Prévia do material em texto
QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO PENAL QUESTÃO 60 Paulo é investigado em um Inquérito Policial pelos crimes de ameaça e lesão corporal em face de sua esposa, Maria. Ao longo da investigação, foi decretada medida protetiva de afastamento de 1.000m em relação à vítima. Posteriormente, movido por ciúmes em razão de uma mensagem de Maria a um amigo, Paulo foi ao encontro dela com o intuito de questioná- la sobre o fato, violando a medida protetiva da qual já havia sido regularmente intimado. Tendo em vista o que preconiza a Lei no 11.340/2006, está correto afirmar que Paulo a) praticou um crime de ação penal pública incondicionada. b) está incurso nas penas de um crime inafiançável. c) cometeu uma contravenção penal que comporta o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo. d) pode ser submetido a um decreto de prisão preventiva em seu desfavor, mas não cometeu crime. LETRA “A” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 24 – A DA LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 (CRIA MECANISMOS PARA COIBIR A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, NOS TERMOS DO § 8º DO ART. 226 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ETC) C/C ART. 100 DO DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 (CÓDIGO PENAL). Vejamos: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Sim, está corretamente afirmado que Paulo cometeu um crime sujeito à ação penal pública incondicionada ao violar a medida protetiva de afastamento em relação à sua esposa, Maria, conforme estabelecido pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). O descumprimento de uma decisão judicial que concede medidas protetivas de urgência, conforme previsto nesta lei, é passível de detenção, variando de três meses a dois anos, de acordo com o artigo 24- A da mencionada legislação. Além disso, é relevante observar que a ação penal para este delito é de natureza pública, como determinado pelo artigo 100 do Código Penal. UM POUCO MAIS! No sistema jurídico brasileiro, os tipos de ação penal são classificados da seguinte forma: 1. Ação Penal Pública Incondicionada: Neste caso, o Ministério Público é o titular da ação penal, e não depende de autorização ou representação da vítima para iniciar o processo criminal. Isso significa que o Estado tem autonomia para processar o crime mesmo que a vítima não deseje ou não queira. 2. Ação Penal Pública Condicionada à Representação: Aqui, o Ministério Público só pode iniciar o processo criminal se houver uma representação da vítima. Isso significa que a vítima deve expressar seu desejo de que o crime seja processado criminalmente. 3. Ação Penal Pública Condicionada à Requisição: Similar à anterior, mas neste caso a ação penal pública depende de uma requisição de outra autoridade, como por exemplo, o Ministro da Justiça. 4. Ação Penal Privada Exclusiva: Neste tipo, a vítima é a única titular do direito de iniciar o processo criminal. O Estado não pode prosseguir com a ação penal se a vítima não quiser ou desistir do processo. 5. Ação Penal Privada Personalíssima: A ação penal personalíssima é de fato ainda mais restrita do que a ação penal privada exclusiva. Enquanto na ação penal privada exclusiva apenas a vítima do crime pode iniciar a persecução penal, na ação penal personalíssima é exclusivamente a vítima que tem essa prerrogativa, não sendo permitido que o cônjuge, parentes próximos ou qualquer outra pessoa inicie a ação penal em seu lugar. 6. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Nos termos do artigo 5º, inciso LIX, da Constituição Federal brasileira, está prevista a Ação Privada Subsidiária da Pública. Esta ação permite que o particular tome a iniciativa de propor ação penal quando o Ministério Público, que é o órgão responsável pela promoção da ação penal pública, é omisso ou inerte em relação à persecução penal. Essas categorias determinam como um processo criminal é iniciado e conduzido dependendo da natureza do crime e do interesse da vítima e do Estado na sua resolução.