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Apresentação - Marx - Acumulação Primitiva

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A ASSIM CHAMADA 
ACUMULAÇÃO 
PRIMITIVA
MARX - O CAPITAL
LIVRO I - CAP. XXIV
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PROCESSO DE VALORIZAÇÃO 
DO CAPITAL
 “Moto contínuo”: Pressupostos lógicos
 Como explicar a origem desse processo
 Acumulação primitiva: “Pecado original”
 Economistas tradicionais: Teoria da Abstinência
 Elite laboriosa, inteligente, parcimoniosa
 Vagabundos
 “Trivialidades infantis”, “Cartilha infantil”
 Marx: ver na história como aconteceu
 Violência: conquista, subjugação, assassínio
 “Os métodos da acumulação primitiva são tudo, 
menos idílicos”
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CAPITAL COMO 
RELAÇÃO SOCIAL
 Possuidores e não possuidores dos meios de produção
 Necessidade de explicar esta separação
 Concentração dos meios de produção de um lado e 
desapossamento de outro
 Trabalhadores livres no duplo sentido:
 Livres da gleba e das restrições das corporações
 “Livres” dos meios de produção
 Capitalistas industriais: luta contra o poder feudal e as 
corporações medievais para a livre exploração do 
homem pelo homem
 Processo extremamente violento baseado no Estado
 “E a história dessa sua expropriação está inscrita nos 
anais da humanidade com traços de sangue e fogo”
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EXPULSÃO DOS CAMPONESES 
DAS TERRAS COMUNAIS
 Processo se estendeu do último terço do século 
XV até o início do século XIX
 Inglaterra – final do século XIV e XV:
 Servidão praticamente não existe mais
 camponeses livres, arrendatários, assalariados
 Nova nobreza e “novos tempos”
 “Dinheiro era o poder dos poderes”
 1) Manufatura flamenga de lã
 Final século XV e XVI  Cercamentos das terras
 Legislação infrutífera para impedir a “usurpação 
despovoadora das terras comunais”
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EXPULSÃO DOS CAMPONESES 
DAS TERRAS COMUNAIS
 2) Expropriação das terras da Igreja (século XVI)
 Novo impulso
 Propriedades da Igreja: “baluarte religioso das 
antigas relações de propriedade”
 Doadas a “amigos do rei” ou vendidas a preços 
irrisórios
 3) Revolução Gloriosa (1689)
 Apropriação privada das terras do Estado “em 
escala colossal”
 Presenteadas, vendidas a preço irrisório, usurpadas
 Atos individuais de violência tornam-se a própria lei 
(Bills for Inclosures of Commons)
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CERCAMENTO DAS
TERRAS COMUNAIS
 Última etapa do processo de expropriação
 Clearing of Estates (“clarear” as propriedades)
 Século XVIII e XIX: Escócia: roubo das terras dos clãs
 Exemplo da Duquesa de Sutherland (p. 272-3)
 Conquista do campo para a propriedade capitalista
 Oferta de mão-de-obra livre para a indústria urbana
 Formação do mercado interno
 “Violações mais desavergonhadas do ‘sagrado direito 
de propriedade’” e “Atos de violência mais grosseira 
contra as pessoas”
 Complacência dos economistas
Um Breve Parênteses para 
o caso brasileiro
A história de uma
elite agrária prevenida e de um 
inglês esperto...
O inglês esperto...
Edward Gibbon Wakefield: envolvido com 
companhias e projetos de “colonização
sistemática” - Nova Zelândia e Austrália
 Encontrou saída para o problema dos colonizadores 
capitalistas: a falta de trabalhadores para suas terras
 Formulou a proposta de “colonização sistemática”, ou 
“moderna teoria da colonização: ideias expostas em A 
letter from Sidney, publicada em 1829 
Inglaterra no século XIX -
desafios da expansão neocolonial
 Problema crucial para a política neocolonial 
britânica: Garantir fluxo de trabalho barato 
para os capitalistas que colonizavam a 
Austrália
 As antigas soluções coloniais mercantilistas 
(servidão temporária de europeus e escravidão 
de africanos) tinham se tornado politicamente 
inviáveis
Regiões de “colonização recente”, de
“fronteiras agrícolas abertas”
Abundante oferta de terras
 Fazendeiros capitalistas: importam 
trabalhadores livres para seu serviço e 
rapidamente descobrem que seus 
trabalhadores se tornaram proprietários
 Wakefield, frente ao fracasso da colonização no 
rio Swan, na Austrália Ocidental: “aqueles que 
vieram como trabalhadores, tão logo chegaram 
à colônia, tornaram-se proprietários pela 
superabundância de boas terras.”
Mas, as ideias de Wakefield não 
eram exatamente originais...
 Os founding fathers dos Estados Unidos 
sempre se referiam à relação entre terras 
livres e escassez de mão de obra:
 Benjamin Franklin (1760): “nenhum homem 
que tenha um pedaço de terra suficiente para 
subsistir com fartura, é pobre bastante para ser 
um operário e trabalhar para um patrão”
 Thomas Jefferson e Alexander Hamilton 
escreveram coisas semelhantes
“Colonização sistemática” 
de Wakefield
Essência do projeto Wakefield: 
 Tornar a terra cara para evitar a escassez de braços 
assalariados 
 Terras de domínio público nas colônias: o Estado 
deveria colocar preços bem altos para deixá-las fora 
do alcance dos trabalhadores , que permaneceriam 
como assalariados
 Dinheiro arrecadado com a venda de terras  Fundo 
para financiar a vinda de novos migrantes
Wakefield
Influência no Brasil Imperial 
1842: Conselho de Estado do 
Império
 Inspiração no folheto de Wakefield 
(A letter from Sidney) para propor o 
anteprojeto do que viria a ser, 
posteriormente, a Lei das Terras de 
1850
Lei de Terras de 1850
- Proibia a aquisição das terras públicas que não 
fosse pela compra
- Fim das formas tradicionais de obtenção de terra: 
ocupação ou doação da coroa
- Quem tivesse terras deveria legalizá-las: 
demarcando limites, pagando as taxas devidas
- Produto da venda das terras públicas e taxas de 
registro usado para demarcar terras do Estado e 
para a importação de colonos
(Fecha Parênteses)
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DISCIPLINA DO TRABALHO
 Manufatura: capacidade de absorção menor do que 
a expulsão dos camponeses
 Excedente de mão-de-obra
 Esmoleiros, assaltantes, vagabundos (“em parte por 
predisposição e na maioria dos casos por força das 
circunstâncias”)
 Final século XV e século XVI:
 “Legislação sanguinária contra a vagabundagem”
 Tratamento como “criminosos voluntários”
 Inglaterra – Início com Henrique VII (1485-1509)
 Violência extrema contra os “vagabundos”, na lei e 
na prática  p. 275-6
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DISCIPLINA DO TRABALHO
 Necessidade de “tornar natural” para os 
trabalhadores as exigências do novo modo 
de produção
 Necessidade de “regular” o salário
 Estatuto dos Trabalhadores (1349)
 Fixação de salário máximo
 1813: Abolição das leis de regulação de salários
 Coalização de trabalhadores como crime 
grave até 1825
 Adam Smith: “Sempre que a legislação procura 
regular as diferenças entre empresários e seus 
trabalhadores, seus conselheiros são sempre os 
empresários”
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GÊNESE DOS ARRENDATÁRIOS 
CAPITALISTAS
 Criação do proletariado “livre” e disciplina sanguinária
 “De onde se originam os capitalistas?”
 Processo gradativo:
 Servo  Arrendatário bem sucedido que se torna 
empregador de mais trabalhadores
 Final século XV e XVI: Revolução Agrícola
 Aumento da diversidade de culturas
 Maior integração entre agricultura e pecuária
 Ganhos de produtividade não repassados para os 
trabalhadores e para os donos da terra
 Século XVI: “Inflação Espanhola”
 Arrendatário ganha de ambos os lados:
 1) Queda do salário real
 2) Queda do valor real da renda da terra
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GÊNESE DO CAPITALISTA 
INDUSTRIAL
 Pequenos mestres, artesãos independentes ou 
trabalhadores assalariados que se tornaram capitalistas
 “Marcha de lesma”: incompatível com as 
necessidades comerciais do novo mercado mundial
 Legado da Idade Média: capital comercial e usurário
 Durante o período feudal: restrições para que se 
transformasse em capital industrial
 Constituição feudal do campo
 Corporativismo nas cidades
 Final da Idade Média e Idade Moderna: “desmonte” da 
ordem feudal
 Possibilidades de investimento na área rural e urbana
 Possibilidades ainda maiores no além mar
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EXPLORAÇÃO COLONIAL
 “Sistema colonial cristão”
 Extrema violência e crueldade
 Exemplos da Holanda: Java (p. 286), Inglaterra: 
epidemia de fomena Índia (1769-1770) e Colônias 
Inglesas (“protestantes austeros e virtuosos”)
 Ouro e prata da América
 Exploração da população índia
 Conquista e pilhagem das Índias Orientais
 Guerras comerciais das nações europeias
 Idade Moderna: supremacia comercial 
supremacia industrial
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EXPLORAÇÃO COLONIAL
 “O sistema colonial fez amadurecer como plantas de 
estufa o comércio e a navegação. As ‘sociedades 
monopolia’ foram alavancas poderosas da concentração 
de capital. Às manufaturas em expansão, as colônias 
asseguravam mercado de escoamento e uma 
acumulação potenciada por meio do monopólio de 
mercado. O tesouro apresado fora da Europa diretamente 
por pilhagem, escravização e assassinato refluía à 
metrópole e transformava-se em capital”
 Destaque inicial para a Holanda, país que “primeiro 
desenvolveu plenamente o sistema colonial”, atingindo, “em 
1648 o apogeu de sua grandeza comercial”
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MONOPÓLIO DAS GRANDES 
COMPANHIAS
 “Momentos fundamentais da acumulação 
primitiva”
 Índia, China, América, África
 Fixação de preços e lucros fantásticos
 Violência e corrupção como norma
 Grande exploração e matança de nativos
 Acelerou a acumulação de capital na Europa e o 
desenvolvimento das manufaturas
 Foi possível porque a expropriação já tinha se realizado 
na Europa
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SISTEMA DE DÍVIDA PÚBLICA
 Gastos e guerras da Idade Moderna
 Dívida pública como característica de todos os países 
europeus: Consolidação inicial na Holanda
 “O crédito público torna-se o credo do capital. E com o 
surgimento do endividamento do Estado, o lugar do pecado 
contra o Espírito Santo, para o qual não há perdão, é 
ocupado pela falta de fé na dívida do Estado”
 Dívida pública como uma das alavancas mais 
poderosas da acumulação primitiva
 “A única parte da assim chamada riqueza nacional que 
realmente entra na posse coletiva dos povos modernos é sua 
dívida de Estado”
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SISTEMA DE DÍVIDA PÚBLICA
 Forma adicional de apropriação do excedente 
econômico retirado da coletividade via sistema 
tributário
 Sistema tributário regressivo
 Incidência maior dos impostos sobre os meios de 
subsistência
 Elemento adicional do processo de exploração 
da força de trabalho
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SISTEMA INTERNACIONAL
DE CRÉDITO
 Fonte de acumulação primitiva para alguns 
povos
 Empréstimos de grandes somas de dinheiro 
entre regiões “em decadência” para regiões em 
expansão:
 Veneza  Holanda (século XVI)
 Holanda  Inglaterra (século XVIII)
 Inglaterra  Estados Unidos (século XIX)
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COMÉRCIO DE ESCRAVOS
 Paz de Utrecht (1713)
 Direito da Inglaterra fornecer escravos à 
América Espanhola
 Até 1743: 4.800 escravos por ano
 Método de acumulação primitiva de Liverpool
 Dr. Aikin (1795): “eleva o espírito empresarial 
até a paixão, forma famosos marinheiros e 
traz enormes somas em dinheiro”
 Número de navios ocupados com o tráfico
 1730: 15
 1792: 132
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CAPITALISMO NASCE DA 
VIOLÊNCIA E DA OPRESSÃO
“Tanto esforço fazia-se necessário para desatar as 
“eternas leis naturais” do modo de produção capitalista, 
para completar o processo de separação entre 
trabalhadores e condições de trabalho, para converter, 
em um dos polos, os meios sociais de produção e 
subsistência em capital e, no polo oposto, a massa do 
povo em trabalhadores assalariados, em “pobres 
laboriosos” livres, essa obra de arte da história moderna. 
Se o dinheiro, segundo Augier, “vem ao mundo com 
manchas naturais de sangue sobre uma de suas 
faces”, então o capital nasce escorrendo por todos 
os poros sangue e sujeira da cabeça aos pés” (p. 292)

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