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Poesia e Emoção na Escrita


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Uma sonora ou silenciosa canção:
Flor do espírito, desinteressada e efêmera.
Por ela, os homens te conhecerão:
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundo ficou mais belo, ainda que inutilmente,
quando por ele andou teu coração.
(MEIRELES, 1982, p. 18)
Motivo
Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
― não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
― mais nada.
(MEIRELES, 1982, p. 14)
Já este poema trata do poeta e da poesia. O artista é o “irmão das 
coisas fugidias”, das coisas indeterminadas e imponderáveis. O que 
importa, afinal, não é o poeta: este passa, quem fica é sua obra, a poesia, o 
lirismo.
Os textos apresentados veiculam, portanto, a expressão de um “eu” 
muito particular. Ao invés de descrições e relatos objetivos, temos evocações 
e projeções de emoções. A linguagem é predominantemente conotativa, 
construída por imagens (“indesejada das gentes” por morte, por exemplo). 
Os textos têm natureza não-narrativa, não-dialogada, de caráter estático. 
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