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ELEMENTOS MITOLÓGICOS Ao lado das referências histórias e do conteúdo humano, o poeta acrescenta a alegoria mitológica na reunião dos deuses (estrofes 20 a 41 do Canto I), que discutem a ousadia da viagem de Vasco da Gama. Há polêmica entre os deuses. Baco se mostra contrário, mas Vênus decide proteger o empreendimento português, contando com o apoio de Marte. A intervenção dos deuses gregos é conhecida como o maravilhoso pagão. EXEMPLO Quando os Deuses no Olimpo luminoso, Onde o governo está da humana gente, Se ajuntam em consílio glorioso, Sobre as cousas futuras do Oriente. Pisando o cristalino Céu fermoso, Vem pela Via Láctea juntamente, Convocados, da parte do Tonante, Pelo neto gentil do velho Atlante. ... Sustentava contra ele Vénus bela, Afeiçoada à gente Lusitana Por quantas qualidades via nela Da antiga, tão amada, sua Romana; Nos fortes corações, na grande estrela Que mostraram na terra Tingitana, E na língua, na qual quando imagina, Com pouca corrupção crê que é a Latina Como à mitologia grega juntam-se os mitos cristãos, funde-se a esse paganismo alegórico o maravilhoso cristão, inspirado nas novelas de cavalaria, como neste trecho, da narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde, em que o capitão português revela o milagre da Batalha de Ourique: EXEMPLO «A matutina luz, serena e fria, As Estrelas do Pólo já apartava, Quando na Cruz o Filho de Maria, Amostrando-se a Afonso, o animava. Ele, adorando Quem lhe aparecia, Na Fé todo inflamado assi(m) gritava: 46