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METROLOGIA E INSTRUMENTAÇÃO Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Yan Allef FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S237m Santos, Felipe Delapria Dias dos Metrologia e instrumentação / Felipe Delapria Dias dos Santos. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 104 p. 1. Metrologia. 2. Instrumentos de medição. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD:23.ed. 681.2 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas do banco de imagens Shutterstock . 2022 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2022. Os autores. Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ 3 AUTOR Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos Possui Mestrado em Engenharia Mecânica com ênfase em materiais poliméricos - UEM (2020). Graduado em Engenharia Mecânica - UTFPR (2017). Graduado em Administração - UniBF (2016). Pós graduado em Avaliações e Perícia - Unyleaya (2021). Pós Graduado em Gestão Da Qualidade e Processos Gerenciais - UniFCV (2019). Pós Graduado em Segurança do Trabalho - UCAM (2018). Pós Graduado em Tecnologias Digitais e Inovação na Educação - UniCV (2021). Atualmente trabalha como coordenador de cursos de graduação e pós-graduação na UniFatecie e na UniCV. Atua como orientador pós-graduação na USP-ESALQ e atua também na área de desenvolvimento de produtos na APTAR-BRASIL, multinacional do ramo de injeção plástica. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 4 Olá, aluno (a). Seja bem-vindo (a) à disciplina de Metrologia. Em um primeiro momento será apresentado uma breve história do sistema de me- didas, padrões e unidades existentes e quais as mais utilizadas. Aprenderemos a finalidade de um instrumento metrológico e como utilizar alguns dos principais, como a régua gra- duada, paquímetro e micrômetro. Estudaremos ainda a forma correta de realizar a leitura da medida por meio do método direto e indicação. Finalizaremos esta primeira unidade abordando o resultado da medição. Na segunda unidade iremos estudar o sistema generalizado de medição, estuda- remos ainda os métodos básicos de medição, entenderemos os parâmetros característicos do sistema de medição e encerraremos abordando os tipos de erros, como realizar sua estimação, estudando as incertezas e fontes de erros. Já na unidade de número três veremos como são realizadas operações básicas para a qualificação de um sistema de medição, seus padrões de calibração e quais em- presas estão aptas a realizar a qualificação. Veremos também os métodos de calibração e finalizaremos apresentando um procedimento geral de calibração. Para encerrar nosso ciclo de estudos, na unidade quatro, iremos estudar o mensu- rando variável e invariável. Estudaremos também a forma de avaliação do resultado obtido tanto a partir de um mensurando variável quanto invariável e encerraremos a discussão abordando a calibração e a confiabilidade metrológica. E então, preparado (a) para mais essa aventura? Bons estudos! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Introdução e conceitos à metrologia; • Unidades e padrões; • Metrologia; • Instrumentação e medição; • Paquímetro; • Leitura (L) ou indicação direta e medida (M) ou indicação; • O resultado da medição. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar a metrologia e suas unidades básicas de medidas; • Compreender os tipos de grandezas e sua evolução; • Estabelecer a importância da metrologia; • Aprender a utilizar corretamente os instrumentos de medida. 1UNIDADEUNIDADE DEFINIÇÕES E DEFINIÇÕES E CONCEITOSCONCEITOS METROLÓGICOSMETROLÓGICOS Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos 7 Nesta primeira apostila você verá um breve histórico do sistema de medidas, como surgiu e o que aconteceu para chegarmos nos padrões que existem hoje, contemplará também os diferentes tipos de sistemas numéricos que existem. Vamos aprender as 7 unidades básicas a partir da qual podemos obter todas as outras grandezas possíveis e entraremos na metrologia de fato. Compreenderemos a sua finalidade, como cuidar de instrumentos metrológicos e como realizar a medição com os equipamentos mais usuais (Régua graduada, paquímetro e micrômetro). Veremos em seguida os principais fatores que influenciam na medição de uma peça e o que fazer para se obter o maior nível de precisão possível. E para finalizar a apostila, discutiremos os resultados obtidos a partir dos instrumentos de medição. INTRODUÇÃO UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 No mundo antigo, semprefoi comum a troca e o comércio de produtos entre di- ferentes povos, tal prática levou as pessoas a terem a necessidade de criar unidades de medidas para suas mercadorias, como consequência, houve o surgimento de diversos tipos de grandezas. Uma mesma grandeza poderia por exemplo ter valor diferente entre diferentes culturas ou religiões (VICENTE, 2017). As primeiras medidas surgiram com base no corpo e suas comparações, ou seja, o corpo se tornou uma referência universal, uma vez que era fácil dizer uma medida que era de fácil acesso a todos, isso levou a medidas padrões como a polegada, a jarda, o pé, o palmo, o braço e o passo, sendo que algumas dessas continuam sendo usadas até os dias de hoje (OLIVEIRA, 2016). A polegada, por exemplo, é equivalente a 2,54 cm enquanto que o pé à 30,48 cm. Veja na Figura 1 abaixo. 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS À METROLOGIA UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS TÓPICO FIGURA 1 – PADRÕES DE MEDIDAS A PARTIR DO CORPO HUMANO Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). Para Silva e Guimarães (2002), a necessidade da criação de padrões de medidas surgiu assim que o homem passou a realizar negócios em grande escala (como na cons- trução de casas, navios, etc). Era fundamental, por exemplo, que comerciantes e consumi- dores soubessem que uma vara de tecido em Jerusalém deveria ter o mesmo tamanho ou tamanho aproximado que uma vara de tecido na Babilônia. Vicente (2017), explica que a medição era tão importante que para alguns povos chegava a ser sagrado. Os hebreus e os Fenícios guardavam suas escritas e conhecimen- tos a respeito de medidas em templos em Roma. Ainda de acordo Vicente (2017), as unidades de medidas podem ser divididas em quatro categorias: ● Decimal: é o atual sistema numérico que utilizamos e teve sua origem com os egípcios e chineses. ● Duodécimo: Sistema originado pelos romanos que dividiam tudo em doze partes iguais. Eles dividiam a polegada em doze, a libra em doze, o ano em doze anos e assim por diante. ● Binários: É o método hindu utilizado pela ciência da computação até hoje. Os números binários são todos os múltiplos de 2, ou seja, 2, 4, 8, 16, 32, e assim por diante. ● Sexagesimal: Por fim, temos esse método originado na Babilônia que consiste na divisão das unidades por 60, assim como os romanos dividiam por 12. O exemplo mais conhecido e utilizado até hoje é o tempo (1 minuto = 60 segundos) e assim por diante. Segundo Dias (1998), no ano de 1789, na época o então governo republicano Francês, numa forte tentativa de resolver o problema de medição e unidade, que ainda não era padronizado pelo mundo, pediu à academia de Ciências da França que elaborassem um sistema de medido com base em uma constante natural, eliminando a possibilidade de uma polegada ser menor que a outra ou um pé maior que o outro. Desta forma criou-se o que conhecemos hoje como “Sistema Métrico Decimal” e é constituído por três unidades: o metro, o litro e o quilograma. O sistema foi substituído posteriormente pelo Sistema Inter- nacional de Medidas (S.I.) 9UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Oliveira (2016) apresenta em sua obra a sete unidades usuais utilizadas como base para todas as outras, veja na Tabela 1 juntamente com sua simbologia e sua descrição de como a mesma é obtida. TABELA 1 – UNIDADES BASE, DEFINIÇÕES E SIMBOLOGIA GRANDEZA DEFINIÇÃO SÍMBOLO Comprimento Metro: distância percorrida pela luz no vácuo no intervalo de tempo de 1/299.792.456 do segundo m Massa Quilograma: referente a massa do protótipo internacional. kg Tempo Segundo: Duração de 9 192 631 770 períodos de radiação correspon- dente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de Césio 133 s Intensidade de corrente elétrica Ampére: Intensidade de corrente elétrica constante que, mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, seção circular desprezível e situados a distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força igual a 2x10-7 newton por metro de comprimento A Temperatura termodinâmica Corresponde a fração 1/273,15 da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água °C Intensidade luminosa Candela: correspondente a intensidade luminosa, numa dada di- reção, de uma fonte que emite radiação monocromática de 540 x 1012 Hertz e cuja intensidade nesta direção é de 1/683 watt por esterradiano. cd Quantidade de matéria Mol: quantidade de matéria contendo um número de entidades ele- mentares existentes em 0,012 quilograma de carbono 12. mol Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). 2 UNIDADES E PADRÕES UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS TÓPICO A partir das unidades presentes na Tabela 1, podemos formar todas as outras, algumas das mais usuais e conhecidas estão presentes na Tabela 2 abaixo. TABELA 2 – UNIDADES DERIVADAS E SIMBOLOGIA GRANDEZA DERIVADA UNIDADE DERIVA SÍMBOLO Área Metro quadrado m² Volume Metro cúbico m³ Aceleração Metro por segundo ao quadrado m/s² Velocidade angular Metro por segundo rad/s Aceleração Angular Radiano por segundo ao quadrado rad/s² Massa específica Quilograma por metro cúbico kg/m³ Intensidade de campo magnético Ampére por metro A/m Densidade de corrente Ampere por metro cúbico A/m³ Concentração de substância Mol por metro cúbico mol/m³ Luminância Candela por metro quadrado cd/m² Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). 11UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 A metrologia pode ser aplicada a todo tipo de grandeza, no entanto, as mais comuns são aquelas dimensões lineares e angulares das peças mecânicas. Não existe técnica conven- cional de usinagem (das mais utilizadas no mercado) que fornecem uma peça com a médica 100% exata, por esse motivo é necessário conhecer o erro e a precisão de cada processo de usinagem e o erro tolerável antes de escolher uma forma de fabricação (CEARÁ, 2017). 3.1 Finalidade do Controle Possuir o controle de medição das peças fabricadas não consiste somente recusar os produtos, consiste em criar e manter um padrão de qualidade, evitando erros. Para a empresa, isso representa uma redução no gasto com retrabalho e aumento de produtivida- de (FILHO, 2018). O controle de qualidade deve agir do início ao fim do processo, ou seja, deve estar presente em todas as etapas sendo que em cada etapa as medições de verificação de medi- das devem ser feitas com os equipamentos adequados, a fabricante deve, portanto, possuir controle não apenas das peças produzidas, mas também dos aparelhos verificadores. É necessário averiguar o desgaste, nos verificadores com dimensões fixas e a regulagem, nos verificadores com dimensões variáveis. Esse cuidado se estende ainda às ferramentas, aos acessórios e às máquinas-ferramentas utilizadas na fabricação (FILHO, 2018). 3 METROLOGIA UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS TÓPICO 3.2 Medição Ao falarmos de medição, imediatamente já pensamos em comparação, que é a ideia básica que a medição possui. Somos condicionados a comparar “coisas” que são da mesma “linhagem”, com a medição não é diferente, veja sua definição: “Medir é comparar uma dada grandeza com outra da mesma espécie, tomada como unidade”. Logo, se vamos medir um comprimento, devemos escolher outra medida de comprimento para medir, parece óbvio, mas é necessário ser dito. Uma área só pode ser medida com unidade de área. Um volume só pode ser calculado em unidade de volume. Uma velocidade só pode ser trabalhada com unidade de velocidade, e assim por diante (CEARÁ, 2017). 3.3 Unidade Ao usarmos a unidade do “METRO” podemos dimensionarpor exemplo o com- primento de um corredor. Logo, entendemos como unidade um determinado valor e com base nesse valor, outros poderão ser determinados. A unidade de medição possui total independência do meio como a temperatura, umidade, pressão entre outras possíveis variáveis (SENAI, 1996). 3.4 Padrão O padrão, ao contrário da unidade, possui dependência das variáveis externas. Podemos dizer que é a materialização da unidade. Por exemplo, quando dizemos que que tal objeto possui 5 metros-padrão, estamos estabelecendo que o objeto só irá possuir 5 metros sob determinada temperatura e pressão (geralmente à 25 °C e a nível do mar – 1 atm), isso por que o aumento de temperatura faz com que os materiais dilatem, provocando aumento nas medidas dos materiais (FILHO, 2018). 13UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4.1 Régua Graduada A régua é um dos instrumentos mais antigos de medição e é utilizado para medidas lineares e principalmente quando não há a necessidade de alto nível de precisão. A régua graduada no padrão universal é graduada em ambos os sistemas: métrico e inglês como mostra a Figura 2 (CEARÁ, 2017). FIGURA 2 – RÉGUA GRADUADA Fonte: Senai (1996). Ainda segundo o autor, o sistema métrico em milímetros (mm) consiste em 1mm = 1/1000m enquanto que o sistema Inglês em polegadas (“) 1” = 1/36 jardas. A escala ou régua graduada é construída de aço, tendo sua graduação inicial situada na extremidade esquerda. Oliveira (2016) elenca algumas características que tornam a Régua Graduada compatível com o padrão internacional: 4 INSTRUMENTAÇÃO E MEDIÇÃO UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS TÓPICO 1) Ser, de preferência, de aço inoxidável. 2) Ter graduação uniforme. 3) Apresentar traços finos, profundos e salientados em preto. Ainda de acordo Oliveira (2016), há algumas dicas de conservação do equipamento, tais como: 1) Evitar quedas e contato com ferramentas de trabalho; 2) Evitar flexioná-la ou torcê-la, para que não se empene ou quebre; 3) Limpe-o após o uso, para remover o suor e a sujeira; 4) Aplique-lhe uma ligeira camada de óleo fino, antes de guardá-la. 1 METRO = 100 CENTÍMETROS 1 CENTÍMETRO = 10 MILÍMETROS A graduação da escala da régua graduada consiste em dividir 1 centímetro em 10 partes iguais, cada parte é considerada como 1 milímetro, como mostra a Figura 3, juntamente com um exemplo de medição. FIGURA 3 – DIVISÃO DA ESCALDA CENTÍMETRO Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). No exemplo da Figura 3, a leitura correta é: 13 mm. 15UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 O paquímetro é um instrumento de medição utilizado para obter medidas de di- mensões lineares (Figura 4), podendo ser a medida internas, externas e de profundidade (Figura 5). Consiste em uma régua graduada, com encosto fixo, na qual desliza uma garra móvel. Abaixo, mostramos um paquímetro de uso geral; daí seu nome: paquímetro univer- sal (MOCROSKY, 2007). FIGURA 4 – PAQUÍMETRO UNIVERSAL Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). 5 PAQUÍMETRO UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS TÓPICO FIGURA 5 – DIFERENTES FORMAS DE UTILIZAR UM PAQUÍMETRO Fonte: Adaptado de: Oliveira (2016). Para realização da medida, basta colocar a peça na parte correta do paquímetro, seguindo uma das formas de medição apresentadas na Figura 5. Após o encaixe do pa- químetro na peça, observe o número “0” da parte móvel (Nônio – Figura 4), o número da parte fixa que coincidir com o número 0 da parte móvel, será o primeiro número da nossa medição, veja a Figura 6. FIGURA 6 – EXEMPLO DE MEDIÇÃO COM PAQUÍMETRO Fonte: Mattede (2020). No caso ilustrado pela Figura 6, o primeiro número da medida será o 4mm. Mesmo que o número 0 da parte móvel não coincida exatamente com alguma marcação da parte fixa, considere a marcação mais próxima imediata à esquerda. No caso acima, a marcação do número 0 está entre 4 e 5, logo o primeiro número será o 4. O próximo passo é visualizar qual marcação da escala fixa coincide exatamente com a marcação na escala móvel, esse será seu segundo número, como mostra a Figura 7. 17UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS FIGURA 7 – EXEMPLO DE MEDIÇÃO COM PAQUÍMETRO PARA O SEGUNDO NÚMERO DO RESULTADO Fonte: Mattede (2020). Como podemos observar, as escalas coincidiram no número 1, logo o resultado será 4,1. MICRÔMETRO No ano de 1848 o francês Jean Louis Palmer criou um instrumento de medição que permitia ler até a segunda casa decimal (0,01) de forma muito fácil. O instrumento recebeu o nome de micrômetro, veja uma ilustração na Figura 8 abaixo. Com o passar dos anos, o instrumento foi sendo aperfeiçoado, passando a permitir medições mais precisas e com maior rigor que o paquímetro (SENAI, 1996). FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DE UM MICRÔMETRO Fonte: Senai (1996). 18UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS Veremos agora como utilizar um micrômetro para medição. Observe a Figura 9, os traços que estão acima da linha do horizonte, equivalem a 1 milímetro, enquanto que os tra- ços que estão abaixo da linha horizontal equivalem a 0,5 milímetros, esses traços horizontais se localizam na “Bainha”. Já os traços que estão deitados, estão localizados no “Tambor” e cada um desses traços equivale a 0,01 milímetro. A leitura é basicamente somar o número de traços que a bainha ultrapassou com o valor do traço coincidente no tambor. A leitura no micrômetro da Figura 9 é de 15,435, veremos um exemplo passo a passo a seguir. FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO TAMBOR E BAINHA Fonte: Tec Mecânico (2013). Observe na Figura 10 que na bainha, o número 15 foi ultrapassado, a linha que representa o número 16 também foi ultrapassada, porém não chegou ao 17. Ou seja, a marcação está entre os valores 16 e 17. Logo, o valor representado é de 16,5 na bainha, agora temos que somar com o valor do tambor. FIGURA 10 – MEDIDA DA BAINHA Fonte: Tec Mecânico (2013). 19UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS No tambor (Figura 11), o traço que coincide com a linha horizontal da bainha é dado pelo número 32 que é equivalente a 0,32mm. Com isso, a medida final será de 16,5 mm (da bainha) + 0,32 mm (tambor) = 16,82 mm. FIGURA 11 - MEDIDA DO TAMBOR Fonte: Tec Mecânico (2013). 20UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Uma das formas de medir a perfeição dos processos, a qualidade e o progresso de uma empresa é por meio dos processos metrológicos que a empresa possui empregado. Principalmente quando tratamos na aplicação e domínio da técnica de medição que está sendo utilizada. O aumento da qualidade das peças produzidas exige melhoria e aperfeiçoa- mento da técnica utilizada, qualificação do operador e um bom equipamento de medição. Por isso, devemos sempre considerar três elementos importantes: o método, o instrumento e o operador. Vejamos cada um a seguir (CEARÁ, 2017). 6.1 Método Medição Direta consiste em determinar a medida de um determinado equipamento por meio da comparação direta com instrumentos, aparelhos e máquinas de medição. Esse método é usualmente utilizado na fabricação de equipamentos novos ou de peças em pe- quenas quantidades (BANNA, 2017). Medição Indireta por Comparação consiste em determinar a medida de uma peça com relação à outra, de padrão ou dimensão aproximada; por isso o nome de medição indireta (BANNA, 2017). 6.2 Instrumentos de Medição É indiscutível a importância que um instrumento de mediçãotem, assim como também é indiscutível uma boa calibração do mesmo. Uma boa medida, exata e precisa depende obviamente da qualidade do instrumento de medição utilizado (CEARÁ, 2017). 6 LEITURA (L) OU INDICAÇÃO DIRETA E MEDIDA (M) OU INDICAÇÃO TÓPICO 21UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 6.3 Operador Alguns autores consideram o operar o elemento mais importante dentre os três cita- dos (instrumento, método e operador) uma vez que a pessoa que opera o instrumento deve possuir a técnica necessária. É a parte inteligente de toda a operação e sua habilidade irá influenciar diretamente na precisão da medida. Um bom operador possuindo instrumentos não tão bons, conseguem melhores resultados que um mau operador em posse de ótimos instrumentos (SENAI, 1996). 6.4 Laboratório de Metrologia Ainda segundo Senai (1996), para casos em que a medição requer alto nível de precisão, alguns cuidados devem ser tomados, tais como: 1 – Manter a temperatura constante; 2 – Manter grau higrométrico correto; 3 – Ambiente com ausência de vibrações e oscilações; 4 - Espaço suficiente; 5 – Manter boa iluminação e limpeza. 6.5 Recomendações É dever dos funcionários que manuseiam as ferramentas e instrumentos de me- dição, manter seu bom estado, garantindo assim a qualidade da medição, uma vez que é garantido a medição real e precisa do equipamento além de aumentar seu tempo de vida útil. Segue algumas dicas de cuidado descritas por Senai (1996). 1 – Evitar choques, queda, arranhões, oxidação e sujeira; 2 – Evitar misturar instrumentos; 3 – Evitar cargas excessivas no uso, medir provocando atrito entre a peça e o instrumento; 4 – Evitar medir peças cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposição a uma fonte de calor, esteja fora da temperatura de referência; 5 – Evitar medir peças sem importância com instrumentos caros. O Governo do Estado do Ceará cita dois cuidados a serem tomados no processo: 22UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 1 – Usar a proteção de madeira, borracha ou feltro para apoiar os instrumentos; 2 – Permitir que a peça adquira a temperatura ambiente, antes de tocá-la com o instrumento de medição. De acordo Banna (2017), o aprendizado de medição deve sempre estar acompa- nhado por algum especialista durante seu treinamento, onde será orientado e guiado pelas normas técnicas de medição. De forma geral, as principais indicações para alguém que está começando é: 1 – Manter a tranquilidade; 2 – Manter o ambiente limpo; 3 – Ter cuidado com a peça e o equipamento; 4 – Paciência para medição; 5 - Senso de responsabilidade; 6 – Sensibilidade; 7 - Finalidade da posição medida; 8 - Instrumento adequado; 9 - Domínio sobre o instrumento. 23UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Medir é uma tarefa muito importante, pois através de uma medição, você pode determinar inúmeras características de um determinado componente. Mas tecnicamente falando, o que é medir? Medir é determinar experimentalmente o valor de uma grandeza. Grandezas são atributos de fenômenos físicos que podem ser quantitativamente determi- nados; ou seja, são fenômenos para os quais você pode atribuir um valor numérico, como comprimento, massa, temperatura, tempo, intensidade luminosa, entre outros. Toda medição provém do ato de medir, do ato de determinar experimentalmente o valor de uma grandeza. A partir dessa medição você tem um resultado de medição. Resul- tado de medição é o valor de uma grandeza obtido por medição. Para ter validade, esse resultado deve estar acompanhado de sua incerteza de medição. A incerteza de medição é um parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando. Em outras palavras, ela vai ser a quantificação da dúvida referente àquele resultado (CAVALARO, 2016). Para determinar o quanto um resultado pode estar certo por meio de análises es- tatísticas, baseadas no instrumento, no ambiente, na pessoa que está medindo, na peça, no método de medição e nas próprias medidas. Também faz isso por meio da repetição de medições de uma mesma peça. Dessa maneira, a incerteza pode ser considerada como um indicador da confiabilidade da medição. Sabendo disso, ainda restam alguns questionamen- tos sobre medidas e medições. Por exemplo: por que você mede algo? Qual a necessidade prática de medir? A resposta é: para investigar, monitorar e controlar fenômenos físicos. Em outras palavras, medir ajuda a entender se um fenômeno está dentro do esperado resultado (CAVALARO, 2016). 7 O RESULTADO DA MEDIÇÃO TÓPICO 24UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 7.1 Incerteza e Tolerância O esperado em um sistema produtivo geralmente é fornecido por especificações que podem ser tanto de projetos (que consideram a fabricação perfeita do componente) quanto de especificações de processo (que consideram o processo produtivo do compo- nente como uma variável). Sabendo que a variação em qualquer etapa do processo pode vir de 6 variáveis, conhecidas como 6 M. Em poucas palavras, 6 M é o nome dado aos 6 fatores de variabilidade. São eles resultado (CAVALARO, 2016): ● Mão de obra; ● Material; ● Método; ● Máquina; ● Medição; ● Meio ambiente. As tolerâncias são as variações permitidas do processo ou do projeto. Em outras palavras, é aquilo que pode variar em uma medida sem comprometer o funcionamento de um componente e sem que a peça seja descartada. Existem 3 tipos de tolerância: ● Dimensionais; ● Geométricas; ● Acabamento Superficial A. As tolerâncias dimensionais tratam das dimensões lineares e angulares de peças e componentes. As tolerâncias geométricas são mais recentes e tratam da geometria e do posicionamento de elementos das peças e componentes. As tolerâncias de acabamento superficial dizem respeito a limites aceitáveis de ru- gosidade das peças e componentes. Todas essas tolerâncias são importantes para garantir a conformidade dos produtos e processos. 25UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 7.2 Conformidade Conformidade é a característica que garante que determinada medida está dentro da tolerância com influência da incerteza de medição. De certa forma, isso garante que os produtos tenham funcionalidade e atendam às necessidades e especificações dos clientes. Atender às necessidades e expectativas dos clientes é garantir a qualidade dos produtos, processos e serviços prestados. A Figura 12 sintetiza os conceitos de conformidade, tolerância e incerteza para garantir a qualidade. FIGURA 12 – INFLUÊNCIA DE TOLERÂNCIA, INCERTEZA E INSTRUMENTO NA CONFORMIDADE METROLÓGICA Fonte: O autor (2021). Assim, é importante que você saiba diferenciar o que é tolerância e o que é incerteza. Tolerância é aquilo que você permite que a peça varie. Ou seja, é o que o cliente deseja baseado em estudos de aceitação de componentes e peças. Já a incerteza é o quanto de dúvida você tem a respeito de um resultado, baseado em estudos estatísticos relativos ao ato de medir. A regra de ouro da metrologia diz que a incerteza deve ser 10 vezes menor que a tolerância de processo. Isso evita que peças dentro da tolerância estejam com defeito devido à incerteza fornecida pela medida. 26UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 27UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 27 Como sugestão de “Saiba Mais”, indico o artigo escrito por Wilson Donizete Fernandes para o XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção, intitulado: Metrologia e Qualidade – Sua importância como fatores de competitividade nos processos produtivos. Que vai de encontro com o que foi discutido nesta apostila quando tratamos da metrologia como indicadorde qualidade do processo. Fonte: FERNANDES, W. D.; NETO, P. L. O. C.; SILVA, J. R. Metrologia e Qualidade – Sua Importância como Fatores de Competitividade nos Processos Produtivos. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009. Disponível em: http://www.abepro.org.br/ biblioteca/enegep2009_TN_STO_091_615_13247.pdf. Acesso em: 06 jun. 2022. “O homem é a medida de todas as coisas, tanto das que são porque são como das que não são porque não são.” Protágoras – Frase fora de contexto. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_091_615_13247.pdf http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_091_615_13247.pdf 28 Nesta unidade fomos capazes de aprender um pouco sobre a história da medição, passando pelas diferentes épocas e necessidades, aprendemos um pouco sobre como eram medidos e comparados os objetos a partir do corpo humano e como os diferentes povos lidavam com os diferentes sistemas numéricos. Aprendemos também as unidades padrões que dão origem a todas as outras unidades, e finalmente nos aprofundamos na metrologia de fato. Compreendemos que a finalidade do controle é mais do que uma questão de qualidade, mas também de econômi- ca para a empresa e estudamos algumas dicas e técnicas que podem ser aplicadas para aumentar a precisão da medição e melhorar a qualidade por parte de quem está medindo. Para finalizar, apresentamos e discutimos o procedimento para tirar medidas a partir da régua graduada, do paquímetro universal e do micrômetro e encerramos a apostila falando sobre métodos, instrumentos de medição, operador e operação, recomendações e cuidados para um bom e efetivo processo de medição. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS 29 LEITURA COMPLEMENTAR Deixo como sugestão de leitura complementar a Tese de Doutorado da pesquisa- dora Marisa Ferraz Figueira Pereira, intitulada “Redes de metrologia: um estudo de caso da rede de defesa e segurança do SIBRATEC” RESUMO RETIRADO DA TESE: Nesta pesquisa, objetivou-se entender os efeitos da possível melhoria da infraes- trutura laboratorial dos laboratórios da “Rede de metrologia” de defesa e segurança” (RDS) do programa Sibratec e da atuação da gestão em rede na oferta de apoio e de serviços metrológicos às empresas do setor de defesa e segurança, dentro dos propósitos do projeto. Procurou-se também identificar a existência de lacunas na oferta de serviços de calibração/ ensaio para suprir a demanda das indústrias de defesa e segurança, bem como analisar a adequação do projeto RDS a essas demandas das indústrias de defesa e segurança, tendo como propósito contribuir com informações para ações futuras. A pesquisa desenvolvida é do tipo qualitativo, com características de pesquisa exploratória, fundamentada em estudo de caso foi estruturada em duas partes, envolvendo coleta de dados primários e de dados secundários. Para a coleta dos dados primários foram elaborados dois questionários, sendo um questionário (questionário A) destinado aos cinco representantes dos laboratórios na RDS e outro (questionário B) aos contatos das 63 empresas do setor de defesa e segurança que necessitam de serviços de calibração e de ensaios pertinentes às áreas de atuação dos laboratórios da RDS. Foram obtidas respostas de quatro representantes dos laboratórios da RDS e de 26 empresas do setor de defesa e segurança. Os dados secundários resultam de pesquisas documentais. A análise dos resultados foi feita tendo por base cinco dimensões definidas com o objetivo de organizar e melhorar o entendimento do cenário da pesquisa. São elas, abrangência do projeto, regionalidade, gestão em rede, rastreabilidade metrológi- ca e importância e visibilidade da RDS. Os resultados indicaram que a atuação da RDS não interferiu, até então, na rastreabilidade metrológica dos produtos das empresas do setor de defesa e segurança participante da pesquisa. UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS Fonte: PEREIRA, M. F. F. Redes de metrologia: um estudo de caso da rede de defesa e segurança do SIBRATEC. Tese de Doutorado, IPEM. São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85131/tde-22042016-125342/ publico/2016PereiraRedes.pdf. Acesso em: 06 jun. 2022. 30UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85131/tde-22042016-125342/publico/2016PereiraRedes.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85131/tde-22042016-125342/publico/2016PereiraRedes.pdf 31 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Fundamentos de Metrologia científica e industrial Autor: Armanda Albertazzi G. Jr. e André R. de Souza. Editora: Manoele. Sinopse: Este livro foi concebido como material de apoio para o ensino da Metrologia, para atender às necessidades dos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, Ciências Exatas e afins. Tornou-se também um material de apoio para cursos de educação continuada e para pessoas autodidatas. Resultou do amadurecimento e da evolução das notas de aula compiladas ao longo de quase 20 anos de atividades docentes dos autores. A apresentação dos tópicos segue uma sequência progressiva e intuitiva, desenhada para favorecer a compreen- são do assunto e conduzir o leitor à aplicação consciente da Metrologia em favor do aumento da confiabilidade do trabalho experimental. Complementa este livro o conteúdo digital depo- sitado no sítio www.labmetro.ufsc.br/livroFMCI, contendo os slides para PowerPoint®, usados pelos autores para ministrar os conteúdos de cada capítulo, e alguns programas de com- putador que simulam ambientes virtuais para a realização de exercícios e trabalhos interativos. FILME / VÍDEO Título: Precisão: a medida de todas as coisas Ano: 2013. Sinopse: A medição é o segredo para entender nosso lugar no universo, por isso, usamos a medição para quantificar cada as- pecto do nosso mundo. “Precisão: A Medida de Todas as Coisas” aborda a necessidade humana de contar e de medir e controlar o mundo. Na verdade, os cálculos mudaram o rumo da história. Desde os tempos pré-históricos até este novo século a jornada humana para investigar o mundo da medição faz-se presente. Com os mais variados experimentos, o professor Marcus du Sautoy investiga a história e a evolução dos padrões de medida e explica como desenvolvemos as sete unidades internacionais de medição – metro, quilograma, segundo, ampere, kelvin, candela, mol – e como estas moldaram o curso da história, da ciência e da civilização. UNIDADE 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS METROLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • O sistema generalizado de medição; • Métodos básicos de medição; • Parâmetros característicos do sistema de medição; • A convivência com o erro: tipos dos erros, estimação dos erros de medição, incertezas e fontes de erros. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o funcionamento básico de um sistema de medição; • Compreender os tipos de erros existentes; • Estabelecer a importância do tratamento de dados (incerteza).2UNIDADEUNIDADE O SISTEMA O SISTEMA DEDE MEDIÇÃOMEDIÇÃO Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos 33 Nesta segunda unidade iremos sair um pouco dos equipamentos de medição pro- priamente ditos, como foi na Unidade I. Veremos como esses equipamentos funcionam, de forma geral, seus componentes principais e como acontece a medida. A partir daí, apro- fundaremos para os erros de medições, erros do equipamento e erros do operador. Além de aprendermos também os tipos de perturbações externas que podem influenciar no erro, como a temperatura e a vibração. Ainda nesta unidade, iremos aprender como é feito o cálculo da incerteza que toda medida deve possuir e como essa incerteza influencia o nosso resultado final. Para finalizar, iremos aprender quais as fontes de erros mais comuns para que possamos evitar, melhorar e, dessa forma, obter medidas mais precisas. Preparado (a) para mais uma jornada de conhecimento? Então vamos lá! INTRODUÇÃO UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para a correta utilização de um sistema de medição é fundamental possuir o conhe- cimento das características metrológicas e operacionais que o sistema exige. Logo, será necessário iniciar nossos estudos com algumas definições de parâmetros para posterior- mente caracterizar de forma clara seu funcionamento. 1.1 Sistema Generalizado de Medição Ao analisarmos os diversos sistemas de medição existentes, percebemos que exis- tem três elementos funcionais que são comuns e se repetem a todos os sistemas de medi- ção. De forma genérica, um sistema de medição pode ser subdividido em três categorias: ● Sensor/transdutor; ● Unidade de tratamento do sinal; ● Dispositivo mostrador. Cada uma dessas categorias pode atuar de forma independente ou podem, ainda, estar integradas uma a outra no sistema de medição (GONÇALVES JUNIOR, 2002). A Figura 1 mostra genericamente um sistema de medição 34 1 O SISTEMA GENERALIZADO DE MEDIÇÃO TÓPICO UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO FIGURA 1 - SISTEMA GENERALIZADO DE MEDIÇÃO Fonte: Adaptado de: Gonçalves Junior (2002). Campos (2008) define o sensor/transdutor como sendo um módulo acoplado ao mensurador. Esse módulo gera um sinal que pode ser elétrico, mecânico, pneumático ou de outra forma. O sinal vai ao mensurador. Em outras palavras, o transdutor transforma um tipo de efeito físico em outro tipo de efeito físico. É importante salientar que vários tipos de efeitos físicos podem acontecer simultaneamente. Ainda de acordo com Campos (2008), um sistema de medição pode possuir mais de um transdutor e receberá o nome de sensor apenas aquele que estiver em contato direto com o mensurador. O sinal que o transdutor/sensor gera, por vezes, pode apresentar dificuldade de ser indicado, uma vez que o sinal apresenta baixa energia. Para resolver esse problema, há uma unidade de tratamento do sinal (UTS) que serve para amplificar a potência do sinal, podendo ainda filtrar, compensar ou processar o sinal. É também conhecido como condicionador de sinais (CAMPOS, 2008). Já o dispositivo mostrador recebe o sinal já com os devidos tratamentos realizado pelo UTS, ou seja, o sinal já está amplificado e filtrado (se assim for necessário) e através de diversos recursos possíveis (mecânico, eletrônico ou ambos) transforma esse sinal re- cebido em números que possibilitam ao usuário fazer a leitura. Além disso, é no mostrador que se localizam dispositivos registradores que guardam informação a longo prazo, função essencial para muitos equipamentos, como gravadores, telas de osciloscópio, entre outros (CAMPOS, 2008). Vejamos um exemplo na Figura 2, ilustrando um termômetro e cada uma de suas unidades presentes. 35UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO FIGURA 2 - EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO E SUAS UNIDADES REPRESENTADAS Fonte: Adaptado de: Insumo do Vale (2020). No termômetro, a temperatura a ser medida é inicialmente absorvida pelo fluido presente no interior do bulbo (geralmente mercúrio), que faz o papel de transdutor do sis- tema, quando o fluido sofre variação volumétrica (que é imperceptível a olho nu) o tubo capilar presente no termômetro amplia esse sinal, transformando a variação volumétrica do fluido em variação da coluna líquida, essa sim visível a olho nu, caracterizando o UTS do sistema. Já o mostrador é formado pela coluna do líquido contra a escala. 36UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Existem dois métodos básicos de medição: o método da indicação (ou deflexão) ou o método da zeragem (ou compensação). Ambos os métodos servem para que um sistema de medição possa descrever o valor momentâneo de uma determinada grandeza em forma de fração decimal (FERREIRA, 2018). Vejamos cada um dos métodos individualmente. 2.1 O Método da Indicação ou Deflexão Nesse sistema temos a indicação direta que é obtida a partir do dispositivo mos- trador (podendo ser do tipo ponteiro, como um manômetro, digital, como um paquímetro, registrador gráfico, entre outras formas. Além dos exemplos já citados, podemos expandir ainda para outros exemplos, como o termômetro de bulbo e o termômetro digital, balança analógica e digital entre outros equipamentos (GONÇALVES JUNIOR, 2002). 2.2 O Método da Zeragem ou Compensação Já no método da zeragem, o funcionamento ocorre por meio da geração de uma grandeza padrão com valor já conhecido de tal forma que seja equivalente e oposto ao valor mensurado. Isso fará com que a soma dos dois padrões seja zero. O clássico exemplo de equipamento que utiliza esse método é a balança de prato (Figura 3), em que um dos pratos recebe uma massa padrão que precisa ser balanceada com uma massa desconheci- da, presente no outro prato. Pela lógica, ambas as massas serão iguais quando o equilíbrio for estabelecido (FERREIRA, 2018). 37 2 MÉTODOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO TÓPICO UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO FIGURA 3 - BALANÇA DE PRATO 2.3 O Método Diferencial Esse terceiro método a ser apresentado é resultado da combinação dos dois méto- dos anteriores (indicação e zeragem). O mensurando é comparado a uma grandeza padrão e sua diferença medida por um instrumento que opera segundo o método da indicação. Normalmente o valor da grandeza padrão é muito próximo do mensurando de forma que a faixa de medição do instrumento que opera por indicação pode ser muito pe- quena. Como consequência, seu erro máximo pode vir a ser muito reduzido sem que seu custo se eleve (GONÇALVES JUNIOR, 2002, p. 25). Podemos citar como exemplo de equipamento que utiliza o método diferencial o relógio comparador, apresentado na Figura 4. FIGURA 4 - RELÓGIO COMPARADOR Fonte: Shutterstock. 38UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO 2.4 Análise Comparativa Comparando os métodos, é evidente que cada um possui suas vantagens e suas desvantagens. Na balança analógica, que utiliza o método da indicação, por exemplo, a incerteza do sistema de medição depende da calibração do equipamento. Enquanto que na balança de prato, a incerteza depende da massa utilizada como padrão, garantindo maior confiabilidade, no entanto apresenta como desvantagem o tempo de medição, uma vez que é basicamente por tentativa e erro até que o equilíbrio seja estabelecido. O método da medição diferencial apresenta a soma das vantagens de ambos os métodos e o torna atrativo industrialmente (GONÇALVES JUNIOR, 2002). A seguir veja uma tabela com a comparação entre os diferentes métodos: TABELA 1 - COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS CARACTERÍSTICA INDICAÇÃO ZERAGEM DIFERENCIAL Estabilidade Baixo Muito Elevado Elevado Velocidade de Medição Muito Elevado Muito Baixo Elevado Custo InicialElevado Moderado Moderado Facilidade de Automação Elevado Muito baixo Elevado Erro máximo Moderado Muito pequeno Muito Pequeno Fonte: Adaptado de: Gonçalves (2002). 39UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Definiremos agora alguns termos, conceitos e parâmetros metrológicos para ca- racterizar o comportamento de um sistema de medição. Estes parâmetros irão variar de um simples número, uma faixa de valores, podendo chegar a tabelas e gráficos. Veremos parâmetros que são de fácil utilização e de fácil aplicação no dia a dia de uma empresa (GONÇALVES JUNIOR, 2002). 3.1 Faixa de Indicação Schoeler (1986) explica que Faixa de Indicação (FI) nada mais é que o intervalo entre o menor e o maior valor que o dispositivo pode indicar pelo sistema de medição. Veja a Figura 5, em um sistema analógico a faixa correspondente varia de 0 à 100%. FIGURA 5 - FAIXA DE INDICAÇÃO DE UM SISTEMA ANALÓGICO Fonte: Adaptado de: Schoeler (1986). 40 3 PARÂMETROS CARACTERÍSTICOS DO SISTEMA DE MEDIÇÃO TÓPICO 40UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO Veja outros exemplos retirados de Pavani (2011): ● Manômetro: 0 a 20 bar; ● Termômetro: 700 a 1200 °C; ● Contador: 5 dígitos (isto é, 99999 pulsos); ● Voltímetro: ± 1,999 V (isto é, ± 3 ½ dígitos). 3.2 Faixa Nominal De acordo com o IPEM (2013), faixa nominal é a faixa de valores que indica que o resultado da medição estará e é normalmente definido por seu limite superior e inferior. Por exemplo, se um termômetro industrial pede a temperatura apenas na faixa de 100 °C a 300 °C então essa será sua faixa nominal. Quando o limite inferior é 0, dizemos apenas o limite superior como faixa nominal, por exemplo: a faixa nominal de 0 V a 100 V é expressa como “100V”. 3.3 Amplitude da Faixa Nominal Tomando como base o exemplo anterior do termômetro industrial que mede na faixa de 100 °C a 300 °C, dizemos que a amplitude deste termômetro é de 200 °C. Desta forma, definimos amplitude como sendo o valor da subtração (em módulo) do limite superior e do limite inferior. Se um equipamento atua na faixa de -10V a +10V, dizemos que sua amplitude da faixa nominal é de 20 V (IPEM, 2013). 3.4 Faixa de Medição (FM) “É o conjunto de valores de um mensurando para o qual admite-se que o erro de um instrumento de medição mantém-se dentro de limites especificados” (SENAI, 2016, p. 122). Exemplos: ● Termômetro: FM = - 50 a 280 °C ● Medidor de deslocamento: FM = ± 50 mm (ou FM = - 50 a + 50 mm) O valor da faixa e medição é obtido das seguintes formas: ● Encontrado no manual de utilização do sistema de medição em questão; ● De sinais que a produtora do equipamento de medição pode gravar no equipa- mento e/ou na escala; ● Em normas técnicas; ● Em relatórios de calibração. 41UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO 3.5 Valor de uma Divisão (de Escala) (VD) Segundo Gonçalves Junior (2002), em instrumentos analógicos, o valor de uma divisão corresponde à diferença entre os valores da escala correspondentes a duas mar- cas sucessivas, sendo que esse valor será sempre escrito acompanhado da grandeza do equipamento. Exemplos: ● manômetro: VD = 0,2 bar ● termômetro: VD = 5 K 3.6 Resolução (R) De acordo Schoeler (1986), resolução é a menor diferença entre indicadores do sistema de medição que pode ser significativamente percebida. A avaliação da resolução é feita em função do tipo de instrumento. De acordo Gonçalves Junior (2002), a resolução pode ser: a) Nos sistemas com mostradores digitais, a resolução será o próprio incremento digital (ou seja, a menor casa que o equipamento mostrar); b) Nos sistemas com mostradores analógicos, a resolução teórica deveria ser zero. No entanto, devido às limitações do operador e da qualidade do dispositivo de medição é considerada uma resolução de R = VD/2. É comum e frequente confundir os conceitos de divisão e de resolução de um instrumento de medição, podendo levar a decisões erradas. Devido a isso, vamos agora definir de forma resumida os dois conceitos e compará-los entre si. ● Valor da menor divisão: é o menor valor indicado pelo instrumento de medição. ● Resolução: é o menor valor lido no instrumento no instrumento de medição. Vejamos agora exemplos trazidos por Machado (2018). Consideraremos uma régua graduada e um milímetro com três casas decimais. A régua graduada é um sistema de medição analógico em que a distância entre um traço e outro é equivalente a 1 milímetro, no entanto podemos estimar que o meio da distância entre um traço e outro equivale a meio milímetro (0,5 mm). Essa estimativa é chamada de resolução do instrumento. Já o multímetro é um instrumento digital usado para medir corrente de energia e não há como estimar a diferença entre divisões justamente por ser digital. Logo, o nosso valor de resolução é igual ao valor da menor divisão. 42UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO Você deve estar se perguntando como essas informações serão úteis no ambiente de trabalho, correto? Bem, imaginemos agora um micrômetro. A escala gravada em seu corpo possui a menor divisão igual a 0,01 milímetro, no entanto um usuário experiente pode ser capaz de dividir o espaço entre traços em até 10 vezes, totalizando 0,001 milímetro, chegando à resolução que dá nome ao instrumento (0,001 mm = 1 micrômetro). 43UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O erro de medição nada mais é que a indicação de um instrumento de medição menos um valor verdadeiro da grandeza de entrada correspondente (IPEM, 2013), isto é: E = I - VV E = erro de medição; I = indicação; VV = valor verdadeiro. Ainda segundo IPEM (2013), uma vez que não é conhecido o valor verdadeiro na prática, é usado então o valor verdadeiro convencional, ou seja, o valor conhecido com erros de tal forma que não seja superior a 1/10 do erro de medição esperado, logo, o erro será calculado por: E = I – VVC VVC = valor verdadeiro convencional Para medidas sem erros impregnados, é necessário um sistema de medição per- feito. No entanto isso é impossível na prática, uma vez que sempre irão existir pequenas variações. Contudo é possível ao menos determinar os erros presentes (GONÇALVES JUNIOR, 2002). 44 4 A CONVIVÊNCIA COM O ERRO: TIPOS DOS ERROS, ESTIMAÇÃO DOS ERROS DE MEDIÇÃO, INCERTEZAS E FONTES DE ERROS TÓPICO 44UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO Mesmo com a existência de erro de medição, é possível a obtenção de bons re- sultados e de informações confiáveis de medição, desde que a ordem de grandeza e a natureza dos erros sejam conhecidas (FRANCO e OLIVEIRA, 1999). 4.1 Tipos de Erros Para fins de melhor entendimento, Silveira (2005) divide o erro de medição em três parcelas diferentes: E = Es + Ea + Eg E = erro de medição; Es = erro sistemático; Ea = erro aleatório; Eg = erro grosseiro. 4.1.1 Erro sistemático O erro sistemático (SE) é um dos tipos de erro que sempre estará presente na medição realizada quando as condições de operação de medição forem as mesmas. Por exemplo, um medidor de pressão (manômetro) com seu ponteiro torto ou desalinhado é um exemplo de erro sistemático (WEBER, 2001). O erro sistemático possui diversas causas: problema de ajuste, problema de desgaste, má construção, má manutenção, podendo também estar associado a fatores externos, como condições ambientais (VELLAME et al., 2012). 4.1.2 Erro aleatório Quando temos várias medidas sendo repetidas em uma mesma condição e obser- vamos valores diferentes, temos a presença de erros aleatórios. A variação ocorre de forma imprevisível e o correto é realizar uma média dos valores obtidos (PINTO et al., 2018). Para Gonçalves: Diversos fatores contribuem para o surgimento doerro aleatório. A existência de folgas, atrito, vibrações, flutuações de tensão elétrica, instabilidades inter- nas, das condições ambientais ou outras grandezas de influência, contribui para o aparecimento deste tipo de erro (GONÇALVES JUNIOR, 2002, p. 36). 45UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO 4.1.3 Erro grosseiro O erro grosseiro (Eg) é, na maioria das vezes, causado pelo mau uso ou mau funcionamento do equipamento de medição. Por exemplo, o usuário do equipamento para realizar a leitura errada no equipamento. Se o trabalho de medição for feito com atenção e por usuários em plena capacidade do exercício, a aparição do erro é considerada nula (CAMPOS, 2008). 4.2 Estimação dos Erros de Medição Se fosse possível conhecer com precisão o erro de medição, este poderia ser corrigido, no entanto não é possível. O erro sistemático no processo de medição pode ser estimado, no entanto o erro aleatório não pode. Logo, não é possível estimar e compensar o erro 100% numa medida (CAMPOS, 2008). 4.2.1 Incerteza Imagine que você precisa adquirir para um hospital um termômetro para medição da temperatura do corpo humano. Nesse caso, você precisa de uma termômetro confiável e com resolução baixa, que possa auxiliar o corpo médico na determinação de problemas de saúde. Ao realizar orçamento em várias empresas, você identifica que o menor valor se encontra com uma empresa do Japão. Como você pode verificar se o termômetro tem um erro de medição aceitável? No momento da compra do termômetro, o valor indicado pelo fornecedor é apenas o da incerteza de medição — então, como saber se o valor da incerteza de medição é aceitável dentro do padrão exigido pelo sistema de qualidade? Esse exemplo mostra claramente a importância do conhecimento do termo incer- teza de medição dentro do sistema de qualidade. Assim, os institutos de normalização industrial de vários países uniram-se para criar uma normalização que determine, de uma forma matemática, o valor da incerteza de medição. Esse valor indica a qualidade do valor medido ou a confiabilidade usando diferentes instrumentos e equipamentos. O valor da incerteza de medição pode ser descrito por um parâmetro não negativo, que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurando, com base nas infor- mações utilizadas (INMETRO, 2008). Como regra geral, quanto menor a incerteza em determinado sistema de medição, maior a necessidade de utilizar equipamentos mais precisos e maior o custo para realizar essa medição. Assim, maiores serão os investimentos em equipamentos/instrumentos de medição, treinamento de mão de obra e padrões usados na calibração. A Figura 6 mostra os resultados de medições obtidas com valores de incerteza de medição distintos, repre- sentados pela distribuição de probabilidade. Quanto maior a incerteza de medição, maior será a variabilidade do processo de medição. 46UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO FIGURA 6 - DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE COM VALORES DISTINTOS DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO Fonte: Adaptada de Peter Hermes Furian/Shutterstock.com 4.3 Fontes de Erros Almeida, Rosa e Silveira (2018) explicam que toda e qualquer medição está afetada por erros que são provocados por um conjunto de fatores, podendo ser fatores indepen- dentes ou combinados, relacionados ao processo de medição, ao sistema de medição e as grandezas envolvidas. Para Gusman (2012), o resultado das medidas obtidas em um sistema de medi- ção depende fortemente de fatores construtivos. Por exemplo, um sistema de medição tende a degradar-se com o tempo e conforme é utilizado, além de que a medição pode ser atrapalhada por meio de influências externas, como perturbações e vibrações, bem como influência do operador. O procedimento de medição é um fator importante na hora da obtenção de valores, uma vez que a utilização de procedimentos errados ou incompatíveis com o equipamento de medição pode causar erros nos resultados (GONÇALVES JUNIOR, 2002) Para Dantas (2007), a influência externa pode causar erros que influenciam di- retamente o funcionamento e o comportamento do sistema de medição. O autor explica que o elemento de perturbação externo mais comum é a temperatura, embora haja outras perturbações externas, como vibração mecânica, mudança de pressão, umidade etc. 47UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO Ainda de acordo Dantas (2007), a mudança de temperatura provoca a dilatação na escola do sistema de medição, além de provocar a dilatação no equipamento/peça a ser medido também. Vale ressaltar que a variação de temperatura nem sempre é uma pertur- bação externa, em casos que existe atrito, folga e imperfeições, a variação de temperatura pode existir, sendo, nesse caso, uma perturbação interna. A alteração no sistema de medição, como já dito, pode apresentar diversas causas e motivos, uma causa comum partindo do operador é a aplicação de força na di- reção de medição aplicada que irá interferir em casos em que a medição é acontece na metrologia dimensional, por exemplo, com o uso do paquímetro ou uso do micrômetro (GONÇALVES JUNIOR, 2002). Para Lima (2006), além do erro, já comentado da aplicação de força, o operador pode também cometer os seguintes erros: leitura errônea da medida e manuseio errado do equipamento. São erros difíceis de serem percebidos e estimados, geralmente para dimi- nuir esse tipo de erro, a medição é feita por diferentes operadores em diferentes momentos do dia e é feita uma média dos valores obtidos. Gusman (2012) relata que a grande dificuldade é que todas as perturbações dis- cutidas neste tópico acontecem superpostas ao sinal de medição, de tal forma que não é possível identificar e separar o que é erro e o que é variação. Para evitar esses imprevistos, a autora diz que é comum os fabricantes dos equipamentos de medição informarem as condições ideais de seu manuseio. 4.4 Calibração Como é possível relacionar os erros de medição com os valores de incerteza de medição? Essa tarefa não é tão simples, pois vários são os fatores que interferem no valor de uma medição, como a temperatura do ambiente em que são realizadas as medidas e a temperatura do componente medido. Ou então, em relação à mão de obra, como ga- rantir que a leitura do instrumento de medição está adequada ao esperado? Mesmo com o treinamento dos operadores, haverá problemas ao longo do trabalho. E, ainda que um instrumento de medição apresenta um erro de medição aceitável, é possível garantir os valores medidos por ele ao longo de 10 anos de trabalho? Existe uma alternativa para garantir que o erro de medição do instrumento esteja dentro do aceitável: um procedimento chamado de calibração. A calibração é um proce- dimento realizado com o instrumento de medição, em que são comparados os valores indicados pelo instrumento e os valores do padrão usado na calibração. De certa forma, a calibração determina as correções que devem ser aplicadas ao instrumento de medição. Os resultados obtidos na calibração ficam registrados em um documento chamado de Certificado de Calibração. Mas então, se um micrômetro for calibrado no Japão e no Brasil, os valores de incerteza de medição serão os mesmos? Depende. Os procedimentos de calibração podem ser realizados com base em normas técnicas diferentes, o que pode alterar os valores de incerteza de medição. 48UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO E, você, estudante de metrologia, como pode compreender e aplicar esses concei- tos todos na determinação de um valor que pode ser expresso de várias formas? Sim, o valor da incerteza de medição pode ser quantificado dessa forma. A palavra “incerteza” significa por si só “dúvida”. Considerando o nosso foco de es- tudo, a incerteza de medição significa a dispersão de resultados obtidos experimentalmente com nível de confiança determinado. É importante que você tenha em mente algumas premissas para que possa entender como serão realizados os cálculos na determinação da incerteza de medição: ● Os fatoresque influenciam no valor da incerteza são fontes de erro; ● O desvio-padrão das medidas realizadas é considerado no cálculo da incerteza; ● Temperatura, paralaxe, incerteza herdada da calibração são algumas fontes importantes no cálculo; ● Alguns fatores que podem influenciar nos valores de medida são difíceis de medir e, com isso, podem ser desprezados. A análise de erros e, consequentemente, a análise da incerteza de medição é uma tarefa difícil, e mesmo laboratórios renomados podem esquecer de considerar algum parâ- metro. Existem vários métodos matemáticos para a determinação da incerteza de medição, como método ISO GUM (mais usado), o Monte Carlo, o Kragten, a lógica fuzzy, entre outros. 49UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO 50UNIDADE 2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO 50 Você sabia que existe fiscalização dos instrumentos de medição? De acordo o site do Instituto de Pesos e Medidas (IPEM), a verificação metrológica e a fiscalização dos instrumentos de medição acontecem principalmente em equipamentos antes de serem comercializa- dos ou ainda inspecionam equipamentos que estão sendo utilizados em indústrias de grande porte. Há ainda um novo campo da metrologia que vem se expandindo, que é a fiscalização de radares eletrônicos e bafômetros, com o intuito de corrigir irregularidades nas medidas tomadas. A empresa ou pessoa que for pega com irregularidade tem até dez dias úteis para se apresentar na justiça jun- tamente com sua defesa. Para saber mais acesse: https://www.ipem.sp.gov.br/index.php/areas-de-atuacao/fiscalizacao-e- -verificacao/instrumentos-de-medicao/orientacoes-ao-fiscalizado “Jamais algo de maior e mais simples, de maior coerência em todas as suas partes saiu da mão dos homens”. Fonte: Antoine Laurent de Lavoisier (1794). https://www.ipem.sp.gov.br/index.php/areas-de-atuacao/fiscalizacao-e-verificacao/instrumentos-de-med https://www.ipem.sp.gov.br/index.php/areas-de-atuacao/fiscalizacao-e-verificacao/instrumentos-de-med . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Operações básicas para qualificação de um sistema de medição; • Destino dos resultados de uma calibração; • Métodos de calibração; • Procedimentos gerais da calibração; • Rede Brasileira de Metrologia e qualidade. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar as operações básicas de calibração; • Compreender o destino dos resultados da calibração; • Estabelecer os métodos de calibração utilizados; • Apresentar diferentes procedimentos de calibração; • Elaborar um fluxograma de calibração. 3UNIDADEUNIDADE CALIBRAÇÃOCALIBRAÇÃO DE SISTEMASDE SISTEMAS DE MEDIÇÃODE MEDIÇÃO Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos 52 Nesta terceira unidade da nossa disciplina de Metrologia, serão apresentadas opera- ções básicas para a qualificação de um sistema de medição, ou seja, veremos padrões que podem ser estabelecidos pela calibração e quais empresas estão aptas a realizar a calibração. Discutiremos também o destino dos resultados de uma calibração, uma vez que é com base nesse destino que o método de calibração ideal poderá ser escolhido e aplicado. Veremos os possíveis métodos de calibração, passando pela calibração direta e indireta e finalizamos discutindo um pouco sobre o procedimento geral de calibração para que você possa ter conhecimento de todo o processo de calibração, separado e discutido em oito etapas diferentes. INTRODUÇÃO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 1 OPERAÇÕES BÁSICAS PARA QUALIFICAÇÃO DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Para Pinto et al. (2018), calibração nada mais é que um procedimento experimental em que são estabelecidas, sob condições específicas, as relações entre os valores que um sistema de medição fornece e as grandezas estabelecidas pelos padrões. Araújo (2010) elenca itens que podem ser estabelecidos pela calibração: ● A relação entre a temperatura de um termoelétrico e a tensão de um termopar; ● Estimativa de erros sistemáticos de um manômetro; ● O valor real de uma massa padrão; ● A dureza real de uma placa; ● O valor real de um resistor padrão. O resultado da calibração permite ao usuário estabelecer valores do mensurando para as indicações, como a determinação das correções a serem realizadas. A calibração pode também indicar outras propriedades metrológicas, como, por exemplo, o compor- tamento e variação metrológica de um sistema de medição em condições adversas de utilização (variação de temperatura, ausência de gravidade, presença de radiação nuclear etc.) (PINTO et al., 2018). O resultado da calibração, quando realizado por empresas especialistas, registram em um documento chamado de “certificado de calibração” ou ainda “relatório de calibração” (IPEM, 2013). Campos (2008) relata que nesse relatório devem estar presentes informa- ções como: desempenho metrológico do sistema de medição analisado e descrição do procedimento realizado e como principal resultado uma tabela ou um gráfico contendo todos os pontos medidos ao longo da faixa de medição: 54UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO a) Estimativa da correção a ser aplicada; b) Estimativa da incerteza associada à correção. Com o resultado da calibração do sistema de medição em mãos pode ser realizada a comparação com normas técnicas ou outras determinações legais e, com isso, realizar a emissão do parecer de uma certificação (JUNIOR GONÇALVES, 2002). A calibração de um equipamento pode ser realizada por qualquer pessoa da empresa que possua o conhecimento técnico e os equipamentos necessários. No entanto, só terá vali- dade legal se realizada por uma entidade credenciada e legalmente aceita (CAMPOS, 2008). No Brasil, existe a Rede Brasileira de Calibração (RBC) coordenada pelo Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO). Essa rede consiste em diversos laboratórios espalhados pelo país e localizados em universidades, fundações ou até mesmo empresas ligadas ao governo que possuem o credenciamento para a realização da calibração e emissão de relatório (SCHOELER e FIDÉLIS, 2000). A ISO 9000 é a série que regulamenta as normas de qualidade a nível global que uma empresa precisa ter para se tornar globalizada e competitiva internacionalmente. Uma das normas incluídas na ISO 9000, é a de que o sistema de medição e padrões de referência utilizados durante o processo de produção da empresa, tenham certificação de calibração oficial emitida por um órgão autorizado (ARAÚJO, 2010). Além da calibração, existem outras operações, descritas por Junior Gonçalves (2002), que podem ser utilizadas. Vejamos: ● Ajuste: a operação de ajuste é normalmente realizada pós-calibração, ou seja, é um processo complementar. Quando é feita a calibração e mesmo assim o equipa- mento de medição ainda não possui o comportamento esperado pelas normas, é feita uma regulagem interna no próprio equipamento de medição. Essaregulagem deve ser feita por especialistas. ● Regulagem: assim como o ajuste, a regulagem também é um processo comple- mentar que é realizado pós-calibração. Porém, ao contrário do ajuste, a regula- gem é um procedimento de ajuste externo, que usuários comuns podem realizar. A regulagem é realizada quando, após a calibração, o sistema de medição não possui o comportamento esperado. ● Verificação: a verificação deve sempre ser realizada por especialista e entida- des oficiais dos estados, denominadas de Instituto de Peso e Medida (IPEM). A verificação tem como objetivo garantir que o sistema de medição esteja funcio- nando como esperado. A verificação é um processo de cunho legal, realizado apenas pelo governo, que fornece um selo, plaqueta ou algo relacionado com a inscrição de “VERIFICADO”. Exemplos de equipamentos que devem ser veri- ficados: bombas de gasolina, termômetros, taxímetros, balanças, entre outros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 2 DESTINO DOS RESULTADOS DE UMA CALIBRAÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Araújo (2010) descreve os destinos dos resultados da calibração a uma das seguin- tes aplicações: I. Levantamento da curva de erro com o objetivo de estabelecer a concordância entre a calibração e as condições de calibração do sistema de medição e a norma regulamentadora, especificação legal ou tolerância. Ao ser feito com frequência, irá garantir ao equipamento a confiabilidade dos resultados obtidos de medição, além de assegurar que os equipamentos estejam de acordo com os padrões nacionais e internacionais estabelecidos. II. Levantamento da curva de erro, com o objetivo de determinar dados e parâ- metros para a operação de ajuste que é feito no sistema de medição, após a calibração. III. Levantamento detalhado da curva de erros e tabelas, relacionando o valor me- dido com sua correção (incerteza) a fim de corrigir os erros sistemáticos, para que, dessa forma, seja possível a redução da incerteza dos resultados. IV. Análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medi- ção durante a sua fase de desenvolvimento e sua fase de aperfeiçoamento, incluindo a análise das grandezas externas que influenciam diretamente em seu comportamento. V. Análise do comportamento metrológico e operacional do sistema de medição em condições de operação específicas, como: elevada temperatura, elevada pressão, ausência de gravidade, entre outras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3 MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO 3.1 Calibração Direta De acordo com Araújo (2010), o método da calibração direta está ilustrado na Fi- gura 1. No método, a peça a ser mensurada é aplicada ao sistema de medição por meio de medidas materializadas (ou seja, medidas padrões, já conhecidas), são exemplos de medidas materializadas: blocos de comprimento padrão, substâncias puras com ponto de fusão e ponto de ebulição bem definidos, massa padrão, entre outros. De acordo informa- ções retiradas de Senai (2016): É necessário dispor de uma coleção de medidas materializadas suficiente- mente completa para cobrir toda a faixa de medição do instrumento. As in- dicações dos sistemas de medição são confrontadas com cada valor verda- deiro convencional e a correção e sua incerteza são estimadas por meio de medições repetitivas (SENAI, 2016, p. 24). FIGURA 1 - MÉTODO DE CALIBRAÇÃO DIRETA Fonte: Adaptado de: Araújo (2010). 57UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO 3.2 Calibração Indireta Imagine a calibração de um velocímetro de um automóvel pelo método de calibra- ção direta, não seria uma tarefa fácil, correto? Os fundamentos de medida materializada (peso padrão, por exemplo) não se aplicam nessa situação do velocímetro do carro. Com isso, surge, então, o processo de calibração indireta (PATRÍCIO, 2016). O método está ilustrado na Figura 2 e, segundo Araújo (2010, p. 246), funciona da se- guinte forma: Este método é ilustrado na parte inferior da figura 5.1. O mensurado é gerado por meio de um dispositivo auxiliar, que atua simultaneamente no sistema de medição a calibrar (SMC) e também no sistema de medição padrão (SMP), isto é, um segundo sistema de medição que não apresente erros superiores a 1/10 dos erros do SMC. As indicações do SMC são comparadas com as do SMP, sendo estas adotadas como VVC, e os erros são determinados. FIGURA 2 - PROCESSO DE CALIBRAÇÃO INDIRETA Fonte: Adaptado de: Araújo (2010). A calibração de um automóvel utilizando o método de calibração indireta. Segundo Seduc (2016), é dado da seguinte forma: ● O automóvel é posto em movimento; ● É medida a velocidade do automóvel pelo velocímetro a ser calibrado e por meio de um sistema de medição padrão. Esse sistema possui um erro dez vezes menor que os velocímetros usuais. Os sistemas de medição padrão são geralmente sensores colocados no carro que funcionam por meio de retorno de informação a laser; ● Para a elaboração da curva de erros e levantamento correto dos dados, são necessárias inúmeras medidas repetidas em diferentes velocidades. 58UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Existem casos de calibração em que não existe um medidor padrão que englobe toda a faixa do instrumento a ser calibrado. Nesse caso, Milnitz (2018) descreve o procedimento a ser realizado. São utilizados dois ou mais dispositivos de medida padrão para realizar o processo. Por exemplo: ● Deseja-se calibrar um termômetro que possua sua variação de temperatura apenas na faixa de 30 a 45 °C; ● Não existe um sistema de medida padrão que cubra completamente esta faixa de temperatura; ● No entanto existe termômetro padrão para a faixa de 30 a 40 °C e outro para a faixa de 40 a 50 °C; ● O processo consiste na calibração parcial para a faixa de 30 a 40 °C utilizando o primeiro padrão e utiliza-se o segundo padrão para a faixa de 40 a 45°C. Todo e qualquer sistema de medição deve ser calibrado de forma periódica. O intervalo de tempo a ser calibrado é, muitas vezes, descrito por normas ou até mesmo pelo próprio fabricante do instrumento de medição. O intervalo de calibração sofre influência das condições de uso do equipamento e da quantidade de uso do equipamento. Muitas vezes um equipamento é calibrado na própria indústria, no entanto esses padrões também necessitam de calibração periódica, executada por laboratórios terceirizados que também requerem calibrações e assim por diante. Dessa forma, é criado um círculo de calibração e uma hierarquia a ser seguida, a calibração periódica nos padrões corretor garantem ao equipamento de medição a rastreabilidade internacional do mesmo, eliminando o risco de um metro na França ser diferente de um metrô na Áustria, por exemplo (ARAÚJO, 2010). A Tabela 1 mostra a hierarquia das correlações entre os padrões, garantindo a coerência das medições no âmbito mundial. 59UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO TABELA 1 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE RESULTADOS DE MEDIÇÃO DE EMPRESAS A PADRÕES NACIONAIS. PADRÃO USUÁRIO ATIVIDADES CONDIÇÕES PRELIMINARES DA CALIBRAÇÃO/MEDIÇÃO DOCUMENTAÇÃO DA CALIBRAÇÃO MEDIÇÃO Padrão nacional Laboratório do INMETRO Desenvolvimento, manutenção e transferência dos padrões nacionais. Garantia da rastreabilidade da unidade até os padrões primários através de intercomparações internacionais Certificado de calibração INMETRO para padrões de referência Padrão de referência Laboratório da RBC Garantia da infraestrutura metrológica industrial Certificado de calibração INMETRO Certificado de calibração RBC para padrões de trabalho Padrão de trabalho Laboratório de calibraçãodas empresas Calibração dos meios de medição para atender a demanda interna Certificado de calibração RBC Certificado de calibração da empresa ou outro que comprove a qualificação Instrumento de uso geral Todas as áreas de atuação da empresa Medições e calibrações no âmbito do sistema da qualidade Certificado de calibração da empresa ou outros que comprovem a qualificação Marca, selo ou plaqueta de verificação. Fonte: Adaptado de: Araújo (2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4 PROCEDIMENTOS GERAIS DA CALIBRAÇÃO TÓPICO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Como você já aprendeu, a calibração é um processo complexo que, por vezes, exige conhecimentos de um técnico ou especialista no assunto, uma vez que o processo pode exigir conhecimentos avançados dos sistemas de medição (SCHOELER, 1986). Pensando nisso, Araújo (2010) e Borchardt (1999) elaboraram uma Operação Padrão (OP) com base nas normas (NBR) e nas ISO que regem o sistema de calibração. Os autores ressaltam que é apenas uma proposta a ser seguida e que esse roteiro pode ser modificado ou variar de acordo com o sistema de medição a ser calibrado, sendo necessária a análise individual para cada caso. 4.1 Etapa 1 – Definição dos Objetivos É necessário estar claro e definido o destino do resultado a ser gerado, uma vez que o processo de calibração poderá ser realizado com diferentes níveis de aprofunda- mento e abrangência, dependendo do destino do resultado. Por exemplo: ● Dados para ajustes e regulagens: o estudo se restringe a apenas poucos pontos da faixa de medição do sistema de medição de calibração; ● Levantamento de curva de erros para futura correção: primeiramente devem ser definidas as condições de operação do equipamento e em seguida realizar a medição repetidas vezes, bem como abranger uma faixa grande de pontos de medição para reduzir a incerteza nos valores da tendência e da correção; ● Dados para verificação: a quantidade de dados a ser levantada tem uma in- tensidade intermediária orientada por normas e recomendações específicas na metrologia legal; ● Avaliação completa do SMC: abrange diversas operações de calibração em diferentes condições operacionais, por exemplo: influência da temperatura, tensão da rede, campos eletromagnéticos, vibrações etc. 61UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO 4.2 Etapa 2 – Identificação do Sistema de Medição a Calibrar (SMC) É fundamental o estudo prévio e aprofundado de diferentes sistemas de calibração: manuais, catálogos, normas e literatura complementar para que se possa: ● Identificar as características metrológicas e operacionais necessárias. É impor- tante tentar identificar todas as características possíveis. ● Conhecer o modo de operação do SMC: é necessário utilizar o sistema correta- mente. Logo, é necessário possuir conhecimento das recomendações forneci- das pelo fabricante. Não se deve operar o sistema com base na tentativa e erro para não estragar o equipamento. ● Documentar o SMC: a calibração será válida única e exclusivamente para o equipamento de medição analisado. Logo, é fundamental caracterizá-lo ade- quadamente (número de série, fabricante, modelo, características etc.). 4.3 Etapa 3 – Seleção do Sistema de Medição Padrão Tomando como base os dados obtidos na etapa 2, selecionar apropriadamente o sistema de medição, considerando: ● A incerteza do sistema de medição padrão utilizado nas condições de calibra- ção idealmente não deve ultrapassar a um décimo da incerteza esperada para o sistema de medição a ser calibrado. Lembrando que, caso a incerteza padrão esteja impressa em termos percentuais, é necessário que a escala a ser medida tenha o mesmo valor de referência, ou seja, que também seja expressa em condições percentuais ou que pelo menos sejam efetuadas as devidas com- pensações; ● Faixa de medição: o sistema de medição padrão a ser utilizado deve neces- sariamente cobrir toda a faixa de medição do sistema a ser calibrado. Caso isso não ocorra, pode-se utilizar mais de um sistema padrão para que haja a cobertura total da faixa de medição. 4.4 Etapa 4 – Preparação do Experimento Com a finalidade de minimizar tempo e custos envolvidos no processo de calibração é necessário evitar medidas erradas, medidas repetidas etc. Para isso, é recomendado efetuar um planejamento minucioso do processo de calibração e das operações complementares. O planejamento da calibração e seus processos complementares de preparação envolvem: 62UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO ● Executar a calibração com processos e procedimentos estabelecidos por docu- mentos em normas específicas; ● Em caso de não existência de documentos e procedimentos de calibração, faz-se necessária a realização de um estudo prévio de normas e manuais ope- racionais de equipamentos semelhantes, manual técnicos e recomendações do fabricante. ● Estudo do sistema de medição padrão: para o correto uso e para garantir a confiabilidade do equipamento é necessário que o usuário tenha conhecimento do modo de operação e do funcionamento do sistema de medição e do equipa- mento de medição. ● Esquematização do ensaio: passo a passo da montagem a ser efetuada, dos instrumentos a serem utilizados (medidor de temperatura, tensão de rede, umi- dade etc.) e da sequência do processo a ser seguido. ● Preparação das planilhas de coleta de dados: com função de otimizar o tempo e facilitar a análise de dados. ● Montagem correta do experimento: deve ser realizada com conhecimento téc- nico e cuidado. 4.5 Etapa 5 – Execução do Ensaio É importante lembrar de verificar as condições de ensaio, tais como: ambientais, operacionais etc., seguindo sempre o roteiro fixado no procedimento de calibração do equipa- mento em questão. É essencial a anotação de qualquer anomalia que possa vir a acontecer durante o processo de calibração. Essa anotação pode ser importante para entender e justifi- car a provável causa de algum resultado ou efeito inesperado que possa ocorrer. 4.6 Etapa 6 – Processamento e Documentação dos Dados É fundamental anotar e detalhar no memorial todos os cálculos e transformações matemáticas realizadas durante o processo, se possível expondo em tabelas ou gráficos para que fique da forma mais clara possível. 4.7 Etapa 7 – Análise dos Resultados Com base nas curvas de erros obtidas e dos valores calculados para as diferentes faixas de medição, são determinados (se for o caso) os diferentes parâmetros que se apli- cam as características metrológicas e operacionais, sendo que esses valores são sempre comparados a especificações já existentes, como normas, especificações do fabricante, entre outros, e sendo utilizado como parecer final. O parecer final pode ou não estar de acordo com a conformidade do sistema de medição. 63UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO 4.8 Etapa 8 – Certificado de Calibração O Certificado de calibração é gerado a partir do memorial realizado na etapa ante- rior. Esse documento é o que será fornecido ao requisitante e deverá constar as condições operacionais do equipamento, os meios e métodos de calibração utilizados, bem como os resultados obtidos e o parecer técnico. A norma ABNT NBR ISO 10012-1 “Requisitos da Garantia da Qualidade para Equi- pamentos de Medição” prevê que os resultados das calibrações presentes no certificado de calibração devem ser registrados com detalhamento suficientes que permita a repetição e reprodução (sob condições semelhantes de medição). As informações a seguir são recomendadas para estarem presentes no Certificado de Calibração: ● Descrição e identificação individual do sistema de medição calibrado; ● Data da calibração; ● Os resultados da calibração obtidos após a calibração e, quando relevante, os obtidos antes dos ajustesefetuados; ● Identificação do(s) procedimento(s) de calibração utilizado(s); ● Identificação do sistema de medição padrão utilizado, com data e entidade executora da sua calibração, bem como sua incerteza; ● As condições ambientais relevantes (temperatura, pressão etc.); ● Declaração das incertezas envolvidas na calibração e seus efeitos cumulativos; ● Detalhes sobre quaisquer manutenções, ajustes, regulagens, reparos e modifi- cações realizadas; ● Qualquer limitação de uso (ex.: faixa de medição restrita); ● Identificação e assinaturas da(s) pessoa(s) responsável(eis) pelo processo de calibração, do gerente técnico do laboratório, bem como a identificação do laboratório que realizou a calibração; ● Identificação individual do certificado, com número de série ou equivalente, como exige a norma. Veja a seguir, na Figura 3, uma representação do procedimento geral de calibração. 64UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO FIGURA 3 - ESQUEMATIZAÇÃO DE UM PROCESSO GERAL DE CALIBRAÇÃO Fonte: Silveira (2005). https://docplayer.com.br/10199819-Calibracao-2-o-que-e-calibracao-de-um-instrumento-de-medicao.html . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 5 REDE BRASILERA DE METROLOGIA E QUALIDADE TÓPICO UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO No Brasil, o Inmetro, a partir da Lei nº 12.545/2011, ganhou a função de elaborar e expedir regulamentos técnicos no campo da avaliação da conformidade de produtos, pro- cessos e serviços, fazendo uso sistemático da avaliação da conformidade para demonstrar o atendimento de requisitos técnicos estabelecidos (BRASIL, 2011). Em comparativo entre as diretrizes normativas e legislativas da União Europeia, de países da Cooperação Econô- mica Ásia-Pacífico (Apec) e do Brasil, os fatores de risco para a avaliação de conformidade estão indicados no Quadro 1. QUADRO 1 - FATORES QUE INFLUENCIAM AS ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE POR REGIÃO/PAÍS Região/País União Europeia Países da Apec Brasil (Sistema brasileiro de avaliação de Conformidade – SBAC) Estratégias de avalição da conformidade. ● Atestação de primeira parte da declaração de conformidade do fornecedor (DF). ● Sistemas híbridos de certificação voluntária e compulsória; ● Sistemas que utilizam tanto a atestação de primeira parte (DF) como a de terceira parte. ● Certificação; ● Inspeção; ● DF. 66UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Fatores que influenciam a escolha do procedimento de avaliação da conformidade ● Nível de risco envolvido e grau de segurança requerido; ● Tipo de produto. ● Métodos de produção; ● Infraestrutura econômica do setor produtivo. ● Risco; ● Setor; regulamentado ● Tipo de produto. ● Características do produto; ● Risco do produto ● Infraestrutura de avaliação da conformidade existente. ● Dificuldade de acompanha- mento no mercado; ● Características do setor produtivo (p. ex.: tecnologia, presença de micro e pequenas empresas). Fonte: Adaptado de: Chamusca et al. (2019). A procura por certificação e por selos de qualidade de produtos, processos e ser- viços é uma necessidade de empresas no mercado, com o objetivo de reduzir custos, evitar desperdícios e aumentar a competitividade, impulsionadas pela contínua busca por maior qualidade e produtividade, atendendo a requisitos legais e ao nível de exigência dos clientes. O Inmetro, junto a suas entidades, tem como objetivo promover regulamentos metrológicos representativos, tanto nacional quanto internacionalmente. Dessa forma, criou Comissões Técnicas (CT) e grupos de trabalho (GT) de regulamentação metrológica. As comissões e grupos de trabalho são compostos por representantes do próprio Inmetro, da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (RBMLQ) e de outras entidades, que se reúnem para elaborar e avaliar os Regulamentos de Avaliação da Conformidade (RACs). As normativas brasileiras descrevem dois tipos de certificação: ● Certificação Voluntária: é uma necessidade do segmento, de interesse da empresa ou dos clientes; ● Certificação Compulsória: é uma exigência legal, estabelecida por meio de portarias, decretos e resoluções. O processo de certificação de um produto, processo ou serviço passa basicamente pelas mesmas etapas. Porém, cada segmento de produção tem sua característica própria, obedecendo a normas e sendo validado por instituições competentes para sua finalidade. Nessa primeira etapa, deve-se identificar o organismo avaliador do processo em questão, enviando a ele, junto com o pedido de certificação, os documentos solicitados; se aprovado, o processo se inicia. Em uma segunda fase, podem ser feitas amostragens in loco ou remo- tas do processo com produtos oriundos do sistema a ser certificado. Na etapa seguinte, as amostras são enviadas aos laboratórios competentes, os quais fazem as análises conforme normativas e metodologias estabelecidas e emitem um laudo informando o órgão avaliador dos resultados. 67UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Em caso de conclusão positiva, o avaliador analisa-os em conformidade com suas normas, padrões e metodologias, dando a autorização de uso dos selos requeridos e emi- tindo um certificado formal aprovado. Em casos de reprovação de auditorias, o auditado tem o prazo de 20 dias para apresentar um novo plano de ação, o qual deve ser enviado ao avaliador, que irá aprovar ou reprovar as ações realizadas. Em caso de reprovação das ações, o solicitante não é certificado. A Figura 4 apresenta um fluxo simplificado de todo o processo de solicitação de certificação. FIGURA 4 - FLUXO SIMPLIFICADO DE SOLICITAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO Fonte: O autor (2022). A estrutura metrológica brasileira é formada por Sinmetro, Conmetro e Inmetro, entidades criadas juntas por meio da Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973. Cada uma delas cumpre funções diferentes, mas complementares. O Sinmetro é formado por entidades públicas e privadas, exercendo atividades de normalização, qualidade industrial e certificação de conformidade. Suas atribuições são divididas nas seguintes categorias: 68UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO ● Metrologia científica e industrial — responsável pelos padrões de grandezas metrológicas; ● Metrologia legal — assegura os direitos do consumidor; ● Normalização e regulamentação técnica — elaboração de normas; ● Acreditação — por meio do Inmetro, o Sinmetro faz a acreditação de organismos de certificação; ● Certificação — o Sinmetro faz a certificação de conformidade nas áreas de pro- dutos, sistemas de qualidade pessoal e meio ambiente; ● Ensaios e calibrações — serviços executados por laboratórios, públicos ou privados, acreditados para realizar essa função. Por sua vez, o Conmetro é um órgão normativo presidido pelo Ministro do Desen- volvimento, Indústria e Comércio Exterior. Sua responsabilidade é a definição de regras nacionais sobre metrologia, normalização, qualidade industrial e certificação de conformi- dade. Entre suas atividades estão a uniformidade das unidades de medida utilizadas em todo o território nacional, o estabelecimento de normas referentes a materiais e produtos industriais, a definição de penalidades em caso de infração da legislação referente à metro- logia e a coordenação das atividades nacionais e internacionais de metrologia. Por fim, o Inmetro atua como órgão executor nessa estrutura, englobando metrolo- gia científica, industrial e legal e avaliação de conformidade, por meio da RBMLQ. A Figura 5 ilustra a organização básica das entidades brasileiras de metrologia entre as esferas política e técnica. FIGURA 5 - ORGANIZAÇÃO DAS ENTIDADES BRASILEIRAS DE METROLOGIA Fonte: O autor (2022). 69UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO A RBMLQ está presente em todos os estados, emcada qual com suas especifici- dades. A presença de seus avaliadores e da rede de laboratórios dá enfoque ao aprimora- mento das ações de defesa do consumidor e da cidadania e ao alinhamento do sistema de acordo com os padrões internacionais recomendados pela Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML). Isso contribui para a inserção de produtos brasileiros em outros mercados, assim como protege os consumidores de possíveis anormalidades de produtos oriundos de outros países. A RBMLQ é composta por 26 órgãos metrológicos, com sedes nas 26 capitais, sendo 21 órgãos da estrutura dos governos estaduais, 2 órgãos municipais e os 3 restantes administrados pelo próprio Inmetro. Além disso, a agência está presente em 65 cidades do interior, com 23 postos de verificação de distribuição de combustíveis. Suas atividades delegadas incluem a verificação de instrumentos de medição e medidas materializadas, a inspeção e fiscalização de técnicas de métodos de medição, a emissão de laudos técnicos de medição e a autorização de empresas de reparo de artefatos. A consolidação da cultura metrológica é estratégica fundamental para o desenvol- vimento de um país, contribuindo para a produtividade, a qualidade de produtos e serviços e a redução de custos. Essa é uma ação permanente que requer ações na sociedade em geral, uma vez que todos se beneficiam. Não podemos esquecer que temos um longo percurso pela frente, pois ainda não há uma padronização total de medidas, e em algumas cidades e comércios específicos seguem sendo usadas unidades de grandeza variável. 70UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO 70 Para aumentar seu conhecimento a respeito do conteúdo de calibração, deixo como sugestão a leitura do artigo intitulado: Análise dos métodos tradicionais para escolha da periodicidade na calibração de instrumentos: estudo de caso, apresentado no Congresso de Educação Científica em Minas Gerais no ano de 2016. A seguir, encontra-se o resumo do artigo escrito pelos autores e o link para o acesso. “A calibração em instrumentos de medições deve ser uma atividade normal de produção tendo em vis- ta que para assegurar uma boa qualidade no produto ela é indispensável. Cada organização define uma periodicidade para calibrar seu equipamento que melhor se enquadre nos termos financeiros e de quali- dade. Os instrumentos podem ser submetidos a influências externas diferentes, tais como: temperatura, umidade, tempo de uso, maneira de como o instrumento é manuseado, fazendo necessária a utilização de um ou vários métodos de calibração dependendo das condições que se encontram. Sendo assim, muitas empresas submetem seus instrumentos à calibração periódica para manter a confiabilidade nas medições, segurança nos resultados e controle nos processos. Este artigo tem como objetivo através de um estudo de caso, apresentar cinco métodos de calibração para melhor definir a periodicidade nas calibrações dentro de empresas e descrever o processo utilizado por duas empresas de ramos diferentes”. Fonte: TRINDADE, C. F.; SANTOS, C. M. A.; CHAVES, A. S. Análise dos métodos tradicionais para escolha da periodicidade na calibração de instrumentos: estudo de caso. Minas Gerais, 2016. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2016/anais/arquivos/0844_0520_01.pdf. Acesso em: 20 jun. 2022. http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2016/anais/arquivos/0844_0520_01.pdf 71UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO “Selecionar a correta forma de medição e medir as coisas corretamente é um pouco de arte e ciência” Fonte: (Pedro Paulo Balestrassi). http://lattes.cnpq.br/8999535447828760 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO Nesta terceira unidade aprendemos que a calibração nada mais é que um procedi- mento experimental em que é estabelecido (em condições específicas) a relação entre os valores que um sistema de medição fornece e as grandezas estabelecidas pelos padrões. Aprendemos também a importância da elaboração de um relatório final de calibração que deve conter o máximo possível a respeito do procedimento utilizado, dos dados obtidos e das condições de calibração para que seja seguida em sua utilização. Discutimos que existem diferentes destinos/objetivos para o resultado da calibração e, por isso, é importante entender bem qual o objetivo para que se possa aplicar o melhor método e focar nos dados e informações que são importantes. Discutimos também os métodos de calibração direta e indireta. Nesse tópico aprendemos em que devemos usar cada um dos métodos, suas vantagens e suas complicações. Finalizamos elaborando um procedimento de calibração em oito etapas e um flu- xograma de calibração para otimizar tempo e entender de forma simples como é realizado um processo de calibração. 73 Informativo retirado do texto Multa de radar eletrônica só é legal se equipamento estiver vistoriado, informa Contran, escrito pela jornalista Clara Mousinho. “Os motoristas infratores podem ficar desobrigados de pagar multas, se o radar eletrônico não estiver com a vistoria em dia pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normali- zação e Qualidade Industrial (Inmetro)”. Fonte: MOUSINHO, C. Multa de radar eletrônico só é legal se equipamento estiver vistoriado, informa Contran. Agência Brasil. 2007. Disponível em: http://memoria.ebc.com. br/agenciabrasil/noticia/2007-12-06/multa-de-radar-eletronico-so-e-legal-se-equipamento- -estiver-vistoriado-informa-contran. Acesso em: 20 jun. 2022. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2007-12-06/multa-de-radar-eletronico-so-e-legal-se-equipamento-estiver-vistoriado-informa-contran http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2007-12-06/multa-de-radar-eletronico-so-e-legal-se-equipamento-estiver-vistoriado-informa-contran http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2007-12-06/multa-de-radar-eletronico-so-e-legal-se-equipamento-estiver-vistoriado-informa-contran 74 MATERIAL COMPLEMENTAR 74UNIDADE 3 CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO LIVRO Título: Calibração de Instrumentos de Medição Autor: Marcelo Kobayoshi Editora: Saraiva Sinopse: A qualidade da produção industrial depende, em gran- de parte, da exatidão das medidas empregadas em seus pro- jetos e serviços. Com isso em mente, a SENAI-SP Editora lança Calibração de Instrumentos de Medição como um importante recurso para o estudo e aprendizado dessa área tão essencial. Além da calibração de instrumentos de medição em si, outros aspectos envolvidos na sua realização são abrangidos, como, por exemplo, a compreensão e implementação da avaliação e expressão da incerteza em seus resultados. Sendo uma obra atual e moderna, constitui um importante recurso didático e de pesquisa para alunos e professores da área tecnológica. FILME / VÍDEO Título: Estrelas Além do Tempo Ano: 2015 Sinopse: No auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientis- tas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-ame- ricanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Mensurando invariável versus variável; • Uma medida x Várias medidas; • Avaliação do resultado da medição de um mensurando invariável; • Avaliação do resultado da medição de um mensurando variável; • Calibração e confiabilidade metrológica. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar mensurado invariável e mensurando variável; • Compreender quando utilizar medida única e quando realizar várias medidas; • Estabelecer a importância do resultado de medição com mensurando variável e mensurando invariável. 4UNIDADEUNIDADE RESULTADORESULTADO DADA MEDIÇÃOMEDIÇÃO Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos 76 INTRODUÇÃO UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Seja bem-vindo (a) a nossa quarta e última unidade da disciplina de Metrologia. Para encerrar nossa jornada, estudaremos sobre medidas (mensurando) variáveis e inva- riáveis. Veremos como definir cada um durante um processo de medição e quais os itens a serem levados em conta. Em seguida no segundo tópico discutiremos quando é conveniente realizar apenas uma medição e quando é necessário realizar mais de uma medição para que o resultado seja de fato confiável. No terceiro tópico, estudaremos formas de calcular a medição de um mensurando invariável, aprenderemos fórmulas e conceitos que nos auxiliarão a obter medidas com alto nível de precisão. Para encerrar nossos estudos, no quarto e último tópico iremos estudar itens semelhantes ao terceiro tópico, só que desta vez para mensurando variável. Por ser variável, pode ser que o nível de complicação eleve um pouco, no entanto você verá que com um pouco de prática ficará fácil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 1 MENSURANDO INVARIÁVEL VERSUS VARIÁVEL TÓPICO UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO O resultado de uma determinada medição deve sempre manter seu compromisso com a verdade para que o resultado, ao ser utilizado de forma técnica ou científica, possa re- presentar de forma mais fiel possível à realidade. Em outras palavras, o resultado da medição deve fornecer aquilo que as técnicas e o bom senso nos permitem afirmar e nada mais que isso. Por isso, é essencial a credibilidade do resultado (GONÇALVES JUNIOR, 2002). Tomemos como exemplo o que sabemos do Brasil. É estimada uma extensão terri- torial de 8511.965 km² do país. No entanto, tecnicamente é impossível medir um número tão grande desse com tamanha precisão, não há técnicas viáveis para isso, nem por terra, nem por satélite, nem por outros meios conhecidos. Logo, é necessário embutir um erro estatístico nesse valor. O erro relativo é de 0,000012%, então a forma mais correta de escrever o valor da extensão territorial do brasil é de: (8.500.000± 100.000) km² (NEVES, 2009). Temos plena convicção de que não existe um sistema de medição perfeito e que, por menor que seja o erro, sempre irá existir o que nos leva a concluir que é impossível obter uma medida exata de um sistema que não é 100% exato. No entanto, mesmo com a presença de um sistema imperfeito, é possível obter medidas confiáveis (GONÇALVES JUNIOR, 2002). Nesse tópico, começaremos apresentando detalhes dos procedimentos que nos levam a obter um resultado de medição (RM) correto e confiável, composto por uma faixa que quantifica a incerteza da medição (IM). 78UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Por razões didáticas, abordaremos o conteúdo de forma progressiva. Nesse tópico, discutiremos situações idealizadas em que os erros de medição possuem origem apenas das imperfeições do sistema de medição (SI) que poderá ser caracterizado pela correção, repe- titividade ou ainda pelo seu erro máximo. Apesar de ser tratado como situação idealizada, é perfeitamente aplicável em diversas situações e diferentes casos práticos em que os erros do sistema de medição são dominantes. 1.1 Mensurando Invariável Versus Variável De acordo Incerpi (2008), o mensurando de um sistema de medição pode ser clas- sificado como variável ou como invariável quando tratamos de formulação de um modelo adequado para a determinação do resultado de medição. O sistema de medição será inva- riável quando a medida permanecer constante durante o período que há interesse no valor a ser medido, por exemplo: a massa de uma peça metálica ao ser posta em uma balança será sempre igual. Ao contrário da temperatura de uma sala ao longo de um dia que irá variar com o passar do tempo, sendo esse um exemplo de mensurando variável, isto é, o valor sofre alterações ao longo do tempo/posição no interior da sala. A rigor, em termos científicos profundos, não existe um mensurando invariável, uma vez que estamos mudando a todo instante. Se pensarmos numa peça metálica em cima de uma balança, por si só ela já está oxidando na presença do oxigênio do ar, fazendo com que haja a perda de massa à nível molecular. No entanto, isso é uma discussão filosófica que não entraremos em detalhes aqui, por isso iremos considerar que um mensurando é invariável quando o sistema de medição não consegue detectar a sua variação, ou seja, sempre que a variação for inferior à sua resolução, consideramos que será um Sistema de Medição Invariável (INCERPI, 2008). Gonçalves Júnior (2002) destaca que a classificação de variável ou invariável são características que não dependem apenas do mensurando, mas também do sistema de medição a ser utilizado. O autor exemplifica: se pensarmos no diâmetro de uma peça ci- líndrica que porventura foi usinada com imperfeições geométricas em sua forma cilíndrica, fatalmente seu diâmetro irá sofrer variações ao longo do corpo, fazendo com que a peça (mensurando) seja um mensurando variável ou invariável, dependendo do sistema de me- dição a ser utilizado. Se for um sistema de alta precisão e detectar diferenças, mesmo que pequenas, ao longo do corpo, então estaremos tratando de um sistema variável, no entanto se o sistema de medição não possuir alta resolução e não detectar variação ao longo do corpo, estaremos tratando de um mensurando invariável. Logo, concluindo o raciocínio, é necessário levar em conta não apenas o corpo a ser medido, mas também o sistema de medição a ser utilizado. 79UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Em termos simplificados: ● Variável: quando as variações do mensurando são maiores que a resolução do sistema de medição; ● Invariável: quando as variações do mensurando são inferiores à resolução do sistema de medição. Incerpi (2008) destaca que para realizar a estimação do resultado de medição de um mensurador invariável, é necessário, além das indicações obtidas, as características do sistema de medição. Já para casos em que o mensurado é variável, além das considerações do sistema invariável, deve ser levado em conta também as considerações de variação do mensurando. Logo, se o mensurando varia, o resultado da medição deve registrar esta variação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 2 UMA MEDIDA X VÁRIAS MEDIDAS TÓPICO UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Campos (2008) diz que é comum empresas utilizarem o resultado de apenas uma medição e que isso acontece por diversos motivos, como economia de tempo, economia de dinheiro, comodidade, praticidade, entre outras. Do ponto de vista metrológico, essa prática está correta em diversas situações, no entanto a incerteza da medição será maior, podendo prejudicar a qualidade do processo ou não, pois há casos em que apenas uma medida já é perfeitamentecabível. O autor afirma ainda que a repetição da medição de uma mesma peça pode ocasionar em maior tempo na mesma função e exigirá cálculos adicionais, uma vez que será necessário realizar o cálculo da média e do desvio padrão. No entanto é justificável e compreensível a utilização de mais de uma medida quando se deseja minimizar a incerteza da medição ou quando estamos lidando com um mensurando variável. Gonçalves Júnior (2002) explica que, no primeiro caso, sempre haverá a influência de erros aleatórios e que não é necessário grande número de repetições para que haja a diminuição da incerteza da medição. No entanto, no segundo caso, quando a medição é realizada em um mensurando variável, faz-se necessário realizar diversas medidas visando coletar resultados suficientes que permitam caracterizar a faixa de variação do mensurando em questão, sendo que, nesse caso, não há coesão realizar apenas uma medida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 3 AVALIAÇÃO DO RESULTADO DA MEDIÇÃO DE UM MENSURANDO INVARIÁVEL TÓPICO 81UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Segundo Incerpi (2008), para casos em que há várias fontes de incertezas rele- vantes envolvidas, utiliza-se uma metodologia para determinar o resultado da medição do qual o ponto de partida é primeiramente determinar o balanço de incertezas no processo de medição. O autor destaca ainda que caso haja a presença de medições indiretas, as incertezas envolvidas devem ser corretamente combinadas. Com as informações em mãos, passa a ser possível a aplicação e a determinação do resultado da medição. No entanto, é necessário que a pessoa que irá efetuar a medição seja apta a realizar o processo para que, desta forma, seja garantindo o tripé: bom senso, honestidade e conhecimento técnico (GONÇALVES JUNIOR, 2002). Para que o resultado da medição seja expresso de forma correta, é necessário analisar e verificar a situação na qual o processo de medição está sendo realizado. A seguir serão explicadas algumas situações de medição. Doebelin (1990) explica que, do ponto de vista metrológico do sistema de medição, é interessante compensar os efeitos sistemáticos, uma vez que sempre haverá um ganho que irá implicar na redução da incerteza de medição. No entanto, por diversos motivos, como simplificação de processo, rapidez/agilidade e questões operacionais, nem sempre os erros sistemáticos são levados em conta ou são compensados. A metrologia não define essa prática como errada, contudo essa prática pode aumentar a incerteza da medição. O autor explica como são obtidos dois resultados de medição, um sendo obtido com a compensação dos efeitos sistemáticos e outro sendo obtido sem a compensação dos efeitos sistemáticos. 82UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO 3.1 Compensando Efeitos Sistemáticos Para casos em que é realizada a compensação dos efeitos sistemáticos, deve-se conhecer o valor de correção (C) e o valor de repetitividade (Re), é necessário também considerar todos os valores e condições reais do processo de medição, incluindo o real número de medições realizadas e os limites de variação das grandezas de influência. Te- remos então: • Casos em que é efetuada apenas uma medição, o resultado da medição será dado pela seguinte equação: RM = I + C ± Re Equação (1) Em que: I: indicação obtida; C: correção do sistema; Re: Repetitividade do sistema de medição. • Casos em que são efetuadas “n” medições, o resultado da medição será dado pela seguinte equação: Equação (2) Onde: MI : média das indicações; C : correção do sistema; Re : Repetitividade do sistema de medição; n : número de medições. 3.2 Não Compensando Efeitos Sistemáticos Nesse caso, como o próprio título já sugere, não há a compensação dos efeitos sistemáticos, seja por desconhecimento do valor ou pela falta de interesse de realizar a compensação. Assim, o erro máximo deverá ser utilizado na estimação do resultado da medição. 83UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO • Casos em que é efetuada apenas uma medição, o resultado da medição será dado pela seguinte equação: RM = I ± Emax Equação (3) No qual: I : indicação obtida Emax : erro máximo do sistema de medição nas exatas condições em que a medição foi efetuada. • Casos em que o operador decida investir tempo no processo de medição e faça repetidas medidas (n vezes) do mensurando e ao final calcular a média obtida. O esforço realizado pelo operador não terá grande influência no resultado final da medição, uma vez que o erro máximo contém a combinação das duas parcelas: sistemáticas e aleatórias. No entanto, não contém a proporção exata de cada uma, logo, não será possível minimizar sua influência de forma confiável pela repetição de medidas, sendo que o resultado será estimado pela equação: RM = MI ± Emax Equação (4) Em que: MI : média das “n” indicações disponíveis; Emax : erro máximo do sistema de medição nas exatas condições em que a medição foi efetuada. 3.3 Exercício Prático Esse problema retirado da Apostila de Metrologia de Gonçalves Júnior (2002). a) Quando saboreava seu delicioso almoço no restaurante universitário, um estu- dante achou uma pepita de ouro no meio da sua comida. Dirigiu-se, então, ao laboratório com a finalidade de determinar o valor da massa da pepita usando uma balança. O aluno não conseguiu localizar a curva de erros da balança, mas o valor ± 2,0 g, correspondendo a seu erro máximo, estava escrito na bancada. O aluno, inicialmente, mediu apenas uma única vez, tendo obtido como indicação 32,8 g. O que pode ser dito sobre o valor da massa da pepita? 84UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Solução: A massa de uma pepita é um mensurando invariável. O aluno fez apenas uma única medição e dispõe apenas do erro máximo da balança. Os efeitos sistemáticos, sendo desconhecidos, não poderão ser compensados. Assim, a incerteza da medição será o próprio erro máximo, utilizando a equação 3, temos: RM = I ± Emax RM = (32,8 ± 2,0) g (I) b) Não satisfeito com a incerteza da medição, que lhe pareceu muito grande, o aluno obteve as nove indicações adicionais listadas a seguir, todas em gramas. Para esta condição, qual o novo resultado da medição? 32,0 33,2 32,3 32,9 32,1 33,4 33,3 32,9 32,1 Solução: Agora dez indicações estão disponíveis. É possível calcular o resultado da medição através da média das indicações disponíveis (equação 4). Embora um trabalho maior tenha sido realizado, seu efeito sobre o resultado da medição é quase inexpressivo. Assim: MI = 32,70 g RM = MI ± Emáx RM = 32,70 ± 2,0 RM = (32,7 ± 2,0) g (II) c) Quando chegava ao trabalho após o período de almoço, o laboratorista, en- contrando o felizardo aluno ainda no laboratório, foi buscar o certificado de calibração da balança. Juntos constataram que, para valores do mensurando da ordem de 33 g, essa balança apresenta correção de + 0,80 g e repetitividade de 1,20 g. Para essas novas con- dições, qual o resultado da medição? 85UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Solução: Se o aluno usasse apenas a primeira indicação obtida, o resultado da medição seria estimado por meio da equação (1): RM = I + C ± Re RM = 32,8 + 0,80 ± 1,20 RM = (33,6 ± 1,2) g (III) Entretanto, como dez indicações estão disponíveis, é possível tirar proveito destas. Os efeitos sistemáticos podem ser compensados, pois a correção é conhecida. O resultado da medição é calculado por: Estes quatro resultados estão graficamente representados na figura abaixo. Note que a redução da faixa de dúvida (incerteza da medição) é expressiva quando são compen- sados os erros sistemáticos. É ainda mais marcante quando, além de compensar os erros sistemáticos, são feitas medições repetitivas e a média é considerada. FIGURA 1 - RESULTADOS Fonte: Gonçalves Júnior (2002). . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 4 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE UM MENSURANDO MENSURÁVEL TÓPICO UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Para casos de avaliação do resultado da medição de um mensurando variável, Gonçalves Júnior (2002) ressalta que nessa situação específica o valor do mensurando não é único e deverá apresentar alguma variação ao longo do tempo. Dessa forma, o resultado da medição deverá expressar uma faixa que contenha todos os possíveis valores a serem assumidos pelo mensurando nas exatas condições que é observado/medido. O autor lem- bra ainda que as incertezas que envolvem o processo de medição devem ser consideradas também e que isso amplia ainda mais a faixa de valores a ser assumida. O mesmo autor destaca ainda que o resultado da medição só será alcançado se seguir as seguintes hipóteses: ● Se a incerteza expandida tiver sido estimada a partir de um conjunto suficiente- mente grande e que represente todas as variações do mensurando; ● Se foi considerado para o componente de incerteza padrão relativo à repetitivi- dade para uma medição e não para a média de “n” medições. Semelhante ao estudo do tópico anterior, aqui também serão apresentadas e discutidas duas situações diferentes, abordadas pelos autores Gonçalves Júnior (2002) e Doebelin (1990), para a determinação do resultado da medição, diferenciando em função da compensação ou não dos efeitos sistemáticos. 87UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO 4.1 Compensando Efeitos Sistemáticos • Nesse caso, o resultado da medição não irá ser uma dependente do número “n” de medições e será obtido da soma da média das indicações com a correção, sendo que a incerteza da medição será formada pelo módulo de máxima variação e pela repetitividade do sistema de medição em relação a média das indicações. RM = MI + C ± (Re + ∆Imáx) Equação (5) Em que: MI: média das “n” indicações disponíveis; C: correção do sistema de medição; Re: repetitividade do sistema de medição. ∆Imáx: valor absoluto da diferença máxima entre as indicações e seu valor médio. 4.2 Não Compensando Efeitos Sistemáticos • Nesse caso, seja por simplicidade, agilidade do processo ou até mesmo por des- conhecimento, o valor da correção não será utilizado para compensar os efeitos sistemá- ticos durante o processo. Assim, deve-se usar o erro máximo para estimar o resultado da medição. Dessa forma, o resultado deverá ser calculado a partir das médias das medidas obtidas (ou em caso de apenas uma medida, utilizar a medida única) e a incerteza da medição será estimada pela soma do erro máximo do sistema de medição com a variação máxima das indicações em relação ao seu valor médio: RM = MI + (Emáx + ∆Imáx) Equação (6) Em que: MI : média das “n” medições disponíveis; ∆Imáx : valor absoluto da diferença máxima entre as indicações e seu valor médio; Emáx : erro máximo do sistema de medição nas exatas condições em que as medições foram efetuadas. As conclusões obtidas a partir das discussões apresentadas neste tópico e no tópico anterior permitem construir o seguinte quadro geral (Quadro 1) para auxiliar na de- terminação do resultado da medição. 88UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO QUADRO 1 - RESUMO DOS DIFERENTES PROCESSOS DO RESULTADO DAS MEDIÇÕES Tipo de mensurando Dados conhecidos do sistema de medição Número de medições efetuadas n =1 n > 1 Invariável Emáx RM = I Emáx RM = MI Emáx C e Re RM = I + C Re Variável Emáx Não se aplica C e Re Não se aplica Fonte: Adaptado de: Incerpi (2008). 4.3 Exercício Prático Esse problema foi retirado da Apostila de Metrologia de Gonçalves Júnior (2002). a) Pretende-se determinar o diâmetro de uma bola de gude. Para tal, dispõe-se de um paquímetro com erro máximo de ± 0,10 mm, estimado para as condições em que as medições são efetuadas. Um total de 10 indicações foram obtidas e estão listadas a seguir, realizadas em diferentes posições diametrais, procurando atingir os valores extremos do diâmetro. Qual o diâmetro desta bola de gude? 20,8 20,4 20,5 20,0 20,4 20,2 20,9 20,3 20,7 20,6 Solução: Como não se pode esperar “perfeição” na geometria de uma bola de gude, é pru- dente tratá-la como mensurando variável. São disponíveis 10 indicações e uma estimativa do Emáx, portanto, a equação (6) deve ser usada. Calcula-se inicialmente a média das 10 indicações: MI = 20,48 mm Verifica-se que o ∆Imáx ocorre para a indicação 20,0 mm, assim: ∆Imáx = | 20,0 - 20,48 | = | - 0,48 | = 0,48 mm 89UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Calcula-se o resultado da medição a partir da equação 6: RM = MI ± (Emáx + ∆Imáx) RM = 20,48 ± (0,10 + 0,48) RM = (20,5 ± 0,6) mm b) Numa tentativa de melhorar o resultado da medição, estimou-se, a partir de um grande número de medições repetitivas de um bloco padrão de (20,5000 ± 0,0004) mm, que a correção desse paquímetro é -0,04 mm e sua repetitividade ± 0,05 mm. Com esse dado adicional, estime novamente o resultado da medição. Solução: Sendo a correção conhecida, esta deve ser compensada e o RM calculado pela equação (5). Assim: RM = MI + C ± (Re + ∆Imáx) RM = 20,48 - 0,04 ± (0,05 + 0,48) RM = (20,44 ± 0,53) mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 5 CALIBRAÇÃO E CONFIABILIDADE METROLÓGICA TÓPICO UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Nós já estudamos que, por mais sofisticado que um instrumento de medição possa ser, ele não é e nunca será perfeito. Para garantir que o instrumento está nas condições necessárias para fornecer uma medição com poucos erros e alta confiabilidade, deve-se periodicamente passar por processos de calibração. A calibração é um conjunto de opera- ções que estabelece a relação correta entre o valor medido por um instrumento e um valor de uma referência padrão. Ou seja, são os procedimentos aplicados em um instrumento para garantir que a medição realizada por ele é a mais próxima possível da medida real de uma grandeza (LIRA, 2014). Conforme nós já vimos, a calibração pode ser de dois tipos: 1. direta, em que a medida de referência é fornecida por um padrão material (um bloco padrão de dimensão conhecida e controlada, p. ex.), com a verificação realizada diretamente e de forma rápida. 2. indireta, fornecida por um meio externo (gerador da grandeza), que atua simulta- neamente no sistema de medição em calibração e no sistema de medição padrão. Ao se calibrar um instrumento, é necessário que a incerteza em relação à medida de referência seja a menor possível. Isso quer dizer que é preciso garantir que, ao calibrar um instrumento, ele não “carregará” a incerteza do padrão utilizado e não “reproduzirá” essa incerteza ao longo das várias medições em que será utilizado. Para evitar essa pro- blemática, é necessário que a calibração possua rastreabilidade metrológica. 91UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO A rastreabilidade metrológica é uma hierarquia de calibração estabelecida, que permite ao resultado de uma medição ser relacionado a uma medição de referência por meio de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a minimização da incerteza de medição. Os padrões e instrumentos calibrados com rastreabilidade garantida transferem exatidão às medições e possibilitam uma estimativa adequada da incerteza final de medição (MENDES e ROSÁRIO, 2020). A hierarquização de padrões e calibrações se organiza da seguinte forma (Figura 2). ● Padrão internacional: reconhecido por um acordo internacional que serve de base para o estabelecimento de valores a outros padrões; ● Padrão nacional: reconhecido por uma decisão nacional que serve de base para o estabelecimento de valores a outros padrões; ● Padrão de referência: padrão com a mais alta qualidademetrológica disponível em um local, do qual as medições executadas são derivadas; ● Padrão de referência da Rede Brasileira de Calibração (RBC): padrões que devem ser orientados pelos padrões nacionais. A RBC é uma rede de laborató- rios credenciados pelo Inmetro para realizar procedimentos de calibração; ● Padrão de referência de usuários: encontrado em indústrias, centros de pes- quisas, universidades, etc. Esses padrões devem ser calibrados pelos padrões de referência da RBC; ● Padrão de trabalho: padrão utilizado rotineiramente na indústria e em labora- tórios para calibrar instrumentos. FIGURA 2 - HIERARQUIZAÇÃO DOS PADRÕES E DAS CALIBRAÇÕES Fonte: Silva Neto (2018, p. 230). 92UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Ao calibrar um instrumento ou equipamento, é necessário fazer o registro da opera- ção e dos dados obtidos emitindo um Certificado de Calibração. Os certificados obedecem à norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005, que trata dos requisitos gerais para a acreditação de laboratórios. A calibração é necessária dentro de certos intervalos de tempo, que são definidos com base nas características de cada instrumento (finalidade, o tipo de grandeza que ele verifica), nas condições de utilização (oficinas ou laboratórios controlados) e nas orientações técnicas dos próprios fabricantes dos instrumentos. O Quadro 2 apresenta algumas recomendações de intervalos de tempo sugeridos para a calibração de alguns instrumentos de medição utilizados nas engenharias. QUADRO 2 - PERIODICIDADE SUGERIDA NAS CALIBRAÇÕES DE ALGUNS INSTRUMENTOS Instrumento Periodicidade de calibração (meses) Trena 6 Paquímetro 12 Micrômetro 12 Relógio Comparador 12 Bloco padrão 12 Termômetro de líquido em vidro 6 a 12 Termômetro de resistência (Pt-100) 12 Termopares 12 Termômetro bimetálico 12 Massa-padrão 24 Balança de precisão 12 a 36 Balança analítica 12 Multímetro digital 12 Osciloscópio 12 a 36 Fonte: Adaptado de: Mendes e Rosário (2020). Outro conceito de grande importância nos estudos de erros e incertezas na me- trologia é a confiabilidade metrológica, uma técnica que permite obter confiabilidade nos resultados de medições. É a probabilidade de que um produto ou serviço tenha desempe- nho aceitável diante de critérios definidos no projeto, por determinado intervalo de tempo, seja em condições normais ou hostis. Dessa forma, é possível garantir que um sistema de medição ou um instrumento transmita certeza e confiança nos resultados obtidos (LIRA, 2014; MENDES e ROSÁRIO, 2020). Entretanto, para que a confiabilidade metrológica seja a mais elevada possível, realizar calibrações de forma aleatória não é suficiente. É importante que sejam aplicados sistemas de gestão da qualidade, pois eles ajudam na orientação de medidas a serem 93UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO aplicadas, com documentação e registro de procedimentos e resultados, além de ajudar na rastreabilidade e no controle nos cuidados dos instrumentos. As normas da série ISO 9000, já bem difundidas como exemplos de normas para gestão da qualidade, possuem todo um completo conjunto de orientações para a garantia de qualidade de produtos e de processos no fornecimento de bens e serviços (LIRA, 2014). As mais conhecidas são as seguintes: ● ISO 9001: estabelece o conjunto de ações preventivas necessárias para garantir a qualidade de um produto após as fases de projeto, manufatura, instalação e serviços associados; ● ISO 9002: semelhante à anterior, mas não prevê atividades que assegurem a qua- lidade de um produto durante o projeto. ISO 9003: estabelece o conjunto de ações preventivas necessárias para garantir a qualidade de um produto após as etapas de inspeção e os ensaios finais. Na metrologia, a norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 (Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração) é o documento utilizado por labora- tórios privados. Nessa norma, foram incorporados todos os requisitos da ABNT NBR ISO 9001 relativos aos serviços de calibração e aos ensaios cobertos pelo sistema de gestão do laboratório. Para a aplicação dessas normas em metrologia, são necessários requisitos de duas naturezas (LIRA, 2014): 1. Requisitos da direção: implantação de um sistema de gestão; controle de documentos; análise crítica de pedidos, propostas e contratos; subcontratação de ensaios e calibrações; aquisição de serviços e suprimentos; atendimento ao cliente; reclamações; controle de trabalhos de ensaio e/ou calibração não conforme; melhoria; ação corretiva; ação preventiva; controle de registros; auditorias internas e análise crítica pela direção. 2. Requisitos técnicos: compreendendo pessoal; acomodações e condições am- bientais; métodos de ensaio e calibração e validação de métodos; estimativa da incerteza da medição; controle de dados; equipamentos; rastreabilidade de medição; amostragem; manuseio de itens de ensaio e calibração; garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração; apresentação de resultados; relatórios de ensaio e certificados de calibração; resultados de ensaio e calibração obtidos de subcontratados; transmissão eletrônica de resultados; formato de relatórios e certificados; emendas aos relatórios de ensaio e certifi- cados de calibração. 94UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO 94 Como curiosidade, sugiro a leitura de um artigo apresentado no XXXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, intitulado Análise dos sistemas de medição em uma empresa de trefilação de tubos de aço. No artigo os autores concluem que a realização do trabalho foi interessante, uma vez que ajudou a identificar que os instrumentos utilizados na empresa em questão, apesar de possuírem resolução centesimal e apresenta- rem bons resultados de linearidade e estabilidade, ainda assim não são corretos e não estão aptos a serem considerados ideais nas medições e controle de peças mais críticas, com tolerância restritiva. Os autores afirmam que o trabalho ajudou a proporcionar uma conscientização por parte dos funcionários envolvidos que participaram da pesquisa junto com os autores. Para saber mais acesse: http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_239_385_31082.pdf “O homem é a medida de todas as coisas, tanto das que são porque são como das que não são porque não são” Fonte: Protágoras. http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_239_385_31082.pdf 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Finalizamos nossa quarta unidade com diversos conteúdos discutidos. Começamos no primeiro tópico falando de mensurando invariável e mensurando variável, vimos que o conceito é bem simples e consiste basicamente na variação do mensurando ser maior ou menor que a resolução do sistema de medição. Aprendemos também quando devemos realizar mais de uma medição e quando não é viável/cabível à situação a realização de mais de um mensuramento. Finalizamos nossa apostila com os dois últimos tópicos discutindo a respeito do resultado de medição de um mensurando invariável e do resultado de medição de um mensurando variável. Em ambos os casos aprendemos a calcular para quando se tem mais de uma medida ou quando se tem apenas uma medida. Para facilitar o processo de apren- dizagem, foram resolvidos exercícios exemplos para fixação das equações apresentadas. Dessa forma, encerramos nosso conteúdo programático. Desejo a todos uma boa caminhada daqui para frente. 96 LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO Como leitura complementar sugiro uma notícia que, apesar de antiga, foi um fato muito marcante e que virou manchete em diversos jornais devido ao erro de metrologia cometido pela NASA. Um erro simples de conversão de pesos e medidas foi cometido pelos controladores de voo da NASA. Esse erro acarretou na destruição total da sonda espacial, chamada Mars Climate Orbiter, ao tentar entrar na órbita de Marte. Destacando mais uma vez a importância do conteúdo estudado e do aperfeiçoamentodas técnicas conhecidas. Fonte: Ferroni (2020). 97 MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 4 RESULTADO DA MEDIÇÃO LIVRO Título: Metrologia e Incerteza de Medição - Conceitos e Aplicações Autor: Alexandre Mendes e Pedro Paulo Novellino do Rosário. Editora: LTC. Sinopse: Este livro foi inicialmente concebido como material de apoio para o aprendizado da metrologia nos cursos de gradua- ção e pós-graduação nas áreas das engenharias, ciências exatas e afins. A abordagem intuitiva e o sequenciamento progressivo adotado tornam o livro adequado para pessoas autodidatas, bem como acessível para cursos técnicos e de educação con- tinuada. Essa nova edição acrescenta um capítulo sobre o uso de simulações numéricas para estimar incertezas de medição e um novo anexo com conceitos de estatística apresentados de forma intuitiva. O objetivo é que essa obra possa conduzir ao leitor a compreensão e aplicação consciente da metrologia em favor do aumento da confiabilidade do trabalho experimental. FILME / VÍDEO Título: Gravidade Ano: 2013. Sinopse: Dra. Ryan Stone e o astronauta Matt Kowalsky traba- lham juntos para sobreviver depois que um acidente os deixa completamente à deriva no espaço, sem ligação com a Terra e sem esperança de resgate. 98 ALMEIDA W. S., ROSA, V. A. O.; SILVEIRA, L. P. Desenvolvimento de um modelo ma- temático para calcular a incerteza na medição de uma peça-padrão com máquinas de medir por coordenadas. Catalão: SIENPRO - Simpósio de Engenharia de Produção, 2018. ALVES, F. R. R.; LUZ, M. P. Análise dos sistemas de medição em uma empresa de trefilação de tubos de aço. XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRO- DUÇÃO. Joinville, 2017. ARAÚJO, G. M. Elementos do sistema de gestão de SMSQRS - Sistema de Gestão Integrada. 2. ed. v. 2. São Paulo: Gerenciamento Verde Editora, 2010. ARAUJO, L. E. E. Introdução à avaliação e expressão de incerteza em medições. UNI- CAMP. Apostila - Instituto de Física Gleb Wataghin, 2017. BANNA, W. R. Metrologia orientada a controle automotivos. Brasília: NT Editora, 2017. BORCHARDT, M. Implantação de um sistema de confirmação metrológica. 1999. 154 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG), Porto Alegre, 1999. BRASIL. Lei nº 12.545, de 14 de dezembro de 2011. Dispõe sobre o Fundo de Finan- ciamento à Exportação (FFEX), altera o art. 1º da Lei nº 12.096, de 24 de novembro de 2009, e as Leis nºs 10.683, de 28 de maio de 2003, 11.529, de 22 de outubro de 2007, 5.966, de 11 de dezembro de 1973, e 9.933, de 20 de dezembro de 1999; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2011. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12545.htm. Acesso em: 17 jun. 2022. CAMPOS, J. R. C. Aspectos da confiabilidade metrológica na indústria de cerâmica vermelha em Pernambuco. 2008. 123 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pernambuco, 2008. CAVALARO, D. Metrologia e Mecânica Básica. 2016. Disponível em: https://www.siste- mafaep.org.br/wp-content/uploads/2021/11/PR.0314-Metrologia-Mecanica-Basica_web.pdf Acessado em: 29 de maio de 2022. 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Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. 104 Prezado (a) aluno (a), Chegamos ao fim de mais uma disciplina do nosso curso. O material apresentado buscou descrever o conhecimento básico necessário para que você possa crescer em sua profissão. Nessa disciplina expomos conceitos, ferramentas e exemplos que farão com que você alcance seus objetivos. Iniciamos nossas aulas discutindo a respeito da história da medição, de onde sur- giu e o como a metrologia, como ferramenta de qualidade, pode ajudar a garantir melhores processos para uma empresa. Aprendemos as medições em equipamentos importantes, como o paquímetro e o micrômetro, além de apresentar recomendações para a realização de uma medição precisa e eficiente. No decorrer da apostila novos tópicos foram inseridos, vimos como é o funcionamento de um sistema de medição e quais seus principais componentes, bem como a função de cada um deles. Compreendemos também os principais métodos de medição (deflexão, comparação e o método diferencial). Em um segundo momento durante nossa apostila, aprofundamos ainda mais nos- sos conhecimentos em metrologia com a calibração. Aprendemos que é na calibração que bons resultados se encontram, assim como a qualidade final do processo. Na calibração aprendemos alguns métodos usuais, suas vantagens, quem deve realizar o processo de calibração, também foi apresentado um fluxograma geral do processo de calibração. Já na unidade de número três estudamos como são realizadas operações básicas para a qualificação de um sistema de medição, seus padrões de calibração e quais empre- sas estão aptas a realizar a qualificação. Estudamos também os métodos de calibração e finalizamos apresentando um procedimento geral de calibração.Concluímos nosso ciclo, na unidade quatro, iremos estudando o mensurando variá- vel e invariável, neste momento foi abordado discussões acerca da forma de avaliação do resultado obtido tanto a partir de um mensurando variável quanto invariável e encerraremos a discussão abordando a calibração e a confiabilidade metrológica. A partir de agora você já está mais do que pronto (a) para seguir sua caminhada e encarar novos desafios, para que, desta forma, sua jornada profissional seja repleta de sucessos. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! CONCLUSÃO GERAL ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE Praça Brasil , 250 - Centro CEP 87702 - 320 Paranavaí - PR - Brasil TELEFONE (44) 3045 - 9898 Shutterstock Site UniFatecie 3: Botão 11: Botão 10: Botão 9: Botão 8: Unidade 1: Unidade 2: Unidade 3: Unidade 4: