Buscar

Reflexões sobre a Ética

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O que é ética?
Temos, aqui, uma questão muito difícil de responder, pois não há um conceito único de ética. Há quem diga que ética é o estudo do que é bom e do que é mau, chama atenção para o fato de que assuntos dessa natureza sempre fizeram parte da história, desde a Antiguidade até nossos dias. É o caso, por exemplo, dos estudos sobre as possíveis formas de evitar e controlar a violência, a
agressividade. Há a ideia que diversas culturas e sociedades definiram conjuntos de valores éticos para funcionarem como reguladores dos padrões de conduta de relações
intersubjetivas e interpessoais. Trata-se, portanto, de uma forma de garantir
comportamentos sociais capazes de alcançar a segurança física e psíquica dos
membros daqueles grupamento
Tenha em mente que a ética também pode ser entendida como a reflexão em torno da
vida, das ações humanas e dos costumes da sociedade (GOLDIM, 2003). Ela não
estabelece regras e é caracterizada pela busca contínua de sentido, de justificativa
para o que é bom e mau, ou pela diferenciação entre o bem e o mal.
Questões éticas transitam por todas as áreas do conhecimento científico, por todas as
fases da vida em sociedade, por todas as classes sociais. Sendo um tema de tamanha
complexidade, nosso estudo jamais alcançaria resultados de grandes proporções em
termos de conhecimentos sobre a ética. Entretanto, a melhor forma de superar essa
dificuldade, e clarear nosso entendimento sobre os conceitos gerais, é descobrindo
como alguns dos grandes pensadores da humanidade entenderam a ética.
Para Sócrates, pensador grego que viveu entre 470 e 399 a.C., ética era sinônimo de
moral e o caminho para entender o que é justiça. Platão foi o mais famoso discípulo de
Entenda que a ética não dita leis, normas, regras; ela desenvolve
valores, a partir de reflexões que podem ajudar a melhorar o
comportamento humano.
fique atento!
caso
Um exemplo bastante atual de reflexão ética é a questão da
utilização de células-tronco (CT) embrionárias descartadas no
momento do parto. Trata-se de uma questão delicada que gera
dúvidas de ordem religiosa, moral e cultural. Como se portar em
relação às possíveis razões para ser contra ou a favor do uso das
CT para fins científicos ou terapêuticos? Está correto ou não?
Não existe um único conceito definido para a ética. A ideia de ética
varia com a visão de mundo de cada pensador. Filósofos,
psicólogos, sociólogos etc. desenvolvem suas reflexões em torno
de alguns aspectos da vida que consideram mais importantes para
tornar o homem melhor.
Sócrates, e entendia a ética como a reflexão em torno do modo correto de agir e de
sua relação com o alcance do bem supremo buscado por todos os homens: a
felicidade (SANTOS, 2001).
Discípulo de Platão, Aristóteles discordava de seu mestre quanto à ética, pois entendia
que o homem não luta para buscar um único bem supremo. Em sua visão, ele
necessita de vários bens supremos e, para alcançá-los, busca a virtude, que seria a
vontade e o esforço humano para desenvolver bons hábitos (ABIB, 2008).
Na Idade Moderna, a ética de Immanuel Kant (1724-1804) buscou a igualdade entre os
homens, o conhecimento verdadeiro, a liberdade do agir de forma única, racional,
transcendental (HAMEL, 2011).
Peter Singer é um filósofo contemporâneo que entende a ética como sinônimo de
moral. Ele afirma que para muitos a ética não passa de algo que é bonito na teoria,
mas não funciona na prática. Por isso, prefere ver a ética como uma reflexão contínua
em torno do que fazemos e do deixamos de fazer (SINGER, 1993).
Você acha que temos o direito de saber que tipo de alimento
estamos comprando? A corrida pelo lucro dá direito às grandes
corporações desenvolverem alimentos transgênicos e colocarem à
venda sem informarem sua origem nos rótulos? A identificação dos
alimentos transgênicos é uma questão ética muito atual, tratada na
Lei da Biossegurança (Lei n. 11.105/2005).
Zygmunt Bauman é outro pensador da atualidade que estuda a ética. Suas abordagens
envolvem preocupações com a pobreza, o fascismo, a desigualdade humana, as crises
ambientais e outras consequências do que chama de capitalismo parasitário
(BAUMAN, 1997). O autor afirma que, apesar da queda moral do homem pós-moderno,
o estudo dos temas clássicos da ética ainda é muito importante (BAUMAN, 1997). Para
Bauman, a ética é exatamente essa necessidade de pensar com profundidade em
torno das crises atuais e de suas alternativas (BAUMAN, 1997).
O que acabamos de ver foi uma pequena amostra de pensamentos em torno da ética.
São opiniões diferentes, mas poderíamos dizer que uma palavra-chave quando se trata
de ética é “reflexão”. Assim, será que poderíamos considerar a ética como uma
reflexão filosófica ou científica em torno de temas importantes que buscam tornar o
homem melhor? O que você pensa a respeito? Reflita um pouco sobre isso.
Agora, que possivelmente conseguimos elaborar nossa própria definição de ética,
analisaremos, no próximo item, a importância da ética para a sociedade, tendo em
vista as variadas abordagens que foram apresentadas até o momento.
Importância da ética para a sociedade
Observe que os textos iniciais de filosofia que apresentam a noção de ética costumam
mostrá-la quase sempre a partir de exemplos. Imagine aquelas situações em que nos
Zygmunt Bauman é um dos mais lúcidos pensadores sobre as
questões da atualidade. Leia a entrevista publicada pela Revista
Época e conheça mais sobre o pensador,
sensibilizamos com algum tipo de desastre natural: quantas vezes nos mobilizamos
individualmente, ou em sociedade, para buscar ajuda, coordenar atendimentos ou
mesmo arrecadar verbas que possam ser revertidas em alguma espécie de socorro?
Essas e outras tantas situações similares representam reações emocionais de cunho
moral, às vezes com influência religiosa. São momentos em que somos postos à prova
e nos quais, segundo Chauí (2010), nossa consciência moral exige que saibamos
decidir o que fazer e como justificar nossas ações para nós mesmos e para o mundo.
Tais momentos representam a manifestação de sentimentos provocados por valores
como justiça, generosidade, honradez, espírito de sacrifício, integridade, amor,
vergonha, culpa, admiração etc. Mesmo variando muito e passando por uma lista
enorme de sentimentos e emoções, podemos observar que tais valores poderiam ser
divididos em dois grupos ou em duas categorias: o bem e o mal (o que nos torna bons
ou maus).
Esta é, enfim, a importância da ética para a sociedade; que está justamente em
contribuir para que os seres humanos busquem sempre seu melhor lado.
Introdução
Nesta aula, veremos algumas concepções a respeito da ética e da moral,
acrescentando sua relação com a ideia de Direito.
Os conceitos de ética, moral e direito
Ética
Como você já deve saber, a noção de ética varia com a forma pela qual o pensador vê
o mundo. Entretanto, podemos observar que alguns elementos parecem estar sempre
presentes quando se fala em ética.
É o caso da palavra reflexão e dos questionamentos quanto às formas e os meios de
aproximar o homem do bem e afastá-lo do mal. Por isso, concluímos que reflexão é
uma espécie de palavra-chave quando se fala de ética, assim como: justiça; virtude;
esforço; e vontade para discernir o que é bom do que é mau.
caso
Dilemas éticos da atualidade incluem o consumismo exacerbado, a
idealização de figuras públicas como modelos e jogadores de
futebol, a intolerância com opiniões divergentes, entre outros.
Quando afirmamos que reflexão é uma palavra-chave associada à
ideia de ética, você deve se lembrar igualmente de alguns
sinônimos, como meditar, refletir, estudar, pensar etc.
Ao se concentrarem intensivamente no dilema entre o bem e o mal, entre o que é bom
e o que mau, os estudos da ética contribuem para a melhoria das sociedades
humanas. Fazem isso na medida em que, com base em meditações éticas, o ser
humano desenvolve uma série de valores positivos que passa a utilizar para nortear
sua vida e seus relacionamentos interpessoais, profissionais e sociais.
Nesse sentido, incluem-se entre os interesses de cunhoético a preocupação quanto ao
potencial contemporâneo das ações humanas para destruírem tanto a natureza quanto
a própria raça humana, a intervenção tecnológica sobre a natureza, muitas vezes com
prejuízo à vida, a busca desequilibrada por lucros econômicos. Também podemos citar
as formas de evitar e controlar a violência e a agressividade, a corrupção das
instituições públicas e privadas etc.
Vamos agora conceituar moral!
Moral
Assim como no caso da ética, existem variações quanto à noção de moral. Podemos
dizer que há, também, certa confusão entre os conceitos de ética e de moral, além de
autores que os consideram sinônimos, inclusive alguns dicionários (LA TAILE, 2010).
Entretanto, a ideia de moral tem sido aceita como uma espécie de código de valores,
conjunto de normas, não necessariamente escritas, que regulamentam o
comportamento do homem em sociedade.
A moral, portanto, está associada ao que é certo ou errado, justo ou não, reprovável ou
não, em termos de consciência humana, de costumes, de regras sociais. Passaremos,
agora, à noção de Direito.
Direito
No sentido subjetivo, afirmamos que direito é a faculdade de exigir, realizar, possuir ou
fazer algo que esteja de acordo com a lei. Já no sentido objetivo, o Direito é o conjunto
de leis que dirige o homem, indicando o que ele pode e deve fazer, ou não (SANTOS,
1959).
Em ambas as perspectivas, o aspecto a se destacar é o fato da coerção do Direito
decorrer do poder e da força do Estado.
Sobre a relação entre ética, moral e Direito podemos elencar semelhanças e
diferenças. Moral e Direito se assemelham pois, diferentemente da ética, ambas se
baseiam na coerção das normas. Por outro lado, moral e Direito também se
Diferentemente das leis morais, as leis e normas jurídicas são, por
regra, escritas, registradas por meio dos agentes públicos que
detém autoridade para criá-las.
diferenciam na medida em que as leis do Direito são limitadas territorialmente pelo
Estado, a cujo poder estão vinculadas, enquanto que as regras morais são pessoais e
sociais, grafadas na consciência, como se costuma dizer popularmente, sem fronteiras
geográficas.
Os papéis de cada um
O papel da moral na sociedade se evidencia na exigência de valores morais para
mediar as relações sociais. Honestidade, solidariedade, decência, respeito mútuo,
entre outros, são aspirações morais contínuas da coletividades na qual estamos
imersos.
O Direito fala por si só. Confiamos nos operadores do Direito (juízes, advogados,
promotores, delegados), porém a sociedade, não raras vezes, ressente-se com os
legisladores pela criação de leis que parecem muito mais defender interesses privados
do que públicos.
O papel da ética, portanto, está em contribuir com suas reflexões, isoladamente ou em
conjunto com a moral e o Direito. Os estudos éticos devem ser aproveitados na
elaboração de leis e códigos com maior capacidade de sanear as ações tanto do
homem comum, quanto daqueles operadores do Direito e agentes políticos que tomam
decisões pela sociedade.
Quando nos referimos ao Direito, envolvemos obrigatoriamente
estruturas do Poder Legislativo (que cria as leis), do Poder
Executivo (que cobra o cumprimento das normas jurídicas) e do
Poder Judiciário (que julga as desavenças em torno do
cumprimento dessas regras).
caso
A redução da maioridade penal tem sido discutida intensivamente
na sociedade brasileira e a polêmica que o assunto levante envolve
questionamentos de ordem ética, pois invariavelmente deixa no ar
a dúvida sobre julgar como adulto um adolescente de 16 anos. Por
outro lado, questiona-se se estaria certo não fazê-lo, permitindo a
possibilidade de alguém ser vítima desse hipotético jovem. Não se
pode deixar em branco um outro questionamento quanto ao fato de
que aquela mesma pessoa/criança/adolescente/jovem possa ser
Em relação às reações emocionais de cunho moral, às vezes com influência religiosa,
que costumamos atribuir à nossa consciência moral, apresentamos o entendimento de
Chauí (2010), segundo o qual tais momentos nada mais representam do que a
manifestação de sentimentos provocados por valores como justiça, generosidade,
honradez etc.
Nessas situações, fica evidente o papel da ética, pois esses valores que guiam nossas
decisões são fortemente influenciadas por ela. Podemos concluir que as reflexões
éticas nos permitem desenvolver valores morais positivos, capacitando-nos como
indivíduos e como sociedade.
CÓDIGO DE ÉTICA
- 2 -
Introdução
Neste tema, você estudará as diferenças entre os diversos códigos de ética existentes
e descobrir as vantagens práticas da aplicação dos códigos de ética pelas
organizações.
Código de Ética: conceito e funções
Sabemos que o comportamento guiado pela ética, ou seja, pautado em valores morais,
é importante nas sociedades atuais. Apesar disso, a existência de hábitos
comportamentais dos indivíduos nas organizações pode representar obstáculos ao
alinhamento de interesses necessários às corporações.
Uma das formas de obter controle sobre tais desencontros comportamentais é a
adoção de códigos de ética. Entenda que um código de ética é um conjunto
sistematizado de normas por meio das quais as organizações definem os padrões de
postura e de comportamento aceitáveis para seus gestores, associados,
colaboradores, sócios, parceiros etc.
A função dos códigos é regular as ações desses agentes e alinhar sua conduta à
postura dos acionistas. Eles também vêm sendo utilizados como indicadores da
preocupação ética, acrescentando valor às organizações
Assim, um código de ética pode ser entendido como uma espécie de contrato entre os
entes corporativos. Entre seus objetivos, podemos citar o de manter os agentes
interessados informados quanto às expectativas dos acionistas ou do núcleo
estratégico da organização.
Dependendo do perfil corporativo, os agentes podem ser incentivados até mesmo
financeiramente para a adequação comportamental e divulgação do código de ética. A
importância da adoção do código está no fato de que as questões éticas envolvem
todas as áreas do conhecimento científico, todas as fases da vida em sociedade e
todas as classes sociais.
Estruturas de controle como os códigos de ética são necessárias
para direcionar o comportamento dos agentes de forma
cooperativa, incentivando-os a seguirem voluntariamente os
princípios da organização.
Empresas decidem adotar códigos de ética por variados motivos. Tenha em mente que
o código pode representar uma perspectiva distante da realidade da organização,
tendo sido criado exatamente como uma forma de passar uma imagem institucional
positiva ou, eventualmente, para servir como prevenção legal em casos de litígios
judiciais.
Entenda, portanto, que os códigos podem existir sem serem aplicados. Por outro lado,
podem existir verdadeiros programas de estímulo à adequação da postura de clientes,
fornecedores e colaboradores às definições do código de ética corporativo, como forma
de fortalecimento e ampliação da imagem da organização.
Entre as várias justificativas que levam empresas a criarem e adotarem códigos de
ética, podemos destacar: incentivos legais oferecidos por alguns países; a globalização
que muitas vezes exige a adequação a outras culturas e regiões; prevenção de risco
ou impossibilidade de eximir-se perante responsabilidades quanto a ocorrências que
possam afetar negativamente a imagem da organização; adequação aos princípios e
valores organizacionais.
Segundo Lyra, Gomes e Jacovine (2009), stakeholder designa um
grupo ou um indivíduo que pode afetar ou ser afetado pelas ações
de uma empresa, incluindo aqueles que detêm o poder ou
habilidade para influenciar tais ações, e cuja atuação não deve ser
negligenciada.
O simples fato de cumprir o código de ética de sua categoria
profissional, de sua corporação, não confere a ninguém qualquer
dignidade ou direito adicional. Não importa se por medo das
consequências ou por convicção moral, o código deve ser cumprido
em função do bom trato com o outro (RIBEIRO, 2003).
O Código de Ética da Magistratura é uma ferramenta essencial
para guiar os juízesem seus julgamentos, atestando perante à
sociedade sua autoridade moral. O documento foi editado e
aprovado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está
disponível no website institucional do CNJ.
Códigos de ética: tipos e vantagens práticas
Como você já deve saber, moral e ética são termos considerados sinônimos. Os
códigos de ética, portanto, são considerados como conjuntos de valores, princípios ou
padrões de conduta moral vigentes dentro de uma organização, de um grupo
profissional, de uma entidade pública ou privada.
Saiba que os códigos de ética podem ser de diversos tipos. Há códigos de categorias
profissionais (médicos, advogados, contadores, psicólogos etc.); de associações
comerciais (de comerciantes ou de comerciários); públicos (de servidores, juízes,
militares); e privados (de clubes recreativos, de grandes corporações, de micro e
caso
Códigos não-escritos são pouco comuns, por isso valem ser
exemplificados. Juttel e Mezzacappa (2008) apresentam um estudo
que aponta a existência de um rígido código de ética dentro dos
presídios. Segundo os autores, a quebra de suas normas gera
violentas sanções que podem ir desde repreensões até
espancamentos e outras formas de violência.
pequenas empresas). Independente da tipificação, a maioria dos códigos está
associada à ideia de maior responsabilidade social por parte dos colaboradores
envolvidos.
Esses documentos podem, também, serem escritos como um conjunto de normas ou
uma declaração de valores. Existem os que são voltados para compliance, ou seja,
para auditoria, controle e prestação de contas, bem como os que almejam a
assimilação de valores pelos funcionários e parceiros. Códigos de ética variam, ainda,
conforme a área gestora, que tanto pode ser o departamento de gestão de pessoas, a
auditoria jurídica ou contábil, quanto o mais alto nível estratégico. Os tipos podem até
variar conforme sua implementação, posto que eles podem ser alimentados diária e
continuamente ou existirem de forma alheia (CHERMAN; TOMEI, 2005).
Uma das vantagens de sua utilização está no fato de que os valores organizacionais
expressos em códigos de ética acabam orientando a realidade prática das
corporações, favorecendo o clima interno, o desenvolvimento de lideranças, assim
como a tomada de decisões em maior conformidade com as estratégias das
organizações (ALMEIDA, 2007).
O alinhamento dos discursos e das posturas dos colaboradores facilita a construção da
imagem institucional, sendo, dessa forma, um ganho adicional. Podemos perceber tal
fator, por exemplo, em associações de ordens profissionais: Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e Conselho Federal de Medicina (CFM).
Como código não-escrito, podemos citar ainda a referência de
Burns (1964), que determinou como um rigoroso código de ética a
regulamentação das atitudes do servidor público inglês em todas as
suas relações de trabalho, seja com colegas, com o público em
geral ou com seus superiores.
Os códigos de ética podem ser entendidos como aspectos da ética
aplicada às organizações, uma vez que estabelecem regras
embasadas nos valores morais definidos a partir dos princípios
éticos abraçados pelas entidades.
CONDUTA ÉTICA E ESTATUTO ÉTICO
DOS ATOS: O FAZER E O AGIR
Introdução
Neste tema, entenderemos a conduta ética e o estatuto ético dos atos. Veremos os
aspectos da consciência tanto subjetiva, quanto ética.
Conduta ética e estatuto ético dos atos: o fazer e o agir
De acordo com Sá (2001), no campo da ética, a consciência possui um aspecto
peculiar que vai desde o seu conceito até os ângulos de seus conflitos com as práticas
sociais. O mesmo autor define ética como sendo um estado decorrente de mente e
espírito, através do qual não só aceitamos modelos para a conduta, como efetivamos
julgamentos próprios.
A consciência, assim, instala e age na relação entre o espírito e a sensibilidade da
mente captadora de condições e ou necessidades. A razão pela qual a consciência
ética é peculiar e determinada pela característica de que conquistar a felicidade de
forma egoísta não lhe é considerável. Então, nada é ético se é produzido, se é feito
com o prejuízo de alguém.
O ético é produzido através de uma ação harmônica entre o ser que o pratica e a
sociedade na qual se insere. As determinações do ambiente em que vive podem ser
tão fortes que o ser humano passa a ceder, sem prejuízo, sua liberdade espiritual, em
favor dos interesses e da pressão dos seus semelhantes.
Quando o que está em questão é o problema ético, o espírito molda-se diante das
realidades ambientais. Observe que não se trata de renunciar ao espírito nem ao ego,
porém, trata-se de uma adaptação natural, tendo como condutor o amor como
condição essencial da existência.
Aspectos da consciência ética
Interferências irão ocorrer no nosso autojulgamento, e nosso condicionamento à
prática. No campo ético, a questão se relaciona a uma conduta objetiva de
comportamento de grupo que elimina o subjetivismo.
Neste caso, nossa conduta, já que é fruto da nossa consciência, passa por nossos
próprios julgamentos, por julgamentos de terceiros, e, neste caso, torna-se
especificamente ética. Existe, então, uma correlação entre o que cada um de nós
absorve como um modelo para a conduta e o que sente como resultado de seus
próprios entendimentos.
Consciência subjetiva e consciência ética
Verifica-se que podem ocorrer diferenças entre o que construímos, o que elaboramos
como formação geral de nosso conhecimento e as ações que realizamos em nossa
conduta em sociedade. A conduta que deriva da vontade gerada na consciência pode
não ser considerada boa segundo terceiros. Isto porque a consciência formada,
somada à estrutura mental de cada um de nós, tem um comportamento de universo
próprio, individual.
Podem surgir aí os conflitos de diferentes naturezas, tanto para o indivíduo como no
seu grupo, sua sociedade, seu Estado. Como a consciência forma-se para o exercício
de vontades que resultam em condutas que se submetem à análise de terceiros, a
consciência ética é específica. Consideremos os seguintes aspectos como exemplo:
- para quem não foi educado para falar a verdade, mentir pode ser natural, pois não
recebeu em sua consciência o modelo do verdadeiro, porém não será natural perante
terceiros.
De acordo com Sá (2001, p. 62), neste caso:
Desse modo, podemos notar que as organizações sociais estão submetidas ao
controle de grupos e que estes podem colocar normas em favor de seus próprios
interesses.
Como toda consciência, a consciência ética forma também uma opinião, oriunda da
reflexão, quer dizer, desse embate entre a realidade percebida e aquela que se insere
no íntimo do ser. Para Sá (2001,), essas posições inferiores que atribuímos à nossa
mente são transcendentais, provenientes de partes recônditas e desconhecidas do
cérebro pela ciência ou dessa energia ainda tão pouco conhecida pelo homem, que
denominamos espírito.
Uma consciência virtuosa, opostamente, fica isenta de conflitos, em geral, pois, é esse
o estado de valor que se tem objetivado conseguir, ao longo dos milênios, na
sociedade humana. Isto vale para o geral e também para grupos e classes. Assim, por
exemplo, também um código de ética profissional que proíba a propaganda de serviços
pode criar uma norma a ser seguida, mas conflitante com o que o Ser entende pela
questão. Tal forma de proceder pode beneficiar apenas as grandes organizações
profissionais que, já possuindo nome implantado, cerceiam às menores seus
propósitos de crescimento por conquista de mercado através da difusão. A norma pode
ser aceita por um código, mas, essencialmente, poderá ferir a direitos individuais,
contrariando ao que um profissional entende como correto.
Observe que existe dentro de cada um de nós, de acordo com nossa capacidade, uma
corrente de análises, de críticas e de intuições para o que denominamos como
verdade. É nossa capacidade que pode estabelecer conflitos com as normalizações,
com as leis sob determinadas condições. Enfim, o aspecto da consciência ética é bem
concreto para nós e tem sua forma objetiva de ser aceita.O mundo perante a consciência ética
Nos questionamentos sobre consciência ética, é possível se ter uma visão do quanto
ela depende do ambiente e das circunstâncias que podem levar o profissional em
casos extremos a conflitar-se com o interesse social. Sá (2001, p. 62) chama a atenção
para os seguintes aspectos:
Como deve agir o profissional da contabilidade?
A opção profissional é em favor da empresa, se nosso Código Civil protege o sigilo e
se a lei fiscal obriga sua quebra, já que o conflito da própria legislação desmoraliza a
posição legal. Agora, a questão da consciência tem como dever o não trair, o não
levantar-se contra aquele que tem o dever de proteger.
O profissional da contabilidade, na situação, segue os mesmos modelos do advogado
que, mesmo tendo conhecimento de que seu cliente é criminoso, o defende. Observe
que não se trata de defender o crime, mas a pessoa que se deixou vitimar por tais
eventos.
Estados especiais de manifestação da consciência ética
A razão pode ser superada por sentimentos morais, partidários, religiosos etc., e em
qualquer momento modificar modelos conscientes. Por exemplo, o indivíduo envolvido
pela crença, pela forte emoção, pelo preconceito, pode enfrentar uma experiência em
que o ego tende a deturpar o racional, podendo alterá-lo, superestimá-lo de acordo
com as consequências. E mais: a visão do ser pode ser alterada por paixões e
Também pode ocorrer que o profissional se volte contra medidas provenientes dos
poderes que geram o Estado e que forçam medidas em nome do social, mas, em
verdade, com lesões ao interesse individual dos cidadãos que exercem seus trabalhos.
Refiro-me ao caso, por exemplo, que tem ocorrido na prática, em que o Poder Público,
em lei, estabelece que o profissional deve denunciar o contribuinte que não está em dia
com as obrigações fiscais. Entre o interesse do governo, a imposição da lei e a ética
profissional que protege o sigilo, tem-se o contabilista firmado na proteção ao cliente,
com muita justiça e adequação, entendo.
sentimentos mais profundos. A ciência também ainda não conseguiu um instrumento
que medisse o valor da paixão e da tristeza. No entanto, Sá (2001, p. 66) aponta:
O enfraquecimento das virtudes pode ser facilitado pela ignorância, e o erro pode
firmar-se como conduta aceitável até perante o social. Perante a doutrina da moral, as
éticas de cada época não podem ser – senão casos especiais de estudos –, não
podendo jamais alcançar o caráter de universalidade científica. A razão é um predicado
humano importante relacionado à justiça, igualdade, felicidade e tolerância, por
exemplo.
A virtude e a ética
Constantemente, a palavra “virtude” tem o significado de algo bom que faz parte do
indivíduo. Sá (2001) assim define:
Para muitos, o ser humano nasce com programações genéticas, biológicas, espirituais
etc., que a ciência ainda não conseguiu desvendar. Os atributos pelo nascimento
evoluem e se adequam com a educação doméstica nas escolas e nos diversos
ambientes de convivência. Por exemplo, existem padrões de virtude aceitos como
verdadeiros, transmitidos durante vários anos pela via educacional. Para Sá (2001), no
campo da ética, a virtude é, sem dúvida, uma qualidade necessária, sem a qual não se
consegue exercer a disciplina comportamental nos grupos.
A ciência também ainda não conseguiu uma valorimetria da paixão, da dor da tristeza,
e da melancolia que fosse confiável e comprovável quanto à fixação quantitativa de sua
intensidade e elasticidade. (...) A história do mundo está plena de atos lesivos à Ética
praticada pelo fanatismo religioso, pelos preconceitos, em suma por emoções que
empanam a razão, mas que dominam o ego e que contaminam sociedade. Não é, pois,
exagero afirmarmos que uma consciência ética pode ceder lugar a deturpações
motivadas por fanatismos religiosos, preconceitos e paixões de diversas naturezas.
A virtude é uma conduta ética básica, quer dizer, não é possível, como princípio,
conceber o ético sem o virtuoso. Representando a maneira própria de condutas
específicas existe uma virtude ética. Para a área da ética, a virtude está ligada à
qualidade do ser, em sua prática de atos morais essenciais, importantes, íntimos da
alma.
Evolução do conceito de virtude
Com o avanço das ciências, das sociedades, das leis, surgiram novos estilos de vida, e
estes já não possibilitam mais a adoção de alguns conceitos de virtude que há séculos
se utilizavam. Algumas das alterações, hoje aceitas também pela lei, não terão a
garantia de estarem presente em tempos futuros; Sá (2001, p. 72) destaca este
aspecto da seguinte maneira:
Tendo normas e valores sociais alterados, igualmente se alteraram atitudes e
comportamentos. Em razão dos progressos do conhecimento, outros aspectos também
mudaram, mesmo tendo moralmente semelhanças entre o homem do início deste
século e o homem do século XX. Segundo Sá (2001, p. 73), a virtude não se faz
dispensável em nenhuma circunstância, e não podemos transgredir diante daquelas
pétreas, indeformáveis, ligadas à essência, ao espírito.
De acordo com Sá:
As alterações sócio-morais, todavia, nem todas, foram maléficas; muitas evoluções
foram e ainda são altamente proveitosas, à liberdade do ser humano e a uma
aproximação à verdade. Tudo isto é perceptível, mas não altera, segundo entendo,
ainda, as bases que devem caracterizar a conduta de um profissional como a já
referida do contabilista, por exemplo, em sua responsabilidade de guardião da riqueza
das células sociais ou de um médico como guardião do organismo humano. As
alterações ampliaram os níveis de liberdade, embora nem sempre com a preservação
de um estado de melhor qualidade de vida do ser.
Um profissional que vive lidando diretamente com valores materiais, tendo como objeto
de sua tarefa o zelo pela riqueza, como o da contabilidade, mais do que ninguém deve
resguardar-se contra a sedução da fortuna, à custa de prejudicar a terceiros,
notadamente seu cliente (esse, todavia, um dos aspectos, apenas, das virtudes a
serem exercidas).O Código de Ética Profissional do Contabilista, por exemplo, fixa um
sem-número de virtudes exigíveis; poderíamos, mesmo, até dizer, que é um complexo
de normalizações de virtudes a serem cumpridas. Não basta, entretanto, que sejam
normalizadas as condutas; o que importa é que o profissional dessa área e daquelas
que cuidam de interesses de terceiros tenha absoluta convicção de que não deve
construir seu bem à custa de prejuízo de terceiros, sejam eles quem forem. Por mais
rigorosos que sejam os códigos, as classes estarão sempre a transgredi-los se não
possuírem educação ética com absoluta convicção sobre os benefícios da prática das
virtudes.
As áreas ligadas a finanças, principalmente a contabilidade, são constantemente
relacionadas à sedução da fortuna. Para os profissionais ligados ao exercício da
profissão contábil, o Código de Ética profissional deve ser seguido com rigor.
Perfeição, caráter e virtude
O fazer e o agir possuem suas relações com a perfeição e o caráter. Fazer as coisas
com perfeição, muitas vezes, é a preocupação dos homens. Filósofos e algumas
religiões pregam sobre modelos de perfeição. Admitem, por exemplo, que Deus fez o
homem a sua imagem e perfeição. Para Sá (2001), a virtude é essencialmente a
perfeição inspirada nas propriedades divinas, preexistindo à concepção do homem e
existindo por essência, independentemente da vontade humana. Ainda segundo o
autor:
Verifica-se que o caráter sinaliza o indivíduo, sendo seu símbolo de ação como
individualidade que, assim, permite a qualificação. A conduta é como um efeito, um
resultado, em que a causa é uma vontade. Já a vontade se inspira em algo que se
concretiza oriundo de um estado de consciência, contido no caráter e que, por sua vez,
é resultado de energias impressas no ser e que se alteram pela adição de outros
elementos.
Sá (2001) destaca importantes elementos a serem levados em conta: um bom caráter
forma-se na virtude; a virtude está além do caráter; a forma de cada um se conduzir,
guiado por seu caráter, é uma questão queainda tem facetas desconhecidas. O
caráter, como maneira de individualização, acaba por identificar os indivíduos, e
quando se ajusta na virtude, não há dúvida – tenta sempre uma vida adequada para o
ser e a sociedade. Passos (2009, p. 50) ainda afirma que:
Os homens podem estabelecer paradigmas que consideram virtuosos, mas não é por
esta razão que se transformam em virtudes. Não somos autores da verdade; apenas
conseguimos encontrá-las e identificá-las com um modelo que tudo faz crer trazemos
por origem na alma; por isto é que sentimos acender-se em nós uma energia ou
satisfação quando encontramos a essência que por nascimento parecemos trazer. (SÁ,
2001, p. 77).
As ideias e os valores que um gestor ou em empresário coloca em prática em sua ação
são construtos históricos socais, portanto sínteses da articulação de seu eu, num
processo intersubjetivo, onde interagiram pessoas que vão desde aquelas vinculadas
com sua trajetória de vida familiar, educacional esportiva, profissional, religiosa, etc.
Portanto, o agir está diretamente ligado ao ser, e a trajetória de vida irá, de alguma
forma, interferir nos valores que serão formados no indivíduo. As empresas e as
organizações são pequenas estruturas sociais participantes da sociedade, que acabam
criando valores e definindo caminhos e decidem por uma forma de ser e de agir
consciente ou inconscientemente.
Conforme visto, o indivíduo pode manter sua integridade, sua identidade pessoal, e, ao
mesmo tempo, apropriar-se dos valores da empresa. No entanto, cabe ao indivíduo
manter uma harmonia entre seus valores e os valores da empresa. O clima
organizacional pode ser estabelecido sem que o indivíduo desrespeite a ética
profissional. O fazer e agir devem ser realizados propiciando o bem-estar da instituição.
Sá, entre outros autores, destaca que existe uma coerência natural do dever que nos
instiga a exercer os modelos mentais e educacionais que recebemos e aqueles que
adquirimos pela conveniência. Deste modo, com avanço da ciência, dados especiais
nos foram atribuídos, como estados especiais de memórias, provenientes de nossa
formação biológica ou genética.
Conclusão
Virtude e caráter estão para a ética como
espinha dorsal, tornando sólidos não somente o pensamento individual, mas as trocas
coletivas e a prática profissional. Na vida atribulada que levamos atualmente, não
temos o tempo livre dedicado ao pensamento como os filósofos antigos, mas
recebemos como herança de Sócrates, Platão e Aristóteles o pensamento ético que
passamos de geração para geração. Entende-se que a ética, na prática, está ligada ao
exercício do bem, ao cotidiano que visa tão somente a felicidade individual e,
consequentemente, a qualidade de vida em coletividade.
Um caso prático que ocorre com frequência e serve de exemplo negativo para os
profissionais da área é quando o trabalhador passa a participar de situações ilícitas.
Um exemplo: o profissional pede para seu cliente ou empregador vantagens
financeiras para aplicações ilícitas ou favorecimento pessoal. Isso, além de ser imoral,
trata-se de crime. Para tanto, é necessário que o profissional esteja ciente e construa,
desde o início, uma carreira com lisura e pautada na ética e credibilidade.
ÉTICA EMPRESARIAL
Introdução
Neste tema você verá que a Ética Empresarial é uma cadeia de valores que muda a
cada corporação, porém ela é apenas norteadora e não define a conduta moral dos
indivíduos.
O que é Ética Empresarial?
Uma corporação mira sempre no crescimento, na lucratividade e na produtividade para
atender seu quadro societário. O conceito de Ética Empresarial envolve justamente as
formas mais corretas de lidar com todos esses participantes, buscando a justiça de
valores éticos e morais.
Um conjunto de regras de valores éticos e morais definidos pela corporação é uma
ferramenta essencial para tomadas de decisões por parte da diretoria. Também é
norteador para colaboradores e gerentes, levando-os a buscar atender os objetivos e
metas especificadas pela empresa.
caso
Uma empresa que lida com produtos e alimentos infantis precisa ter
certeza de que as matérias-primas, os insumos e equipamentos
não vão causar nenhum dano ao produto final, ou à marca e à
imagem do produto, pois ele será consumido por seres humanos
mais frágeis, que não sabem distinguir se o sabor e a textura são
inadequados.
A visão, missão e valores das empresas delimita como deve ser a
postura ética e conduta moral de seus funcionários. Desta forma,
garante que a empresa tenha uma postura ética em relação aos
seus pares, como são chamados os stakeholders, como acionistas,
funcionários, poder público, clientes e sociedade, gerando códigos
de ética para demonstrar que a empresa tenha responsabilidade
social e ambiental, respeitando normas e regras vigentes. (HAMEL,
2007).
O documento principal que deve ser elaborado pela corporação (e muitas vezes até
servir de base para uma capacitação) é o Código de Ética Corporativo, contendo a
missão, a visão e valores da corporação (SROUR, 2008). Este documento, entregue
normalmente antes do início dos trabalhos de um novo funcionário, deve conter todas
as normas e valores que serão essenciais para a boa conduta dos colaboradores em
relação às normas da empresa, às boas práticas de trabalho e à relação social e
ambiental.
•
Compromisso ético da empresa perante a comunidade, público interno e público
externo (Responsabilidade Social).
•
Práticas anticorrupção. Deve demonstrar todas as entradas e valores de
serviços, bens e mercadorias de forma legal e lícita, com transparência dos
registros e balanços perante os órgãos fiscais, para evitar práticas como "caixa
dois", sonegação de tributos e corrupção do poder público, propinas e práticas de
comissões irregulares e brindes.
•
Divulgação de balanço social para o público externo, em redes sociais e em
jornais de grande circulação.
•
Governança corporativa. Se existe na alta direção da empresa consciência dos
atos referentes às responsabilidades sociais.
•
Empregados dos fornecedores (se não utilizam mão de obra escrava ou infantil,
por exemplo).
•
Gerenciamento do impacto ao meio ambiente, como solo, ar e água, além do
ciclo de vida dos produtos, embalagens e insumos utilizados e pós-venda.
•
Educação ambiental e desenvolvimento de práticas e ações sustentáveis, entre
outros.
Entretanto, De Lucca (2009) relembra que não basta somente o Código de Ética como
norma de conduta. A empresa deve ter um plano estratégico que garanta que todas as
etapas dos processos estejam de acordo com as normas e regras da legislação
vigente, comprometendo-se com os valores éticos e morais que está solicitando de
seus colaboradores.
O que é Responsabilidade Social?
Tenha em mente que a ética praticada nas corporações está intimamente ligada à
atuação que estas têm perante a sociedade, ou seja, a Ética Empresarial está ligada à
Responsabilidade Social. As empresas e instituições públicas, além de terem
internamente o Código de Ética e Conduta Moral, têm o dever de praticar atos que
estejam de acordo com a conduta moral e ética do público externo (DE LUCCA, 2009).
Conforme pontuou De Lucca (2009), a responsabilidade em relação à comunidade se
divide em: Responsabilidade Social Corporativa; Responsabilidade Social
Empresarial; e Responsabilidade Social Ambiental.
A responsabilidade social corporativa diz respeito às preocupações sociais voltadas
para o público interno e o ambiente de negócios de uma empresa, ao passo que a
responsabilidade social empresarial tem mais beneficiários, como o público externo,
fornecedores, clientes, sociedade, governo e envolve questões como a qualidade de
vida e bem-estar do público interno. São as ações sociais que envolvem a comunidade.
O conceito de Responsabilidade Ambiental é o mais recente. Cada vez mais, fala-se
em sustentabilidade ou no chamado desenvolvimento sustentável por meio de
práticas, políticas e ações que vão além do atendimento ao ambiente interno das
corporações, atingindo principalmente as questões do público externo, da comunidade
e o meio ambienteem si.
Conforme SROUR (2008), Responsabilidade Social acontece
quando a empresa, de forma voluntária, assume posturas e
atitudes que promovam o bem-estar do público externo e interno
(colaboradores e sociedade).
Comportamento ético é diferente de Ética Empresarial. O
comportamento ético é o que se espera de governos, pessoas,
empresas e organizações em todos os sentidos, com bases nos
valores como honestidade, equilíbrio e integridade, perante a
comunidade e ao meio ambiente.
caso
As empresas que atuam no segmento papeleiro ou na fabricação
de papel, por exemplo, além de atenderem normas rígidas
governamentais que determinam o plantio de certas árvores, o
reflorestamento e cuidados com a fauna, devem levar em conta
conceitos como reciclagem e reutilização de material para
fabricação de papéis. Elas também devem possuir obrigatoriamente
certificações socioambientais para se manter no mercado, como o
certificado ISO14000.
As empresas que têm responsabilidade social e cuja prática é baseada na
sustentabilidade normalmente produzem ações voltadas à comunidade do entorno,
mas também à sociedade em geral. Ao promover uma ação social colaborativa, a
empresa muitas vezes fica marcada por esta atividade, e dependendo do setor, outras
ações são quase obrigatórias.
ISO14000 é um sistema de gestão ambiental (SGA) segundo o qual
empresas que demandam ou trabalham com algum tipo de produto
que afete o meio ambiente devem obrigatoriamente ter premissas
para serem aceitos por organizações e empresas (clientes finais
também) em nível nacional e internacional
Relação entre Ética Empresarial x Responsabilidade
social
Há uma falsa impressão de que as empresas são compromissadas socialmente e já
cumprem regiamente a lei. Para que uma empresa seja socialmente responsável,
existem fatores a serem considerados, como práticas sustentáveis e o balanço social
(GOMES e MORETTI, 2007).
O principal desejo e meta das corporações é a lucratividade e o interesse financeiro de
seus acionistas, entretanto a empresa que deseja ser socialmente responsável deve
ouvir o que chamamos de stakeholders, ou seja, colaboradores, fornecedores, clientes,
parceiros e poder público e trazê-los para o centro das atividades sociais.
Entenda que não existe Responsabilidade Social sem ética nos negócios, por isso a
necessidade dos códigos de ética empresariais. Não adianta a empresa ser corrupta,
fraudar seus registros e balanços e desenvolver ações sociais, pois quando estes
padrões de comportamento virem à tona ela terá que responder por eles.
A empresa deve cultivar em sua cultura organizacional a Responsabilidade Social e
Ambiental, além da Ética Empresarial, para obter resultados objetivos no âmbito
externo. Em outras palavras, ela deve atender inicialmente o público interno, mantendo
seus padrões éticos, para posteriormente entrar em uma atividade que envolva a
comunidade.
Introdução
Nesta aula você acompanhará a importância do Marketing Ambiental para o progresso
econômico e social de empresas e pessoas, além de entender a importância de
projetos de consciência ambiental, a fim de aumentar a credibilidade das empresas e a
qualidade de vida de comunidades carentes.
Você terá a oportunidade de conhecer e/ou se aprofundar nos assuntos a seguir:
•
identificar , por meio de cases de sucesso, o impacto de ações socioambientais
no desenvolvimento de pessoas e empresas.
Estratégias de marketing ambiental e o desenvolvimento
socioeconômico de determinada região
A crise ambiental, segundo Portilho (2010), exige que diversos setores da sociedade se
tornem corresponsáveis pela preservação do planeta. Para a autora, é dever das
empresas buscar as certificações ambientais, trabalhando, assim, segundo os padrões
ecologicamente corretos; bem como informar aos cidadãos quais são as práticas de
consumo que diminuem o impacto no meio ambiente.
Diante do desequilíbrio ambiental e a partir da pressão popular, as organizações
tiveram que rever seu posicionamento. Atualmente, elas têm que trabalhar com rotinas
sustentáveis, ou seja, o processo de fabricação de produtos ou a prestação de serviços
deve poupar os recursos naturais e reaproveitar os resíduos das atividades humanas,
para que eles não sejam devolvidos ao meio ambiente em forma de poluentes
(BARBIERI, 2008).
Fazer uso de sacolas ecológicas em vez de sacolas plásticas nas
compras e separar o lixo doméstico para reciclagem são alguns
hábitos que as empresas podem estimular os cidadãos a adotarem,
no sentido de diminuir a degradação ambiental
O Marketing Ambiental tem sido uma importante ferramenta para as empresas
mudarem sua postura com relação ao ecossistema, estimulando inovações
tecnológicas para a produção de mercadorias responsáveis, com base em matériasprimas
ecológicas e a redução de resíduos. Ele também pode ser considerado um
você sabia?
A chef de cozinha Paola Corosella levantou a bandeira contra a
degradação ambiental e produz as refeições de seus restaurantes
com alimentos sem agrotóxicos, grande parte vinda de seus
fornecedores, que são agricultores de São Paulo focados em
alimentos orgânicos.
instrumento para mobilizar funcionários, fornecedores e a sociedade como um todo
quanto a consciência ambiental, seja na rotina de trabalho ou em mudanças de
hábitos.
Vale ressaltar que somente a mudança na rotina de trabalho com base em ações
ecologicamente corretas e campanhas de conscientização não bastam para que o
problema se resolva. Além da preocupação com o planeta, o marketing também deve
ser aplicado em ações que tragam qualidade de vida e desenvolvimento
socioeconômico, assumindo as características do Marketing Socioambiental. Essa
intervenção é necessária para que a sustentabilidade promova, também, a igualdade
social (NASCIMENTO, 2012).
Sendo assim, o Marketing Socioambiental pode contribuir para a melhoria de vida de
comunidades com baixo índice de desenvolvimento humano, financiando projetos
ecologicamente corretos que darão a seus participantes melhores condições de vida.
Os moradores de uma região podem elevar sua renda e ficarem menos expostos a
doenças quando vivem em um ambiente não degradado. Entretanto, segundo Amorim
et al (2009, p. 116), o bem-estar diminui quando se vive em uma comunidade poluída
pelo “[...] assoreamento de rios, o entupimento de bueiros com consequente aumento
de enchentes, além da destruição de áreas verdes, mau cheiro, proliferação de
moscas, baratas e ratos”.
Um estudo feito por cientistas das universidades da Geórgia, na
Califórnia, e da organização oceanográfica Sea Education
Association (SEA), revela como a questão dos resíduos ainda é um
desafio a ser vencido. A pesquisa mostrou que a humanidade
produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico até 2015. Desse total,
cerca de 6,3 bilhões já foram descartados, mas apenas 9% foi
reciclado, 12% incinerado e 79% ainda permanece acumulado em
aterros ou segue poluindo o meio ambiente (CASTRO, 2017).
O entupimento de bueiros demonstra uma ação humana que
prejudica o meio ambiente, pois vem do lixo que se acumula nas
ruas, escoa para as galerias e provoca o problema.
Figura 2 - A degradação ambiental gera doenças
Fonte: Strahil Dimitrov/Shutterstock.com
Conforme assinalam Sá et al (2010), as empresas precisam contribuir para um mundo
melhor porque, com o advento da internet, os públicos estão muito mais informados e
aptos a monitorar as organizações. Elas podem ser alvos de denúncias quando os
públicos se sentem desrespeitados ou percebem que não há engajamento em ações
de responsabilidade social, consumo consciente e sustentabilidade.
Algumas empresas têm conseguido credibilidade junto a seus públicos, desenvolvendo
ações bem-sucedidas de Marketing Socioambiental. Entre essas iniciativas estão
projetos que estimulam a consciência ambiental, geram renda e, consequentemente,
elevam o nível de vida de algumas comunidades, assim como a reputação da própria
organização.
As denúncias podem ser feitas em canais oficiais da empresa,
como os SACs (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e sites, ou
em plataformas como o Twitterou o Youtube (SÁ et al., 2010, p.
108-109).
Um caso que pode servir como exemplo é o da mineradora Vale que, por meio de sua
fundação, realiza projetos de estímulo à geração de renda nas comunidades dos
arredores de suas minas. Entre os negócios dos quais a mineradora é apoiadora estão
a produção artesanal de alimentos, a confecção de roupas, a economia criativa, os
agronegócios de horticultura, a apicultura, a piscicultura, a agricultura familiar, os
serviços de coleta seletiva, a limpeza e a conservação do meio ambiente. No sul do
Pará, a mineradora apoia agricultores familiares a partir de capacitações, assistência
técnica e investimento em equipamentos e insumos
A agricultura familiar tem se tornado, a exemplo das ações da Vale, um interessante
nicho para o Marketing Ambiental. Ao investir em projetos dessa natureza, as
organizações criam fonte de renda para comunidades pobres, colaboram para que os
participantes ampliem seus mercados e incentivam o uso de técnicas agrícolas que
não agridem o meio ambiente, colhendo e comercializando alimentos mais saudáveis.
Case Natura e o Marketing Socioambiental de
comunidades da Amazônia
A empresa Natura é frequentemente citada em pesquisas acadêmicas como uma
organização brasileira modelo em planejamento estratégico, marketing e comunicação,
com contribuição para o desenvolvimento social de seus públicos.
Fabricante de cosméticos e produtos para saúde e nutrição, a Natura se tornou,
segundo Sá et al. (2010, p. 140), “[...] uma das marcas mais valiosas e admiradas do
Brasil”. Para os autores, uma estratégia acertada foi trabalhar com o conceito de que
seus produtos são um canal para o autoconhecimento e a autoestima de seus
consumidores: “O jogo de palavras do slogan ‘Bem-estar bem’ basicamente sintetiza a
ideia de que quando você se sente bem espalha bem-estar ao seu redor, fazendo um
mundo melhor” (SÁ et al., 2010, p. 140).
caso
Uma demonstração de que a agricultura familiar se tornou uma
saída concreta para comunidades de baixa renda é que, segundo o
Governo Federal, ela é responsável por 70% dos alimentos
consumidos no país (PORTAL BRASIL, 2015).
caso
Um exemplo de como o conceito da Natura é divulgado pode ser
reconhecido em seu quadro de vendedoras, que somavam 7 mil no
ano de 2016. Sá et al. (2010, p. 140) menciona que são elas que
“[...] agem como ativistas defendendo uma causa
apaixonadamente, disseminando as crenças da empresa”.
- 9 -
Um dos projetos mais repercutidos da Natura, a partir dos fundamentos do Marketing
Socioambiental, foi ela ter criado, no ano de 2000, a linha de cosméticos Ekos,
produzida com matérias-primas da Amazônia. A empresa fez parceria com agricultores
e cooperativas da região, os quais fornecem os produtos que vêm da floresta. Além
disso, também há treinamento para as comunidades com relação ao manejo correto na
extração de frutas e plantas da região – como castanha, murumuru, buriti, açaí, entre
outros –, que são usados como fonte para os produtos dessa linha (TRISTÃO et al.,
2012; NATURA, 2017).
Figura 4 - Empresas podem apoiar agricultores
Fonte: gnomeandi/Shutterstock.com
Além de estimular a autoestima de seus consumidores, a empresa fomenta o lado
empreendedor das comunidades ribeirinhas do Amazônia ao incentivar o plantio e a
extração sustentável das matérias-primas, gerando, assim, renda e bem-estar para a
população.
RELAÇÃO ENTRE ÉTICA, TECNOCIÊNCIA
E BIOÉTICA
Introdução
Nesta aula, vamos investigar os conceitos de tecnociência e Bioética, bem como sua
relação com a ética. Estudaremos os avanços destas atividades no Brasil e no mundo,
sua importância, princípios, normas e condutas éticas e morais sobre os avanços
tecnológicos e científicos. Como você já deve saber, a ética disseminada pelo mundo é
baseada na ética filosófica, conforme aponta Srour (2008), sendo chamada de filosofia
da moral. Ela estabelece uma moral universal que é adotada por consenso entre os
povos. Já a ética científica, ou ciência da moral, representa o estudo e observação dos
fatos e dos fenômenos, não emite juízo de valor, além de provar, criar e demonstrar
ações que sejam concretas ao ser humano, seja nos campos biológicos ou naturais
(SROUR, 2008). Ao longo das próximas páginas, abordaremos também os limites
éticos que são impostos pelos Estados para empresas e sociedade civil a respeito da
tecnociência e da Bioética.
Conceito de tecnociência
Saiba que ciência e tecnologia são temas diferentes, porém estão interligados. A
ciência se propõe a pesquisar os fenômenos naturais e sociais, dentro de uma busca
por resultados estabelecidos e confirmados, por meio de mecanismos de causa e efeito
de forma racional.
Já a tecnologia é o processo contínuo de melhoria de processos e produtos por meio
de inovações que alteram a realidade do ser humano. O fator tecnológico está
intrinsicamente ligado à melhoria de vida do ser humano, criando ferramentas que
trazem o bem-estar para o consumidor final e também para a comunidade científica
(BOFF, 2012).
Entenda por tecnociência o conceito de tecnologia amarrado ao de ciência, ou seja, a
tecnologia empregada a serviço da ciência. Devido ao alto desenvolvimento
econômico, social e crescimento populacional verificado nos últimos séculos,
tecnologia e ciência se fundem em estudos e pesquisas para não só entender
fenômenos naturais nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e bem-estar social,
mas também para buscar novas técnicas e tecnologias e facilitar a vida em sociedade
(GOMES; MORETTI, 2007).
Muitas vezes nos beneficiamos dos avanços científicos e
tecnológicos, mas também sofremos com eles. As empresas
buscam regular o ciclo de vida dos produtos e seus descartes para
evitar que causem maiores danos ao meio ambiente, reduzindo
embalagens e materiais utilizados na fabricação. Saiba mais sobre
o assunto em: “Curso de Gestão Ambiental”, de Arlindo Philippi Jr.,
Marcelo de Andrade Roméro, e Gilda Collet Bruna, 2007.
Perceba que existem várias áreas de atuação da tecnociência. Listamos algumas
abaixo, confira!
•
Meio ambiente: por meio de práticas de combate à poluição, redução de dejetos
e descartes, formas de buscar a redução do lixo ambiental e utilização consciente
dos recursos naturais.
•
Agricultura, pecuária e culturas: tecnologias de avanço nas genéticas
embrionárias de animais, busca de sementes geneticamente modificadas, mas
que sejam resistentes à pragas e intempéries, criando maior produtividade etc.
•
Educação e bem-estar: inovação através de equipamentos eletrônicos para
melhorar os processos educacionais e de aprendizado, bem como o bem-estar
do ser humano com as facilidades tecnológicas e digitais, como dispositivos
móveis e computadores e internet.
•
Indústrias: criação de novos maquinários e processos produtivos
automatizados, bens de consumo com tecnologia avançada como casas e
veículos totalmente controlados por computador.
•
Saúde: talvez seja o aspecto mais complexo, pois lida com relações humanas
mais profundas. Conforme SROUR (2008), aqui há interferência direta nos
sentimentos e vidas humanas, criando novas possibilidades de curas, remédios,
técnicas científicas que muitas vezes trazem fortes discussões éticas.
•
Química, Biologia e Física: Novos estudos buscando utilizar itens da ciência
natural para melhoria de processos em diversos segmentos.
•
Setor bélico e de pesquisa de armas químicas: desenvolvimento de
armamentos menos (ou mais) letais e mais inteligentes para combate ao crime,
utilização em guerras e combate ao terrorismo.
caso
Um exemplo de tecnologia criada a partir de combustíveis fósseis é
o petróleo, utilizado na fabricação de plástico, que se tornou um
problema sustentável para o mundo todo em relação ao seu
descarte na natureza. Muitos avanços tecnológicos trazem
problemas indissolúveis ou que precisam ser resolvidos a longo
prazo (TACHIZAWA, 2007).
- 5 -
Relação entre ética e tecnociência
Você deve saber que a ética corresponde a valores individuais e subjetivos. Porém é
necessário compreender que outros elementos como Estados, governos, empresas e
sociedade civiltambém têm suas normas e valores estabelecidos por meio de códigos,
normas e leis.
Figura 2 - Ética e ciência
Fonte: wk1003mike/Shutterstock.com
caso
Um exemplo de crime ligado à tecnociência no Brasil é a clonagem
de seres humanos, conforme Governo Federal (2005), com pena
de reclusão de 2 a 5 anos e multa. Entretanto, em muitos países, a
prática é tolerada e existem estudos em diversos estágios neste
sentido, os quais criam discussões e dúvidas éticas entre
pesquisadores do mundo todo.
- 6 -
Se ferirem estes códigos e normas e criarem dúvidas ao senso ético comum do
cidadão, estes elementos da sociedade organizada são passíveis também de sofrerem
sanções e punições (SROUR, 2008).
O grande desafio atual é impedir que estes novos avanços tecnológicos, úteis para o
desenvolvimento da população do planeta, extrapolem sua verdadeira finalidade e não
sejam utilizados para finalidades que afrontam a moral e ética estabelecida (SROUR,
2008).
É claro que a ética deve ser praticada pelas empresas, mas deve ser controlada por
governos, por meio de órgãos específicos por segmento de atuação, os quais devem
punir os excessos de acordo com a lei vigente (DURANT, 2010).
Assim, é necessário compreender que os avanços tecnológicos e científicos melhoram
o padrão e qualidade de vida dos cidadãos, entretanto, devemos saber que existem
limites éticos que devem ser considerados.
Existem diversas correntes filosóficas que defendem que a ética de
cada localidade ou país deve prevalecer. Há regras, entretanto, que
valem para a totalidade dos países, independente de seu grau de
utilização dos avanços tecnológicos ou de seus preceitos locais.
Muitos países apoiaram o protocolo de Kyoto, manifesto que visava
reduzir a emissão de poluentes, entretanto, alguns países
signatários da ONU se reservaram o direito de não compactuar
com o protocolo.
Existe no Brasil, uma lei federal de 24/03/2005 da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que cria normas de
segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o
cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o
descarte de organismos geneticamente modificados, os chamados
OGM e seus derivados.
O que é Bioética?
Saiba que a Bioética é um ramo da ciência que estuda os riscos apresentados à
sociedade e à ética vigente por ações ligadas a pesquisas médicas ou desenvolvidas
por biomédicos com a colaboração da tecnologia, ou seja, a tecnociência (SROUR,
2008).
Segundo BOFF (2012), a Bioética pode ser relativa a pesquisas genéticas, médicas e
animal, mas também pode estar relacionada ao meio ambiental ou a estudos que
envolvam as alterações genéticas de embriões ou seres vivos.
Estes campos de estudos da Bioética vão de encontro também à própria ética médica,
que muitas vezes é responsável pela execução das pesquisas nestas áreas, bem como
de atividades que causem desconforto ou dúvidas à sociedade em geral. São
exemplos desses desconfortos: aborto; eutanásia; clonagem de células e pessoas
A Lei Nacional de Biossegurança (CTNBio, 2005) não permite a
clonagem de animais e seres humanos, mas há uma controvérsia
de viés acadêmico médico e ético em relação à criação e pesquisa
das chamadas células-tronco, na utilização de combate a doenças
degenerativas e mesmo como tratamento de câncer.
(células-tronco); produtos transgênicos ou geneticamente modificados; além de
pesquisas que envolvam a utilização de cobaias humanas ou animais, fertilização in
vitro, suicídios ou qualquer outro tipo de pesquisa percebida como ameaça à vida.
Como podemos perceber, a tecnociência e a Bioética são vertentes da atuação
humana que despertam polêmica na sociedade civil e precisam ainda ser estudadas e
debatidas em larga escala antes de se tornarem lugar comum.
Você sabia que existem leis e normas que punem empresas e
pessoas que utilizam a Bioética de forma abusiva ou que
ultrapassem os limites do que é moralmente aceito pela sociedade
e normas? Para saber mais, leia Introdução Geral à Bioética -
História, conceitos e instrumentos de Guy Durant.
PROBLEMAS MORAIS E PROBLEMAS
ÉTICOS
Introdução
Nesta aula, vamos estudar os problemas morais e éticos que ocorrem no dia a dia e
que afetam diretamente os membros da sociedade no que diz respeito às escolhas que
fazemos, aos deveres que possuímos e às obrigações que temos perante à
coletividade.
Conceito de ética e moral
A palavra ética vem do grego ethos, que significa conduta, agir corretamente e dentro
de um padrão correto. Conforme Motta (2015), trata-se de um conjunto de valores que
orienta o comportamento do homem em relação a outros membros da sociedade, ou
seja, a ética é a forma com que o homem deve se comportar em seu meio social.
A ética é construída no decorrer dos anos Quando criança, o homem aprende as
normas e padrões vigentes, que o auxiliam no sentido de poder discernir o certo e o
errado. Existem, entretanto, os problemas éticos. Saber se furtar uma maçã de uma
banca sem que o dono perceba é uma conduta correta ou não, por exemplo, é um
dilema ético.
Entenda que a ética diz respeito, portanto, à forma de agir dentro da sociedade, de
maneira que o cidadão tenha consciência e saiba distinguir o que é certo e do que é
errado de maneira cognitiva, ou seja, de acordo com o conhecimento acumulado
durante os anos. Entretanto, a ética é essencial para as questões morais, posto que é
formadora de opinião particular, como veremos a seguir.
O que é moral?
Vazquez (2002) define moral como um sistema de normas, princípios e valores
históricos que permeia as relações entre os indivíduos e que é aceito e acatado
livremente, por convicção própria e consciência do cidadão. Já segundo Chauí (2008),
a filosofia moral ou ética nascem quando existem senso e consciência moral individual.
Neste caso, busca-se saber, além da correção dos costumes, sobre o caráter de cada
pessoa, que fica bem definido através da conduta moral de cada indivíduo.
Segundo Vazquez (2002), a ética é a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade, ou seja, engloba uma forma
específica de comportamento.
Você já pensou na possibilidade de um juiz julgar um caso contra as próprias
convicções morais, seguindo as regras e leis vigentes, ainda que elas destoem de suas
crenças internas? Quer um exemplo dessa situação? Então confira a seguir!
você sabia?
Os padrões éticos e morais vão além da vida cotidiana em
sociedade. O plano ético passa também pela vida profissional, ou
seja, como ter uma conduta célere no ambiente de trabalho. Você
pode saber um pouco mais sobre o tema por meio da obra “Ética e
vida profissional”, de Nair de Souza Motta.
Devemos, portanto, entender que a moral é a área dentro dos valores da sociedade em
que o cidadão deve se comportar de acordo com o que é estabelecido por regras e
normas, as quais definem o que é moral ou imoral.
caso
No julgamento de um assaltante que roubou um pacote de
bolachas no supermercado, o juiz sabe que ele roubou por uma
atitude nobre, para saciar a fome, mas perante à sociedade, à
justiça e perante às leis vigentes, ele deve julgar como crime
comum de patrimônio, que prejudicou a ação comercial do
supermercado e seus sócios.
A seguir, veremos as definições e exemplos de problemas morais e éticos.
Problemas éticos e morais
Saiba que existem diversos tipos de problemas éticos e morais. Problemas éticos
geralmente estão atrelados às seguintes perguntas: “O que devo fazer e porquê?”;
“Como devo agir?”; “Como agir no lugar dos outros?”; “O que é justiça?”; “O que é bem
e mal?”; “O que é certo e errado?”.
A sociedade, através dos costumes, cria regras e valores que deverão ser seguidos
para evitar o caos nas decisões unilaterais de cada cidadão. Caso isso não aconteça, o
cidadão passa a se utilizar somente daquilo que é errado, livremente e sem nenhum
tipo de controle.
Já como problemas morais, podemos citar: “Roubar ou não?”; “Ter vantagem sobre
outra pessoa é imoral?”; “Causar desfalques financeirosem uma empresa é imoral?”;
“Matar ou não?”; “Ridicularizar outra pessoa é imoral?”; “Causar transtornos a terceiros
trata-se de ato moral ou não?”.
No caso dos problemas morais, muitas das dúvidas e dilemas são estabelecidos por
lei, ou seja, existe uma regulamentação que vai decidir a moralidade do ato ou não.
Nesse caso, mesmo que o indivíduo pense que esteja agindo eticamente pelo seu
bem, pode causar mal a outrem, conforme Vazquez (2002).
A moral existe principalmente na vida social, ou na sociedade em
que o indivíduo se encontra, através de normas, leis, regras préestabelecidas
que devem ser obedecidas. Ao transgredir estas
normas, o cidadão fica sujeito à sanções e penalidades.
caso
Um caso comum de dúvida ética é saber diferenciar o que é certo e
errado. Com o passar dos anos, o cidadão desenvolve
discernimento para julgar uma ação de acordo com os conceitos já
absorvidos. Este raciocínio lógico é interno e somente a pessoa
pode fazê-lo. É isso que torna os indivíduos livres em seus
processos decisórios.
Evidentemente que existe um diferencial em cada sociedade, pois elas levam em
consideração diferentes formas de punição para crimes iguais no mundo todo. Em
alguns estados dos Estados Unidos da América, por exemplo, o crime de homicídio
tem como condenação máxima a pena de morte, ao passo que em outras regiões,
pune-se o infrator com prisão perpétua. No Brasil, a pena máxima de reclusão para
este crime é de 30 anos.
Isto ocorre pelo fato consuetudinário, ou seja, de acordo com os costumes que servem
de base para as regras morais, as normas e a legislação no decorrer dos anos e que
forçam os países a fazer e estabelecer leis para regularizar e regulamentar a questão
moral entre os indivíduos.
Neste caso, praticar um crime é ilegal e imoral. Como cidadão consciente, você pode
ver e crer que existe uma coerência na moralidade, diferente dos preceitos éticos, que
são definidos internamente pelo indivíduo.
Os problemas éticos são caracterizados pela sua generalidade, ou
seja, existem diversas situações de dúvidas éticas no que se refere
ao comportamento humano, diferente dos problemas práticos do
dia a dia. Entretanto, a ética contribui para justificar a moralidade do
que é certo e errado perante a sociedade.
Com o passar dos anos e das mudanças da cultura e sociedade, o cidadão passa a
adquirir novos conceitos de normas, regulamentos e valores. Esse processo é
chamado de consuetudinário, isto significa que nossos valores partem dos costumes.
Atualmente, o bem comum é alcançado pela harmonização dos interesses de cada
indivíduo em relação aos valores gerais da comunidade.
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
Introdução
Você já ouviu falar em responsabilidade socioambiental? Saiba que esta noção envolve
profundas reflexões de ordem ética, sendo um dos temas mais discutidos na atualidade.
Responsabilidade socioambiental
Como você já deve saber, o comportamento guiado pela ética e pautado em valores
morais representa algo importante nas sociedades atuais. É importante compreender
as perspectivas relacionadas à postura dos indivíduos e das organizações perante as
questões éticas.
O conceito de responsabilidade socioambiental é um desses aspectos. Entendê-lo
requer o conhecimento prévio de responsabilidade social e responsabilidade
ambiental, conceitos estes que estão intimamente ligados à percepção de
desenvolvimento sustentável.
Segundo Abdalla-Santos (2011), o conceito de desenvolvimento sustentável diz
respeito à capacidade de promover o crescimento humano, econômico e social, com
respeito ao meio ambiente, de forma a atender às necessidades do presente sem
comprometer o direito das futuras gerações em suprir as próprias necessidades. Ao
relacionar crescimento econômico e meio ambiente, temas historicamente conflitantes,
a expressão engloba certa polêmica e dá margem a questionamentos.
O dissenso em torno do conceito, entretanto, não chegou a impedir que a noção de
desenvolvimento sustentável se difundisse mundialmente (ABDALLA-SANTOS, 2011).
Tal fato foi impulsionado com a divulgação do “Relatório da Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento”, o Relatório Brundtland, publicado pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1987, sob o título de Nosso Futuro Comum (ABDALLASANTOS,
2011).
O relatório declara não só a possibilidade, mas também a necessidade de se alcançar
maior desenvolvimento sem destruir os recursos naturais, conciliando crescimento
econômico e conservação ambiental. Preocupações semelhantes inseriram
desenvolvimento sustentável nas ações prioritárias da Agenda 21 brasileira, declaração
nascida após a conferência ECO-92, no Rio de Janeiro, e referendada na Conferência
de Johanesburgo, em 2002 (AGENDA 21, 2004).
A evolução do conceito de sustentabilidade envolve sua utilização
em diversas áreas do conhecimento. Hoje existem até mesmo
disciplinas acadêmicas, como é o caso da Engenharia da
Sustentabilidade, que é parte do curso de Engenharia de Produção.
você sabia?
A Constituição Federal brasileira de 1988 estende o conceito de
meio ambiente ao ambiente de trabalho (art. 200, inciso VIII); à
comunicação social (art. 220, parágrafo 3º, inciso II); aos princípios
da ordem econômica (art. 170, VI); e à função social da terra (art.
186, II), entre outros aspectos implícitos no texto constitucional.
Tais discussões trouxeram para as agendas públicas e privadas dos governos e das
organizações novos termos associados à ideia de desenvolvimento sustentável, cuja
evolução sofreu a influência da sustentabilidade, palavra muitas vezes utilizada de
forma rasa, superficial, apesar de seu potencial. Por outro lado, essa mesma evolução
caminhou junto com o entendimento de responsabilidade social, grande passo em
relação à responsabilidade ambiental e, posteriormente, socioambiental.
Responsabilidade ambiental trata do conjunto de posturas individuais ou
organizacionais preocupadas com seu impacto sobre os recursos naturais ou
construídos, no intuito de preservá-los. A preocupação com o tema cresceu e
instrumentos de regulação (normas legais, acordos, códigos de ética) surgiram,
ampliando o alcance das questões ambientais para os espaços de trabalho, o meio
urbano, os aspectos de saúde física e psicológica.
Ampliado, o conceito praticamente deu lugar à ideia de responsabilidade social, uma
espécie de compromisso assumido pela sociedade, de tal forma que nossas ações,
esforços e desempenho sejam sempre voltados para a melhoria das condições de vida
de todos que fazem parte desse universo. Aqui, você pode perceber a íntima relação
entre responsabilidade ambiental e responsabilidade social.
Borato (2011) elaborou um estudo no qual a empresa 'O Boticário'
foi apresentada como exemplo de organização cujos resultados são
buscados em sintonia com a ética social. Trata-se de estratégia de
responsabilidade socioambiental, de tal forma que a ética e o
respeito norteiam os relacionamentos da organização, como forma
de reforçar e tornar as parcerias mais duradouras.
Para Edgar Morin (2000), os problemas de ordem moral e de
natureza ética envolvem ao mesmo tempo dimensões de nossa
participação individual, social e genérica em um mundo no qual os
seres humanos compartilham um destino comum. Trata-se de uma
visão ecossistêmica de mundo que ele convencionou chamar de
antropoética.
Surge, assim, a noção de responsabilidade socioambiental, que abraça todos os
conceitos anteriormente apresentados, pois engloba a preocupação ambiental, a
social, a individual e a organizacional. Todos estes aspectos seriam considerados uma
visão ampliada de meio ambiente.
Responsabilidade social e visão ecossistêmica da
sociedade
Os focos internacional e local se voltaram para aspectos da chamada economia
sustentável e da responsabilidade social, criando expressões como responsabilidade
social corporativa (RSC) e responsabilidade social empresarial (RSE). Noções
que, segundo Sólio (2013), são importantes para as organizações que praticam o
discurso politicamente correto voltado ao marketing social, sendo, por vezes,utilizadas
como sinônimos.
O desenvolvimento sustentável passou a ser buscado pela sociedade de forma geral.
O interesse capitalista recaiu naturalmente sobre os consumidores que, quando não
satisfeitos, impactam negativamente a imagem dos negócios alheios ao meio
ambiente. Assim, questões como fuga de capital, desempenho e valorização das ações
muitas vezes ativam a preocupação empresarial com o meio ambiente (SÓLIO, 2013).
Firmaram-se, assim, os conceitos de responsabilidade social voltados às organizações.
Embora haja várias versões de tais conceitos, uma abordagem bastante aceita entende
a responsabilidade social empresarial (ou corporativa) como sendo a atitude ética dos
cidadãos e das empresas em todas as suas atividades e nas relações com parceiros,
clientes, fornecedores, funcionários, meio ambiente, governos, acionistas, concorrentes
e comunidade (KARKOTLI, 2007). É o reconhecimento do papel de cidadão consciente
a todo indivíduo com o qual a organização se relacione.
O que se deu foi uma mudança de paradigma, que ressalta a importância de uma
perspectiva ecológica. Boeira, Pereira e Tonon (2013) enfatizam o entendimento
moriniano, segundo o qual torna-se fundamental entender o homem e suas relações
Na visão moriniana, o ambiente urbano é também considerado um
ecossistema sociourbano, pois sobrevive dos alimentos extraídos
do ecossistema natural (água, gás, carvão, gasolina), além de
possuir elementos e sistemas vivos que constituem o meio natural,
como clima, atmosfera, subsolo, microorganismos vegetais e
animais (MILIOLI, 2007).
como um sistema aberto vivo, auto-organizador. Como tal, o ser humano se constrói
multiplicando suas ligações com o ecossistema, de tal forma que, quanto mais
evoluído, mais aberto (complexo) ele será.
Dentro dessa visão, o homem é o sistema mais aberto (complexo), o que se evidencia
na interdependência que ele mantém com a natureza, com o ecossistema técnicosocial,
social ou sociourbano.
Esse ecossistema sociourbano consiste na sociedade moderna entendida sob o ponto
de vista ecológico, ou seja, a partir da visão de indivíduos, grupos, governos e
organizações que fazem parte desse sistema aberto. Quanto mais evoluída for a
sociedade, maior será a complexidade técnica do ecossistema social (BOEIRA,
PEREIRA e TONON, 2013).
caso
A visão de interdependência ecossistêmica pode ser exemplificada
a partir da rotina de vida do ser humano da atualidade. Para
construir nossa autonomia, precisamos consumir produtos e
energia extraídos do ecossistema (alimentos, vestuário, moradia,
aprendizagem familiar, acadêmica, social etc.). Isso significa que
quanto mais independentes nos tornamos, mais nos tornamos
dependentes do mundo exterior. Em outras palavras, a
independência da sociedade moderna é relativa, pois formamos um
ecossistema.
A noção de ecossistema apoia-se em uma percepção holística da
relação entre o ser humano, a sociedade e seus sistemas técnicos
que são, no entendimento de Santos (2008), os elementos do
espaço geográfico: os homens, as firmas, as instituições, o meio
ecológico e as infraestruturas; todos intercambiáveis e redutíveis
entre si; elementos (variáveis) dotados de historicidade; e que
interagem de forma interdependente.
Podemos concluir que, dentro da visão ecossistêmica da sociedade, a noção de
responsabilidade social assume proporções que exigem um envolvimento efetivo dos
indivíduos e das organizações. Trata-se de uma postura profundamente comprometida
com aspectos éticos de proteção à vida planetária.
SUSTENTABILIDADE: HISTÓRICO E
ANTECEDENTES
Introdução
Cada vez mais, lemos, ouvimos falar e debatemos o tema da sustentabilidade. Esse
interesse não é passageiro nem exagerado. Ao contrário, as questões ligadas à
sustentabilidade da vida na Terra vêm sendo objeto de estudos científicos sérios, com
resultados preocupantes.
Um exemplo disso está nas mudanças climáticas, já percebidas por todos devido aos
eventos climáticos extremos. Parte das pesquisas aponta para o homem e nosso
modelo de consumo como principais responsáveis pelo aquecimento global. Essas
pesquisas afirmam que, se a população mundial adotasse o mesmo nível de consumo
dos norte-americanos, hoje precisaríamos de cinco planetas para manter tal estilo de
vida. As insustentáveis diferenças entre pobres e ricos também levam a grandes
desastres humanos, sociais e ambientais.
É importante salientar, no entanto, que as transformações do homem sobre o planeta
não são más em si mesmas. Se referindo à capacidade humana de criar sua própria
história, Paulo Freire (2005) afirma que os homens recriam e transformam o mundo
incessantemente. Essa capacidade é admirável. O que está em questão é o limite
dessas transformações, pois nos demos conta de que o equilíbrio do meio ambiente e,
por conseguinte, de nossa vida, foi afetado pela falta de limites éticos e humanitários.
A seguir, estudaremos o conceito de sustentabilidade, assim como seus antecedentes
históricos e a evolução desse conceito. Assim, você compreenderá que, apesar da
gravidade do problema, é possível fazer algo positivo e efetivo, desde que se tenha
consciência e conhecimento do assunto. Vamos lá?
Você terá a oportunidade de conhecer e/ou se aprofundar nos assuntos a seguir:
•
compreender os antecedentes históricos.
•
compreender a evolução do conceito de sustentabilidade.
•
identificar o conceito de sustentabilidade.
1.1 Histórico
As transformações no nosso entorno natural têm início com a aventura humana no
Planeta.
As sociedades humanas evoluíram de forma diferente em diversas partes do Planeta
desde os 13.000 anos, quando aconteceu a última era glacial. Algumas sociedades se
mantiveram por muito tempo como caçadoras-coletoras de alimentos, fazendo uso de
artefatos de pedra, ou seja, tinham na caça e na coleta de alimentos a fonte de
sobrevivência, causando pouco impacto no seu entorno natural.
Outras sociedades, no entanto, desenvolveram ferramentas de metal e evoluíram
consideravelmente até interferir de forma substancial no meio ambiente.
O homem, o único animal racional que apareceu na Terra, foi “moldando” o entorno a
suas necessidades, em busca da sobrevivência. Mais tarde, grupos humanos
buscaram aumentar seu território, conquistando novas regiões. Também surgiu a
busca de poder e riqueza, permitindo a troca de bens entre diferentes povos, e, por fim,
a acumulação de bens.
Por muito tempo acreditou-se que a natureza seria uma fonte inesgotável de recurso.
Extraímos do meio ambiente recursos muito frequentemente acima do que a natureza
consegue repor, e devolvemos a ela os restos da produção e do consumo. Ressalta-se
aqui que, nos países de economias desenvolvidas, o consumo é muito acima da
necessidade de subsistência da população. Assim, o consumo serve não só para o
conforto humano, mas para manter o sistema econômico em funcionamento.
Em resumo, como explica Barbieri (2007), o homem vem usando o meio ambiente
como fonte de recursos e, ao mesmo tempo, como recipiente de resíduos.
Mas, então, quando foi que o homem civilizado começou tomar consciência da
inviabilidade dessa equação a longo prazo?
Nos anos 1960, no século XX, surgiu uma preocupação difusa com a ecologia e com a
conservação do meio ambiente, em que grupos começaram a questionar as formas de
desenvolvimento preconizadas pelas nações no Pós-guerra. Em 1961, foi organizado o
primeiro grupo ambientalista, a World Wild Foundation (WWF), que reunia as iniciativas
da Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN – União
Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) e da The
Conservation Foundation (Fundação para Conservação). E, apesar da escassez de
recursos e da pouca clareza de objetivos, o grupo conseguiu criar o Morges Manifest
com a assinatura de 16 dos principais ambientalistas do mundo.
Em 1962, o livro “Primavera Silenciosa” (Silent Spring), de Rachel Carson, dou voz e
suporte ao movimento ambientalista ao denunciar os danos ao ambiente, causados
pelos pesticidas, em especial o cancerígeno DDT, mais tarde proibido em