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EXERCÍCIO FÍSICO E ENVELHECIMENTO AULA 2 Profª Tatiane Calve 2 CONVERSA INICIAL Como é sabido, o processo de envelhecimento é um processo natural, irreversível e multifatorial que leva a alterações orgânicas e físicas do indivíduo. Essas mudanças estão associadas à idade biológica, conceituada com sendo as mudanças que ocorrem no organismo ao longo do processo de desenvolvimento, iniciado na concepção e findado na morte (Gallahue, Ozmun, 2005). As mudanças que, no início da vida, proporcionam melhora no funcionamento dos sistemas e maior interação do ser humano com o mundo que o rodeia, durante o processo de envelhecimento, causam perdas fisiológicas, funcionais e maior dependência do indivíduo. As mudanças orgânico-sistêmicas e o envelhecimento fisiológico, decorrentes da senescência (Freitas; Py, 2010), reduzem as capacidades físicas e deixa o organismo do idoso mais susceptível a doenças infecciosas e também a doenças e agravos não transmissíveis (DANT), como hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, patologias respiratórias, diabetes e câncer (Maciel, 2010). Nesse texto, abordaremos as alterações que ocorrem em decorrência do envelhecimento nos sistemas: • Cardiovascular; • Respiratório; • Nervoso; • Metabólico; • Endócrino. Também será explanado sobre a influência de exercícios físico em relação ao equilíbrio e à locomoção durante o processo de envelhecimento. TEMA 1 – SISTEMA CARDIOVASCULAR E PULMONAR O envelhecimento do coração faz com que seus batimentos por minuto (frequência cardíaca) sejam um pouco mais baixos, se comparado à adultos jovens. Em exercícios, a frequência cardíaca dos idosos também não se altera tanto como em indivíduos mais jovens, ou seja, há uma ligeira diferença na adaptação do sistema cardiovascular perante o exercício. 3 A seguir, serão apresentadas outras alterações que ocorrem no sistema cardiovascular dos idosos. 1.1 Sistema vascular Antes da explanação sobre as alterações que correm no sistema vascular, com o processo de envelhecimento, serão indicadas as estruturas do sistema vascular. Na Figura 1, podemos identificar as estruturas que formam as veias e artérias, como o endotélio, formado por células pavimentosas, que formam os vasos sanguíneos e estão em contato com o lúmen (centro oco por onde flui o sangue), o tecido muscular liso (permite a dilatação e contração involuntária dos vasos sanguíneos) e o tecido conjuntivo (nutrição e manutenção das células) (Tortora; Grabowski, 2002). Figura 1 – Representação estrutural de uma veia e uma artéria Créditos: Sciencepics/Shutterstock. A diminuição do número de fibras musculares lisas é uma das alterações mais presentes no sistema cardiovascular dos idosos. Há aumento da 4 quantidade de colágeno nos vasos sanguíneos e deposição de cálcio nas paredes dos vasos, alterando a distensibilidade muscular (Velasco, 2006). Com essas alterações, a vasoconstrição e a vasodilatação dos vasos sanguíneos ocorrem de maneira mais lenta e menor intensidade. Figura 2 – Representação dos vasos sanguíneos em situação normal, com vasoconstrição e vasodilatação Créditos: Olga Bolbot/Shutterstock. Com as alterações dos vasos sanguíneos já mencionadas e com o aumento da espessura e do espaço no interior dos vasos, a adaptação aguda da pressão arterial é mais lenta nos idosos, necessitando de cuidados com o início da prática de exercícios físicos, além da passagem de uma posição para outra, como da posição sentada para a em pé, para evitar desmaios e outras lesões mais graves no sistema vascular. Além disso, há uma tendência da pressão arterial aumentar durante a sístole e se manter normal durante a diástole – hipertensão sistólica isolada. Ouras alterações que ocorrem no sistema cardiovascular estão diretamente relacionadas com o coração; entre elas, está o aumento da espessura das paredes e aumento no tamanha das câmaras cardíacas. Os idosos podem apresentar ainda insuficiência cardíaca, devido ao enrijecimento das paredes do coração, diminuindo a capacidade de o ventrículo esquerdo se encher de sangue. 5 Em decorrência das alterações que ocorrem nas estruturas e na funcionalidade dos componentes do sistema cardiovascular, é observada diminuição do consumo de oxigênio, do débito cardíacos e da frequência cardíaca nos idosos (Matsudo, 2001). 1.2 Alterações do sistema cardiorrespiratório O sistema respiratório, assim como o cardiovascular, sofre mudanças com o processo de envelhecimento. Entre as alterações, estão: • Diminuição das trocas gasosas e capacidade pulmonar geral; • Calcificação das cartilagens esternocostais; • Enfraquecimento dos músculos respiratórios; • Alterações dos alvéolos pulmonares. Figura 3 – Sistema respiratório Créditos: Pszczola/Shutterstock. 6 Com as alterações apresentadas em relação às estruturas do sistema respiratório, a captação e o transporte de oxigênio utilizado na demanda metabólica corporal são prejudicados com o envelhecimento cardiorrespiratório. Vale ressaltar que o sistema cardiorrespiratório se adapta em todas as faixas etárias. Entretanto, as adaptações agudas são mais lentas com a chegada da velhice (Ueno et al., 2013). TEMA 2 – SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO O tecido nervoso é formado, entre outras estruturas, pelo neurônio, que é a unidade básica do sistema nervoso. Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos, dos impulsos nervosos, por meio das propriedades de excitabilidade e condutilidade. A excitabilidade é a capacidade de célula nervosa se adaptar e responder aos estímulos, e a condutilidade é a propriedade de condução dos estímulos nervosos, os impulsos nervosos. O sistema nervoso é responsável pela homeostase do organismo, além de regular, orientar e comandar todas as funções do organismo (Shumwey- Cook; Woollacott, 2003). Figura 4 – Representação do sistema nervoso somático e autônomo Créditos: Vectormine/Shutterstock. 7 2.1 Alterações do sistema nervoso Freitas, Py (2018) e Velasco (2006) indicam que o cérebro do idoso reduz em tamanho e há outras alterações relacionadas ao tecido nervoso, como: • Redução no número de neurônios; • As células nervosas remanescentes funcionam de forma inferior; • Redução na velocidade de condução nervos; • Diminuição do número de neurotransmissores; • Confusões mentais e demências. As alterações do sistema nervoso, durante o envelhecimento, ocasionam, entre outras mudanças orgânicas, fisiológicas e funcionais, a diminuição da cognição, a qual reduz a independência do idoso. Alterações neurológicas podem levar os idosos, principalmente os mais velhos, às demências, as quais afetam a autonomia e a realização das atividades da vida diária. 2.2 Doença de Alzheimer Entre as demências, a doença de Alzheimer (DA) é a mais presente entre os idosos mais velhos, principalmente acima de 80 anos (Papalia; Feldman, 2013). Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, causada por aumento de deposição de proteína beta-amiloide, em que ocorre a formação de um emaranhado neurofibrilar (Braak; Braak, 1996; Braak; Braak, 1997, citados por Vital et al., 2013). 2.2.1 Alterações neuromotoras de pessoas com D.A. Vital et al. (2013) elenca algumas alterações neuromotoras que acometem as pessoas com DA; entre elas: • Déficit cognitivo e de atenção; • Distúrbios de memória semântica e episódica; • Desorientação espaço-temporal; • Dificuldades na linguagem e funções executivas; • Distúrbios neuropsiquiátricos. 8 A doença de Parkinson (DP) é uma patologia neurológica, causada pela deficiência no sistema nervoso central (SNC), devido à morte de neurônios percursores de dopamina da substância negra (Pereira et al., 2013). 2.3 Características motorasde pessoas com doença de Parkinson • Rigidez e dores musculares; • Falta de coordenação motora e lentidão nos movimentos; • Depressão; • Perda de expressões faciais; • Tremores involuntários; • Dificuldade na execução da marcha. Figura 5 – Representação dos sintomas da doença de Parkinson Créditos: Solar22/Shutterstock. 9 TEMA 3 – SISTEMA METABÓLICO E ENDÓCRINO Com o avanço da idade, há declínio do metabolismo, devido à diminuição dos hormônios sexuais. As mudanças na composição corporal, durante o envelhecimento, também é um fator que interfere no metabolismo. Por exemplo, um indivíduo em torno de 40 anos de idade perde, aproximadamente, 10% de massa magra e ganha em torno de 600 g de massa gorda a cada 10 anos. O sistema endócrino é formado por um conjunto de glândulas (hipófise, tireoide, paratireoides, timo, suprarrenais, pâncreas e glândulas sexuais), as quais têm como função a produção de hormônios. O sistema endócrino, em conjunto com o sistema nervoso, controla as funções de todo o corpo. 3.1 Teoria neuroendócrina A teoria neuroendócrina explica o processo de envelhecimento pela alteração no sistema neuroendócrino, que leva o organismo à degradação da homeostase, devido à limitação da integração das funções orgânicas (Teixeira; Guariento, 2010). O sistema neuroendócrino é essencial na coordenação da comunicação intersistêmica e no controle das respostas dos sistemas fisiológicos aos estímulos ambientais. 3.1.1 Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal O processo de envelhecimento, segundo Freitas e Py (2018) e Teixeira e Guariento (2010), é explicado pela teoria neuroendócrina, devido às alterações que ocorrem nos sistemas neurológico e imunológico, principalmente no sistema hipotálamo-hipófise-adrenal. Esse sistema regula, principalmente, três funções orgânicas (Teixeira; Guariento, 2010, p. 2854): • Funções viscerais da divisão simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo (SNA); • Comportamentos de medo, fome e atividade sexual; • Funções endócrinas como a síntese e a secreção de hormônios tróficos, os quais estimulam ou inibem a liberação dos hormônios hipofisários. 10 3.1.2 Principais hormônios da medula adrenal Os hormônios da medula adrenal (adrenalina, noradrenalina e catecolaminas) atuam como neurotransmissores da regulação das funções simpática e parassimpática do organismo. Teixeira e Guariento (2010, p. 2854) indicam que há diminuição da resposta simpática decorrente de três alterações no organismo: • Diminuição do número de receptores de catecolaminas nos tecidos-alvo periféricos; • Declínio nas heat shock proteins (proteínas de choque térmico), que aumentam a resistência ao estresse em várias espécies, inclusive a humana; • Diminuição da competência das catecolaminas para induzir a produção dessas proteínas. As mudanças hormonais ocorrem de acordo com ação dos genes, controlados pelo relógio biológico de cada indivíduo, como: • Perda de força muscular; • Acúmulo de gordura; • Atrofia de órgãos vitais. Assim, o processo de envelhecimento causado pelos sistemas nervoso e endócrino ocorre devido às alterações no controle e regulação dos sistemas biológicos. 3.2 Teoria da autoimunidade A teoria imunológica explica o processo de desenvolvimento com base na resistência do organismo a doenças, em relação à ação do ataque de determinados genes ou a liberação de anticorpos que atacam o próprio organismo, o que chamamos de Teoria da autoimunidade (Papalia; Feldman, 2013, Teixeira; Guariento, 2010). Em decorrência das alterações do sistema imunológico, pode haver confusão do sistema imunológico, que causa liberação de anticorpos que atacam as próprias células o organismo. Com isso, pode haver influência: 11 • Doenças e transtornos relacionados com o envelhecimento; • Qualidade de vida; • Fatores ambientais controlados. As alterações do sistema neuroendócrino fazem com que o organismo do idoso tenha maior suscetibilidade a doenças, causada por alterações no funcionamento do sistema imunológico, como infecções e câncer. 3.2.1 Alterações imunológicas De acordo com os estudos de Teixeira e Guariento (2010), a interação entre o sistema neuroendócrino e imunológico indicam não haver relação entre esses sistemas na hierarquia da regulação dos sistemas orgânicos, durante o ciclo vital. Entretanto, suas pesquisas indicam que os sistemas neuroendócrino e imunológico são influenciados pela presença de doenças que acometem o organismo (Papalia; Feldman, 2013). Com isso, o objetivo de muitos pesquisadores na área da gerontologia não é buscar prolongar a vida e sim melhorar a saúde do organismo durante o processo de envelhecimento. TEMA 4 – SISTEMA LOCOMOTOR O sistema locomotor engloba os sistemas ósseo, articular e muscular, os quais permitem que o indivíduo realize ações motoras. Dessa maneira, a seguir, será indicado como o processo de envelhecimento influencia em cada um desses sistemas separadamente. 4.1 Sistema ósseo O tecido ósseo é uma especialização do tecido conjuntivo, que está em constante remodelação, ou seja, em processo de formação (osteoblastos) e processo de reabsorção (osteoclastos) (Tortora; Grabowski, 2002). Durante o processo de envelhecimento, há diminuição do número e da atividade dos osteócitos, que dificulta a formação de tecido ósseo. Com isso, nos idosos, pode haver presença de osteopenia e/ou osteoporose, em decorrência do balanço cálcico negativo, da hipovitaminose e da maior reabsorção do tecido ósseo. Segundo Schneider e Irigaray (2008), as alterações na estrutura musculoesquelética e articular são iniciadas a partir dos 40 anos e é comum a 12 presença da osteopenia em pessoas com idade avançada. Os idosos podem apresentar, além da osteopenia, a osteoporose, que é caracterizada como uma perda patológica de osso, deixando-os mais porosos, maximizando o risco de fraturas e quedas. Na figura a seguir, podemos observar a diferença na porosidade do osso normal, em uma condição de osteopenia e com a patologia de osteoporose. Figura 6 – Representação dos ossos com características normais, com osteopenia e osteoporose Créditos: Designua/Shutterstock. Schneider e Irigaray (2008) indicam que o processo de envelhecimento do sistema ósseo leva a alterações na estrutura musculoesquelética. 4.2 Sistema articular O tecido articular é formado pelas células condrócito e condroblastos e é hidratado por agregados de proteoglicanos (Tortora; Grabowski, 2002). O envelhecimento e o enrijecimento da cartilagem estão relacionados com o menor poder de agregação dos proteoglicanos, sendo que o colágeno adquire menor hidratação, maior resistência à colagenase e maior afinidade pelo cálcio. 13 Desgastes nas cartilagens fazem com que os movimentos articulares sejam prejudicados (Velasco, 2006). A artrose é uma outra patologia articular, entre as mais presentes na vida dos idosos, ocasionando dor, desconforto ao se movimentar, menor amplitude de movimento e até mesmo dependência física (Velasco, 2006). Figura 7 – Representação da artrose no joelho Créditos: Vectormine/Shutterstock. 4.3 Sistema muscular A alteração muscular mais presente nos idosos é a sarcopenia, caracterizada pela perda de massa muscular (peso e área de secção), ocasionada por alterações hormonais, sedentarismo, alterações neuromotoras etc. (Velasco, 2006). 14 Figura 8 – Representação da redução de massa magra decorrente da sarcopenia Créditos: Pepermpron/Shutterstock. Com a musculatura mais fraca, o idoso perde força e resistência muscular, diminuindo as capacidades funcionais na realização das tarefas diárias. A principal perda ocorre nas fibras brancas (Tipo IIA), de contração rápida, o que diminui o tempo de reação dos idosos, sendo um dos agentes causadores de quedas. A reduçãodo número de fibras musculares esqueléticas faz com que o indivíduo tenha redução na capacidade física, com resistência muscular localizada, força muscular, potência. Além da diminuição das valências física, há também aumento do tempo de reação, sendo um indicativo de alteração do equilíbrio, da locomoção e do maior número de tropeços e quedas dos idosos. As alterações nos sistemas ósseo, articular e muscular que ocorrem devido ao processo de envelhecimento causam mudanças na postura e na locomoção dos idosos. Na figura a seguir, é representada a alteração postural em decorrência das mudanças indicadas anteriormente. 15 Figura 9 – Representação das mudanças posturais durante o envelhecimento Créditos: Blamb/Shutterstock. 4.4 Alterações na marcha As alterações neuromotoras e osteoarticulares implicam mudanças no comportamento da locomoção dos idosos, como (Perry, 1992): • Menor amplitude do passo; • Menor altura do passo; • Menor velocidade da passada; • Aumento no tamanho da base de suporte; • Aumento no tempo de duplo apoio; • Menor cadência. TEMA 5 – SISTEMA TEGUMENTAR E SENSORIAL Agrupamentos de células que apresentam formas e funções semelhantes formam os tecidos, que podem ser classificados em (Tortora; Grabowski, 2002): • Tecido epitelial; • Tecido conjuntivo; • Tecido nervoso; • Tecido muscular. 16 Durante o processo de envelhecimento, há alterações celulares e, consequentemente, teciduais. A seguir, serão abordadas as características e as modificações de diferentes tecidos, decorrentes do processo de envelhecimento. 5.1 Sistema tegumentar O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos. Sua função é proteger o corpo de microrganismos, evitar o ressecamento e perda de água para o meio externo: • Glândulas; • Unhas; • Cabelos; • Pelos; • Receptores sensoriais. 5.2 Camadas da pele A pele é formada por camadas que se diferem em estrutura e função. São elas (Calve, 2016): • Epiderme – aumento da espessura e uniformidade da pele, diminuição da capacidade de renovação das células, pigmentação irregular; • Derme – redução do número de fibroblastos e baixo nível de colágeno e elastina (diminuição da capacidade de elasticidade). Com o avanço da idade, a pele fica mais fina, sensível, menos elástica (rugas), com menos oleosidade (seca) e áspera. Além dessas características, ela também apresenta fotoenvelhecimento (que ocorre principalmente pela exposição crônica ao sol), hiperpigmentação e manchas hipercrônicas (Schneider; Irigaray, 2008). Na figura a seguir, é possível identificar algumas das alterações que ocorrem na pele, como o processo de envelhecimento. 17 Figura 10 – Representação de alterações que ocorrem na pele pelo processo de envelhecimento Crédito: Blackday/Shutterstock; Zay Byi Byi/Shutterstock. Em relação à aparência do idoso, podemos identificar, também, a diminuição da quantidade e o branqueamento dos pelos, presença de calos e deformidades nas falanges e unhas (Schneider; Irigaray, 2008, Velasco, 2006), como representado na figura a seguir. Figura 11 – Representação de alterações que ocorrem nos pelos e nas unhas dos idosos Crédito: Mosterpiece/Shutterstock; Alexander Yuts/Shutterstock. 5.3 Sistema sensorial Durante o processo de envelhecimento, o sistema sensorial é afetado como um todo. A audição apresenta diminuição da capacidade de recepção de sons. A visão e o sistema tátil-cinestésico apresentam declínio, prejudicando a leitura e, em conjunto com o sistema tátil-cinestésico, a visão é um canal sensorial de grande influência no controle postural e na locomoção, referindo-se 18 ao risco de quedas devido à dificuldade na identificação e percepção de obstáculos (Baraldi et al., 2007). O sistema somatossensorial é um importante sistema, alterado com o processo de envelhecimento, sobre o qual será explanado a seguir. 5.3.1 Sistema somatossensorial O sistema somatossensorial é formado por receptores que transmitem informações sobre posição e velocidade dos segmentos corporais, contato com objetos e orientação da gravidade. • Fusos neuromusculares; • Órgãos tendinosos de Golgi; • Receptores articulares; • Receptores cutâneos. 5.3.2 Envelhecimento do sistema somatossensorial O envelhecimento do sistema somatossensorial implica, também, redução na detecção da vibração pelos receptores cutâneos, diminuição da sensibilidade ao toque e senso de posição articular estática e dinâmica, além da redução da percepção háptica (tátil cinestésica), que provoca dificuldade na interpretação das características das superfícies. NA PRÁTICA Vimos, nesta etapa, que as informações sensoriais são fundamentais para que haja controle dos movimentos, na execução de uma ou mais tarefas. O processo de envelhecimento é um processo natural, irreversível e multifatorial e durante o qual ocorrem alterações biológicas, fisiológica e funcionais, as quais modificam a qualidade de vida do idoso. Entre as mudanças funcionais, estão as relacionadas aos sistemas muscular, esquelético e articular, as quais afetam a locomoção. Assim, cite as alterações que ocorrem na locomoção dos idosos. Segundo Perry (1992), as alterações neuromotoras e osteoarticulares que implicam mudanças no Comportamento da locomoção dos idosos são as seguintes: 19 • Menor amplitude do passo; • Menor altura do passo; • Menor velocidade da passada; • Aumento no tamanho da base de suporte; • Aumento no tempo de duplo apoio; • Menor cadência. FINALIZANDO Nesta etapa foram abordadas as características do envelhecimento e as alterações que ocorrem em diferentes sistemas orgânicos durante o processo de envelhecimento. Foram exploradas as mudanças dos sistemas: • Cardiorrespiratórios; • Nervoso; • Endócrino e imunológicos; • Locomotor; • Tegumentar e sensorial. 20 REFERÊNCIAS CALVE, T. Triciclo sem pedais: análise da locomoção em adultos e idosos e utilização para exercício físico em idosos institucionalizados. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Cruzeiro do Sul. São Paulo, 2016 FREITAS E. V, PY, L. (org.). Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017 GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. GODOI, D.; BARELA, J. A. Mecanismos de ajustes posturais feedback e feedforward em idosos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 23, n. 3, p. 9-22, maio, 2002. PELLEGRINE, A. M. A aprendizagem de habilidades motoras: o que muda com a prática? Revista Paulista de Educação Físisca, São Paulo, supl. 3, p. 29-34, 2000. PERRY, J. Gait Analysis. 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Na figura a seguir, é possível identificar algumas das alterações que ocorrem na pele, como o processo de envelhecimento. MAGILL. R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.