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A INOVAÇÃO E SEU IMPACTO NA PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO: UM
ENFOQUE SOBRE AS CASAS PRÉ-FABRICADAS DE PVC E SUA INFLUÊNCIA
SOBRE OS CUSTOS DE PRODUÇÃO.
 
 
Emerson de Souza Barros 
Abraham Benzaquen Sicsú 
 
Resumo: 
 
Ao falar em inovação, no contexto atual, logo se expressa a idéia de diferencial competitivo. Não é diferente quando
se fala em inovação na produção da habitação. A construção civil no Brasil tem buscado sua superação tecnológica
com atraso. Depois de anos de estagnação e com a abertura da economia nos anos noventa, a economia brasileira
entra numa nova fase a partir do plano Real. As empresas como um todo tiveram que se modernizar, investir em
tecnologia e estar atentas às crescentes exigências do mercado consumidor. O ambiente externo tornou-se bastante
hostil e a questão da eficiência e eficácia tornaram-se fundamentais para a obtenção de sucesso. Neste contexto, uma
eficiente gestão e controle de custos são relevantes para a sobrevivência de qualquer empresa. Neste artigo, procura-
se conhecer a contribuição da inovação para a produção da habitação em termos de custos e como a inovação acaba
influenciando-os positivamente. Investigam-se as ações em prol da inovação nos materiais de construção, mostrando,
como exemplo de impacto positivo no que se refere aos custos de produção da habitação, as casas pré-fabricadas
com PVC.
 
Palavras-chave: 
 
Área temática: Novas Tendências Aplicadas na Gestão de Custos
A INOVAÇÃO E SEU IMPACTO NA PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO: UM ENFOQUE 
SOBRE AS CASAS PRÉ-FABRICADAS DE PVC E SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS 
CUSTOS DE PRODUÇÃO. 
 
 
Resumo: 
 
 
 Ao falar em inovação, no contexto atual, logo se expressa a idéia de 
diferencial competitivo. Não é diferente quando se fala em inovação na produção da 
habitação. A construção civil no Brasil tem buscado sua superação tecnológica com 
atraso. Depois de anos de estagnação e com a abertura da economia nos anos 
noventa, a economia brasileira entra numa nova fase a partir do plano Real. As 
empresas como um todo tiveram que se modernizar, investir em tecnologia e estar 
atentas às crescentes exigências do mercado consumidor. O ambiente externo 
tornou-se bastante hostil e a questão da eficiência e eficácia tornaram-se 
fundamentais para a obtenção de sucesso. Neste contexto, uma eficiente gestão e 
controle de custos são relevantes para a sobrevivência de qualquer empresa. Neste 
artigo, procura-se conhecer a contribuição da inovação para a produção da 
habitação em termos de custos e como a inovação acaba influenciando-os 
positivamente. Investigam-se as ações em prol da inovação nos materiais de 
construção, mostrando, como exemplo de impacto positivo no que se refere aos 
custos de produção da habitação, as casas pré-fabricadas com PVC. 
 
 
Área Temática: Novas Tendências Aplicadas na Gestão de Custos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E m e r s o n d e S o u z a B a r r o s A b r a h a m B e n z a q u e n S ic s ú 
U n iv e r s id a d e F e d e r a l d e P e r n a m b u c o U n iv e r s id a d e F e d e r a l d e P e r n a m b u c o 
e m e b 2 0 0 2 @ ig .c o m .b r 
XI Congresso Brasileiro de Custos – Porto Seguro, BA, Brasil, 27 a 30 de outubro de 2004
 
 
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A INOVAÇÃO E SEU IMPACTO NA PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO: UM ENFOQUE 
SOBRE AS CASAS PRÉ-FABRICADAS DE PVC E SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS 
CUSTOS DE PRODUÇÃO 
 
 
 
1. Introdução 
 
 
 O objetivo neste trabalho é verificar a contribuição da inovação para a 
produção da habitação, em termos de custos, levando em consideração o exemplo 
de inovação nos materiais, o que possibilitou a construção de casas pré-fabricadas 
de PVC. 
A premissa básica de qualquer organização deve ser a busca permanente por 
eficiência e eficácia em suas operações, como forma de garantir retorno satisfatório 
de suas atividades. De um modo geral, o objetivo principal é a lucratividade. Esse 
lucro, atualmente, está sendo ditado pelas regras da vantagem competitiva 
sustentável, onde não somente o baixo custo é sinônimo de excelência empresarial, 
mas todo um composto que vai desde o pleno atendimento das necessidades dos 
clientes, melhoria contínua, qualidade, envolvimento de todos e até a redução de 
perdas e desperdícios. 
A indústria da Construção Civil, foco deste estudo e caracterizada por seus 
longos anos de atraso tecnológico, tem buscado se modernizar. Bazzo e Colombo 
(2000) citam que “a inovação tecnológica na Construção Civil no Brasil e em outros 
países tem se mostrado incipiente, de modo que o setor é com freqüência apontado 
como tecnologicamente atrasado, ainda que apresente, lentamente, a prática de 
melhoramentos incrementais e a acumulação do conhecimento e formulação das 
inovações”. Essa necessidade de modernização é a resposta a diversas mudanças, 
que podem ser descritas por uma única expressão "aumento da competitividade", 
competitividade entendida em todas as suas dimensões (produtividade, qualidade, 
flexibilidade e inovação) “. 
Qualquer organização, incluindo as empresas de construção, será mais 
competitiva quanto mais eficiente for seu sistema de produção, em termos de 
estrutura, infra-estrutura, qualidade, planejamento, controle, etc. A arma fundamental 
da competitividade acaba então sendo o planejamento racional das atividades de 
produção e entre tais atividades entra a questão da gestão de custos. 
 No Brasil, são grandes as necessidades das empresas modernizarem seus 
meios de produção e comercialização através de inovações técnicas e 
organizacionais que lhes garantam acesso aos novos paradigmas tecnológicos, 
como também de desenvolver uma base tecnológica para adequar as empresas às 
necessidades de redução de custos e melhoria da qualidade. 
Essa busca pela modernização, no caso da construção civil e produção da 
habitação, incorre em várias inovações. Dos quais, as principais nesse setor, podem 
ser segmentados em 3 vertentes: inovação na gestão produtiva; inovação nos 
materiais usados na construção e inovações no processo produtivo. 
XI Congresso Brasileiro de Custos – Porto Seguro, BA, Brasil, 27 a 30 de outubro de 2004
 
 
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No caso das inovações nos processos, esses precisaram ser mais flexíveis 
para atender as demandas variadas e em menor escala. No caso de gestão, novas 
técnicas de planejamento e gestão da produção e organização do trabalho vêm 
sendo adotadas visando otimizar a produção. E no caso dos materiais, foco especial 
deste trabalho, precisaram estar cada vez mais em conformidade com as exigências 
dos consumidores e atendendo aos requisitos de qualidade, durabilidade, inovação 
e custos a fim de serem aceitos e utilizados de acordo com as premissas da 
modernidade. 
Este estudo torna-se relevante pela percepção de que a competição mundial 
enfatiza a necessidade de diminuir o tempo de desenvolvimento de projetos e 
adaptações na manufatura, reduzir custos, aumentar a qualidade e a satisfação dos 
consumidores. 
A investigação caracterizou-se por uma reflexão teórica fundamentada na 
literatura disponível sobre o assunto e também em visitas a sites da Internet e 
artigos que se encontram na bibliografia. Ao final do estudo é citada a casa de PVC 
como exemplo do impacto da inovação na produção da habitação. 
A seguir, faz-se um esboço sobre o contexto em que as empresas de 
construção atuaram e vêm atuando, bem como a relação histórica desse setor da 
construção civil e da inovação. 
 
 
2. Cenário da Construção e da Inovação 
 
 
A elevada competitividade, a busca pela excelência, o foco no cliente, as 
transformações nas relações de mercado entre as empresas intervenientes, o novo 
papel do Estado nas relações setoriais, entre outros aspectos, têm definido novos 
paradigmas e imposto novos referenciais de competência para as organizações e 
empresas participantes do processo de produção no setor da construção civil. 
Esses referenciais de competências nascem da grande complexidade e 
concorrência existentes,pois a necessidade de atuar em um contexto altamente 
competitivo tem orientado as decisões estratégicas das firmas para a busca de 
novos arranjos organizacionais que enfatizem o ambiente como elemento essencial 
e de onde se procuram descobrir novas oportunidades. 
Segundo a Fundação João Pinheiro, apud Bazzo e Colombo (2000), em 
diagnóstico da Indústria da Construção Civil Brasileira, este setor tem papel 
importante no processo de desenvolvimento do Brasil: “a atividade construtora é 
uma das responsáveis pela criação das próprias bases da moderna sociedade 
industrial, assumindo a função de montagem da infra-estrutura econômica e social 
indispensável ao prosseguimento do processo de industrialização”. 
Com a mostra da importância da construção civil para o país, podem-se 
considerar alguns pontos relativos ao custo da mesma no Brasil. O Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, o custo nacional da construção 
civil que registrou um aumento acumulado de 13,43% durante 2002. No ano, a 
região Nordeste foi a segunda do País com maior alta. 
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Construção Civil 
(Sinduscon/RN), Barbalho (2002), a alta do custo da construção não surpreende, 
tendo em vista os aumentos sucessivos de vários materiais, principalmente, àqueles 
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com preços atrelados ao dólar, como cimento, aço e alumínio, durante o ano de 
2002. 
Com esse cenário descrito e sua influência direta nos custos, notamos a 
necessidade de inovação que permita a redução dos mesmos, principalmente 
quando o assunto é materiais. Segundo Maria Angélica Covelo Silva, consultora do 
CTE (Centro Tecnológico de Edificações), apud Bazzo e Colombo (2000), a 
construção civil tinha num primeiro momento, uma lógica de produção de grande 
empreendedora, em que o custo de produção não era determinante da 
competitividade da empresa, pois o país convivia com verdadeiros entraves ao 
desenvolvimento econômico do país como é o caso da inflação. Portanto, não havia 
razão para o emprego de tecnologias novas, racionalizadoras, de alta produtividade, 
permanecendo-se, então, com a tecnologia tradicional. 
No entanto, esse quadro mudou radicalmente, afirmam Bazzo e Colombo 
(2000) em seu trabalho. Pois, com a falta de financiamento da produção, a abertura 
da economia na década de 90, a estabilização da moeda e o controle inflacionário 
com o plano Real, as empresas tiveram que procurar saídas alternativas. Com a 
abertura do mercado, as pressões sobre os preços tornaram-se crescentes; com o 
Código de Defesa do Consumidor, o mercado se tornou mais exigente. 
Pressionadas por essa série de fatores que exigem ganhos contínuos de eficiência, 
as empresas passaram a ter que ser viáveis pelo lado da produção, e assim buscar 
novas tecnologias e criar as condições gerenciais para usá-las. 
Os países periféricos, como é o caso do Brasil, ou seja, aqueles à margem do 
desenvolvimento científico e tecnológico predominante nos países desenvolvidos, 
são aqueles que mais costumam absorver de fontes externas (países centrais, ou 
melhor, países desenvolvidos) grande parte da nova tecnologia que utilizam em seus 
processos produtivos, principalmente quando esta é de ponta. O esforço 
tecnológico que fazem algumas pequenas e médias empresas de tais países 
periféricos volta-se, principalmente, para um determinado tipo de inovação, de 
natureza incremental, que se destina à adaptação e à introdução de melhoramentos 
em processos ou produtos existentes. 
Sobre esse assunto, Bazzo e Colombo (2000) numa citação extraída de Silva 
(199?), diz que no Brasil construímos tradicionalmente usando os mesmos materiais 
e componentes, projetando da mesma forma que há muitos anos. “Não 
incorporamos ainda uma série de aspectos conceituais que são da maior 
importância para a qualidade, do ponto de vista do usuário final”. Por exemplo, a 
autora cita que “não se projeta pensando em economia de água e energia ou 
desempenho térmico do edifício. Isto no Brasil é algo recente ou simplesmente tema 
de pesquisa universitária, e lá fora são detalhes incorporados à forma de construir”. 
A maior parte dos fenômenos inovativos é sempre complexo. Sua 
complexidade vem do fato de que sofre determinações e influências de várias 
ordens, sejam elas econômicas, culturais, institucionais ou históricas por causa da 
formação de bases estruturais. Saber que a modernização do setor de construção 
civil no Brasil é algo recente e como ele tem se comportado a fim de superar seus 
anos de atraso, impulsiona a realização desse trabalho, tendo em vista mostrar as 
tendências e como se encaminha a questão da inovação aplicada à redução de 
custos. 
A importância da construção civil como atividade econômica é, como se pode 
aquilatar pelos dados descritos, bastante expressivos. Tanto a questão da inovação 
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quanto a dos custos é fundamental para a competitividade de qualquer Organização. 
Assim, uma vez constatado um aumento nos custos (IBGE, 2002), como a inovação 
poderia ajudar na diminuição dos mesmos? Como a tecnologia dos novos materiais 
influencia nos custos da produção da habitação? 
 
 
3. Conceitos teóricos relevantes 
 
 
A tecnologia e a inovação são fatores influentes na competitividade das 
empresas nesta nova fase a qual o mundo vive, pois Fernandes (2003) diz que “as 
exigências atuais de constantes e contínuos investimentos em inovação ao longo de 
qualquer cadeia produtiva se tornam cada vez maiores em decorrência do 
acirramento da competição face à globalização e ao advento da nova economia”. 
Esse mesmo autor continua afirmando que as modificações impostas pela 
constante inovação impõem, também, a criação de ambientes inovativos mais ágeis 
e mais flexíveis para responder, adequadamente, à velocidade das transformações, 
que diminuem, a cada dia, o ciclo de vida dos produtos. 
Para Fernandes (2003), Inovação é o processo pelo qual uma idéia, invenção, 
informação ou conhecimento é transportado para a economia, ou seja, o trajeto que 
vai desde a concepção, fazendo uso de tecnologias existentes ou buscadas para 
tanto, passa pela criação de um novo processo ou produto e conclui-se com a 
disponibilização para o consumo ou uso. 
Já Tecnologia, ele define como um conjunto ordenado de conhecimentos 
científicos, técnicos, empíricos e intuitivos empregados no desenvolvimento, na 
produção, na comercialização e na utilização de bens e serviços, tendo como foco o 
domínio econômico, como a produção de um automóvel que consuma menos 
combustível ou uma técnica cirúrgica menos invasiva. 
O manual de Oslo publicado pela OCDE em 1988, apud Rosenthal (1996) 
define inovação tecnológica de produto ou processo como a introdução de produtos 
ou processos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e 
processos. 
Para Rosenthal (1996), pode-se conceituar inovação tecnológica como a 
aplicação de uma nova tecnologia (i.e., um novo conhecimento) ao processo 
produtivo, que resulta em: (a) um novo produto; ou (b) alteração de algum atributo do 
produto antigo e/ou do grau de aceitação do produto (novo, alterado ou antigo) pelo 
mercado, resultando em geral, em níveis mais elevados de lucratividade e/ou 
participação nesse mercado para a empresa inovadora. E mais ainda, que a 
vantagem competitiva decorrente de uma inovação tecnológica tende a ser tanto 
maior e mais duradoura quanto maior for sua aceitação pelo mercado e mais difícil 
for, para os concorrentes imitar a inovação ou introduzir outras mais eficazes. 
Essas definições de inovação se enquadram neste estudo, uma vez que 
retratam a importância das inovações para o sucesso das empresas e também 
porque adequa essas definições que serão detalhadas em forma de inovações nos 
materiais nas empresas de construção.O setor de construção civil é caracterizado como tecnologicamente atrasado, 
mas que está se modernizando aos poucos devido a crescente complexidade do 
ambiente. Essas modernizações têm refletido na aquisição de inovações que têm 
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melhorado o desempenho do setor e contribuído para a sua inserção como setor 
competitivo. 
Ao tratar da construção civil e na produção da habitação, é fundamental tratar 
sobre o projeto, uma vez que a obra bem como todas as atividades de construção se 
originam do mesmo. Para Fernandes (2003), projeto é um processo organizado para 
realizar um produto, de certa complexidade, em prazo previamente definido. Os 
projetos consomem recursos escassos, mobilizam competências e criam 
expectativas de mudanças, de inovação e de sucesso. Quando concretizados, 
melhoram a qualidade de vida, aumentam a competitividade das empresas ou os 
ganhos pessoais. 
Para o PMI (Project Manager Institute) apud Fernandes (2003), projeto é um 
empreendimento temporário comprometido em criar um serviço ou produto único. 
É no projeto que se especificam o material, o prazo da obra, a forma de 
gestão, o processo produtivo, se estes são inovativos ou não, como acontecerá seu 
desenvolvimento, quais as características peculiares da obra, entre outras atividades 
rotineiras e administrativas que impactam no custo da obra. Daí a necessidade de 
uma gestão de custos eficientes de forma a produzir com maior eficiência e eficácia. 
Para Azevedo (1985), a questão dos custos quando associados aos 
resultados, definem no tempo de aplicação e de retorno, a rentabilidade de um 
empreendimento. E mais ainda, do correto dimensionamento do custo, depende a 
viabilidade econômica do empreendimento, pois estabelecer o custo estimado de 
uma determinada obra ou serviço constitui sério e relevante problema técnico e 
econômico. 
Horngren et. al. (2000) define custo como um recurso sacrificado ou de que 
se abre mão para um determinado fim. Já para Martins (2003), custo é o gasto 
relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Como 
custo também é um gasto para a empresa, segundo Martins (2003), considera-se 
custo de produção todos os gastos envolvidos com a produção, como os que foram 
citados acima. Se o gasto não for com o processo produtivo, configura-se como 
despesa. 
Com tais definições de custos, que são mais gerais, é possível visualizar uma 
definição mais específica de custos da produção da habitação. Para tento, este 
estudo considera a classificação de “custo da Obra” adotada por Azevedo (1985). 
Além disso, nesta pesquisa, se refere à habitação de um modo geral, sem nenhuma 
referência à habitação popular, de classe média, de luxo, etc. 
 Segundo Azevedo (1985), integram o “custo da obra”, na construção civil, por 
definição todas as despesas efetuadas com as ditas obras, tanto para fins 
permanentes como temporários, tais como: 
 Todos os materiais necessários à execução das obras e que ficam nela 
incorporados; 
 Todos os materiais necessários à execução das obras e que não ficam nela 
incorporados; 
 Toda a mão-de-obra para a execução dos serviços, incluindo a mão-de-obra para 
montagem do canteiro de obras, inclui salários e encargos sociais de 
engenheiros, contadores, apontadores, almoxarifes, mestres de obras, e demais 
auxiliares do escritório local de obras; 
 Todas as despesas com serviços técnicos do escritório central, direta e 
exclusivamente referente às obras; 
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 Todas os encargos de impostos, taxas e despesas de contrato referentes à obra 
(inclui seguro contra incêndio); 
 Todos os custos de transporte de pessoal, materiais máquinas e equipamentos 
necessários às obras, incluindo carga, descarga, montagem e reparos; 
 Todo o custo de operação de máquinas e equipamentos e/ou aluguel de 
máquinas, equipamentos, ferramentas, móveis, utensílios necessários à 
execução da obra; 
 Todas as despesas com combustíveis, energia elétrica, água, etc. 
 Todas as indenizações devidas a terceiros, resultantes da execução da obra; 
 Todos os custos e montagem e teste de equipamentos permanentes; 
 Todos os encargos com o financiamento da obra. 
Especificando os elementos influenciadores dos custos da produção da 
habitação, pode-se notar que os materiais, explicitamente, são determinantes dos 
mesmos e, por conseguinte se bem gerenciados, com visão no ambiente competitivo 
nas inovações e também nas exigências do consumidor, pode-se minimizar os 
custos de produção. 
Um exemplo desta redução de custos é o da inovação em materiais de 
construção como o Dry wall – um sistema de paredes com gesso acartonado, que 
aumentou muito a velocidade de execução da obra e diminuiu os custos e prazos de 
produção. As fachadas pré-moldadas; os banheiros prontos, que são itens de 
industrialização, ou seja, são feitos fora da obra, mas aplicados na obra, permitindo 
dessa forma, que o canteiro seja menor com um número reduzido de operários num 
ambiente mais produtivo de indústria; sistemas hidráulicos e elétricos; Pecs – 
politianos reticulados, e o Busway – barramentos blindados. Quanto aos sistemas 
estruturais pode-se citar a laje plana nervurada, que é muito usada e também num 
sistema de parede de concreto, para substituir alvenaria externa. 
Assim, nota-se que os principais motivos da busca por inovações são a 
redução de custos e o aumento da qualidade do produto. Por este motivo, o foco, a 
seguir, mostra todo o contexto apresentado, de como a inovação tem se 
apresentado em relação aos materiais utilizados na produção da habitação ajudando 
no controle dos custos no caso das construções feitas à base de PVC. 
 
 
4. Inovação nos materiais de construção 
 
 
Após pesquisa em fontes que dispõem de dados recentes sobre o tema em 
tela, como a Internet, buscou-se reunir informações sobre materiais usados em 
inovação na construção e seu impacto no custo da produção, foi selecionado o caso 
das casas pré-fabricadas de PVC (Policloreto de Vinila), que se configuram como 
inovações e enquadram-se perfeitamente no marco teórico citado sobre inovação e 
tecnologia neste trabalho. 
O exemplo de inovação em materiais é citado pelo fato de haver várias 
inovações quanto a esse assunto de materiais e porque esse exemplo é um caso 
prático bem característico e que desperta atenção para as inúmeras possibilidades 
no mercado de inovações. Tem-se, ainda, a oportunidade de conhecer o que é 
praticado no Brasil. 
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Segundo informações extraídas em 2003 do instituto do PVC, entidade que 
representa toda a cadeia produtiva do PVC, o mercado imobiliário residencial 
brasileiro vem apresentando crescimento significativo a cada ano. Como novidade, o 
conceito de casa pré-fabricada começa a fazer parte e ganhar destaque entre os 
projetos residenciais. De olho nas oportunidades, o instituto do PVC informa que a 
empresa gaúcha Medabil investiu US$ 15 milhões numa joint venture com a belga 
Tessenderlo Chemie para produzir no Brasil casas feitas de PVC, concreto e aço. 
Batizado de "Sistema Construtivo Casa Forte", a casa de PVC apresenta um 
forte diferencial competitivo: garantia de 30 anos, baixa manutenção, alta resistência, 
durabilidade, isolamento termo-acústico, baixo custo, imunidade a cupins, mofos, 
fungos e corrosão, comportamento antichamas, além de fácil adaptação a qualquer 
projeto arquitetônico, possibilitando ampliações e reformas. 
 Outro fator de destaque é o processo de fabricação 100% industrializado. As 
casas são montadas com perfis modulares de PVC, preenchidos com concreto leve 
e vigas de aço para suportar a estrutura. O processo demora, em média, uma 
semana. 
A Caixa Econômica Federal (CEF), segundo informaçõesdo instituto do PVC, 
considerou o projeto viável e reconhece diferenciais fundamentais para uma 
construção em escala tanto de casas simples quanto mais sofisticadas, pois há 
diferenciais tais como agilidade e redução do desperdício com materiais, fator 
responsável pelo encarecimento de cerca de 30% dos custos globais de uma obra 
que utiliza materiais tradicionais. 
As primeiras 131 casas da Medabil, segundo informações do instituto do PVC 
estão instaladas no condomínio Valparaíso, em Canoas (RS). A empresa, que 
estima comercializar 600 casas por mês, contou com apoio do Grupo Odebrecht 
para o fornecimento de resinas de PVC. 
Para o presidente do Instituto do PVC, Francisco de Assis Esmeraldo, citação 
do próprio site, “o projeto confirma a versatilidade do PVC na construção, que deixou 
de estar presente somente nos itens isolados de uma casa, como tubos e conexões, 
janelas, portas, forros, pisos, fios e cabos para compor uma casa inteira". 
A Medabil é uma empresa associada ao Instituto do PVC. A empresa, 
segundo informações do instituto, tem condições de produzir até 50 casas por dia e 
a montagem no canteiro de obra não leva mais do que quatro dias. O sistema utiliza 
PVC fornecido pela OPP Petroquímica, do grupo Odebrecht, "recheado" com 
concreto celular que proporciona resistência ao fogo, imunidade a cupim e mofo, 
além de isolamento térmico e acústico à residência. 
O PVC Apresenta como principais características: Ser leve (1,4 g/cm3), o que 
facilita seu manuseio e aplicação; Resistente à ação de fungos, bactérias, insetos e 
roedores; Resistente à maioria dos reagentes químicos; Bom isolante térmico, 
elétrico e acústico; Sólido e resistente a choques; Impermeável a gases e líquidos; 
Resistente às intempéries (sol, chuva, vento e maresia); Durável: sua vida útil em 
construções é superior a 50 anos; Não propaga chamas: é auto-extinguível; Versátil 
e ambientalmente correto; Fabricado com baixo consumo de energia e também 
sendo reciclado e reciclável. 
 O empresário Attilio Bilibio, presidente da Medabil, afirma, segundo 
informações do instituto do PVC, que a empresa oferece garantia de 30 anos para o 
produto e o preço do metro quadrado pode cair a R$ 350,00. Segundo o Sindicato 
das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS) , o Custo Unitário Básico (CUB) 
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das construções convencionais no Estado está em R$ 577,11. As primeiras 131 
casas, de 72 metros quadrados, montadas com a nova tecnologia ficam em um 
condomínio no município de Canoas (RS), que terá 3 mil unidades. Há ainda um 
projeto para a construção de 220 unidades de 300 a 400 metros quadrados em uma 
praia do litoral norte gaúcho, além de pedidos de orçamentos encaminhados por 
prefeituras e construtoras que totalizam 25 mil casas para todo o país, revelou 
Bilibio. 
Este é um exemplo de como a inovação contribui para um impacto positivo no 
que se refere aos custos de produção da habitação levando em consideração um 
material inovador, que somente possuía outras funções e que ao intensificarem os 
estudos, descobriram-se vantagens em sua utilização na construção de casas. 
 
 
5. Considerações finais: 
 
 
 Levando em consideração o exemplo de inovação no tocante aos materiais, 
pudemos evidenciar o conceito de casas pré-fabricadas, no qual a casa de PVC é 
contemplada nesse estudo. Mostramos que o material em si é próprio para 
construção, seus custos de fabricação são menores, o que acaba refletindo no preço 
final da obra, podendo contribuir dessa forma para minimizar o custo da construção 
civil no Brasil. 
 A partir do que aqui foi apresentado, se pode procurar identificar, de forma 
quantitativa e regionalmente, ou localmente, o efetivo impacto da inovação em 
termos monetários na gestão de custos de uma construtora. Posteriormente, poder-
se-á realizar comparações com outras construtoras nacionais ou internacionais em 
termos de custos associados à inovação, sendo possível obter um dimensionamento 
melhor sobre a eficiência nacional e internacional desse setor no Brasil. Também, 
com o tempo e com a construção em larga escala das casas pré-fabricadas de PVC, 
é possível verificar a satisfação do consumidor através da avaliação pós-ocupação 
(APO). 
O exposto neste trabalho mostrou a importância da inovação como elemento 
fundamental no controle dos custos na Produção da Habitação, ressaltando que a 
única regra válida é de que a inovação tem sido diferencial para que empresas 
continuem no mercado e inovar continuamente é o lema do contexto competitivo 
atual. 
 
 
 
 
 
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