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Fragmentação e Diversificação na Pós-Modernidade

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ordem internacional (o neocolonialismo, a Revolução 
Verde, a computação eletrônica e informática) foi, ao 
mesmo tempo, instalada e assolada ou abalada por 
suas próprias contradições internas e pela resistência 
externa.
(JAMESON, 1993, p.27)
Outro aspecto apontado diz respeito a fragmentação das fronteiras entre 
cultura erudita e a chamada cultura comercial ou de massa. Em suma, estes 
conceitos podem ser analisados sob as perspectivas artísticas, econômicas e 
sociais, as quais estão inter-relacionadas. 
A propósito, as artes não poderiam deixar de repercutir essa nova 
diversificação e apresentação da sociedade no mundo pós-moderno. Surgem 
técnicas narrativas inovadoras rompendo com a narração tradicional, novas 
experimentações da linguagem, mescla de vozes (complexidade da polifonia) 
provocando dúvida, no leitor, sobre qual personagem emitiu determinada 
fala. Às vezes os personagens não são nomeados ou isso ocorre páginas após 
o início do texto ou ainda há o uso intencional dos pronomes (ele, ela) para 
dificultar a identificação. Ocorrem inserções de espaços em branco, imagens, 
diferentes tipos de letras ou o uso do itálico. As narrativas passam a ter um 
ritmo rápido, não são lineares, nem cronológicas e os parágrafos, de modo 
geral, são mais curtos, assim como períodos e capítulos, já que a 
efemeridade, a fugacidade das coisas, a velocidade do tempo imperam. Tem-
se a impressão que o texto se constrói como a linguagem de um filme de ação 
ou de um clipe musical. 
OBSERVAÇÃO
Como um exemplo, veja-se o fragmento "assim" - o de número 16 
entre os setenta fragmentos que constituem a obra Eles eram muitos 
cavalos, de Luiz Ruffato. Este fragmento reúne diferentes vozes 
pertencentes às classes sociais mais privilegiadas expondo seus pontos de 
vista sobre São Paulo. O pretexto para reunir os diferentes discursos é a 
sugestão de que um ou mais personagem esteja(m) a bordo de um 
helicóptero que irá pousar em uma pista no alto de um edifício da Avenida 
Paulista:
- não sou insensível à questão social 
irreconhecível o centro da cidade hordas de camelôs 
batedores de carteira homens-sanduíches cheiro de 
urina cheiro de óleo saturado cheiro de a mão os 
cabelos ralos percorre (minha mãe punha luvas, 
chapéu, salto alto para passear no viaduto do chá, eu, 
menino, pequenininho mesmo, corria na) este é o país 
do futuro? Deus é brasileiro? Onde ontem um 
manancial hoje uma favela onde ontem uma escola 
hoje uma cadeia onde ontem um prédio do começo do 
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