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Psicologia Social e Religião

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Centro Universitário Celso Lisboa 
 Curso de Graduação em Psicologia 
 
 Psicologia Social e a Religião como Prática “Impostora” 
 
 Componentes Grupo: 
 Elisabeth Aparecida da Silva - 24116322 
 Julia Ellen de Sousa Freire da Silva – 23103312 
 Sabrina de Sousa Freire – 23103314 
 Taissa Cristina Leal Lima - 24116429 
 Thaís Gomes da Cruz Lapate - 24119113 
 
 
 Rio de Janeiro 
 01/2024 
 
 
 
 
1. História da Psicologia Social 
Abordaremos nessa pesquisa, uma das áreas da psicologia, que segundo 
(Aronson, Wilson e Akert, 2012) é definida como o estudo científico de como os 
pensamentos, os sentimentos e os comportamentos das pessoas são influenciados pela 
presença concreta ou imaginada de outras. 
A psicologia social teve início nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra 
Mundial, onde segundo Farr (1999, p.19), esse período foi o início da era moderna da 
psicologia social. 
O nascimento da área que discutiremos nesse projeto, deu-se a partir do estudo 
de um grupo de pesquisadores durante a Segunda Guerra Mundial. De acordo com Farr 
(1999, p.20), esses pesquisadores tinham como um dos objetivos de estudo, observar o 
comportamento dos soldados participantes da guerra através das atitudes e forma que 
se comunicavam dos guerrilheiros. 
 Vale ressaltar, que Farr esclarece que apesar da história classificar que o 
surgimento da psicologia social foi na Europa, pela consequência dos líderes acadêmicos 
e cientistas serem europeus, o autor através de Cartwrightn insiste que o 
desenvolvimento da psicologia social foi em solo americano, tendo esse acontecimento 
sido sacramentado através da migração desses pensadores da psicologia social da 
Europa para os Estados Unidos. 
O surgimento do nazismo na Alemanha, com o intelectualismo e anti-
semitismo pernicioso que o acompanharam, resultou, como todos 
sabemos muito bem, na migração para América de muitos líderes 
acadêmicos, cientistas e artistas da Europa. Mal poderíamos imaginar 
como seria a situação hoje se pessoas tais como Lewin, Heider, Kohler, 
Wertheimer, katona, Lazersfeld e os Brunswiks não tivessem ido aos 
Estados Unidos no momento em que foram (Cartwright, 1979, p.85) 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. A Psicologia Social como disciplina independente 
De acordo com Álvaro e Garrido (2006), a psicologia social iniciou a sua 
independência como disciplina científica através de definições e diferenciações da 
psicologia e sociologia. 
Os autores continuam e mencionam que desde o seu surgimento, no pensamento 
social europeu do século XIX, a psicologia social era caracterizada como uma disciplina 
plural. 
É importante mencionar que de acordo com Farr (1999), a história da psicologia 
social certifica que a psicologia social se desenvolveu nos Estados Unidos como uma 
subdisciplina da psicologia e não da sociologia. 
 
1.2. Psicologia Social x Sociologia 
A histórica interação entre as duas áreas causa interpretações, na maioria das 
vezes, equivocadas sobre ambas, onde a definição de cada uma pode de alguma forma 
falar pela outra. Entretanto, é importante o entendimento da diferenciação entre as áreas 
mencionadas, visto que, no surgimento da psicologia social tentava-se predominar 
através dos americanos um modelo psicológico de psicologia social e não sociológica. 
Podemos separar as definições de psicologia social e sociologia através da 
diferenciação dos métodos que utilizam. 
Em conclusão diríamos que a psicologia social e sociologia 
têm objeto material idêntico ou quase idêntico, porem diferem 
em relação ao método que utilizam (a psicologia social utiliza 
prioritariamente o método experimental e a sociologia prioriza 
outros métodos de pesquisa) e também no que concerne à 
unidade de análise (a psicologia social consideram o indivíduo 
em interação com outras pessoas, enquanto a sociologia dá 
maior ênfase à sociedade e às instituições sociais). 
(RODRIGUES, ASSMAR, JABLONSKI, 2022). 
 
1.3. Positivismo na psicologia social 
O positivismo nasceu da filosofia e tinha como objetivo reforçar o sentido de 
que só o conhecimento científico era o que deveria ser considerado. 
Na psicologia social, o positivismo aparece entre os conhecimentos passados 
pelos estudantes de uma geração para outra. 
Podemos citar como outra forma de positivismo na psicologia social, as 
explicações históricas dos autores da área que estamos abordando, onde para Jones 
(1985) a psicologia social era uma ciência experimental e para Allport (1954) era uma 
ciência social. Entretanto, ambos os autores caracterizam suas explicações históricas 
como uma filosofia positivista. 
 
1.4. História da Psicologia Social no Brasil 
O nascimento da Psicologia Social como campo de estudo remonta ao final do 
século XIX e início do século XX, com contribuições de diversos teóricos e pesquisadores. 
Para CORDEIRO (2019), no final da década de 1970, esse campo de estudo foi 
impulsionado pelo movimento de contraposição às práticas psicológicas hegemônicas 
daquele período no Brasil, que atravessava uma ditadura militar. Novos temas começam 
a protagonizar as discussões em Psicologia Social, buscando se desvencilhar de um 
pensamento individualista, buscando privilegiar temas de maior relevância social para a 
população brasileira. 
A partir da década de 1980, sobretudo com a criação da ABRAPSO (Associação 
Brasileira de Psicologia Social), a disciplina tomou um caminho diferente daquele 
estabelecido pelos estudos cognitivos e experimentais. Essa Associação surgiu como 
uma forma de reunir os pesquisadores e profissionais da área e estimular o 
desenvolvimento da psicologia social crítica no país. Bomfim (1989) sinaliza que no 
nascimento da Psicologia Social, estava presente o viés de um conhecimento que busca 
o controle dos comportamentos, a adaptação às estruturas sociais e o fortalecimento das 
desigualdades culturais. 
 
2. Psicologia Social e a Experiência Religiosa 
A Religião apresenta-se, desde tempos distantes, como um fenômeno na vida das 
pessoas. Ela tem o “poder” de influenciar comportamentos e regras, tem envolvimento 
com nossas condutas, com os aspectos éticos e a maneira como as pessoas se 
relacionam e se comportam em sociedade. O aspecto religioso pode contribuir também 
na constituição da subjetividade do indivíduo, expressa em crenças, valores, emoções e 
comportamentos a ela relacionados. 
A experiência religiosa é única, diferente das vivências do dia a dia, afeta as 
percepções centrais sobre si próprio e sobre a vida, pode mudar as noções 
sobre quem você é e o sentido ou significado da sua vida. A experiência 
religiosa é complexa do ponto de vista psicológico, envolvendo emoções, 
crenças, atitudes, valores, comportamentos, e ambiente social. Ela dá ao 
indivíduo um sentido de integridade. (Lotufo Neto, Lotufo Jr., & Martins, 2009, 
p. 13). 
Entretanto, a religião também pode trazer efeitos negativos para algumas pessoas, 
como, por exemplo, a recusa e negligência de tratamentos de saúde ou negação de um 
fator importante a ser tratado para superação de um trauma ou situação específica. A 
questão religiosa pode contribuir de forma positiva ou negativa no desenvolvimento 
humano, pois é difícil dissociar o modo de agir e pensar do “indivíduo”, do “indivíduo 
religioso”. 
Vergote (2001) defende a ideia de que o psicólogoestude as pessoas 
considerando-as em seu contexto cultural-religioso, tal como fazem os antropólogos. A 
observação psicológica constituiria então, em escutar as expressões religiosas e 
observar os comportamentos que a cultura designa como religiosos para interpretá-los 
em sua relação, sem ajuizamentos acerca da verdade de tais convicções. 
Ainda segundo o mesmo autor, alguns apontamentos estão sendo feitos por 
estudiosos sobre as consequências da aderência a algumas religiões específicas e os 
aspectos psicológicos ligados à sexualidade dos fiéis. Esses estudos retratam o prejuízo 
à saúde vindo da culpa alimentada pela religiosidade quanto à sexualidade. (VERGOTE 
2001). 
 
2.1. Psicologia e Religião juntas como construção de conhecimento 
A psicologia e a religião podem em algum momento ter pontos e metodologias que 
conversam entre si e produzem conhecimento juntas. Tanto a meditação quanto a forma 
que a Psicologia usa a fenomenologia para acessar e pensar de forma consciente as 
coisas como elas se apresentam, tem como base o mesmo propósito; fazer com que o 
indivíduo embarque numa experiência única e particular. 
A fenomenologia tem como foco a experiência, assim como a meditação. Esses 
conceitos têm formas similares de serem abordados. 
Tanto o termo meditação quanto a sua prática pertence a tradições religiosas. O 
esforço inicial de estabelecer uma relação entre esse conceito e a área da Psicologia 
parte do reconhecimento de uma similaridade entre o que é chamado meditação nas 
religiões cristãs e os movimentos propostos pelo método fenomenológico, como 
apresentado inicialmente por Hüsserl HÜSSERL, E. (1935/1976) e assimilado 
posteriormente pelas ciências humanas, entre elas a Psicologia. 
2.2. Religiosidade e Espiritualidade como Fator de Saúde Mental 
 O entendimento da religiosidade e espiritualidade se dá desde o nascimento do 
indivíduo e a sua interação com o meio, através do convívio com as pessoas próximas 
e de relevância dele. 
Face a esse entendimento, a pessoa vem seguir uma determinada crença, seja 
catolicismo, candomblé, evangélico ou outra, seguindo seus conceitos e ritos dentro 
daquela religião. Uma vez que o indivíduo tem sua formação e entendimento, ao vivenciar 
o sofrimento emocional, aflição ou dor, busca na religiosidade e espiritualidade o suporte 
no momento da crise, o acolhimento, aceitação, sentimento de pertencimento. Contudo, 
o lado positivo da religiosidade e espiritualidade, pode influenciar positivamente na saúde 
mental, na redução da ansiedade, depressão ou abusos de substâncias, auxiliando o 
indivíduo na força para lutar e superar as adversidades impostas a ele. Fleury et al (2018). 
2.3. Pseudoterapia x Psicologia Social 
Abordaremos neste tópico sobre os enfrentamentos que a Psicologia Social 
encontra. E que de alguma forma, a prejudica em seu caminho na tentativa de auxiliar a 
sociedade. 
Destacamos em tópicos anteriores a definição e o entendimento de Psicologia 
Social. E aqui reforçamos que Psicologia Social segundo Lane (1994), assinala que toda 
a psicologia é social, no entanto, isso não significa dizer que as áreas específicas da 
psicologia sejam engolfadas, ou seja, reduzidas à psicologia social, mas temos a clareza 
de que "[...] não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o ou 
fragmentando-o, como se este existisse em si e por si. 
Lane (1994) reconhece que uma ciência que analisa os mecanismos sociais busca 
sempre desafiar os sistemas sociais tradicionais em vigor, tendendo por isso, a 
desenvolver-se em épocas ou meios de grande efervescência. 
Entretanto, existem inúmeras situações em diversos campos e segmentos 
encontramos pseudoterapias, que podemos caracterizar como invasores que ocupam 
um espaço na sociedade e facilita um desvio, onde a Psicologia Social muitas das vezes 
não consegue alcançar e atuar. São eles: Organizações não governamentais, Partidos 
Políticos, Religião, Serviços Sociais, Tradição e Costumes da sociedade, entre outros. 
Não estamos aqui querendo afirmar que a Psicologia Social é maior ou melhor do 
que alguma outra área ou ciência, mas sim afirmar a importância da Psicologia Social 
para a sociedade, considerando que cada estudo ou ciência terá seu lugar e, 
consequentemente, não podem sobrepor ou ocupar o lugar do outro. 
Acreditamos que o melhor caminho para a sociedade é a diversidade e múltiplos 
caminhos de apoio e suporte que se possa oferecer, mas nunca a utilização de métodos 
para processos distintos em diferentes linhas de estudo, ciência, crenças e valores. 
Concluímos esse tópico, mencionando que nos tópicos seguintes abordaremos como a 
religião está cada vez mais atuante como um “impostor” da Psicologia Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Referências Bibliográficas 
 
 ARONSON, E.; WILSON, T.D.; AKERT, R.M. Psicologia Social. 3.ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2012. 
 FARR, R. As Raízes da Psicologia Social Moderna. 7.ed. Vozes,1999. 
 RODRIGUES, A.; ASSMAR, E.; JABLONSKI, B.; Psicologia Social. 33 ed. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2022. 
 BOMFIM, Elizabeth de M. Notas sobre a Psicologia Social e Comunitária no 
Brasil. Psicologia & Sociedade. Psicologia & Sociedade IV (7): 42-46. Set., 
1989. 
 CORDEIRO, Mariana Prioli; SPINK, Mary Jane Paris. Apontamentos sobre a 
História da Psicologia Social no Brasil. Estudos e Pesquisas em Psicologia, [S. 
l.], v. 18, n. 4, p. 1068–1086, 2019. DOI: 10.12957/epp.2018.42223. Disponível em: 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/revispsi/article/view/42223. Acesso em: 30 mar. 
2024. 
 Fundamentos teórico-práticos da psicologia social: um debate histórico e 
necessário. Pepsic Periódicos de Psicologia. Rev. psicol. polít. vol.15 no.32 São 
Paulo abr. 2015. Disponível em 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
549X2015000100002. Acesso em 06/05/2024. 
 
 LANE, Silvia Tatiana Maurer. (1980). Apresentação (pp. 67-71). Anais do I 
Encontro Brasileiro de Psicologia Social. São Paulo: ABRAPSO. 
 
 LANE, Silvia Tatiana Maurer. (1994). Psicologia social e uma nova concepção 
do homem para a psicologia. Em Lane, S. T. M. & Codo, W. (Orgs.), Psicologia 
social: o homem em movimento (pp. 10-19). São Paulo: Brasiliense. [ Links ] 
 
 LOTUFO, Neto, F., Lotufo Jr., Z., & Martins, J. C. (2009). Influências da 
religião sobre a saúde mental. Santo André, SP: ESETEC. 
 
 VERGOTE, A. 2001 “Reflexões”. In: PAIVA, G.J. (org.). Entre necessidade e 
desejo: diálogos da psicologia com a religião. São Paulo: Loyola, 9-24 
 
 HÜSSERL, E. (1935/1976). La crise dés sciences européennes et la 
phénoménologie transcendantale. Ed. Gallimard,Paris. 
 
 FLEURY, Luís Felipe de Oliveira et al. Religiosidade estratégias de coping 
satisfação com a vida: Verificação de um modelo de influência em estudantes 
universitários. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, v. 1, 
n. 20, p. 51-57, dez. 2018.

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