pois acarreta dor. Ainda em relação a pele, merecem ser lembradas as dermatoses iatrogênicas, provocadas por medicamentos anti reumáticos, como o eritema facial causada pelos corticoides e a erupção eritemato papulosa provocada pela fenilbutazona e por outros anti-inflamatorios nao esteroides (AINEs). Distúrbios das unhas também podem ser verificados, tais como eritema periungueal no lúpus eritematoso disseminado e na dermatomiosite, unhas quebradiças e em dedal, no lúpus, lesões ungueais e típicas na artrite psoriática. Síndrome de Stevens-Johnson: . A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é uma condição rara e grave que afeta a pele e as mucosas do corpo. Ela é caracterizada pela presença de lesões dolorosas e bolhas na pele, bem como lesões nas mucosas da boca, nariz, olhos e órgãos genitais. A SSJ é uma condição que pode ser causada por uma reação alérgica a medicamentos, bem como por algumas infecções virais e bacterianas. A SSJ é considerada uma emergência médica e pode ser potencialmente fatal, pois as bolhas e lesões na pele e nas mucosas podem causar infecções graves e outros problemas de saúde. A síndrome é geralmente desencadeada pela exposição a medicamentos, sendo os mais comuns antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), anticonvulsivantes e antivirais. Em alguns casos, a SSJ pode ser desencadeada por infecções por herpes ou pneumonia. Os sintomas da SSJ geralmente aparecem dentro de uma ou duas semanas após a exposição ao medicamento ou à infecção desencadeante. Os sintomas iniciais podem incluir febre, dor de cabeça e dores musculares, seguidos por uma erupção cutânea que pode progredir para bolhas e úlceras. O tratamento da SSJ envolve interromper o uso do medicamento que causou a condição, se possível, e tratar os sintomas e complicações. A hospitalização pode ser necessária para gerenciar a dor, prevenir infecções e monitorar a progressão da doença. Em casos graves, os pacientes podem precisar de cuidados intensivos, incluindo suporte respiratório e tratamento de choque séptico. Pacientes que tiveram SSJ têm maior risco de desenvolver a condição novamente se expostos ao mesmo medicamento ou infecção desencadeante. Por isso, é importante informar seus médicos e profissionais de saúde sobre qualquer histórico anterior de SSJ. Nódulos justa articulares: . Possuem grande importância no diagnóstico. Desse modo, nódulos subcutâneos na face posterior dos cotovelos são frequentes na doença reumatóide, podem ser únicos ou múltiplos e são indolores. Aparecem também na febre reumática e no lúpus eritematoso sistêmico. Esclerodermia: . A esclerodermia é uma doença autoimune rara que afeta o tecido conjuntivo do corpo, resultando em um endurecimento e espessamento da pele e dos órgãos internos. A doença é mais comum em mulheres e pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre as idades de 30 e 50 anos. Os sintomas da esclerodermia podem variar dependendo do tipo e gravidade da doença. O sintoma mais comum é a pele dura, espessa e rígida, que pode afetar áreas do corpo como os dedos, o rosto, as mãos e os braços. Outros sintomas podem incluir dor nas articulações, inchaço nas mãos e nos pés, fadiga, falta de ar, dificuldade em engolir e úlceras nas extremidades. Existem dois tipos principais de esclerodermia: localizada e sistêmica. A esclerodermia localizada afeta apenas a pele e geralmente não afeta os órgãos internos. Já a esclerodermia sistêmica afeta a pele e outros órgãos internos, como os pulmões, os rins e o coração. A esclerodermia sistêmica é mais grave e pode afetar significativamente a qualidade de vida. Não há cura para a esclerodermia, e o tratamento é voltado para o controle dos sintomas e a prevenção de complicações. O tratamento pode incluir medicamentos para aliviar a dor, diminuir a inflamação e controlar o sistema imunológico, bem como fisioterapia e terapia ocupacional para melhorar a mobilidade e a função. O prognóstico da esclerodermia varia de acordo com o tipo e a gravidade da doença. Algumas pessoas com esclerodermia localizada têm poucos sintomas e a 5 doença não progride, enquanto outras com esclerodermiasistêmica podem ter uma progressão rápida e complicações graves. O tratamento precoce e o acompanhamento regular com um reumatologista podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Resumindo: a pele torna-se dura, inelástica, com desaparecimento do pregueamento cutâneo nas articulações interfalangeanas, em face da presença de lesões eritematosas ou eritemato escamosas atróficas, principalmente nas regiões malares. Nódulos: . Subcutâneos, únicos ou múltiplos, indolores, localizados na face posterior dos cotovelos, ocorrem na artrite reumatoide, aparecendo também no lúpus eritematoso sistêmico e na doença reumática. Nódulos eritematosos ou eritemato cianóticos, hipersensíveis, localizados na face anterior das pernas, são típicos do eritema nodoso. Depósitos de uratos, constituindo os tofos da gota úrica, podem ser encontrados na face posterior dos cotovelos, nos tendões de aquiles e no pavilhão da orelha. Gota: . Transtorno metabólico caracterizado por hiperuricemia e crises recidivantes de artrite aguda. Com o passar dos anos, a artrite torna-se crônica e surgem tofos, que são acúmulos de monourato de sódio. Avaliação óssea: . Presente em todos os segmentos corporais, a avaliação óssea tais como a pele e o tecido celular subcutâneo, devem ser avaliados. A presença de dor ou deformidade pode dirigir a atenção do examinador para esses componentes do sistema locomotor. No exame físico utilizam-se a inspeção e a palpação complementados pelo estudo da mobilidade de cada segmento. A marcha do paciente pode estar alterada quando há deformidades, como varismo e valgismo dos joelhos, lesões dos quadris, joelhos, tornozelos e pés e da coluna vertebral. A inspeção pode-se detectar aumento ou deformidade de segmentos ósseos, como o alargamento da caixa craniana na doença de Paget, em algumas neoplasias ou processos infecciosos. Osteomielite: . A presença de sinais inflamatórios na área correspondente ao osso afetado sugere osteomielite. A ocorrência de fístula indica processo infeccioso crônico, como tuberculose, sífilis e micose. A presença de crepitações é sugestiva de fratura, mas pode ser sinal de osteoartrose. Osteomielite é uma infecção óssea causada geralmente por bactérias, mas que também pode ser causada por outros microrganismos como fungos. Essa infecção pode afetar qualquer osso do corpo, mas é mais comum nas pernas, nos braços e na coluna vertebral. Os sintomas da osteomielite podem incluir dor óssea, febre, inchaço, vermelhidão e sensibilidade na área afetada, além de fadiga e mal-estar geral. O diagnóstico pode ser feito através de exames de imagem, como radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas, e de análises laboratoriais do sangue e do líquido retirado da área infectada. O tratamento da osteomielite geralmente envolve o uso de antibióticos, além de possíveis procedimentos 6 cirúrgicos para remover o tecido infectado. É importante que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível para evitar complicações, como a disseminação da infecção para outros órgãos ou a formação de abscessos ósseos. Coluna vertebral: . A coluna vertebral consiste em 33 vértebras assim distribuídas: 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 formando o cóccix. A unidade anatômica da coluna é a vértebra e sua unidade funcional é o complexo formado por 2 vértebras, 1 disco além de articulações, ligamentos e músculos. As funções da coluna vertebral são: promover estabilidade, proporcionar mobilidade, proteger a medula espinhal, coordenar os movimentos do esqueleto apendicular. Alguns dados da identificação podem orientar no diagnóstico das doenças da coluna vertebral, destacando-se a idade, sexo e a profissão. No recém-nascido as malformações congênitas, tais como hemivértebras e mielomeningocele, são enfermidades que devem ser sempre investigadas. Na infância, predominam os defeitos posturais e os processos infecciosos, podendo ocorrer, mais raramente escoliose, ou seja, desvio lateral da coluna vertebral. Inspeção: deve-se avaliar a postura (com paciente em posição ortostática), verificando a presença de geno varo ou valgo, pé plano ou cavo, escoliose e cifose. Na pré-adolescência há predominância dos desvios posturais, especialmente entre as mulheres, sendo comuns nessa idade a escoliose idiopática e o dorso curvo (acentuação da cifose dorsal). Da segunda a quarta década da vida, principalmente na quarta e em trabalhadores braçais, correspondem ao período de maior ocorrência de hérnias discais e de processos degenerativos, denominada espondiloartrose. Também nessa faixa etária observam-se, com grande frequência os distúrbios posturais, não sendo rara, também a espondilite anquilosante de disco. Na idade avançada são comuns a osteoporose senil e as metástases de neoplasias (na mulher, neoplasias de mama, no homem de próstata). O tempo de evolução da doença é outro dado fundamental. Algumas doenças ocorrem por surtos, outras de maneira contínua. Na osteoporose e nas espondiloartrose o curso evolutivo é mantido de modo uniforme, a sintomatologia inicial persiste por toda a sua evolução, enquanto na hérnia discal por exemplo, os sintomas surgem episodicamente por surtos. Dor: . Os principais sintomas são: dor e rigidez muscular, alé, de manifestações sistêmicas. A dor na coluna vertebral pode estar localizada em um de seus segmentos (cervical, dorsal, lombo sacra) ou em toda a sua extensão. A dor deve ser analisada nos seguintes aspectos: intensidade, duração, localização, irradiação, fatores agravantes, precipitantes ou atenuantes e dor referida. Em geral as dores de curta duração caracterizam afecções compressivas ou infecciosas, ao passo que as degenerativas ou inflamatórias se caracterizam por dor de longa duração. 7 É clássica a dor que melhora com os movimentos e piora a noite das afecções inflamatórias (espondilite anquilosante). Ciatalgia do nervo inf: . Exame físico da coluna: . O exame físico da coluna vertebral deve ser realizado pela inspeção e palpação, tanto em repouso como em movimento, em plano frontal e sagital. No plano sagital ou de perfil deve-se observar o grau das lordoses lombar e cervical, assim como a cifose torácica. Deve-se observar a simetria das cinturas escapular e pélvica, o ângulo toracolombar (talhe), o alinhamento dos membros inferiores, orientação das patelas e finalmente o posicionamento dos pés. O desenvolvimento das escápulas pode sugerir desvios de lateralidade (escoliose). A posição antálgica é uma tentativa de obter alívio da dor. Escoliose: . A escoliose é uma condição em que a coluna vertebral se curva de forma anormal, formando uma curva em "C" ou "S". A escoliose pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças e adolescentes em fase de crescimento. Algumas causas da escoliose podem incluir fatores genéticos, neuromusculares, problemas de desenvolvimento ósseo e lesões. Os sintomas da escoliose podem incluir dor nas costas, fadiga muscular, desigualdade no tamanho dos ombros, omoplatas ou quadris, inclinação do tronco para um lado e uma curva anormal da coluna vertebral. O tratamento da escoliose depende da gravidade da curva da coluna vertebral e da idade do paciente. Em casos leves, o tratamento pode não ser necessário, mas é importante monitorar a condição com exames regulares. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de coletes ou até mesmo cirurgia para corrigir a curva da coluna vertebral. Além disso, a fisioterapia e o exercício regular podem ajudar a fortalecer os músculos das costas e melhorar a postura. Exame das articulações: . “Formato e volume, posição das estruturas, alterações das massas musculares, presença de sinais inflamatórios, modificações das estruturas circunjacentes, crepitação e estalidos e movimentações”. Formato e volume: é conveniente medir a circunferência da articulação com fita métrica, quando 8 se trata de pequenas articulações, como as interfalangeanas (proximais e distais). O aumento de volume de uma articulação pode ser devido a edemade partes moles, derrames intra-articulares, espessamento da membrana sinovial e da cápsula articular, crescimento ósseo localizado (osteófitos, exostoses, periostite), depósito de uratos (tofos) ou calcificações. Movimentação: a avaliação dos movimentos das articulações torna possível a verificação de dor e do grau de impotência funcional. Para isso é fundamental conhecer os movimentos normais de cada articulação para maior facilidade em detectar e avaliar a amplitude dos movimentos ou evidenciar movimentos anormais. Lembrando que: - A movimentação da articulação deve ser feita com máxima delicadeza. - É necessário pesquisar os movimentos ativo e passivo, comparando articulações homólogas. - O médico deve estar atento às reações do paciente, em especial a demonstração de dor. - Sempre que possível a amplitude dos movimentos precisa ser medida em graus, partindo-se de uma posição neutra que seria o ponto zero. - Não sendo possível medir em graus, pode-se falar em limitação total, quando a articulação está impossibilitada de fazer a mínima movimentação, ou em limitação parcial, que pode ser mínima, moderada ou intensa (quase total). Nódulos de Heberden e de Bouchard: . O diagnóstico baseia-se nos dados clínicos, auxiliados pelos exames de imagem, que evidenciam diminuição do espaço articular (pinçamento articular), proliferação óssea marginal (osteofitose) e esclerose do osso subcondral. - Os exames laboratoriais mostram-se normais. Musculatura: . Deve-se investigar o tônus e a troficidade principalmente dos músculos próximos de articulações em que haja processos reumáticos, de natureza inflamatória. Exemplo: a atrofia do quadríceps decorre de processo que atinge os joelhos. Sinal de Gowers: . Pacientes com fraqueza proximal apoiam-se nas coxas e escalam o próprio tronco para se levantar do chão. Apresentam levantar miopático. O sinal de Gowers é um teste clínico usado para avaliar a fraqueza muscular em crianças com distrofia muscular ou outras doenças neuromusculares que afetam a musculatura proximal das pernas e da pelve. O teste é realizado quando a criança é instruída a levantar-se do chão sem ajuda das mãos e braços, começando em posição supina, deitada de costas no chão. A criança então rola para o lado e tenta se levantar usando apenas os músculos das pernas e da pelve. Se a criança não consegue se levantar sem ajuda das mãos e braços, ela usa as mãos para subir pelas pernas, apoiando-se em seus próprios joelhos, caracterizando o sinal de Gowers. O sinal de Gowers é considerado um sinal importante na avaliação clínica de crianças com fraqueza muscular proximal, sendo frequentemente associado com distrofia muscular de Duchenne, que é uma doença genética rara que causa degeneração muscular progressiva. O sinal de Gowers também pode ser encontrado em outras doenças neuromusculares, como a distrofia muscular de Becker, miopatias inflamatórias e outras miopatias congênitas. Reflexos: . Nos casos de compressão radicular, como ocorre nas hérnias discais, podem estar diminuídos ou abolidos os seguintes reflexos: - Bicipital: integridade de C5. - Braquiorradial: integridade de C6. - Tricipital: integridade de c7. - Patelar: integridade de L4. - Patelar e aquileu: integridade de L5 e S1. 9 Sinal de Lasegue: . Consiste na elevação do membro inferior estendido sobre a bacia, manobra que acarreta estiramento do nervo ciático. Se houver compressão, ocorre dor no trajeto do referido nervo. O sinal de Lasegue é positivo quando surge dor até 60 graus (ângulo formado pelo membro elevado e pela mesa de exame). Bloqueio e dor até 30 graus sugerem hérnia discal. Sinal de Bragard: . Consiste na dorsiflexão do pé quando o membro estiver elevado, provocando exacerbação da dor (sinal de Bragard). A elevação do membro sadio pode também produzir dor no membro oposto afetado, sugerindo compressão mais central. Atenção!!! . É necessário caracterizar se a dor provocada pela elevação do membro ocorre devido a real compressão do ciático ou a contratura dos músculos posteriores da coxa. A dor muscular por exemplo ocorre somente na parte posterior da coxa, enquanto a ciatalgia pode acometer todo o membro. Exames laboratoriais: . Provas de atividade inflamatória são utilizadas para esclarecer se um processo é inflamatório e se está em atividade. São informações fundamentais no planejamento terapêutico e no controle da evolução. A base fisiopatológica dessas provas reside nas alterações proteicas causadas pelo processo inflamatório. É necessário ressaltar contudo que, elas revelam apenas a presença de um processo inflamatório, sem indicar a etiologia. Hemossedimentação (VHS) é o exame mais simples e mais utilizado para avaliar o grau de atividade inflamatória das enfermidades reumáticas, sendo útil como dado inicial e no acompanhamento do paciente. Independentemente do processo inflamatório, encontra-se VHS alterada em várias condições, incluindo anemias, poliglobulias, hipoalbuminemia, icterícia, gravidez, insuficiência cardíaca e por influência de medicamentos. Proteína C reativa é encontrada em pequena quantidade no sangue de pessoas normais. Quando ocorre uma inflamação, o seu nível aumenta sensivelmente. O valor normal é de até 6 mg/dl. Quando aumentada, indica necrose tissular, podendo elevar-se nos mínimos processos inflamatórios como um granuloma dentário apical, ou depois da aplicação de uma injeção de penicilina benzatina. Exames bacteriológicos: . Os microrganismos (vírus, clamídia, bactérias, fungos, vermes, protozoários) causam manifestações no aparelho locomotor, seja por lesão direta ou por mecanismos imunológicos ou reativos, por exemplo artrite no joelho associada a uretrite gonocócica. 10 Tomografia computadorizada (TC): . As vantagens da TC sobre a radiografia convencional são as possibilidades de imagem tridimensional, medida precisa do coeficiente de atenuação tecidual (possibilitando distinguir entre as estruturas diferentes), natureza não invasiva, e quase sempre diminuição da exposição à radiação. A TC tridimensional pode ser utilizada para demonstrar relações espaciais em fraturas complexas, fraturas com depressão do platô tibial, e extensão subtalar e tibiotalar de fraturas do calcâneo. Pode também ser útil na definição da anatomia da cabeça femoral e acetabular no deslocamento congênito do quadril e nos traumatismos desta articulação. Ressonância magnética: . A ressonância magnética (RM) pode ser usada para o diagnóstico de alterações osteoarticulares. Lesões mal definidas, como erosões e fendas, produzem alterações na morfologia da cartilagem, que podem ser identificadas pela RM, observando-se irregularidades superficiais e defeitos focais ocupados pelo líquido sinovial. Artrose: . A artrose ou osteoartrose é uma doença articular degenerativa que acomete indivíduos de ambos os sexos, em geral após a quinta década da vida, não tendo preferência por raça ou cor. É uma doença localizada na cartilagem articular, não ocorrendo fenômenos inflamatórios sistêmicos, nem comprometimento do estado geral. Clinicamente a artrose manifesta-se por dor, que varia de leve a intensa, piorando com os movimentos e ao levantar peso, rigidez articular que se agrava pelo repouso e possui limitação de movimentos e crepitações. 11