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Interpretação de Enunciados

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não podendo ser estudada fora da sociedade, uma vez que é constituída por 
processos histórico-sociais. A seguir, veremos alguns conceitos de grande 
importância para os estudos do discurso.
ENUNCIADO
Compreender um enunciado não é, segundo Dominique Maingueneau 
(2008), somente fazer referência a uma gramática e a um dicionário, mas, na 
verdade, é mobilizar saberes advindos de fontes diversas, fazer hipóteses, 
raciocinar, construindo, assim, um contexto que não é algo preestabelecido e 
imutável. Não podemos falar de sentido de um enunciado fora de contexto, 
pois, para que uma sequência verbal proferida (seja em modalidade escrita, 
seja em modalidade oral) se torne um verdadeiro enunciado, precisamos 
entender que ela se constitui em um lugar e um momento específicos, por 
um sujeito que se dirige a um ou vários sujeitos.
O enunciado tem valor pragmático, pretende instituir uma relação do 
enunciador com o seu destinatário (enunciatário). O enunciador demonstra, 
de uma maneira ou de outra, o ato que pretende realizar por intermédio de 
sua enunciação. Podemos, então, representar o circuito da enunciação assim:
Maingueneau (2008) aponta três tipos de contextos que podem fornecer 
elementos necessários para a interpretação dos enunciados, quais sejam:
VERSÃO TEXTUAL
◾ O ambiente físico da enunciação, ou contexto situacional: 
valendo-nos do contexto situacional, podemos interpretar unidades 
linguísticas como “esse lugar”, o presente do verbo, “eu” ou “você” etc.
◾ O cotexto: são as sequências verbais encontradas antes ou depois da 
unidade a ser interpretada. Há os enunciados autônomos como “É proibido 
fumar”, mas também, e principalmente, há enunciados que são fragmentos 
de uma totalidade mais ampla, como trechos de textos, de modo que 
precisamos conhecer o seu cotexto, ou seja, as unidades que os precedem, 
para compreender a relação de uma dada unidade em relação à outra do 
mesmo texto.
◾ Os saberes anteriores à enunciação: trata-se do conhecimento de 
mundo que possuímos e a que podemos recorrer para compreender 
determinados elementos de um texto.
É preciso assinalar que não há, a priori, uma única interpretação 
possível para um enunciado, uma vez que o contexto particular a cada 
enunciação é o que vai determinar quais informações são necessárias para 
interpretá-lo. Desse modo, reforça-se o caráter ativo do enunciatário no 
processo enunciativo, já que ele precisa fazer operar no enunciado e recorrer 
a inúmeros saberes para atribuir significação ao que é veiculado pela 
linguagem. 
DESAFIO
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