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NOTAÇÃO E LINGUAGEM 
MUSICAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Leonardo Gorosito 
 
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CONVERSA INICIAL 
Daremos início, agora, aos aspectos da notação musical ligados ao ritmo. 
Para isso, precisamos esclarecer primeiramente, três características musicais 
relacionadas a temporalidade – o desenrolar sonoro no tempo. Normalmente, na 
música, temos uma batida básica, conhecida como pulso, que fornece uma 
regularidade rítmica, à qual todos os sons estão diretamente relacionados. Esse 
pulso pode ser organizado em grupos com diferentes unidades, chamados de 
compassos. Dependendo do lugar em que o som ocorre dentro do compasso, 
ele terá importâncias variadas, ganhando diferenciações de dinâmicas, o que é 
chamado de apoio, ou acento agógico. A quantidade de sons presentes dentro 
de cada pulso é o que caracteriza o ritmo da música propriamente dito. Portanto, 
nesta aula, vamos esclarecer esses importantes detalhes da natureza da escrita 
rítmica da música. Também conheceremos as figuras rítmicas e sua forma de 
organização dentro do compasso. 
TEMA 1 – FIGURAS MUSICAIS E VALORES RÍTMICOS 
O ritmo não é um som propriamente dito, mas sim sua organização no 
tempo (Med, 2017, p. 20). 
Iniciaremos esta aula conhecendo as figuras musicais e seus valores. 
Primeiramente, conheceremos aquela de duração média, para que, a partir dela, 
possamos crescer para durações maiores, e depois diminuir para valores 
menores. 
Semínima – é a figura rítmica que, em termos de duração, normalmente 
se equivale ao pulso da música. Assim, quando seguimos com o pé as batidas 
da pulsação musical, frequentemente o valor dessa batida será correspondente 
à semínima. Ela é formada por um pequeno círculo negro (ou círculo preenchido) 
e por uma haste simples. 
Semínima: 
 
De acordo com o posicionamento da pauta, a haste pode estar à direita 
do círculo e para cima, ou à esquerda do círculo e para baixo. Isso acontece para 
que a haste não ultrapasse em excesso o espaço da pauta. As notas abaixo da 
terceira linha da pauta são grafadas com a haste para cima. A partir do meio da 
terceira linha para cima são escritas com haste para baixo. 
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Hastes para baixo e para cima: 
 
Nos casos em que mais de uma nota é grafada ao mesmo tempo (em 
acordes ou trechos em oitavas), a posição da haste que menos transgredir a 
pauta prevalecerá. Sua pausa (silêncio) é representada por uma figura peculiar, 
algo próximo de um símbolo composto pelas letras Z e C sobrepostos. 
Pausa de semínima: 
 
O nome das figuras em inglês transmite claramente suas relações de 
duração. A semínima é chamada de quarter note (um quarto de nota). 
Mínima – duas semínimas equivalem ao tempo de uma mínima, ou seja, 
a semínima é a metade de uma mínima, de onde sua nomenclatura claramente 
tem origem. A mínima é constituída por um círculo em branco, ou vazado, e uma 
haste simples. 
Mínima: 
 
As considerações sobre o posicionamento das hastes citadas acima 
valem para todas as figuras. Sua pausa consiste em um traço grosso logo acima 
da terceira linha do pentagrama. 
Pausa da mínima: 
 
Em inglês a mínima é chamada de half note (metade de nota). 
Semibreve – quatro semínimas, ou duas mínimas, correspondem à 
duração de uma semibreve. Sua forma consiste em um círculo em branco, ou 
vazado, sem haste. 
Semibreve: 
 
Sua pausa é similar a de mínima, porém o traço é posicionado abaixo da 
quarta linha do pentagrama. 
Pausa da semibreve: 
 
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Em inglês, é chamada de whole note (nota inteira). A semibreve, portanto, 
é a nota inteira, a mínima a metade (half note), e a semínima (quarter note) a 
quarta parte. 
Agora, vamos às figuras de duração mais curta que a semínima. 
Colcheia – a colcheia tem a metade do valor da semínima. Para 
preencher o tempo de uma semínima, são necessárias duas colcheias, o de uma 
mínima, quatro colcheias. Sua forma muito se assemelha com a semínima, 
sendo constituída por um círculo preenchido e uma haste. O que diferencia as 
duas figuras é a presença de um colchete acoplado na haste da nota, elemento 
que dá nome a figura. 
Colcheia: 
 
Sua pausa é simbolizada por um traço em diagonal e um diminuto 
colchete na sua parte superior esquerda. 
Pausa da colcheia: 
 
Seja com a haste para cima ou para baixo, os colchetes em notas 
individuais sempre serão grafados para o lado direito. 
Posicionamento dos colchetes: 
 
Quando colcheias são grafadas em sequência, os colchetes podem se 
agrupar, formando uma traço horizontal por sobre as hastes. 
Duas colcheia agrupadas: 
 
Em inglês, a colcheia é chamada de eighth note, um oitavo da semibreve. 
Semicolcheia – a semicolcheia tem a metade do valor da colcheia. O 
tempo de uma semínima é preenchido por quatro semicolcheias. Sua forma tem 
os mesmos princípios que a colcheia, porém é constituída por dois colchetes. 
Semicolcheia: 
 
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Quando semicolcheias são agrupadas, os dois colchetes tornam-se dois 
traços horizontais. 
Quatro semicolcheias agrupadas: 
 
Sua pausa é similar ao símbolo da colcheia, porém com dois colchetes. 
Pausa da semicolcheia: 
 
Em inglês, seu nome é sixteenth note, um dezesseis avos da semibreve. 
Fusa – metade do valor de uma semicolcheia. Quatro fusas ocupam o 
tempo de um colcheia, oito fusas, o tempo de uma semínima. Tem a mesma 
forma que uma semicolcheia, porém com três colchetes. Seu agrupamento se 
dá por meio de três traços horizontais. 
Fusa 
Sua pausa contém três colchetes. 
Pausa da fusa: 
 
Em inglês, chama-se thirty-second note, um trinta e dois avos de uma 
semibreve. 
Semifusa: tem a metade do valor da fusa. Sua forma é similar ao da fusa, 
porém com quatro colchetes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA 2 – MÉTRICA 
A métrica musical é a forma como os ritmos são organizados dentro da 
música. Como vimos anteriormente, as figuras rítmicas expressam as relações 
de valores entre as notas. Mas como elas são aplicadas e distribuídas ao longo 
de uma obra musical? Primeiramente, além das figuras, existem alguns 
pequenos detalhes muito importantes, que também compõe a estrutura rítmica: 
o ponto de aumento, as ligaduras e o agrupamento das notas. Depois, temos o 
que é chamado de fórmula de compasso, cifras numéricas essenciais na 
organização rítmica. 
O ponto de aumento, faz com que a nota tenha uma duração prolongada. 
Esse aumento é precisamente calculado: um ponto adiciona metade do valor da 
figura em questão. No caso de uma mínima pontuada, ela vai ter a duração de 
uma mínima mais uma semínima, ou seja, uma mínima e meia. 
 
O mesmo recurso de prolongamento dos sons pode ocorrer com o uso da 
ligadura. Nesse caso, uma nota pode ser prolongada sendo conectada a outra, 
de qualquer duração, por meio de uma ligadura. Ela também ocorre quando sons 
longos precisam traspassar os limites dos compassos. É preciso ter atenção, 
pois existe também a ligadura de frase, imbuída de outras funções. 
As figuras rítmicas que utilizam colchetes podem ser agrupadas, mesmo 
que contenham valores diferentes. Esse recurso de agrupamento, auxilia na 
clareza da leitura dos símbolos, permitindo ao músico reconhecê-los com maior 
facilidade e agilidade. Uma colcheia seguida de duas semicolcheias, por 
exemplo, podem ser grafadas conectadas por linhas superiores – a colcheia com 
um traço, e as semicolcheias dois traços. 
 
Por vezes, o músico pode reconhecer certos anseios específicos do 
compositor oservando a maneira como ele organiza os agrupamentos rítmicos. 
Chegamos, agora, a algo que pode ser comparado às claves no universo 
das alturas das notas. A fórmula de compasso, é o elemento que fornece as 
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informações referenciais, que servirão de orientação para que todas as outras 
figuras rítmicas ganhem suas devidas proporções. Ela determina as unidades de 
tempo e de compasso. Trata-se de doisnúmeros em forma de fração, onde o 
numerador designa o número de unidades por compasso, e o denominador a 
figura rítmica que representa essa unidade. 
Os denominadores mais utilizados contêm os números 2, 4, 8, 16 e 32, 
respectivamente simbolizando as figuras mínima, semínima, colcheia, 
semicolcheia e fusa. Por isso os nomes das figuras em inglês nos ajudam a 
entender melhor os valores das notas e como são aplicadas nos compassos. 
Vejamos a fórmula de compasso 2/2. Nela, o numerador 2 indica que serão duas 
unidades por compasso, e o denominador 2 indica que essa unidade é a mínima. 
Portanto, serão duas mínimas por compasso. Toda vez que o tempo de duas 
mínimas for preenchido, uma barra de compasso deve ocorrer. 
Observe uma lista com os denominadores e suas respectivas figuras 
rítmicas correspondentes: 
• 2 – minima; 
• 4 – semínima; 
• 8 – colcheia; 
• 16 – semicolcheia; 
• 32 – fusa. 
Quando os tempos de uma música são divididos em duas partes, temos 
os compassos simples. Quando a subdivisão ocorre em três partes, temos os 
compassos compostos (Bennet, 1990, p. 13). O compositor, porém, tem a 
liberdade de subdividir os tempos ao seu desejo, sem precisar se prender à 
fórmula de compasso estabelecida. Para isso, existem as chamadas quiálteras. 
Elas consistem em subdivisões que não estão dentro da métrica oferecida pelo 
numerador e denominador. As quiálteras que ocorrem com mais frequência são: 
duina, tercina, quartina, quintina, sextina, septina e nonina. Para exemplificar, a 
duina acontece quando a subdivisão apontada pela fórmula de compasso é de 
três partes, porém o compositor deseja que duas notas de mesma duração 
ocorram em um tempo. Ele então vai grafar essas duas notas com a presença 
do número dois, sinalizando uma quiáltera. 
 
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TEMA 3 – COMPASSOS SIMPLES 
O compasso simples é aquele que comporta primordialmente divisões do 
tempo em duas partes. As outras divisões, que via de regra, também são 
possíveis, são em uma, quatro e oito partes. Se o compositor pretende dividir o 
pulso em três, cinco ou seis partes, por exemplo, ele será obrigado a recorrer ao 
uso de quiálteras. 
Existe uma classificação das fórmulas de compasso que evidencia por 
quantos tempos eles são formados. Três tipos são os mais comuns, sendo 
aqueles que comportam dois, três ou quatro tempos por compasso. 
Respectivamente, levam os nomes de binário, ternário e quaternário. 
Compassos que comportam cinco tempos ou mais, são chamados de 
irregulares. 
Vamos averiguar a seguir o funcionamento das fórmulas de compassos 
simples mais utilizadas na notação musical tradicional. 
Compassos simples binários: 
2/4 – O numerador 2 indica que cada compasso deverá conter duas 
unidades. O denominador 4 indica que a unidade será equivalente a uma 
semínima. Portanto, cada compasso deve ser preenchido por duas semínimas. 
É uma das fórmulas de compasso com maior presença nos ritmos brasileiros, 
por exemplo, o samba. 
2/2 – O numerador 2 indica que cada compasso terá dois tempos. O 
denominador 2 indica que esse tempo será equivalente a uma mínima. Portanto, 
cada compasso deve ser preenchido por duas mínimas. 
Compasso simples ternário: 
3/4 – O numerador 3 designa três tempos por compasso. O denominador 
4 aponta a semínima como equivalente a cada tempo. Assim, cada compasso 
terá três semínimas. É a fórmula de compasso utilizada pela valsa por 
excelência. Durante a execução de uma valsa, o primeiro tempo é sempre 
destacado com muita clareza. Nesse caso, o apoio é importante para o próprio 
estilo da valsa, sendo fundamental para caracterizar a dança. 
Compassos simples quaternário: 
4/4 – Cada compasso será preenchido pelo tempo de quatro semínimas. 
Nesta fórmula de compasso, existem dois lugares de apoio principais, o primeiro 
e o terceiro tempo. O segundo e quarto tempo terão dinâmicas mais suaves. 
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As fórmulas de compasso 2/2 e 4/4 comportam a mesma duração de 
valores. O que as distinguem é o fato da primeira ser binária, e a segunda, 
quaternária, sendo essa diferença importantíssima na caracterização rítmica da 
música. Outra semelhança encontra-se nas fórmulas 2/2 e 2/4, ambas binárias. 
O que leva de fato o compositor a escolher uma, ou outra, em sua composição? 
De maneira geral, ele vai escolher as figuras rítmicas que melhor traduzem a sua 
música. No compasso 2/2, a colcheia será uma figura rítmica central, enquanto 
no 2/4, a semicolcheia. 
Outras fórmulas de compasso, baseadas em subdivisões em dois, mas 
que são menos frequentes são: 1/8, 2/8, 4/8, 8/8, 1/4, 6/4 e 8/8. Normalmente, 
elas são utilizadas na música moderna e contemporânea, onde uma 
irregularidade maior da métrica ocorre com mais frequência. 
TEMA 4 – COMPASSOS COMPOSTOS 
Os compassos compostos são caracterizados pela divisão dos tempos 
em três partes. Pode parecer uma mudança pequena em relação aos 
compassos simples, porém, na prática, transforma completamente a maneira, 
tanto do músico quanto do ouvinte, de sentir o ritmo da música. A subdivisão em 
duas partes, proporciona à música um sentido mais angular, de tempos e 
contratempos. O compasso composto, de subdivisões em três, gera maior 
fluidez ao ritmo, tornando-o mais circular. 
Cifras maiores são utilizadas pelos compassos compostos, em que o 
denominador mais frequente é o número 8, ou seja, a figura da colcheia. Vamos 
conhecer algumas fórmulas de compassos compostos: 
3/16 – O numerador três significa que são três unidades por compasso. O 
denominador 16 determina que essa unidade seja a semicolcheia. Essa é uma 
das fórmulas de compasso mais rápidas na música, preenchida por apenas três 
semicolcheias. É muito comum em obras com irregularidade rítmica presente. 
3/8 – É similar a fórmula de compasso anterior, porém contém a colcheia 
como unidade de tempo. Por ser muito similar ao 3/4, ela é utilizada quando o 
compositor entende que a colcheia representa de forma mais adequada a sua 
música. 
6/8 – O número 6 indica seis unidades por compasso, e o número 8 indica 
que a colcheia representa essa unidade – cada compasso será completo por 
seis colcheias. É a fórmula mais representativa dos compassos compostos. 
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Trata-se tradicionalmente de uma métrica binária, em que cada tempo é dividido 
em três partes. A figura rítmica equivalente a três colcheias é a semínima 
pontuada. Lembrando que o ponto de aumento prolonga a duração da nota em 
sua metade. Essa fórmula, também pode ser entendida como um compasso 
ternário, quando as colcheias são agrupadas em grupos de duas notas, 
tornando-se equivalente à fórmula 3/4. 
9/8 – Essa fórmula de compasso deve comportar nove colcheias por 
compasso. Tradicionalmente é caracterizada como um compasso ternário, 
dividindo-se cada tempo em três colcheias. Dessa forma, podemos dizer que se 
trata de um 3/4, porém com os tempos divididos em três partes, ao invés de 
duas. 
12/8 – Doze colcheias por compasso. É por tradição a fórmula quaternária 
composta, abarcando quatro tempos com três colcheias cada. 
As fórmulas de compasso que abarcam números irregulares na música, 
podem ser escritas de formas específicas. Quando o número cinco determina o 
número de unidades por compasso, o compositor pode preferir notá-la 
subdividindo-a em 3+2, ou 3+2. Consequentemente, no caso em que o 
denominador seja a colcheia, a fórmula pode ser notada das seguintes maneiras: 
3+2/8 ou 2+3/8. Outro exemplo é o uso de 7 unidades, que pode ser grafada por 
exemplo da seguinte forma: 2+2+3/8. 
A função de um maestro na orquestra, está ligada substancialmente as 
fórmulas de compasso que a obra utiliza. Diversos gestos de expressividade 
podem ser realizados, mas a indicação das batidas do tempo faz parte da sua 
principal função como líder. Cada fórmula de compasso tem uma sequência de 
gestos específicas, baseadas sempre no apoio dos primeiros tempos de cada 
compasso. 
TEMA 5 – PULSAÇÃO,APOIO E RITMO 
Dentro da música, o ritmo manifesta-se basicamente de três maneiras, pr 
meio da pulsação, do apoio e das figuras rítmicas. Cada um desses elementos, 
apesar de fortemente interligados, tem funções bastante diferentes, e atuam 
diretamente na interpretação musical. É muito importante o aluno identificar e 
percebê-los tanto na teoria quanto na prática, entendendo claramente a forma 
como cada um se manifesta. Aprender, ensinar e tocar música, torna-se mais 
fácil tendo esses conceitos assimilados. 
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A pulsação rítmica está ligada ao andamento da música. São batidas, com 
o mesmo espaço de tempo entre elas, que delimitam pontos de referência por 
sobre os quais os sons ocorrem. Se o tempo entre essas batidas diminui pouco 
a pouco, temos um efeito de acelerando, quando aumentam, temos um 
ralentando, ou seja, um desacelerando. No momento em que sentimos o pulso 
de uma música, naturalmente começamos a percutir o pé no chão, em uníssono 
com a pulsação. É o movimento corporal que manifesta o pulso que foi 
internalizado por nós. 
O pulso, no entanto, nem sempre é algo claramente perceptível. 
Dependendo do estilo da música, fica praticamente impossível identificá-lo. 
Existem obras em que o aspecto rítmico é propositalmente dissolvido, com 
texturas densas e difusas, ou tão rarefeitas que parece não existir. Em 
contrapartida, principalmente na música popular, na maioria das vezes, a 
pulsação musical está tão clara que nosso corpo reage involuntariamente, 
movimentando-se em uma dança intuitiva. 
O tempo da música, portanto, será regido pelo pulso – as batidas da 
pulsação são também chamadas de tempos. Durante a execução musical, 
quando uma nota incorre sobre o pulso, ela ganha naturalmente mais peso, já 
que o pulso é um movimento firme, marcado e descendente. Se ela acontece 
nos espaços de tempo entre as batidas das pulsações, terá uma característica 
ascendente e mais leve. Também, essas batidas da pulsação, podem ser 
unificadas, geralmente, em grupos de dois, três e quatro, configurando assim os 
compassos musicais. Nos compassos, o apoio também se revela, e o primeiro 
tempo ganha força, enquanto o restante dos tempos são mais amenos. 
É justamente por meio do apoio que conseguimos, com a audição, 
identificar o pulso de uma canção. As notas que incorrem sobre os tempos, 
ganham destaque, normalmente sendo executadas com maior intensidade, ou 
seja, mais fortes. Enquanto as notas que complementam os tempos soam mais 
suaves ou fracas, com menos intensidade. É também dessa forma que a 
composição de um compasso se apresenta, com os primeiros tempos de cada 
agrupamento sendo evidenciado com uma dinâmica maior. Por conseguinte, 
dentro do domínio rítmico, existe uma forte hierarquia dos sons. Alguns precisam 
se destacar para que a organização rítmica da música transpareça. 
Finalmente, tendo em mente as definições de pulso e apoio, chegamos 
as figuras e células rítmicas: elementos responsáveis por dividir e indicar como 
os sons são executados. Elas também indicam o tempo de duração das notas, 
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exatamente onde devem começar e terminar. O consistente sistema rítmico que 
hoje a notação musical ocidental apresenta, é baseado na relação de dobro de 
valor das figuras. Porém, nem sempre foi assim, e demorou muito tempo até que 
esse resultado fosse alcançado. 
NA PRÁTICA 
Ouça dois pequenos trechos musicais a seguir e procure descobrir a 
fórmula de compasso empregada pelo compositor. A primeira obra é a conhecida 
Eine Kleine Nachtmusik (Serenata Nº13) do compositor W. A. Mozart. A segunda 
obra é do compositor F. Chopin, escrita para piano solo em si menor (Op. 69 
Nº2) e composta no ano de 1829. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula, pudemos verificar os principais aspectos rítmicos da notação 
musical e suas peculiaridades. Claramente, o assunto tem um grau elevado de 
complexidade, e demanda muito estudo e prática musical para que o aluno o 
domine. Essa complexidade acontece, pois a escrita musical procura abranger 
uma infinidade de estilos musicais, e para isso precisa de diversos recursos que 
dissolvam possíveis ambiguidades. As fórmulas de compasso foram criadas de 
maneira que determinam claramente a pulsação, os lugares de maior ênfase 
expressiva, e a organização exata das figuras rítmicas dentro dos compassos. 
 
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REFERÊNCIAS 
BENNETT, R. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
1990. 
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 4. ed. São Paulo: 
Ricordi Brasileira S.A., 1988. 
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 2017. 
SADIE, S. Dicionário Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Hazar, 1994.