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GRUPO SER EDUCACIONAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I Alesson de Oliveira Gadelha RELATÓRIO DO ESTÁGIO ACADÊMICO I MAIO - FORTALEZA 2023 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 2 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ....................................................................................... 5 3 FARMÁCIA COMUNITÁRIA ............................................................................................... 9 4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ................................................................................... 11 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 15 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 16 3 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital 1 INTRODUÇÃO Muitos autores conferem que a profissão farmacêutica é objetivamente relacionada ao controle de medicamentos e estabelece, dessa forma, enquanto profissional em ferramentas que proporcionam ações de atenção à saúde da população independentemente do âmbito, seja ele hospitalar, industrial, laboratorial, ensino e pesquisa, público ou privado. A partir desse conceito, percebe-se a importância de estabelecer as farmácias e drogarias não somente como “estabelecimentos comerciais”, mas como “órgãos de saúde”, em todo o mundo por meio de políticas públicas específicas, de forma a mediar os conflitos de interesse dos mais diversos tipos da indústria (BASTOS, 2007). As farmácias e drogarias comumente são os últimos locais de contato da população com um profissional de saúde durante um tratamento de forma que a atuação do farmacêutico, com o objetivo de permear o uso de boas práticas e do uso racional de medicamentos, faz-se necessária (SILVA, 2012). O restabelecimento do cerne do profissional farmacêutico junto com uma demanda mais ferrenha da população, têm feito com que muitos destes estabelecimentos passem a incluir, dentre os serviços de dispensação de medicamentos, uma atuação clínica farmacêutica como diferencial competitivo, até se tornar lei, em 2014 por meio da lei 13.021 que estabelece sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas (SOARES; BRITO; GALATO, 2020). Com isso, segundo Batista, Souza e Souza (2020), se estabelece um conceito de farmácias e drogarias que a muito vinha se discutido: as farmácias comunitárias. Segundo os autores, estes estabelecimentos farmacêuticos podem ser propriedade privada ou pública, que atendem a população através da dispensação de medicamentos, em suas embalagens originais, não estando inseridos em hospitais, unidades de saúde ou equivalente. Nesta modalidade de farmácias não se tem a manipulação de medicamentos e “o atendimento ao paciente acontece em nível de atenção primária à saúde, com a responsabilidade técnica, legal e privativa, de farmacêutico” e o fato de serem “comunitárias” está ligado ao atendimento a pessoas que vivem e/ou trabalham em locais próximos a estas farmácias” (SOUZA, 2012, p. 16-17). Nesse caso, os pacientes tendem a ter o último contato com um profissional de saúde antes do consumo de medicamentos, quando vão obtê-los, através do SUS ou adquirindo de próprios fundos, nas farmácias comunitárias, o papel do farmacêutico deve ser o de orientar e acompanhar a terapia farmacológica, bem como analisar a relação direta entre o farmacêutico e o usuário de medicamentos. (VIEIRA, 2007; PEREIRA; FREITAS, 2008). Desse modo, o 4 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital trabalho do farmacêutico se respalda durante a situação de orientação e no assistencialismo, em especial, no que tange ao consumo racional de medicamentos (BARROS; SILVA; LEITE, 2020). A Organização Mundial da Saúde (OMS) simplifica a terminologia de uso racional de medicamento quando o paciente recebe o medicamento correto à sua necessidade clínica, na posologia e dose certas pelo período de tempo adequado e com menor custo possível para que haja sua função terapêutica completa (OMS, 2004). Dessa forma, o uso racional de medicamentos prevê: 1) Escolha terapêutica adequada (é necessário o uso de terapêutica medicamentosa); 2) Indicação apropriada, ou seja, a razão para prescrever está baseada em evidências clínicas; 3) Medicamento apropriado, considerando eficácia, segurança, conveniência para o paciente e custo; 4) Dose, administração e duração dos tratamentos apropriados; 5) Paciente apropriado, isto é, inexistência de contraindicação e mínima probabilidade de reações adversas; 6) Dispensação correta, incluindo informação apropriada sobre os medicamentos prescritos; 7) Adesão ao tratamento pelo paciente; 8) Seguimento dos efeitos desejados e de possíveis eventos adversos consequentes do tratamento (ARAÚJO, 2016, p. 17). Outro ponto importante, complementando a visão dos autores quanto ao uso racional implica na oferta de tratamentos, insumos e ferramentas baseadas em práticas terapêuticas e assistenciais com evidências científicas seguras, seja através do desenvolvimento de estudos clínicos com resultados confiáveis ou qualquer outro tipo de delineamento de pesquisa que permita uma alta confiabilidade do resultado e que possua avaliação das instâncias regulatórias e de fiscalização no País (OMS, 2004). Para a formação de um farmacêutico, um conjunto de conhecimentos são necessários para que haja uma real atuação desse profissional junto à população. Assim, o presente relatório compila os conhecimentos adquiridos durante a disciplina de Estágio Supervisionado I e levanta questões acerca do assistencialismo em farmácia e suas experiências em farmácias comunitárias. 5 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital 2 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Há muito tempo, os profissionais de saúde, em especial a comunidade farmacêutica, perceberam a necessidade de melhorar a segurança e a eficácia das terapias medicamentosas existentes (ANGONESI; SEVALHO, 2010). Tanto a farmácia clínica quanto a assistência farmacêutica são ideias sobre que corroboram nesse fato. São conceitos intimamente relacionados que, embora possam não definir completamente todo o potencial dos farmacêuticos, são estratégias que atuam diretamente na qualidade do serviço de saúde que é oferecido a população (BARBERATO; SCHERER; LACOURT, 2019). O conceito de assistência farmacêutica em seu sentido moderno foi introduzido em 1980, na denominada “pharmaceutical care”, que prevê a determinação das necessidades de medicamentos para um determinado indivíduo e o fornecimento não apenas do medicamento necessário, mas também dos serviços necessários antes, durante ou após a terapia (ARAÚJO, 2016). A terminologia empregada para assistência “care” também pode significar cuidado e buscava invocar analogias acerca de cuidados de forma mais abrangente, seja de profissionais médicos ou de enfermagem (HEPLER, 2004). O desenvolvimento dessa nova prática, permitiu um princípio na disponibilidade de um serviço farmacêutico orientado ao paciente, que se desenvolve do ponto em que o farmacêutico deve cuidar deles através da facilitação e racionalização da terapia (medicamentosa ou não) (BOUÇAS et al, 2018). Assim, por meio da identificação, prevenção e resolução de problemas farmacoterapêuticos, poderia melhorar a experiência medicamentosa dos pacientes, corroborando para otimização das metas terapêuticas prescrita e não prescrita. No Brasil, a assistência farmacêutica só foi regulamentada dezoito anos depois, em 1998 junto a publicação da Política Nacional de Medicamentos, que tinha comoobjetivo secundário de integrar formalmente ao governo, o compromisso de garantir a segurança, eficácia, o baixo custo (quando possível) e qualidade dos remédios, bem como a permeação de estratégias que previssem o uso racional e o acesso da população aos medicamentos essenciais (OLIVEIRA et al, 2005). Junto a essa política, também era estabelecida que o financiamento de estratégias para a execução desse plano era de responsabilidade dos três entes federados, bem como a gestão e o financiamento compartilhados (NOBRE, 2017). Todavia, apesar de todos os processos que favoreceram uma democratização da saúde brasileira, como a criação do RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e da PNPMF (Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos), isso favoreceu uma descentralização da assistência farmacêutica, que apesar dos entraves metodológicos, favoreceu 6 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital o fortalecimento dos princípios do SUS, trazendo novos desafios aos gestores estaduais e municipais para a promoção de um modelo gerencial voltada à saúde de seus cidadãos (PEREIRA, 2015; SANTANA; CATANHEIDE, 2015). Segundo Souza (2012) a efetivação da descentralização impôs a necessidade de se buscar aperfeiçoamento profissional e a inovação de estratégias de gerenciamento, de modo a promover uma maior eficiência de suas ações. Ainda segundo o autor, essa situação permitiu uma consolidação e integralização dos vínculos entre os serviços e a população, o que permitiu a instauração do Incentivo à Assistência Farmacêutica na Atenção Básica (Iafab), e, através da Portaria Nº 176, de 8 de março de 1999, foram definidos os critérios e os requisitos para a habilitação dos estados e municípios a receberem esse incentivo financeiro do governo federal (BRASIL, 1999). Vale ressaltar que, apesar dos avanços em políticas públicas e no modelo de assistência farmacêutica, ainda se percebem muitos problemas, que vão de encontro com as visões estratégicas do SUS e comprometendo o acesso da população aos medicamentos, bem como seu uso racional (BERMUDEZ et al, 2018). Ao considerar os fundamentos para que a Assistência Farmacêutica seja resolutiva, deve-se destacar que a mesma deve estar fundamentada no acesso, na qualidade, na correta prescrição e dispensação e na promoção do uso racional de medicamentos, esses fundamentos apresentam-se como básicos para a resolutividade da Assistência Farmacêutica e do SUS. A Assistência Farmacêutica representa uma das áreas de maior impacto financeiro no SUS de forma geral, o que também é a realidade das secretarias municipais de saúde. A demanda por medicamentos é crescente e sua disponibilização requer elevados recursos financeiros. A ausência de gestão efetiva pode acarretar em grandes desperdícios, logo, é de extrema importância o gerenciamento adequado da Assistência Farmacêutica (NOBRE, 2017, p. 14). Neste novo contexto da prática farmacêutica orientada ao paciente, o farmacêutico assume um papel mais proativo junto aos demais profissionais de saúde na busca de estratégias viáveis para a promoção da saúde da comunidade. Nesse sentido, Vieira (2007) discute que as iniciativas da promoção em saúde que o farmacêutico se insere, podendo ser divididas em quatro estratégias e três domínios de suporte aos serviços oferecidos, conforme pode ser visto na figura 1. 7 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital Figura 1: Categorias de iniciativas e domínios que podem ser implantadas pelos farmacêuticos para a melhoria do estado de saúde da comunidade. Fonte: Adaptado de Vieira, 2007. A abordagem de Vieira (2007), apesar de ter mais de 15 anos da sua publicação, ainda está alinhada aos tópicos previstos pela OMS no que diz respeito às medidas a serem adotadas para a promoção da saúde. Perpassando para a realidade brasileira, as estratégias defendidas em território nacional preveem ao farmacêutico, principalmente àqueles inseridos no SUS, independentemente do escopo da sua atuação profissional, desde que sua função seja orientada ao atendimento ao paciente, pode trabalhar sob três ações norteadoras: reorientar o serviço em farmácia, desenvolver estratégias que permitam o incentivo das habilidades particulares da comunidade e instrumentalizar a sociedade à ação comunitária (VIEIRA, 2007). Considerando que ainda muito se têm a desenvolver, a assistência farmacêutica, bem como o próprio profissional, apresenta oportunidades e desafios a serem vencidas. Oliveira (2005) determina que um dos maiores desafios para os gestores é a implementação de práticas que contribuam efetivamente nos serviços adequados às necessidades da comunidade em que se insere. Com isso, compreende-se uma maior preocupação com as políticas governamentais na última década, de forma que se observa um aumento de estratégias para a fortificação da atenção primária de saúde como ferramenta de melhoria do modelo de atenção à saúde no SUS. A Ç Ã O D O F A R M A C E U T IC O Iniciativas Acompanhamento e educação do e para o paciente Avaliação dos seus fatores de risco Prevenção da saúde Promoção da saúde e vigilância das doenças Domínios Disposição de serviços de prevenção clínica Vigilância e publicações em saúde pública Promoção do uso racional de medicamentos pela sociedade 8 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital Mais recentemente, Berberato, Scherer e Lacourt (2019), em seu estudo, o profissional farmacêutico apresenta um conjunto de desafios para o exercício pleno de sua função, em especial àqueles que atuam junto a assistência farmacêutica, de modo que destacam: demonstrar à população a necessidade do farmacêutico para a atenção integral, em comparação com outros profissionais que já são historicamente aceitos; a inserção do farmacêutico nas equipes multiprofissionais, não o cabendo somente ao gerenciamento técnico de fármacos e insumos farmacêuticos; a baixa quantidade de farmacêuticos contratados em unidades de atenção primária em saúde e a falta de investimento em gestão democrática. 9 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital 3 FARMÁCIA COMUNITÁRIA No Brasil o farmacêutico, hoje, pode exercer mais de 130 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Farmácia. A Resolução do CFF nº 572/2013 dispõe sobre a regulamentação de 131 das 135 especialidades farmacêuticas vigentes, por linhas de atuação. Dentre essas linhas de atuação, o farmacêutico brasileiro pode atuar nas áreas de: “alimentos, análises clínico-laboratoriais, educação, farmácia, farmácia hospitalar e clínica, farmácia industrial, gestão, práticas integrativas e complementares, saúde pública e toxicologia” (CFF, s/a, s/p). Depois de 2013, foram acrescidas como possíveis atribuições ao profissional farmacêutico mais 4 especialidades, que são: Floralterapia (Resolução nº 611/2015), Perfusão sanguínea (Resolução nº 624/2016), Saúde Estética (Resoluções nº 573/2013, 616/2015 e 645/2017) e Vacinação (Resolução nº 654/2018) (CFF, s/a). Considerando o amplo escopo citado, as práticas farmacêuticas, de forma geral, buscam envolver ações de promoção à saúde, utilizando conhecimentos técnicos sobre medicamentos, Gestão da Terapia Medicamentosa (GTM) e assistência aos pacientes. Nesse sentido, a farmácia comunitária é um dos principais e mais promissores campos de atuação do farmacêutico, dos quais se realizam atividades de gerenciamento, dispensação e orientação. De acordo com Bastos e Caetano (2010), a farmácia comunitária ganha destaque nas possibilidades de atuação do farmacêutico, uma vez que se insere no cenário da saúde pública enquanto espaço de dispensação de medicamentos e de orientação, em especial, estratégias para o uso racional de medicamentos pela população. Segundo Correr e Otuki (2013), a epistemologia dotermo “farmácia comunitária” relata a relação entre estabelecimentos farmacêuticos cujo objetivo é o atendimento ao paciente e a dispensação de medicamentos e correlatos, excluindo aqueles inseridos em hospitais, unidades de saúde e equivalente. No que concerne, Souza (2012), relaciona o termo “comunitárias” a comunidade, uma vez que o objetivo destes espaços é o atendimento das pessoas próximas da região em que o estabelecimento se insere. Nesse ambiente, o foco dos serviços prestados pelo farmacêutico é o paciente, uma vez que suas ações e responsabilidades interferem diretamente na qualidade de vida dos pacientes e seu retorno para o sistema de saúde (ANGONESI; RENNÓ, 2011). A farmácia comunitária encontra-se em uma localização estratégica na avaliação da efetividade e da segurança da terapia medicamentosa, podendo observar problemas e garantindo um uso seguro dos medicamentos (CORRER; OTUKI, 2013). 10 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital Assim, compreende-se que a farmácia comunitária evoluiu estrategicamente em todo o mundo, seja nas suas atribuições como nos serviços e atendimento ao paciente, tendo o farmacêutico fazendo uso de suas habilidades e conhecimentos, atuando ativamente na obtenção da saúde do paciente, seja através de sua interação individualizada e efetiva com os pacientes, seja com o trabalho em conjunto com outros profissionais da saúde (FELETTO et al., 2013). No mercado farmacêutico brasileiro, percebe-se uma prevalência das farmácias comunitárias de origem privada; de forma que apesar de existirem em menor número, as farmácias públicas são aquelas vinculadas à rede nacional de farmácias populares ou as esferas públicas municipais ou estaduais (MATTOS et al, 2022). Em 2014, foi realizada uma pesquisa pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), que buscava descrever e analisar o atual perfil do farmacêutico brasileiro em atividade. Nessa pesquisa foram entrevistados 19.896 farmacêuticos e verificou-se que mais de 81% dessa população atuavam em farmácia ou drogaria (COELHO, 2017). De acordo com a RDC número 357/2001 do Conselho Federal de Farmácia “ toda a farmácia ou drogaria contará obrigatoriamente, com profissional farmacêutico responsável, que efetiva e permanentemente assuma e exerça a sua direção técnica, sem prejuízo de mantença de farmacêutico substituto, para atendimento às exigências de lei”. No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa nº 44 de 2009, que institui as Boas Práticas Farmacêuticas em Drogarias e Farmácias, já instituía as drogarias e farmácias como estabelecimentos de saúde e propunha a implementação de serviços farmacêuticos, tais como: atenção farmacêutica, administração de medicamentos injetáveis e inalatórios, monitoramento de parâmetros fisiológicos e bioquímicos, monitoramento da pressão arterial, perfuração do lóbulo auricular e atendimento a domicílio. A Lei 13021/2014 define a farmácia como um estabelecimento de saúde; regulamenta ações e serviços de assistência terapêutica integral e de promoção, proteção e recuperação da saúde, permitindo que no local sejam prestados serviços farmacêuticos. Ao farmacêutico comunitário é atribuída a responsabilidade pelo cumprimento das Boas Práticas de Dispensação nestes estabelecimentos, desta maneira, seu objetivo deve ser, não apenas a dispensação correta, mas também a garantia do uso racional dos medicamentos (COELHO, 2017, p.15). Nesse sentido, a principal orientação do farmacêutico em farmácias comunitárias, seja ela pública ou privada, é atuar segundo as orientações da atenção farmacêutica. Essa é uma prática profissional com o objetivo de atender às necessidades da população orientando acerca do uso efetivo e seguro de medicamentos, assumindo responsabilidades pelas ações farmacoterapêuticas dos pacientes, preocupando-se em atuar na prevenção, identificação e solução de problemas relacionados ao uso de medicamentos (CASTRO; PENAFORTE, 2021). 11 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital 4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Na figura 2, têm-se um fluxograma aplicado ao processo de dispensação, proposto pelo Schroeder et al (2009): Figura 2: Fluxograma de dispensação de medicamentos em farmácias comunitárias. Fonte: Schroeder et al, 2009. Esse fluxograma está disponível em um encarte disponibilizado pelo CFF e prevê unicamente as do Farmacêutico na Farmácia Comunitária. Nesse fluxograma está apenas orientado a dispensação de medicamentos pelo farmacêutico. Apesar de conter todos os processos de orientação, na minha visão, falta a análise da receita para a dispensação segura dos medicamentos, uma vez que a receita esteja ilegível ou inadequada, o medicamento pode não ser dispensado. Na figura 3, está destacado o ciclo da assistência farmacêutica. 12 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital FIGURA 3: Ciclo da Assistência Farmacêutica. Fonte: Elaboração Própria, 2023. No ciclo da Assistência Farmacêutica, a seleção é a primeira atividade a ser executada. Nela consta o processo de escolha de medicamentos, onde deve ser analisada a eficácia e segurança, para o atendimento das necessidades da população, com base nas doenças prevalentes e comuns daquela região, levando em consideração questões epidemiológicas e sazonais. Nesse sentido, a seleção tem por objetivo garantir que a população tenha acesso à terapia medicamentosa de qualidade nos diversos níveis de atenção à saúde. Nessa etapa, o profissional farmacêutico atua na identificação dos medicamentos, laboratórios e características particulares, podendo estar presente em todas as etapas. A etapa de programar consiste em estimar a quantidade de medicamentos a serem adquiridas para atender a demanda dos serviços até a próxima remereça. Essa etapa influi diretamente no abastecimento e no acesso da população a medicamentos. Durante essa etapa, CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Seleção Programação Aquisição Armazenamento Distribuição Dispensação 13 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital dispor de dados fidedignos sobre o consumo, a característica epidemiológica da região abastecida, a oferta e demanda de serviços de saúde, bem como os recursos humanos a disposição é imprescindível para uma boa programação. O farmacêutico pode atuar na avaliação numérica, na produção e compilação de dados epidemiológicos, seja de forma retrospectiva ou prospectiva. A aquisição consiste em um apanhado de procedimentos que se efetiva no processo de compra dos medicamentos estabelecidos pela seleção e no número descrito pela programação. O objetivo dessa etapa é levar os medicamentos selecionados na etapa anterior pelo menor custo possível com objetivo de abastecer a demanda de modo seguro e racional, além de obedecer ao custo e o método de compra que depende do viés da farmácia comunitária em questão (pública ou privada). Talvez seja a etapa que possa estar menos ligada a ação do farmacêutico, dependendo mais da gerência do estabelecimento, mas pode estar presente nos processos licitatórios ou de compra dependendo da característica do gerenciamento. Já o armazenamento ocorre depois da compra dos medicamentos e sua chegada no ponto de recebimento. Ela se baseia em um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que abarcam as atividades de: recepção, estocagem, conservação e controle de estoque. Com a chegada dos medicamentos o farmacêutico deve avaliar as características próprias de conservação do medicamento, sendo de suma importância analisar as especificações do fabricante para manter as características terapêuticas dos remédios. Atividade de distribuição consiste na avaliação de medicamentos às unidades de saúde, tomando como base a quantidade, a qualidade e o tempo adequado, para a dispensação à população. Considera-se ideal que a distribuiçãode medicamentos garanta: rapidez e segurança na entrega, e eficiência no sistema de informação e controle: a) Rapidez: O processo de distribuição deve ser realizado em tempo hábil, mediante um cronograma estabelecido, impedindo atrasos e (ou) desabastecimento do sistema. b) Segurança: É a garantia de que os produtos chegarão ao destinatário nas quantidades corretas e com a qualidade desejada. c) Sistema de informação e controle: A distribuição deverá ser monitorada sempre. Deve-se dispor de um sistema de informações que propicie, a qualquer momento, dados atualizados sobre a posição físico-financeira dos estoques, das quantidades recebidas e distribuídas, dos dados de consumo e da demanda de cada produto, dos estoques máximo e mínimo, do ponto de reposição, e qualquer outra informação que se fizer necessária para um gerenciamento adequado. d) Transporte: Na escolha do transporte, devem-se considerar as condições adequadas de segurança, a distância das rotas das viagens, o tempo da entrega e os custos financeiros (BRASIL, 2001, p. 86). A etapa de distribuição também é um momento do ciclo em que o profissional farmacêutico tem que se atentar uma vez que, por não estar diretamente atuando nesse momento, deve instruir bem a equipe para manter a qualidade do medicamento durante o 14 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital processo de distribuição. Outro papel do farmacêutico é produzir e/ou analisar o perfil epidemiológico da região a ser abastecida. Por último temos a Dispensação, que é o ato profissional do farmacêutico de disponibilizar um ou mais medicamentos a um paciente, sob a solicitação de uma receita elaborada por um profissional autorizado. Neste ato, é obrigação do farmacêutico informar e orientar o paciente ou responsável sobre o uso e manejo adequado do medicamento que está recebendo. 15 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante o estágio, observa-se a importância das farmácias comunitárias como ponta final do processo de atenção à saúde e que a importância da presença do farmacêutico permite uma melhoria na qualidade de vida para toda a população brasileira. Sua atuação favorece diretamente aos usuários do SUS, com bons produtos, serviços e preços competitivos, o que permite aos beneficiários uma melhor oportunidade para a manutenção de sua qualidade de vida. Quanto ao trabalho desempenhado pelo farmacêutico, tanto na farmácia comunitária privada como na pública, se demonstram como interessantes para desempenho de suas atividades profissionais, uma vez que apresenta um cenário competitivo e muitos estabelecimentos em todo o Brasil, podendo o profissional farmacêutico ser agregados em todas as etapas logísticas, desde a produção ao direcionamento de insumos, além de possuir uma boa perspectiva de crescimento de carreira. No que diz respeito da ação farmacêutica, não me despertou nenhum interesse em particular, uma vez que não me senti desafiado durante a visita técnica, apesar de ter o benefício de ser servidor público, não vi grandes vantagens e nem uma perspectiva de progressão de carreira. 16 Estágio Acadêmico I – Farmácia – 3º Período - Digital REFERÊNCIAS ANGONESI, Daniela.; RENNÓ, Matheus. U. P. Dispensação Farmacêutica: proposta de um modelo para a prática. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 9, p. 3883–3891, 2011. 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