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TÓPICO 03: ESTÉTICA DA RECEPÇÃO As questões estudadas até aqui revelaram como o texto foi desvencilhado das amarras estruturalistas que atribuíam unicamente à textualidade o meio de interpretação de uma obra, assim como a destituição do autor como a entidade detentora do sentido da obra por ele escrita. Outro fato a se juntar a estas mudanças diz respeito aos estudos linguísticos modernos perceberem a incapacidade de a linguagem traduzir todas as intenções do falante, o que influenciou a compreensão do texto como um fenômeno pleno de lacunas e não ditos. Em decorrência, o leitor passa a ser visto como a peça fundamental no processo de leitura, tanto individualmente quanto coletivamente, ele torna-se a instância responsável pela atribuição de sentido à obra. A obra literária, isto é, a materialização das palavras, frases e períodos no papel conformando um texto somente passam a ter sentido a partir da leitura de alguém. O que resulta no fato de que a obra é lida segundo a visão de seus leitores, de acordo com a experiência de vida de cada um, com o momento histórico-cultural em que vivem e também com a influência de suas leituras anteriores. O leitor é, portanto, a instância essencial do processo de significação suscitado pela leitura de textos - literários e não literários. VERSÃO TEXTUAL Assim, a Estética da Recepção é o nome genérico dado a uma série de vertentes que têm em comum a centralização dos estudos literários na leitura - no leitor sob novo status - como a base para se refletir sobre o fenômeno literário e sua história. Estes estudos voltados para o aspecto recepcional do texto literário além de valorizarem a figura do leitor consideram a leitura e os mecanismos por ela pressupostos como o modo de desvendamento da obra e da compreensão da literatura e de sua história. Por isso, essa vertente também procura explicar por que algumas obras permanecem através dos tempos em diversas reedições e traduções enquanto outras têm um sucesso pouco duradouro. Para Jauss, as obras que não provocam mudança no horizonte de expectativa do leitor pertencem à esfera de rápido consumo, que atende os modismos ou experiências corriqueiras advindas do gosto predominante no momento de emergência destas, portanto, são esquecidas quando não atendem mais ao 'gosto' do momento. Já as obras artísticas, consideradas como verdadeiras 'obras-primas', quebram totalmente as expectativas literárias, fogem ao horizonte conhecido, de modo que seus leitores vão se formando ao longo do tempo até alcançarem uma posição consolidada na história. TEORIA DA LITERATURA II AULA 04: PÓS ESTRURALISMO E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO 42 Combinarenumerar.pdf TeoriadaLiteraturaII_aula_04.pdf 03.pdf