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Sangue e Hematopoiese


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APG – SANGUE E HEMATOPOIESE 
SANGUE: O sangue é a porção líquida do meio interno que circula rapidamente dentro de um sistema fechado de vasos denominado sistema circulatório. É constituído por um fluido no qual existem células em suspensão, moléculas e íons dissolvidos em água, apresentando propriedades das soluções coloidais. Uma característica importante do sangue é a constância da sua composição química e propriedades físicas, assegurando condições físicas para o funcionamento das células. Ele é constantemente renovado pela entrada e saída de substâncias que modificam discretamente sua composição. A constância da composição do sangue, com estreita faixa de variação, é o resultado mantido pela rapidez pela qual as substâncias deixam e entram no sangue quando estão em excesso ou em concentrações abaixo do normal respectivamente.
· COMPOSIÇÃO DO SANGUE: O sangue é constituído de duas frações combinadas, sendo 55% para o plasma e 45% para as células. A porção acelular ou plasma é constituído de 91,5% de água que serve de solvente das substâncias orgânicas e minerais e ainda de veículo para as células, moléculas e íons. Os restantes 8% são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em dissolução. A porção celular apresenta três tipos de células em suspensão no plasma: 
1. Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos.
2. Glóbulos brancos ou leucócitos. 
3. Plaquetas ou trombócitos.
· FORMAÇÃO DO SANGUE: 
1. Plasma: é a porção fluida do sangue não coagulado; contém os fatores da coagulação, exceto aquele removido pelo anticoagulante; é formado às custas da ingestão de água, de alimentos, da difusão e trocas líquidas entre os vários compartimentos do organismo.
2. Soro: é a porção líquida amarelada do sangue que resta após a coagulação e remoção do coágulo. Não contém elementos celulares nem a maioria dos fatores de coagulação. Apresenta em solução sais minerais, vitamina, glúcides, prótides, lípides, enzimas, hormônios, produtos anabólicos e catabólicos, substâncias também encontradas no plasma. 
A porção do sangue que não é o plasma, ou seja, a parte celular, consiste de elementos figurados. Os elementos figurados incluem os eritrócitos (células vermelhas), vários tipos de leucócitos (células brancas) e plaquetas (trombócito).
HEMATOPOESE: O processo de regular a produção contínua de células do sangue é chamado de hemocitopoese/ hematopoiese. Estão envolvidos os processos de renovação, proliferação, diferenciação e maturação célular. Por meio desse processo origina-se a parte celular do sangue, que é um tecido constituída por três séries diferentes, a série vermelha, representada eritrócitos (que ocupam cerca de 45% do volume sanguíneo), a série branca, composta pelos leucócitos (que são células como os linfócitos, neutrófilos, basófilos, eosinófilos, monócitos, entre outras) e a série plaquetária. 
A hematopoese se divide em dois períodos: 
1.Período Embrionário e Fetal: Iniciando no primeiro mês de vida pré-natal, surgem as primeiras células fora do embrião, são os eritroblastos primitivos.Na sexta semana, tem início a hematopoiese no fígado; o principal órgão hematopoiético nas etapas inicial e intermediária da vida fetal. Na fase intermediária da vida fetal, o baço e os nodos linfáticos desempenham um papel menor na hematopoiese, mas o fígado continua a dominar essa função. Na segunda metade da vida fetal, a medula óssea torna-se cada vez mais importante para a produção de células sanguíneas. 
2. Período Pós-natal: Logo após o nascimento, cessa a hematopoiese no fígado, e a medula passa a ser o único local de produção de eritrócitos, granulócitos e plaquetas. As células-tronco e as células progenitoras são mantidas na medula óssea. Os linfócitos B continuam a ser produzidos na medula e órgãos linfóides secundários e os linfócitos T são produzidos no timo e também nos órgãos linfóides secundários. Ao nascer o espaço medular total é ocupado pela medula vermelha; na infância apenas parte desse espaço será necessária para a hematopoiese; o espaço restante fica ocupado pelas células de gordura. Mais tarde apenas os ossos chatos (crânio, vértebras, gradil torácico, ombro e pelve) e as partes proximais dos ossos longos (fêmures e úmeros) serão locais de formação de sangue.
MEDULA ÓSSEA é o mais importante orgão da gênese das mais diversas células sanguíneas pois lá estão as células tronco que dão origem a células progenitoras de linhagens mielocíticas, linfocítica, megacariócitos e eritroblastos. 
LINHAGEM MIELÓIDE compreende os granulócitos polimorfonucleados (neutrófilo,eosinófilo e basófilo) e monócitos. Quando os monócitos migram para os tecidos se transformam em macrófagos, que são células com alto poder de fagocitose. 
LINHAGEM LINFÓIDE engloba os linfócitos T e B. Os linfócitos B saem maduros da medula óssea enquanto os linfócitos T precisam migrar para o Timo onde irão sofrer o processo de maturação. Os linfócitos B ainda se diferenciam em plasmócitos quando encontram um antígeno num órgão linfóide secundário e secretam anticorpos nos tecidos. 
MEGACARIÓCITO partes de seu citoplasma dão origem às plaquetas, responsáveis pela coagulação sanguínea. 
ERITROPOIESE é o processo de produção de eritrócitos. Em humanos adultos, a eritropoiese ocorre na medula óssea, mas fetos e em situações especiais como anemias severas pode ocorrer em outros órgãos, principalmente no fígado e no baço. 
ERITROBLASTO origina as hemácias do sangue, que atuam nas trocas gasosas
A célula-tronco que originará as hemácias é referida como unidade formadora de colônia de eritrócitos (CFU-E). De forma análoga, as unidades formadoras de colônia produtoras de granulócitos e de monócitos têm a designação CFU-GM e assim por diante. O crescimento e a reprodução das diferentes células-tronco são controlados por múltiplas proteínas, denominadas indutores de crescimento. Foram descritos pelo menos quatro indutores de crescimento principais. Um desses indutores, a interleucina-3 (IL-3), promove o crescimento e a reprodução de praticamente todos os diferentes tipos de células-tronco comprometidas, ao passo que os outros induzem o crescimento de apenas tipos específicos de células. Os indutores de crescimento promovem o crescimento das células, mas não sua diferenciação, que é a função de outro grupo de proteínas, denominado indutores de diferenciação. A formação dos indutores de crescimento e de diferenciação é, por sua vez, controlada por fatores externos à medula óssea. Por exemplo, no caso de hemácias (células da linhagem vermelha), a exposição do sangue a baixas concentrações de oxigênio, por longo período, resulta na indução do crescimento, da diferenciação e da produção de número muito aumentado de hemácias. No caso de alguns leucócitos, as doenças infecciosas causam crescimento, diferenciação e formação final de tipos específicos de leucócitos necessários ao combate de cada infecção.
FONTE: GARTNER E HIATT, 2007. 3º ed.
Figura 1- Formação das diferentes células sanguíneas a partir de célula tronco hematopoética pluripotente na medula óssea.
FONTE: GUYTON & HALL, 2011. 12º ED.
PRECURSORES ERITROCITÁRIOS: produção ocorre exclusivamente na medula óssea a partir de precursores, que se originam da stem cell, cujo processo maturativo envolve vários estágios conforme apresentado abaixo. Tais precursores, nos seus diversos estágios de maturação, podem aparecer no sangue periférico nas anemias hemolíticas em geral, após hemorragias graves, na anoxemia grave, na reação leucoeritroblástica (presença de eritroblastos + granulócitos jovens), consequente a distúrbios graves da medula óssea (fibrose, infiltração tumoral), em pacientes críticos e neoplasias hematológicas, indicando prognóstico desfavorável.
· Proeritroblasto: precursor eritroide mais imaturo que pode ser identificado na medula óssea. Esse tipo celular se caracteriza por ser grande e volumoso, citoplasma com basofilia intensa, núcleo apresentando cromatina frouxa e delicada, um ou mais nucléolos nem sempre bem visíveis e alta relação núcleo/citoplasma.Halo perinuclear, às vezes, visível. Seu tamanho oscila entre 12 a 20μm. 
· Eritroblasto basófilo: precursor eritroide com núcleo apresentando cromatina mais grosseira, parcialmente agregada, sem nucléolos, citoplasma apresenta intensa basofilia. Halo perinuclear, às vezes, visível. Seu tamanho oscila entre 10 a 15μm.
· Eritroblasto policromático: precursor eritroide com núcleo apresentando cromatina já condensada, citoplasma com menos RNA e mais hemoglobina, resultando em menor basofilia, a razão núcleo/citoplasma é menor do que de seus precursores. Seu tamanho oscila entre 10 a 12μm. 
· Eritroblasto ortocromático: precursor eritroide com núcleo picnótico apresentando cromatina muito condensada, às vezes excêntrico, e citoplasma acidófilo (semelhante à cor dos eritrócitos). O núcleo será ejetado nesse estágio. Seu tamanho oscila entre 8 a 10μm. 
· Reticulócito: precursor eritroide já anucleado imediatamente anterior aos eritrócitos. Apresenta restos de RNA em seu citoplasma que podem ser evidenciados por corantes supra-vitais, como azul de cresil brilhante e novo azul de metileno. Seu tamanho oscila entre 8 a 8,5μm
FONTE: ATLAS DE HEMATOLOGIA, 2020.
ERITRÓCITOS (HEMÁCIAS): São células pequenas, circulares, com forma aproximada de discos bicôncavos, com 7,5 mm de diâmetro e sem núcleo. São os mais numerosos tios celulares no sangue. Embora seu número seja variável, um milímetro cúbico de sangue contém cerca de 4.5 a 6.1 milhões dessas células nos homens e cerca de 4.1 a 5.3 milhões nas mulheres. Essas células circulam pelo sangue circulante durante o período de aproximadamente 120 dias antes que sejam destruídas.
· Produção de hemácias: nas primeiras semanas da vida embrionária, são produzidas no saco vitelino. Segundo trimestres o fígado passa a ser o principal órgão produtor de hemácias, juntamente ao baço e linfonodos. Último mês de gestação, são produzidas exclusivamente na medula óssea. 
FONTE: GUYTON & HALL, 2011. 12º ED.
· ERITROPOETINA: principal estímulo para a produção de hemácias nos estados de baixa oxigenação (hipóxia). Quando o sistema da eritropoetina está funcional, a hipoxia promove aumento importante da produção de eritropoetina, e por sua vez a eritropoetina aumenta a produção eritrocitária até o desaparecimento da hipoxia.
· FERRO: fornecido ao organismo pela dieta habitual na quantidade média de 14 mg/dia. Mecanismos que regulam a quantidade de ferro a ser absorvida, a saber: 
1. Ingestão de ferro da dieta. Quando esta contém excesso de ferro, a absorção não se faz pela mucosa, pois já há acúmulo deste sob a forma de ferritina.
2. Estoque regulador. Quando há acúmulo de ferro nos estoques sua absorção também é reduzida. 
3. Necessidade de ferro para a eritropoese. Este mecanismo é importante nas anemias e parece envolver a presença de um estímulo conduzido por substância (s} originária (s} na medula óssea.
· Maturação das hemácias: Duas vitaminas, a vitamina B12 e o ácido fólico, são de grande importância para a maturação final das células da linhagem vermelha. Ambas são essenciais à síntese de DNA, visto que cada uma delas, por modos diferentes, é necessária para a formação de trifosfato de timidina, uma das unidades essenciais da produção do DNA. Por conseguinte, a deficiência de vitamina B ou de ácido fólico resulta em diminuição do DNA e, consequentemente, na falha da maturação nuclear e da divisão celular. Além disso, as células eritroblásticas da medula óssea, além de não conseguirem se proliferar com rapidez, produzem hemácias maiores que as normais, referidas como macró- citos, que têm membrana muito frágil, irregular, grande e ovalada em vez do disco bicôncavo usual. Essas células recém-formadas, após entrarem na circulação sanguínea, são capazes de transportar normalmente oxigênio, porém sua fragilidade faz com que tenham sobrevida curta, de metade a um terço da normal. Assim sendo, diz-se que a deficiência de vitamina B12ou de ácido fólico provoca falha de maturação durante o processo da eritropoese.
LEUCÓCITOS: São células sanguíneas incolores e de formato esférico que tem como função a defesa do hospedeiro. São células produzidas na medula óssea e que permanecem temporariamente no sangue, pois o utilizam como meio de transporte para alcançar seu destino final, que são os tecidos. Os leucócitos são classificados em granulócitos e agranulócitos.
Granulócitos: apresentam núcleo irregular, citoplasma com grânulos específicos e lisossomos que se coram em púrpura. Exemplos: eosinófilos, basófilos e neutrófilos.
Agranulócitos: apresentam núcleo mais regular e não têm granulações especificas. Exemplos: linfócitos e monócitos. Por meio de fagocitose, eles defendem os tecidos contra invasão de organismos ou substâncias estranhas, removendo também os restos resultantes da morte ou de ferimentos celulares.
Alguns leucócitos são capazes de passar através da parede intacta dos vasos chamada de diapedese; agindo assim principalmente no tecido conjuntivo frouxo. São transportados pelo sangue para todo o corpo, a partir da medula óssea, onde são formados. Os leucócitos estão presentes no sangue em muito menor número que os eritrócitos, com cerca de 4.000 a 10.000 leucócitos por milímetro cúbico de sangue. 
· TEMPO DE VIDA DOS LEUCÓCITOS: A vida dos granulócitos, após sua liberação pela medula óssea, é normalmente de 4 a 8 horas circulando pelo sangue, e de mais 4 a 5 dias nos tecidos onde são necessários. Durante as infecções graves, essa duração total da vida dos leucócitos em geral se encurta para algumas horas, porque os granulócitos se dirigem com rapidez ainda maior para a área infectada para exercerem suas funções e, no processo, serem destruídos. Os monócitos têm também curto tempo de trânsito, de 10 a 20 horas no sangue, antes de atravessar as membranas capilares em direção aos tecidos. Uma vez nos tecidos, essas células aumentam seu volume para se transformar em macrófagos teciduais e, nessa forma, podem viver por meses, a menos que sejam destruídos durante a execução de suas funções fagocíticas. Os macrófagos teciduais são a base do sistema dos macrófagos teciduais, discutido em maiores detalhes adiante, que é responsável pela defesa contínua contra as infecções. Os linfócitos entram de forma contínua no sistema circulatório, junto com a drenagem da linfa dos linfonodos e de outros tecidos linfoides.
1. GRANULÓCITOS:
Neutrófilos: são conhecidos também como polimorfonucleares e correspondem cerca de 50 a 70% das células circulantes; são células arredondadas com diâmetro entre 10 e 14 μm. Seus núcleos são formados por dois a cinco lóbulos, sendo mais frequentemente formados por três lóbulos. O citoplasma é composto por grânulos específicos e lisossomos que contêm proteínas e peptídeos destinados à digestão e à morte de microrganismos. A função dos grânulos é combater os microrganismos e auxiliar na proteção da célula contra agentes oxidantes. Os neutrófilos são capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde protegem o corpo fagocitando bactérias e substâncias estranhas ao organismo. A célula precursora do neutrófilo segmentado, é o Bastão. 
FONTE: Manual Prático de Hematologia
· Eosinófilos: possuem grânulos corados poe eosina e fagocitam complexos antígeno-anticorpo. Seus núcleos geralmente têm dois lobos conectados por um filamento. O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas, e durantes as infestações parasitárias, pois são responsáveis por apresentação de antígenos. 
FONTE: Manual Prático de Hematologia
· Basófilos: possuem grânulos relativamentes grandes corados em azul-púrpura; liberam histamina quando ativado e sensibilizado pela imunoglobulina E (IgE - contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina (previne a coagulação do sangue). Os basófilos funcionam similarmente aos mastócitos, que são encontrados no tecido conjuntivo. Têm dois mecanismos de liberação dos grânulos: piecemeal degranulation e anaphylactic degranulation.Piecemeal degranulation: é a liberação de pequena quantidade do conteúdo granular em lesões patológicas desenvolvidas em respostas a vírus e em lesões não patológicas.
Anaphylactic degranulation: é a fusão da membrana do grânulo com a membrana plasmática na reação antígeno-anticorpo.
FONTE: Manual Prático de Hematologia
MONÓCITOS: possuem um único núcleo ovoide e excêntrico e contêm de 2 a 3 nucléolos; são células grandes, seu citoplasma é basófilo e contém lisossomos, que podem lhe dar coloração acinzentada, polirribossomos, retículo endoplasmático rugoso (RER), complexo de Golgi e mitocôndrias. São formados por monoblastos; São capazes de entrarem no tecido conjuntivo frouxo, onde se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranhas ao organismo.
FONTE: Manual Prático de Hematologia
FONTE: FONTE: GARTNER E HIATT, 2007. 3º ed.
MACRÓFAGOS: começa sua vida como monócitos, assim que essas células entram nos tecidos, elas começam a aumentar de volume — algumas vezes, seus diâmetros aumentam por cinco vezes — podendo atingir 60 a 80 micrômetros, tamanho que pode ser visto a olho nu. Essas células são agora denominadas macrófagos e são extremamente capazes de combater os agentes patológicos intrateciduais. A função mais importante dos neutrófilos e dos macrófagos é a fagocitose, que significa ingestão celular do agente agressor. Os fagócitos devem ser seletivos quanto ao material que é fagocitado; caso contrário, células e estruturas normais do corpo poderíam ser ingeridas. Uma Vez Fagocitadas, a Maioria das Partículas É Digerida pelas Enzimas Intracelulares. 
SISTEMA RETICULOENDOTELIAL: A combinação total de monócitos, macrófagos móveis e macrófagos teciduais fixos e algumas células endote- liais especializadas na medula óssea, no baço e nos lin- fonodos é referida como sistema reticuloendotelial. O sistema fagocítico generalizado é presente em todos os tecidos, especialmente nas áreas teciduais onde grandes quantidades de partículas, toxinas e outras substâncias indesejáveis devem ser destruídas. Macrófagos Teciduais na Pele e nos Tecidos Sub- cutâneos (Histiócitos). Macrófagos nos Linfonodos. Macrófagos Alveolares nos Pulmões. Macrófagos (Células de Kupffer) nos Sinusoides Hepáticos. Macrófagos do Baço e da Medula Óssea.
PLAQUETAS: As plaquetas (ou tromboplastídeos) são pequenos fragmentos celulares anucleados, em formato de disco, derivados de megacariócitos na medula óssea.
As plaquetas possuem um diâmetro de 2 a 4 μm nos esfregaços de sangue.
Nas fotomicrografias, elas apresentam uma região periférica clara, o hialômero, e uma região central mais escura, o granulômero. A membrana plasmática da plaqueta possui numerosas moléculas receptoras, bem como um glicocálix relativamente espesso (15 a 20 nm). Existem entre 250.000 e 400.000 plaquetas por mm3 de sangue, cada uma com uma sobrevida de menos de 14 dias.
As plaquetas possuem três tipos de grânulos (alfa, delta e lambda), assim como dois sistemas de túbulos (túbulos densos e túbulos de conexão com a superfície).
Os microtúbulos auxiliam as plaquetas na manutenção de seu formato discóide. Associados a esTe feixe periférico de microtúbulos, existem monômeros de actina e miosina, que podem se estruturar rapidamente para formar um complexo contrátil. Além disso, estão presentes dois sistemas tubulares no hialômero, o sistema aberto para a superfície (de conexão) e o sistema tubular denso. O sistema aberto para a superfície é formado por canais enovelados e emaranhados, formando um complexo labirinto no interior da plaqueta. Como este sistema se comunica com o exterior, a face luminal deste sistema encontra-se em continuação com a superfície externa da plaqueta, dessa maneira aumentando a área de superfície. A ultra-estrutura do granulômero evidencia a presença de um pequeno número de mitocôndrias, depósitos de glicogênio, peroxissomas, e três tipos de grânulos: grânulos alfa (grânulos α), grânulos delta (grânulos δ) e grânulos lambda (grânulos λ) (lisossomas).
FONTE: GARTNER E HIATT, 2007. 3º ed.
FUNÇÕES DAS PLAQUETAS: As plaquetas atuam limitando a hemorragia no revestimento endotelial dos vasos sanguíneos em caso de lesão. Se o revestimento endotelial de um vaso sanguíneo se rompe e as plaquetas entram em contato com o colágeno subendotelial, elas se tornam ativadas, liberam o conteúdo de seus grânulos, aderem à região lesada da parede do vaso (adesão plaquetária), e aderem umas às outras (agregação plaquetária).
LINFÓCITOS: Os linfócitos são agranulócitos e formam a segunda maior população de leucócitos do sangue.
Os linfócitos compreendem de 20% a 25% da população de leucócitos circulantes. Eles são células arredondadas nos esfregaços sanguíneos, mas podem ser pleomórficos quando migram pelo tecido conjuntivo. Os linfócitos são um pouco maiores do que os eritrócitos, com 8 a 10 μm de diâmetro (nos esfregaços), e possuem um núcleo arredondado, discretamente endentado, que ocupa quase toda a célula. O núcleo é denso, com muita heterocromatina, e de localização excêntrica. O citoplasma situado perifericamente cora-se em azul-claro e contém poucos grânulos azurófilos. Com base no seu tamanho, os linfócitos podem ser descritos como pequenos (8 a 10 μm de diâmetro), médios (12 a 15 μm de diâmetro) ou grandes (15 a 18 μm), embora os dois últimos sejam muito menos numerosos.
OS linfócitos apresentam escassa quantidade de citoplasma periférico contendo poucas mitocôndrias, um pequeno aparelho de Golgi e REG pouco desenvolvido. Além disso, são também evidentes um pequeno número de lisossomas, representando os grânulos azurófilos de 0,5 μm de diâmetro, e um abundante suprimento de ribossomas.
Os linfócitos são subdivididos em três categorias funcionais:
1. Linfócitos B (células B)
2. Linfócitos T (células T)
3. Células nulas.
Embora sejam morfologicamente indistinguíveis uns dos outros, eles podem ser identificados através de técnicas imunocitoquímicas devido às diferenças nos seus marcadores de superfície. Aproximadamente 80% dos linfócitos circulantes são células T, cerca de 15% são células B, e o restante é representado por células nulas. Sua expectativa de vida também é muito diferente: algumas células T podem viver por anos, enquanto algumas células B morrem em poucos meses.
· FUNÇÕES DAS CÉLULAS B E T: Em geral, as células B são responsáveis pela resposta imunológica de base humoral, enquanto as células T medeiam a resposta imunológica de base celular. Os linfócitos não desempenham suas funções na corrente sangüínea, mas sim no tecido conjuntivo, onde estas células são responsáveis pelo funcionamento do sistema imunológico. Para serem imunologicamente competentes, eles migram para compartimentos específicos do corpo, onde amadurecem e expressam marcadores e receptores específicos de superfície. As células B entram em regiões ainda não identificadas da medula óssea, enquanto as células T migram para o córtex do timo. Uma vez tendo-se tornado imunologicamente competentes, elas deixam os seus respectivos locais de maturação, entram no sistema linfóide e sofrem mitoses, formando clones de células idênticas. Todos os membros de um clone em particular podem reconhecer e responder a um mesmo antígeno.
Após o estímulo por um antígeno-específico, tanto as células B quanto as células T proliferam e se diferenciam em duas subpopulações:
As células de memória, que não participam da resposta imunológica mas permanecem como parte do clone com uma “memória imunológica”, prontas para sofrer divisão celular e montar uma resposta contra uma exposição subsequente de um antígeno em particular ou uma substância estranha.
As células efetoras, que podem ser classificadas como células B e células T (e os seus subtipos).
As células efetoras são linfócitos imunocompetentes que podem realizar as funções imunológicas dos linfócitos, ou seja, eliminar os antígenos. As células B são responsáveis pela resposta imunológica de base humoral do sistema imunológico, ou seja, elas se diferenciam emplasmócitos, os quais produzem anticorpos contra os antígenos. 
As células T são responsáveis pela resposta imunológica de base celular. Algumas células T se diferenciam em células T citotóxicas (CTLs; células T killer), as quais entram em contato físico e eliminam células estranhas ou alteradas por vírus. Além disso, certas células T são responsáveis pela iniciação e desenvolvimento (células T helper ou auxiliares) ou pela supressão (células T reguladoras, inicialmente chamadas de células T supressoras) da maior parte das respostas imunológicas humoral ou mediada pelas células. Elas realizam isto através da liberação de moléculas sinalizadoras conhecidas como citocinas (linfocinas), que induzem respostas específicas de outras células do sistema imunológico. 
· FUNÇÕES DAS CÉLULAS NULAS: As células nulas compreendem duas populações distintas:
Células-tronco circulantes, que dão origem a todas os elementos figurados do sangue
Células natural killer (NK), as quais podem matar algumas células estranhas ou alteradas por vírus sem a influência do timo ou de células T.
· CONTAGEM DE RETICULÓCITOS: A determinação da porcentagem de reticulócitos no sangue periférico constitui um importante indicador da capacidade funcional da medula óssea diante da anemia: elevação de reticulócitos indica atividade proliferativa compensatória por parte da medula óssea (por exemplo, nas anemias hemolíticas), enquanto uma porcentagem normal ou reduzida em paciente anêmico indica uma medula hipoproliferativa (anemia por menor produção de hemácias).
Na prática, a contagem de reticulócitos deve considerar o grau de anemia. Em um paciente anêmico, a porcentagem de reticulócitos pode parecer aumentada porque estes são liberados mais precocemente da medula óssea (prolongando a fase de “reticulócito” no sangue), e porque há redução na proporção de células maduras. Ao serem liberados mais precocemente, o tempo de maturação dos reticulócitos em circulação aumenta de um dia para dois a três dias. Para corrigir esses efeitos, calcula-se a Contagem de Reticulócitos Corrigida (CRC), levando-se em conta o hematócrito do paciente em relação ao hematócrito normal de 45%.
 
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