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DIREITO PENAL II TÓPICOS DE AULA I. FUNDAMENTOS PARA A IMPOSIÇÃO DA PENA Conforme já estudado a individualização é um parâmetro que deve ser abordado por parte do Juiz sentenciante, nos termos do Art. 5º, Inciso XLVI da CRFB, uma vez que o legislador prevê limites mínimos e máximos de ordem abstrata, as quais devem servir de parâmetro ao julgador. Por seu turno, o juízo de culpabilidade, é o que fundamenta e justifica a aplicação de pena ao agente, ou seja a reprovação Estatal da conduta do agente, estando assim o ente público autorizado a punir o autor da infração, observando que o inimputável não recebe uma pena, por lhe faltar a dita culpabilidade. Desta forma, a elaboração da pena, impõe ao juiz a necessidade de obedecer determinados critérios de ordem legal, os quais foram introduzidos no nosso código penal, através a reforma penal de 1984, pelo então Ministro da Justiça Nelson Hungria, o qual estabeleceu o Critério Trifásico, como mecanismo de dosimetria da pena, estando devidamente justificado no Art. 68 do Código Penal. II. CIRTÉRIO TRIFÁSICO O Critério Trifásico de Aplicação de Pena, deve seguir três etapas distintas, a saber: - Pena Base – Art. 59 do Código Penal; - Pena Intermediária – Art. 61 e 65 ambos do Código Penal; DIREITO PENAL II - Pena Definitiva – Causas de Aumento e Causas de Diminuição, também chamadas de Majorantes e Minorantes as quais se encontram distribuídas junto ao Código Penal e na Legislação Penal Especial. O Critério Trifásico, mediante o acima disposto, se encontra assim estabelecido na aplicação de pena: 1ª Fase Pena Base 2ª Fase Pena Intermediária 3ª Fase Pena Definitiva Circunstâncias Judiciais Art. 59 do CP Culpabilidade Antecedentes Condutas Social Personalidade Motivos do Crime Circunstâncias do Crime e Comportamento da vítima. Circunstâncias Agravantes Previstas no Art. 61 e 62 todos do Código Penal. X Circunstâncias Atenuantes Previstas no Art. 65 do Código Penal. Causas de Aumento Majorantes X Causas de Diminuição Minorantes Obs.: As causas de aumento e de diminuição se encontram distribuídas no Código Penal e na Legislação Penal Especial através de frações. a) Regras do Critério Trifásico 1 – É vedada a dupla valoração em etapas em desfavor ao Réu, de uma mesma circunstância, a fim de que seja evitado o Bis in Idem, importando assim em alguns cenários: a) se um mesmo fato for elementar ou requisito de um crime, não pode ser sopesado com circunstância desfavorável, agravante ou majorante; b) se uma situação é qualificadora do delito, não pode ser utilizada em nenhuma fase posterior da dosimetria (intermediária ou definitiva); c) se uma mesma circunstância incidir em uma etapa da DIREITO PENAL II dosimetria, não pode ser sopesado em outra e d) se há varias qualificadoras cabíveis a mesma espécie delitiva, o juiz somente poderá incidir uma delas para fins de fixar os limites abstratos da pena (mínimo e máximo), sendo que nestes casos, os demais deverão ser sopesados na pena base, entendimento do STJ. 2 – Existe uma regra cronológica das fases a qual não pode ser olvidada pelo juiz, sob pena de nulidade da individualização da pena (art. 564 do CPP); 3 – Existe uma hierarquia entre as fases, na qual a última é mais importante (privilegiada) que a segunda, e a segunda mais importante (privilegiada) que a primeira; 4 – Existem limites abstratos para a fixação da pena (ou seja, mínimos e máximos previstos pelo próprio legislador), estes limites se encontram previstos no caput (preceito secundário da norma) ou em parágrafos do tipo legal, que servirão de patamar para o início da dosimetria, surgindo assim , três figuras: simples, qualificada e privilegiada; 5 – Cada etapa da dosimetria deve ser efetivamente fundamentada pelo juiz, em razão do Princípio da Motivação dos Atos Judiciais, na forma prevista junto ao Art. 93, Inciso IX Da CRFB/1988, sob pena de nulidade da sentença no que tange a individualização. III. PENA BASE Para que o juiz encontre a pena basilar, deverá analisar uma gama de circunstâncias tidas pela lei como sendo circunstâncias judiciais, previstas no Art. 59 do Código Penal, sendo estas: 1 – Culpabilidade – diz respeito ao grau de censura que recai sobre conduta do agente, sendo que tendo em vista as condições do crime, este pode ter uma culpabilidade maior ou menor em razão das particularidades que compõe o caso; 2 – Antecedentes – a vida pregressa do acusado, no âmbito estritamente jurídico – penal, sendo que se o agente ostentar bons antecedentes a pena poderá ser reduzida, caso ostente DIREITO PENAL II maus antecedentes a pena será aumentada. Devemos observar que somente serão considerados como antecedentes, as condenação criminais com sentença penal com trânsito em julgado, não servem como antecedentes inquéritos em andamento, processos ainda não julgados e medidas protetivas, oriundas de ações sócio-educativas; 3 – Conduta Social – diz respeito ao comportamento social do agente no meio em que ele vive, família, amigos etc; 4 – Personalidade – revela o perfil psicológico do acusado, cabendo observar que essa fase é questionada pela doutrina em razão da capacidade do magistrado em poder avaliar a personalidade do autor do crime, sendo que alguns doutrinadores defendem a tese que esta circunstância deveria ser retirada, diante da ausência de formação técnica do magistrado para tal analise, por não ser um psicólogo ou psiquiatra; 5 – Motivos do Crime – as causas que levaram o acusado a infringir a lei penal, sendo que um crime pode ser cometido por motivos mais ou menos nobres; 6 – Circunstâncias do Crime – o contexto fático em que o delito foi praticado, ou seja o modo de execução; 7 – Consequências do Crime – nesta etapa leva-se em contra a maior ou menor intensidade da lesão suportada pela vítima e provada pela conduta ilícita; 8 – Comportamento da Vítima – em alguns casos a postura da vítima perante o crime pode influir na pena do réu. IV. REGRAS DA PENA BASILAR • Não existe delimitação na lei, quanto será o acréscimo ou redução por cada circunstância judicial aplicada pelo magistrado; DIREITO PENAL II • O magistrado deverá iniciar o cálculo através de um patamar e este será o mínimo da pena imposto ao crime de forma abstrata na lei, conforme entendimento do STJ; • Aplicação da regra da Súmula 231 do STJ; • Não existe circunstância judicial que seja preponderante em relação a outra, não podendo assim nesta fase, existir oque a doutrina chama de compensação de circunstâncias; • Nenhum acusado tem direito a fixação da pena basilar no mínimo, sendo este o entendimento consolidado na jurisprudência dos tribunais.