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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Metrologia Prof. Roberto Candido Pansonato Aula 3 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 CONVERSA INICIAL A metrologia é considerada a ciência da medição. O termo metrologia vem do grego “metron” que significa medida, e “logos” que significa ciência. De acordo com o VIM-2012 (Vocabulário Internacional de Metrologia), metrologia é a ciência das medições e suas aplicações. Veremos nesta aula o conjunto da terminologia empregada, bem como seus significados e aplicações. A grande maioria dos termos a serem tratados é de uso comum aos profissionais da área. Vamos dar uma olhada na videoaula para começarmos a entender alguns destes termos. Acesse-a no material on-line! CONTEXTUALIZANDO Problematização A empresa Super Grinding, do ramo de usinagem de metais especializada em retificações de precisão. Embora não tenha um grande volume de produção seriada, muitas de suas peças são utilizadas para serem montadas em conjuntos mecânicos em várias localidades, não só no Brasil, mas também em algumas empresas estrangeiras. Portanto, após vários anos trabalhando neste segmento pode-se dizer que esta empresa tem domínio sobre o seu processo e seu produto: bons profissionais, sistemas de medição confiáveis e bons equipamentos de manufatura. No entanto, ainda que a Super Grinding possuísse todo esse aparato que lhe dava um certo respaldo, houve, em uma certa ocasião, algo que mexeu com os brios de seus funcionários. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Em uma das peças fabricadas pela Super Grinding, neste caso um eixo de grande diâmetro, teria que ser montado com uma condição de ajuste deslizante (tipo H7 / g6 conforme NBR 6158) em uma carcaça de aço em um de seus clientes, no entanto no momento do acoplamento não houve esta possibilidade, ou seja, o eixo não se encaixava no furo, dando a nítida impressão de que o eixo estava com dimensional acima do especificado. Ao verificar o relatório de inspeção do eixo, a dimensão encontrada estava dentro do especificado. Para confirmar esta dimensão, o eixo foi retirado do cliente e disponibilizado na Super Grinding para uma verificação física. Para ser fiel ao processo de medição que estava no relatório, utilizaram o mesmo equipamento de medição e encontraram a mesma dimensão do relatório. Se os valores dimensionais encontrados tanto no relatório de inspeção final quanto na avaliação com instrumento de medição estavam dentro do especificado, o que poderia ter ocorrido? Nesse momento, um ponto interessante chamou atenção de um dos técnicos da empresa: embora a medida estivesse dentro da tolerância, a mesma estava perto do limite superior. A partir dessa informação, ele foi verificar detalhadamente o instrumento de medição e percebeu que, a incerteza de medição não era adequada para aquela aplicação, ou seja, somando-se a dimensão encontrada com a incerteza de medição do sistema não era possível afirmar com certeza se a peça produzida estava ou não dentro do especificado, consequentemente, aquele instrumento de medição não era adequado à tolerância dimensional especificada. Detalhes sobre incerteza de medição, resolução e erro de medição serão abordados na videoaula correspondente a este tema, que está disponível no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Conceito de Metrologia Tal qual descrito anteriormente, a metrologia é, de forma bem resumida, a ciência das medições. Ela trata do estudo e da aplicação de meios adequados para quantificação de grandezas, tais como comprimento, ângulo, massa, força, pressão, volume, temperatura, velocidade etc. A metrologia engloba todos os fenômenos, instrumentos e procedimentos envolvendo as medições e unidades de medida. Trata dos conceitos básicos, dos métodos, dos erros e sua propagação, das unidades e dos padrões envolvidos na quantificação de grandezas físicas. Essa ciência também se refere ao campo de conhecimento sobre pesos e medidas e dos sistemas de unidades nacionais e internacionais. Conforme o Inmetro, é a “Ciência da medição que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia” (INMETRO. VIM - 2. ed. Brasília, SENAI/DN, 2000. 75 p.). Assegura, portanto, que a precisão e a confiança requeridas dos produtos e de seus processos produtivos sejam preservadas, garantindo a qualidade pretendida (e requerida) dos produtos, o que é fator determinante na competição entre empresas. Para atingir a confiabilidade e a conformidade dos produtos e processos são necessárias ações como: calibração de instrumentos de medição, análise dos resultados de medição, definição de boas práticas de medição, gestão e manutenção de instrumentos de medição, entre outras ações. A metrologia, em função das ações acima descritas, permite que peças manufaturadas em locais e tempos diferentes se acoplem entre si sem necessidade de ajustes. Isso contribui para facilitar o intercâmbio de peças entre empresas e países distintos, possibilitando agilidade e redução de custos de produção e consequentemente aumento de produtividade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Como vimos anteriormente, a metrologia está dividida em três grandes áreas: metrologia científica, metrologia industrial e metrologia legal. Nossos estudos estarão concentrados na metrologia industrial. Assista a mais uma videoaula acessando o material on-line! Terminologia I Para compreensão da ciência metrologia é necessário conhecer os termos pertinentes entre os profissionais envolvidos no sistema. Para suportar as definições dos termos abaixo descritos, serão utilizadas algumas informações provenientes do Vocabulário Internacional de Metrologia 2012 (VIM 2012) (traduzido do original em francês pelo Inmetro) adicionadas com algumas informações extras e exemplos para uma melhor compreensão. Para mais detalhes complementares, ver link para acesso ao VIM 2012 na página referências bibliográficas ao fim desta rota. Grandeza Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência. É objetivamente aquilo que se pretende medir, não se focando apenas em medidas de comprimento, mas também por exemplo em medição de força, pressão, temperatura, tempo etc. Como exemplo, as grandezas de diâmetro, circunferência e comprimento de onda são consideradas grandezas da mesma natureza, nesse caso da natureza de grandeza denominada comprimento. Mensurando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Grandeza específica submetida à medição. É o objeto da medição. Na figura, o mensurando é o comprimento da peça retangular. A escala graduada é o instrumento de medição que, quando aplicado sobre o mensurando, permite determinar que 24 unidades da escala estão contidas dentro do mensurando. Como cada unidade equivale a um milímetro, temos a indicação de 24 mm. Isso será visto com mais detalhes adiante. Medição “Processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza” (VIM, 2012, p.16), no qual não são observadas as propriedades qualitativas. Para TOLEDO (2014, p. 31) a medição é, portanto, realizada por meio da comparação de grandezas ou da contagem deentidades e pressupõe uma descrição da grandeza de forma adequada ao uso pretendido para seu resultado, segundo um procedimento e com um sistema calibrado que opera de acordo com o procedimento especificado, incluindo as condições de medição. Esse processo representa uma sequência de atividades envolvendo pessoas, procedimentos, equipamentos e instrumentos de medição. Em relação ao ato de medir, ALBERTAZI e SOUSA (2008, p. 3) definem “medir” como: “o procedimento experimental pelo qual o valor numérico de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 uma grandeza física (mensurando) é determinado com um múltiplo e/ou uma fração de uma unidade, estabelecida por um padrão e reconhecida internacionalmente”. A figura a seguir, que é complementar à figura apresentada anteriormente, nos permite ter uma ideia clara desse processo. No caso acima, a grandeza submetida à medição (mensurando) possui 24 unidades referentes ao instrumento de medição utilizado. Como neste caso, cada unidade equivale a um milímetro (1 mm), temos, portanto, 24 mm. Será esse o resultado desta medição? É o que vamos ver em seguida. Resultado da medição É a faixa de valores dentro da qual deve estar o verdadeiro valor do mensurando. Mas, por que o verdadeiro valor? A aplicação do sistema de medição sobre o mensurando produz um número: a indicação (24 mm, no caso do exemplo acima). No entanto, o trabalho de medição não termina com a obtenção da indicação. Em toda medição efetuada, existem erros de medição. É necessário considerá-los, compensar o que for possível e apresentar a faixa de dúvidas ainda remanescente no resultado de medição. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Conforme ALBERTAZZI e SOUSA (2008, p. 12), os erros de medição sempre deixam uma parcela de dúvidas que permite determinar apenas aproximadamente o valor do mensurando, o que dá origem à faixa de valores dentro da qual o valor do mensurando é esperado. Veja a figura: O resultado de medição é composto de duas partes: o resultado base (RB) e a incerteza de medição (IM). O resultado-base é o valor central da faixa a que corresponde o resultado de medição. É o valor que se acredita ser o valor real do mensurando e é calculado a partir da indicação ou da média de várias indicações, suscetível a possível correção. Resultado-Base É a estimativa do valor do mensurando que, acredita-se mais se aproximar do seu valor verdadeiro. Corresponde ao valor central do resultado de medição. Como exemplo vamos utilizar um eixo com diâmetro de 100 mm, sendo medido por meio de um paquímetro. Supondo que a incerteza de medição é de ± 0,05, pode se estimar que o verdadeiro valor do mensurando encontra- se entre 99,95 e 100,05. Quando essa incerteza for considerada insignificante para determinada finalidade, o resultado pode ser expresso apenas pelo único valor medido. Vamos à videoaula para fixar melhor a terminologia empregada nessa etapa do estudo. Acesse-a pelo material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Terminologia II Erros de medição Medir sem cometer erros é uma utopia, ou seja, não existe um sistema perfeito. Para realizar uma medição sem erros, seriam necessários: I) Um sistema de medição perfeito II) Um ambiente controlado e perfeitamente estável III) Um operador perfeito IV) Que a grandeza sob medição (mensurando) apresente um valor único, perfeitamente definido e estável Na prática, nenhuma dessas quatro condições ocorrem individualmente, quem dera simultaneamente! Como resultado, em maior ou menor grau sempre haverá um erro de medição. A ação combinada desses diferentes efeitos não proporcionará um sistema de medição perfeito. Os erros de medição são inevitáveis, mas embora eles existam, sua presença não afasta a possibilidade de obtermos informações confiáveis a respeito do mensurando. A metrologia não nega a existência do erro de medição, mas aponta caminhos que permitam conviver e delimitar a ação dos erros para obtermos informações confiáveis. Como mencionado anteriormente, os sistemas de medição, por melhor que sejam, nunca são perfeitos e a maioria dos erros de medição tem origem no próprio sistema de medição. As causas de erro de medição provêm: Do operador: O operador provoca erros ao estabelecer uma estratégia de medição equivocada e cometendo erros de leitura. O operador deve utilizar o equipamento adequado e de forma correta (posição, pressão de medição etc.). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Do ambiente: As influências do ambiente de medição provocam erros de medição. Tanto peças como instrumentos variam suas dimensões conforme a temperatura a que são submetidos. No caso, por exemplo, de uma grandeza de comprimento, submetida a medição fora do padrão da temperatura de referência (20°C) poderá alterar o comportamento do instrumento e da peça, sendo necessário conhecer se isso irá interferir no resultado da medição. Atenção: a temperatura de validação dos instrumentos é de 20ºC! Do instrumento: Os instrumentos de medição não são perfeitos e as imperfeições construtivas variam com o passar do tempo. Os instrumentos de medição devem ser submetidos a ensaios periódicos para verificar se o erro do instrumento está dentro de limites aceitáveis. Essa verificação periódica é denominada de calibração e será vista mais adiante. Também, ao utilizarmos um instrumento, devemos nos atentar a sua exatidão, para que não cometamos erros que possam causar problemas de qualidade. No exemplo a seguir, um paquímetro está medindo uma peça com 10 mm (calibrada) e está indicando 10,20 mm. Existe, portanto, um erro de 0,20 mm. Observe: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Fonte: SOUSA e NEVES, IFSC. Da peça Podem ocorrer situações em que, mesmo com os três fatores de medição sob controle (Operador, Ambiente e Instrumento), ainda assim haverá grandes erros de medição. Peças mecânicas possuem erros de forma que podem levar a erros de medição. O exemplo abaixo ilustra bem esse problema, onde variações indesejáveis de conicidade e erro de forma (“ovalização”) podem comprometer a medição. Qual será o diâmetro dessa peça? Incerteza de medição Antes de entrarmos no conceito propriamente dito, é importante salientar que se trata de algo bastante complexo, a ponto de haver uma publicação exclusiva somente para este termo: “Avaliação de dados de medição – Guia para a expressão de incerteza de medição – JCGM 100:2008 / GUM 2008”. Devido à limitação de tempo e aos objetivos traçados para esta CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 disciplina, não entraremos detalhadamente nesse conceito, focando em uma abordagem do ponto de vista mais prático. Conforme o VIM 2012, incerteza de medição é o parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando. Para ALBERTAZZI e SOUSA (2008) incerteza de medição é a parcela de dúvidas associada à medição. Corresponde à metade do comprimento da faixa simétrica e está centrada em torno de um resultado-base, que exprime a faixa de dúvidas associada à medição. Para facilitar o entendimento, vamos utilizar uma pesquisa eleitoral como exemplo. Imagine que exista três candidatos e o resultado da pesquisa realizada por um determinado instituto mostrou o seguinte resultado: Como a margem de erroda pesquisa é de ± 4%, não é possível afirmar qual candidato está na frente da pesquisa. Algo parecido ocorre nas medições, ou seja, as medições possuem a sua margem de erro, a qual é denominada de incerteza. Dependendo da magnitude da incerteza será muito difícil afirmar se uma determinada peça está boa ou ruim. Vamos ver o exemplo a seguir, relativo a uma medição realizada por um instrumento chamado micrômetro. Neste caso, em função da incerteza do instrumento de medição, existe a possibilidade de o valor medido de 20,09 mm ser de até 20,11, portanto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 acima da tolerância admitida para a peça (20 ±0,1, ou seja, de 19,90 a 20,10). Nota-se então que esta peça pode eventualmente estar fora das tolerâncias especificadas (20,11mm referente ao valor medido mais a incerteza de medição contra 20,10 mm da dimensão máxima permitida pela tolerância da peça). Fonte: SOUSA e NEVES (IFSC) Para evitar este tipo de situação, em que se tem uma certa precisão dimensional, devemos ter um cuidado especial quanto à incerteza de medição. Dispositivo de medição Dispositivo utilizado para realizar medições individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares (VIM, 2012). Utilizados para realizar medições, como paquímetros e micrômetros, incluindo-se, também, os dispositivos usados para medições por atributos, como os calibradores passa/não passa para classificação de um produto conforme ou não-conforme. Calibradores Instrumentos fabricados por meio de um processo de usinagem de precisão, utilizados para verificação das tolerâncias dimensionais de peças CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 fabricadas por medição indireta. Denominam-se contra-calibradores os instrumentos fabricados com tolerâncias dimensionais relativamente mais apertadas, os quais são utilizados para verificar as dimensões dos calibradores de uso rotineiro. Sistema de medição Conjunto de elementos e recursos que permite a execução das medições e a obtenção de resultados. Esse conjunto inclui: operador, instrumento de medição, peça a ser medida, dispositivos, padrões, métodos, ambiente e software. Padrão Conforme VIM:2012, padrão de medição é a realização da definição de uma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medição associada, utilizada como referência. Como exemplo, um padrão de medição de massa de 1 kg com uma incerteza-padrão associada de 3 μg (milésimo de miligrama). É o valor de referência utilizado como base para comparar os resultados obtidos com o sistema de medição. Resolução É a menor diferença entre indicações que pode ser significativamente percebida e a menor medida que pode ser feita por um instrumento. Em instrumentos com indicação digital, a resolução é dada pelo menor incremento digital em seu mostrador, ou seja, pela menor variação de seu último dígito. Já nos sistemas com mostradores analógicos, a resolução depende de fatores como: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Qualidade do dispositivo indicador Capacidade do usuário em fazer interpolações Decisão do usuário em função das condições de uso e das necessidades de medição Muitas vezes, na escolha de um instrumento de medição com base na resolução, utiliza-se de uma regra básica: dividir a tolerância total da peça a ser medida por 10. Por exemplo: num caso do diâmetro de um eixo mecânico em que o limite superior de controle (LSC) é de 10,05 mm e limite inferior de controle (LIE) é de 9,95 mm, temos um campo de tolerância total de 0,10 mm (10,05 – 9,95). Dividindo-se este valor por 10, encontraremos o valor de 0,01 mm, que deveria ser a resolução mínima para o dispositivo de medição. Faixa de medição É a faixa de valores, especificada pelo fabricante, dentro da qual o instrumento de medição pode ser utilizado normalmente. Essa faixa delimita os valores máximo e mínimo que o instrumento deve ser utilizado segundo suas especificações metrológicas. Vamos à videoaula? Acesse o material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Exatidão e Precisão Como foi destacado anteriormente, o erro de medição não pode ser ignorado, pois negar a sua existência seria outro erro. A partir do momento em que se tem as causas e a natureza do erro de medição é possível conviver com ele e ainda obter informações confiáveis do sistema de medição. Os termos a seguir foram destacados da terminologia para que se possa entender em detalhes o erro de medição. Dois conceitos importantíssimos proporcionarão uma compreensão mais apurada sobre erros de medição: a exatidão e a precisão, que são dois parâmetros qualitativos associados ao desempenho de um sistema. Exatidão: É proporcional à diferença entre um valor medido e o valor de referência. Esse valor observado pode ser admitido como a média de diversos valores individuais obtidos por uma característica do mesmo objeto que está sendo medido. Um sistema com excelente exatidão possui a capacidade funcionar sem erros, tendo sempre um ótimo desempenho. Um sistema que sempre acerta é um sistema com ótima exatidão. Precisão: É proporcional a diferença entre os valores observados para obter-se uma medida. Quanto maior a concordância ou a proximidade entre valores individuais de um conjunto de medidas, maior é a precisão de um sistema de medição. Um sistema com ótima precisão apresenta pouca dispersão, isto é, capacidade de obter sempre o mesmo resultado quando submetido a repetições. Frequentemente ocorrem alguns equívocos na definição de conceitos desses termos que, inadvertidamente, são considerados sinônimos. No entanto, do ponto de vista técnico metrológico, como vimos acima, exatidão e precisão são conceitos diferentes. Para ilustrar melhor essa diferença, faz-se CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 o uso do tradicional exemplo do tiro ao alvo. Nesta analogia, o centro do alvo seria o valor verdadeiro (de referência) e as coordenadas dos tiros, as medições. Na situação “A”, tem-se a situação ideal (precisos e exatos), pois todos os tiros atingiram a região central do alvo com pequeno espalhamento. Na situação “B”, os resultados são exatos, pois, em média, estão próximos do valor verdadeiro, mas não são precisos porque há uma certa dispersão. Nesse caso específico, fica difícil prever onde o próximo tiro atingiria o alvo caso fosse disparado. Poderia ser acima, abaixo, à direita ou à esquerda. Os erros da situação “B” são denominados de erros aleatórios. Erro aleatório é a parcela imprevisível do erro. É o agente que faz com que repetições levem a resultados diferentes. Na situação “C”, os resultados são precisos por estarem próximos entre si, mas não são exatos porque estão distantes do valor verdadeiro. Todos os tiros não atingiram exatamente a mesma posição no alvo, mas suas marcas se concentram em uma mesma região. Nesse caso específico, se fosse acrescentado mais um tiro, por observação, provavelmente o mesmo sairia próximo aos demais, ou seja, estaria acima e um pouco à direita do centro. Esse tipo de erro previsível é denominado erro sistemático. Erro sistemático é a parcela previsível do erro e corresponde ao erro médio. Na situação “D”, encontra-se a pior situação, pois os resultados não são nem precisos nem exatos. Como os tiros se espalharam por uma grande área acima e à esquerda do alvo, nesse caso tanto o errosistemático como os erros aleatórios são grandes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Fica evidente que a melhor situação é a “A” e a pior situação é a “D”. No entanto, com relação as situações “B” e “C”, qual seria a melhor? O ponto positivo da situação “B” é que os tiros ficaram próximos da região central do alvo, no entanto a previsão para um tiro adicional fica comprometida (pode ser acima, abaixo, do lado esquerdo ou direito). Com relação a situação “C”, embora tenha atingido o alvo longe de seu centro, concentram-se numa região restrita, bem definida, isto é, sem um tiro adicional fosse realizado provavelmente estaria junto com os demais, demonstrando uma certa previsibilidade. Como desempatar esse comparativo? Na situação “C”, a previsibilidade é um forte aspecto favorável. Um ajuste na mira seria suficiente para melhorar o desempenho, no entanto com a situação “B”, por mais que se faça, não haverá grandes ganhos, pois, o espalhamento dos tiros é uma característica natural desse processo que não pode ser melhorada com a regulagem da mira. Assim seria justo afirmar que a situação “C” seria a segunda colocada, atrás apenas da situação “A”. Leia artigo sobre a “A importância da Metrologia na Gestão Empresarial e na Competitividade do País”. Nesse artigo é possível obter algumas informações quanto ao investimento em metrologia, não somente na área industrial, mas também na área de saúde. Boa leitura! http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2001_tr24_0698.pdf Finalizemos este tema com a videoaula disponível no material on-line! NA PRÁTICA Façamos a leitura um estudo de caso relatado pela CNI (Confederação Nacional da Industria) relativo a “mobiliário” no arquivo “Normalização, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Metrologia e Avaliação da Conformidade em 18 Setores Brasileiros” e analise em que pontos houve a participação da metrologia. http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2012/09/05/269/2012 1127191456273460o.pdf SÍNTESE Nesta terceira aula conceituamos metrologia (um dos conceitos conforme o INMETRO) e sua importância na competitividade das empresas. Como já comentamos, a metrologia é uma ciência e possui uma terminologia específica. O conhecimento e a compreensão desses termos são primordiais para futuras aplicações no campo da metrologia. Dentre os termos estudados, pode-se destacar: grandeza, mensurando, medição, resultado da medição, erros de medição, incerteza de medição, dispositivo de medição, calibradores, sistema de medição, padrão, resolução e faixa de medição. Em relação ao erro de medição, vimos os quatro principais erros de um sistema de medição estão relacionados ao operador, ao ambiente; ao instrumento e à peça a medir. Compreendemos as diferenças entre precisão e exatidão (podem até parecer, mas não são sinônimos). Conhecemos, também, os tipos de erros que ocorrem de acordo com os resultados precisos e exatos: os erros sistemáticos e aleatórios. A partir daí, tivemos a capacidade de analisar um sistema de medição quanto a sua precisão e sua exatidão. Vamos recapitular esse conteúdo? Assista à videoaula que está no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 REFERÊNCIAS TOLEDO, J. C. Sistemas de Medição e de Metrologia. Curitiba: Editora Intersaberes, 2014. SANTOS, J. O. Metrologia e Normalização. São Paulo: Pearson, 2015. ALBERTAZZI, A.; SOUZA, A. R. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. Barueri: Editora Manole, 2008. SOUSA A. R.; NEVES B. M. Apostila de Metrologia I. Instituto Federal de Santa Catarina. Vocabulário Internacional de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012). Duque de Caxias, RJ: INMETRO, 2012. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2016.