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Leitura e escrita musical - Aula 1

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LEITURA E ESCRITA MUSICAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alysson Siqueira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A música é arte que se realiza a partir da organização do som. Ao longo 
da história, a humanidade fez isso em diversos contextos e de maneiras distintas. 
A transmissão oral foi, nos primórdios, a principal maneira de perpetuar as 
tradições musicais de um povo através de suas gerações. Para algumas 
comunidades, ainda é. Mas para algumas culturas, em dado momento, surgiu a 
necessidade de registrar suas músicas de modo que elas permanecessem 
preservadas, sem as transformações decorrentes da transmissão oral, por 
décadas, por séculos, por milênios. Assim surgiu a escrita musical. 
A partitura registra características dos sons que organizamos em nosso 
fazer musical. Esses sons organizados constituem elementos fundamentais da 
cultura musical dominante no mundo ocidental. Essas características sonoras e 
elementos fundamentais da música são objeto dos nossos dois primeiros tópicos 
desta etapa. 
Depois desses conceitos preliminares e fundamentais, veremos como 
mais detalhes como esse processo de escrita musical se desenvolveu 
historicamente. Em seguida, faremos uma parada para reflexão: por que 
devemos aprender a ler e escrever música na atualidade? E fecharemos 
mostrando maneiras diferentes da partitura para se registrar músicas que 
necessitam de meios distintos de registro. 
Então, aproveite bem o conteúdo e procure fazer todas as atividades que 
iremos propor ao longo desse curso – elas que irão possibilitar a você fixar o 
conteúdo e desenvolver sua leitura e sua escrita musical. 
TEMA 1 – PROPRIEDADES DO SOM 
Se você é um ouvinte, “som” é um conceito que aprendemos na prática. 
Desde que nascemos, o som alcança nossos ouvidos e simplesmente 
aprendemos, ao longo do tempo, que aquilo é som, sem maiores necessidades 
de defini-lo ou compreendê-lo. Porém, quando traçamos nosso caminho de vida 
pela estrada música, o som passa a ser o nosso objeto de trabalho, nossa 
matéria-prima. Para melhor manipulá-lo, é preciso conhecer minimamente os 
mecanismos de produção do som e suas propriedades. A acústica é o ramo da 
física que estuda o som. No momento, para os objetivos dessa etapa, não 
teremos o mesmo aprofundamento na ciência do som do que se deve ter na 
 
 
3 
disciplina de acústica, mas é preciso conhecer seus principais conceitos para 
podermos ler, escrever e criar com o som. Então, vamos a eles. 
1.1 O som 
O “som” é definido pela acústica como uma onda mecânica, o que significa 
dizer que depende de um meio físico para se propagar (Siqueira, 2020). Esse 
meio deve ser elástico, ou seja, um material que, ao ser comprimido, tem a 
capacidade de se expandir e retornar ao seu estado inicial, tal qual um elástico 
de dinheiro ou cabelo. Quando tratamos de música, esse meio elástico, 
normalmente, é o ar. Mas ele pode se propagar por qualquer material que tenha 
o mínimo de elasticidade, como pela água, por exemplo – meio em que o som 
se propaga com uma velocidade cerca de quatro vezes maior que a da água. 
A realização do som depende de três personagens: um emissor, um meio 
elástico e um receptor. O emissor realiza um movimento que provoca vibrações 
no meio elástico. Essas vibrações geram energia que é propagada em ciclos de 
compressão e expansão do meio elástico até o receptor, onde o som é 
interpretado pelo cérebro e, de fato, se realiza. 
Figura 1 – Elementos da produção sonora 
Na falta de qualquer um deles, não há som. É por isso que não há som 
vácuo, que é ausência de matéria e, por óbvio, ausência de meio elástico. 
1.2 Frequência e altura 
Os ciclos de compressão e expansão do som acontecem a uma certa 
frequência, ou seja, a uma quantidade de vezes por segundo – unidade definida 
pela acústica domo hertz (Hz). Cada som gerado por tem a sua frequência de 
vibração, e ela é responsável pela percepção da altura do som, pela capacidade 
de identificarmos sons agudos e graves. 
Emissor
Meio 
elástico
Receptor
 
 
4 
Frequência é, portanto, a grandeza física que indica a quantidade de 
ciclos de compressão e expansão do meio por segundo. Quanto menor a 
frequência, mais grave é o som. Quanto maior ela for, mais agudo será o som. 
1.3 Duração 
Todo som tem seu início e seu fim. O tempo entre a sua produção e sua 
extinção é chamado de duração. 
O tempo de duração do som depende muito da fonte emissora. No caso 
da música, existem instrumentos capazes de emitir mais longos do que outros. 
Um piano, por exemplo, mesmo utilizando o pedal de sustentação, tem menor 
capacidade de emitir sons longos do que um violino, ou instrumento de sopro, 
por exemplo. A voz também tem essa capacidade de emissão estendida do som. 
Embora, na leitura musical, o cuidado com o início do som seja evidente, 
é preciso também, desde já, que tenhamos a consciência de que manipular o 
tempo de duração das notas musicais necessita também de precisão. 
1.4 Amplitude e intensidade 
Podemos definir a amplitude como a extensão da compressão e da 
expansão do meio elástico que determinado som provoca. Sons que provocam 
maiores movimentações do ar são percebidos como mais fortes. Percebemos, 
então, a amplitude sonora como intensidade do som, que pode ser qualificado, 
por meio dessa propriedade, como forte ou fraco. 
Esse é um momento para afinarmos o discurso. É comum se pedir às 
pessoas para falar mais alto ou mais baixo, desejando que o emissor aumente a 
intensidade do som. Nós, musicistas, precisamos evitar esse discurso, pois a 
noção de alto e baixo, na música, está vinculada a agudo e grave, 
respectivamente, e, portanto, diz respeito a frequência sonora. Nós, formadores 
do conhecimento musical, precisamos usar os termos forte e fraco, quando nos 
referimos a intensidade sonora. 
1.5 Timbre 
Cada fonte sonora tem suas características físicas que, mesmo emitindo 
sons de mesma altura e intensidade, podem ser percebidos como diferentes. 
Essa percepção ocorre devido a uma propriedade chamada de timbre. 
 
 
5 
Em acústica, essa propriedade pode ser melhor compreendida. Para o 
momento, nos basta saber que ela é a propriedade que nos permite identificar 
qual é a fonte sonora daquilo que ouvimos. Podemos chamar como identidade, 
ou como DNA, ou ainda como “cor do som”, como sugere Radicetti (2018). 
Para finalizar esse tópico, trazemos um quadro que relaciona a 
propriedade com a sensação perceptiva e com a grandeza física: 
Figura 2 – Quadro comparativo 
TEMA 2 – ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA MÚSICA 
A diversidade cultural ao redor do mundo fez com que a música tivesse 
diversas conotações e expressões. Seria impossível realizarmos um estudo que 
envolvesse todas essas manifestações musicais, suas bases teóricas e suas 
maneiras de registro. 
Optamos, então, por escolher a tradição musical que se instalou nos 
ambientes urbanos no Brasil. Apesar de nossa música evidenciar influências de 
variadas culturas, nossa forma de se pensar, escrever e reproduzir música 
obedece a preceitos determinados já há muito tempo, desde a cultura grega até 
a europeia. 
Essa cultura se estabeleceu ao longo de milênios e se estruturou sobre 
três pilares: ritmo, harmonia e melodia. Vamos definir e analisar cada um deles 
nesta seção. 
 
Propriedade
Altura
Intensidade
Duração
Timbre
Percepção
Grave – Agudo 
Baixo - Alto
Fraco – Forte Piano 
– Forte
Curto – Longo
Identidade / origem
Grandeza 
física
Frequência (Hz)
Amplitude (dB)
Tempo
Série harmônica
 
 
6 
2.1 Ritmo 
Podemos definir ritmo como a organização dos sons ao longo do tempo. 
Você já deve ter ouvido falar em ritmo cardíaco, certo? Diz respeito a como os 
batimentos cardíacos se distribuem ao longo do tempo. Normalmente os 
batimentos apresentam um ritmo regular, ou seja, cada batida do coração tem a 
mesma duração, de maneira que podemos estabelecer uma pulsação, medida 
embatimentos por minuto. 
A música também tem uma pulsação e, da mesma maneira, é medida em 
batimentos por minuto. Normalmente, quando dançamos, ou mexemos alguma 
parte do corpo acompanhando uma música, estamos marcando o pulso dela. 
Esse é um dos aspectos ligados ao ritmo na música, mas não o único. 
Quando mencionamos a pulsação cardíaca, estávamos nos referindo a 
apenas dois sons: o da sístole e o da diástole. Na música temos muitos outros 
sons: os percussivos, os graves e agudos, os instrumentos melódicos e 
harmônicos, as vozes, entre outros. Tudo isso tem sua organização temporal, 
que recebe o nome de ritmo. 
O senso comum muitas vezes vincula a definição de ritmo à seção 
percussiva das formações musicais. Pelo fato de muitos instrumentos de 
percussão não apresentarem altura definida, é natural que se sobressaiam os 
aspectos rítmicos nesses instrumentos. Mas há ritmo em toda música, inclusive 
nas melodias, das quais falaremos a seguir. 
2.2 Melodia 
Para termos uma melodia, é preciso de notas musicais, ou sons com 
alturas definidas. Quando essas notas musicais se sucedem, seguindo uma 
organização rítmica ao longo do tempo, temos uma melodia. 
Façamos um teste. Assobie a música “Parabéns a Você”. Isso que você 
assobiou é a melodia da música. Aliás, qualquer música que você assobie, você 
estará reproduzindo sua melodia. 
A seguir, temos uma comparação entre um trecho só rítmico e outro 
melódico. Mesmo sem termos adentrado nos aspectos práticos da leitura 
musical, observando que as figuras musicais são as mesmas e estão nos 
mesmos lugares, saiba que os ritmos é mesmo nas duas pautas. O que faz da 
 
 
7 
segunda uma melodia é a presença de alturas sonoras, as notas musicais, 
representas pela sua distribuição vertical na pauta. 
Figura 3 – Melodia 
2.3 Harmonia 
Diferentemente da melodia, a harmonia seria impossível de você assobiar 
sozinho. Isso porque harmonia diz respeito a notas musicais que acontecem, 
que soam, ao mesmo tempo. Se você quisesse assobiar harmonias, precisaria 
de mais gente para assobiar notas diferentes das que você assobia, mas que se 
combinam, segundo princípios que estudamos na disciplina de harmonia. 
Quando você ouve um músico cantando e tocando violão ao mesmo 
tempo, normalmente ele canta a melodia e toca a harmonia da música em seu 
instrumento. 
Sua origem histórica está no contraponto, que é a área da música que 
estuda as relações entre melodias concomitantes. Esses estudos levaram ao 
estabelecimento de estruturas formadas por três ou mais notas, às quais 
chamamos de acordes. 
Aquele músico que estava tocando violão e cantando, provavelmente 
realizava formas de acordes conhecidas no braço do seu instrumento, enquanto 
beliscava ou percutia uma levada rítmica com sua outra mão. 
A harmonia é como uma estrada que conduz a melodia. Conforme 
mudamos a harmonia, a música como um todo também muda de aspecto. 
TEMA 3 – BREVE HISTÓRIA DA NOTAÇÃO MUSICAL 
Já mencionamos que em algum momento da história da nossa civilização, 
para registrar as características originais de uma peça musical, tornou-se 
necessário registrá-la. A notação musical surgiu desta necessidade, mas sua 
configuração atual é recente e está se estabelecendo dedes o século XV. 
 
 
8 
Há evidências arqueológicas com mais de cinco mil anos de idade nas 
regiões do Egito e da Mesopotâmia. Mas o registro musical mais antigo de que 
se tem notícia está em um pedaço de papiro que resistiu a mais de 25 séculos. 
O texto apresenta um excerto do Coro de Stasimon de Orestes (Martins, 2018). 
Basicamente os mesmos símbolos musicais que orientavam cantores e 
instrumentistas no papiro também foram reconhecidos em outro registro 
arqueológico do século I d.C. O Epitáfio de Seikilos é considerado o registro mais 
antigo de uma música completa. Ele apresenta letras representando as notas 
musicais sobre o texto em grego, e sobre elas, havia símbolos de notação 
rítmica. 
Figura 4 – Epitáfio de Seikilos 
Crédito: akg-images/Bernard Bonnefon/Album/Fotoarena. 
Para se ter uma ideia dessa notação, segue uma pequena transcrição 
nossa do Epitáfio de Seikilos. 
Figura 5 – Transcrição de excerto do Epitáfio de Seikilos 
 
 
9 
Esses símbolos de notação influenciaram o sistema ecfonético. Esse 
sistema utilizava as neumas, símbolos acima do texto, que orientavam os 
contornos melódicos da peça musical. Durante muito tempo, esse tipo de 
notação, que ficou conhecida como neumática, foi largamente utilizado no 
oriente médio. 
Figura 6 – Escrita neumática 
Crédito: CC/PD. 
Somente a partir do século X os sistemas de escrita passaram a adotar 
linhas. Inicialmente, logo acima do texto, foi colocada uma linha para representar 
a nota fá, em seguida surgiu a segunda linha para incluir a nota dó e logo incluiu-
se a terceira linha. 
Foi o monge beneditino Guido D’Arezzo, no século XI, que incluiu a quarta 
linha, substituindo as neumas por símbolos quadrados que estabeleciam com 
mais precisão as alturas e durações das notas musicais. 
Figura 7 – Notação musical de Guido D’Arezzo 
Crédito: Romainbehar-CC/PD. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Romainbehar
 
 
10 
Esse sistema utilizava linhas coloridas para diferenciar as notas e as letras 
F, C ou G eram utilizadas para representar as notas fá, dó e sol. Essa prática 
deu origem as claves, que iremos estudar adiante. 
O sistema de D’Arezzo forneceu muitos elementos que foram 
incorporados à escrita moderna. Ao longo do século XV, as cabeças das notas 
foram modificadas e deram lugar a figuras com durações definidas. 
Figura 8 – Notação com cabeças quadrangulares e vazadas 
Atualmente, os símbolos lembram muito os da Figura 8, mas tiveram as 
formas retangulares substituídas por formas elípticas. Essa tendência já se 
encontra nas partituras do período Barroco, entre o século XVII e parte do século 
XVIII. Inclusive nos seus manuscritos originais, Johann Sebastian Bach (1685 e 
1750) já utilizava o sistema de notação atual em praticamente sua totalidade. 
Durante o Romantismo, entre o final do século XVIII e a primeira década 
do século XX, Richard Wagner e Ludwig van Beethoven inseriram em suas 
partituras uma simbologia desenvolvida especialmente para indicar as grandes 
nuances de intensidade sonora, que são característica marcante do período. É 
justamente esse sistema que se consolida no Romantismo o mais utilizado até 
a atualidade e que trataremos nas próximas etapas. 
TEMA 4 – IMPORTÂNCIA DA ESCRITA MUSICAL NA ATUALIDADE 
Por mais de dois milênios, a escrita musical foi a única maneira de se 
registrar música. A partir Revolução Industrial, no século XVIII, começa-se a 
produzir máquinas capazes de reproduzir música, como as caixas de música e 
os realejos (espécie de instrumento musical que tocava uma música pré-definida 
ao girar uma manivela). 
Na transição do século XIX para o XX surgiram o rádio e os primeiros 
discos, primeiramente de cera e depois em vinil. A partir daquele momento, as 
 
 
11 
pessoas puderam levar música para suas casas sem que a necessidade de 
haver um musicista para interpretar uma partitura ao vivo. 
A evolução das tecnologias nos séculos XX e XXI alavancou ainda mais 
o acesso a música, com a disponibilização de inúmeras mídias capazes de 
armazenar e reproduzir músicas gravadas. Desde o disco de cera, passando 
pelo disco de vinil, a fita K7, o compact disc, conhecido como CD, os pendrives, 
os cartões de memória e, mais recentemente, o compartilhamento de músicas 
via internet, por meio da tecnologia streaming. 
Dada essa tamanha acessibilidade da música gravada, o uso de partituras 
para registrar música poderia parecer obsoleto. Entretanto, ele não perdeu sua 
importância, pois a função da partitura vai muito além do registro musical. 
Apesar de sabermos que a música se materializa por meio de sons, seus 
aspectos teóricos são mais bem compreendidos por meio de análisesbaseadas 
na escrita. A compreensão e apreensão de elementos como contraponto, 
harmonia e arranjo passa pelo domínio da leitura e escrita em música. Nesse 
caso, para quem inicia os estudos musicais, aprender a ler e escrever música se 
torna um pré-requisito para o estudo de seus aspectos estruturantes. 
Mesmo com a evolução e democratização dos meios de gravação, as 
partituras continuam sendo necessárias para a performance musical. As mais 
diversas formações instrumentais e vocais utilizam amplamente a partitura para 
orientar o que cada instrumento, ou cada voz, deve tocar em cada instante da 
obra musical. 
É preciso frisar, que a fruição de uma gravação é uma experiência 
completamente diferente de se acompanhar um concerto “ao vivo”, em que a 
experiência da escuta se completa com outros aspectos, como os visuais, táteis 
e a imprevisibilidade das reações do público. A música ao vivo apresenta-se ao 
ouvinte com todas as suas frequências sonoras, sem perdas pela captação e 
outros processos de edição e mixagem que buscam uma perfeição irreal de 
vozes e instrumentos. 
Para quem é atuante no meio musical, não se vê em horizonte próximo 
um mundo sem partituras. Elas são essenciais para o planejamento do 
preparador vocal, do maestro, do professor de música, pois são o principal meio 
de comunicação dos aspectos musicais entre os diversos agentes: maestros, 
coralistas, músicos, instrumentistas, arranjadores, compositores e produtores 
 
 
12 
musicais. Ela também pode ser considera universal, já que músicos profissionais 
do mundo todo utilizam o modelo vigente de partitura para ler e escreve música. 
A partitura também foi impactada com os avanços tecnológicos e hoje 
existem softwares de edição que conferem agilidade ao processo de escrita 
musical, viabilizando ainda mais a continuidade do seu uso. 
Em suma, ainda que não seja mais o principal produto musical do ponto 
de vista comercial, para a produção musical a partitura continua sendo essencial 
em nível global. 
TEMA 5 – TÉCNICAS DE NOTAÇÃO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA 
Entre e fim do século XIX e o início do século XX, um movimento de 
compositores vanguardistas buscou romper com os paradigmas musicais da 
época. Surgiram novas correntes de estruturação da música, baseadas em 
novas concepções sobre harmonia, sobre ritmo e até sobre o uso de ruídos. Esta 
nova música em que cada obra busca desenvolver suas bases estruturantes 
passou a ser chamada ao longo do século XX e XXI de Música Contemporânea. 
Diversos são os caminhos que buscam essa ruptura com a tradição 
musical. Os mais conservadores buscam novos tratamentos para o sistema de 
sons utilizado na música tradicional europeia, lutando contra o tonalismo por 
meio de algumas estratégias, entre elas o atonalismo, o politonalismo, o 
serialismo e o impressionismo. 
O serialismo atingiu seu ápice com o dodecafonismo, que buscava a 
ruptura com o sistema tonal por meio da organização de todos os doze sons 
musicais em uma sequência determinada, denominada série. Essa série é 
manipulada por processos determinados e o compositor utiliza as notas musicais 
sempre na mesma ordem em que foram determinadas. Um dos principais nomes 
desse movimento é o compositor austríaco Arnold Schöenberg (1874-1951). 
Por outro lado, o Impressionismo buscava romper com o sistema tonal por 
meio da dissolução das relações harmônicas. Nesse sistema, os acordes 
transitam por diferentes tonalidades, dissipando a noção do tom. O compositor 
francês Claude Debussy (1862-1918) é o principal representante do estilo. 
Apesar de consideradas como correntes de vanguarda, a escrita musical 
tradicional, a partitura, ainda era suficiente para dessa registrar as obras do 
dodecafonismo e do impressionismo musical. 
 
 
13 
Por outro lado, a concepção da Música Aleatória pressupunha que cada 
execução da obra tivesse um resultado sonoro único. Nesses experimentos, o 
sistema tradicional de notação nem sempre era capaz de produzir uma 
representação adequada. Um exemplo clássico é “Radio Music”, composição 
feita por John Cage (1912-1992) em 1956. Cage propôs o uso de 8 rádios, sendo 
que os comandos a cada um dos executores envolviam, por exemplo, mudar de 
estação em momentos preestabelecidos, o que não era possível de se explicar 
por meio da notação convencional. 
Além dessa, começaram a surgir outras manifestações em que os 
compositores buscavam utilizar os instrumentos de maneiras distintas das 
usuais. Novos ruídos foram introduzidos nas composições, surgiram novas 
técnicas vocais, como o sprechgesang, misto de canto e declamação, técnicas 
estendidas de execução instrumental, instrumentos preparados, além de novos 
sons obtidos por meio de experimentos eletroacústicos. 
Tudo isso fez surgir a necessidade de se envolver métodos de escrita 
musical que atendessem as novas necessidades interpostas pelas correntes de 
vanguarda musical. Todavia, a Música Contemporânea não possui um sistema 
de notação específico, mas ela admite a criação de uma nova simbologia capaz 
de representar, em alguns casos, a proposta de uma obra musical específica, 
como ocorre, por exemplo, com “Stripsody”, de Cathy Berberian e “Snowforms”, 
de R. Murray Schaffer. 
NA PRÁTICA 
Procure na internet pesquisadores e musicistas especializados em 
notação musical antiga e ouça algumas reconstituições de músicas citadas na 
“História da notação musical”. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa conhecemos algumas definições importantes para a música, 
começando pelo som, sua matéria-prima, definido como uma onda mecânica, 
cuja existência depende de três elementos: o emissor, o meio elástico de 
propagação e o receptor. 
Em seguidas, estudamos as propriedades do som. Vimos que a 
frequência, medida em Hz, representa a quantidade de vibrações por segundo e 
 
 
14 
está relacionada à altura do som, que a duração está relacionada ao tempo entre 
o início e o fim das vibrações sonoras e a que amplitude é percebida como 
intensidade sonora: sons fortes ou fracos. 
Vimos, também, que essas propriedades estão relacionadas a sensações 
auditivas. A frequência alta indica um som agudo, ou alto. A frequência baixa 
está relacionada a um som grave, ou baixo. 
Em seguida entendemos sobre ritmo, melodia e harmonia, enquanto 
principais pilares para estruturação da música na atualidade. 
Depois de apresentados esses princípios fundamentais, estudamos a 
evolução da notação musical desde seus primórdios, passando pelo modelo de 
neumas, até chegar ao sistema atual de partituras. Então discutimos sobre a 
relevância da partitura nos tempos atuais e como os compositores da Música 
Contemporânea criam novas maneiras de pensar a estruturação musical e, por 
consequência, necessitam desenvolver novas estratégias para a escrita de suas 
obras. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
MARTINS, T. Dos primórdios da notação musical à modernidade. Medium. 
Disponível em: https://medium.com/p/33c4b63882c5. Acesso em: 1 fev. 2023. 
RADICETTI, F. Escutas e olhares cruzados nos contextos audiovisuais. 
Curitiba: Intersaberes, 2018. 
SIQUEIRA, A. Acústica. Curitiba: Intersaberes, 2020.

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